Galp Energia fecha 2020 com prejuízo de 42 milhões e propõe dividendo de 35 cêntimos

A petrolífera nacional viu os resultados afundarem em ano de pandemia, tendo perdido 42 milhões de euros. Um valor que compara com um lucro de 560 milhões em 2019.

A Galp Energia registou prejuízos de 42 milhões de euros em 2020, um resultado negativo que compara com os 560 milhões de euros de lucro alcançado no ano anterior, de acordo com a informação enviada esta segunda-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). A empresa reviu as perspetivas para este ano e, assim, vai propor um dividendo de 35 cêntimos por ação aos acionistas. Estes dados já levaram a uma queda de 3% das ações da petrolífera na abertura dos mercados.

Neste período, os lucros antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) afundaram 33% para 1.570 milhões de euros, “refletindo as condições de mercado particularmente adversas durante o período, devido à pandemia”, explica a empresa em comunicado.

“Os resultados da Galp em 2020 refletem os desafios sem precedentes criados pela pandemia global da Covid-19 e pelas medidas tomadas para lhe fazer face”, explica ainda a empresa, em comunicado enviado às redações. Estes números “evidenciam igualmente os projetos que, apesar do contexto adverso, a Galp continuou a promover para se transformar numa empresa mais sustentável, nomeadamente o investimento efetuado na aquisição dos projetos de energia solar em Espanha — que permitem que seja hoje o maior produtor ibérico de energia fotovoltaica — e a adaptação do seu aparelho refinador à transformação em curso no sistema energético global”.

De acordo com os resultados, a Galp aumentou o investimento em 5% em 2020, num total de 898 milhões de euros (mais 42 milhões do que no ano anterior) e a dívida líquida aumentou 44% ascendendo agora a 2,06 mil milhões de euros. Uma dívida que a petrolífera justifica com os “544 milhões de euros pagos em dividendos a acionistas e interesses minoritários durante o período, bem como 129 milhões de outros efeitos, maioritariamente relacionados com a desvalorização do real brasileiro e do dólar norte-americano”.

Na sequência da decisão de concentrar as atividades de refinação no complexo de Sines, descontinuando as operações de refinação em Matosinhos a partir de 2021, e de acordo “as melhores estimativas atuais”, a Galp registou 35 milhões de custos de restruturação, bem como imparidades e provisões no montante de 247 milhões, “todos considerados como eventos não recorrentes”, num total após impostos de 200 milhões. “A empresa está neste momento a definir um plano de descomissionamento detalhado, assim como a avaliar alternativas de utilização para o complexo”.

Para 2021, “incorporando maior prudência no que respeita à evolução da envolvente macro e dos seus potenciais efeitos nas operações e resultados da empresa”, a Galp espera que o barril de Brent se situe nos 50 dólares e que a taxa de câmbio média euro-dólar seja de 1,2. A empresa espera produzir entre 125 e 135 mil barris por dia e que a utilização de crude na refinaria de Sines seja de 90%.

Para 2021, o EBITDA deverá rondar os 1,6 ou 1,8 mil milhões de euros e o investimento líquido estará entre 500 e 700 milhões de euros. Um valor que já inclui desinvestimentos, nomeadamente os 368 milhões de euros relativos à venda à Allianz Capital Partners de 75,01% da sua participação na Galp Gás Natural Distribuição. A conclusão da transação está prevista para o primeiro trimestre deste ano, após a qual a Galp manterá uma participação de 2,49% na empresa.

A revisão das metas para 2021 implica também uma revisão em baixa dos dividendos. O conselho de administração vai propor um dividendo de 35 cêntimos por ação relativo ao exercício de 2020, o que representa uma redução de 50% face ao dividendo do ano anterior, “refletindo os impactos resultantes das condições adversas de mercado”, explica a Galp. Este dividendo será pago em maio.

Os primeiros resultados apresentados pelo novo CEO, Andy Brown, indicam que a produção líquida (net entitlement) no ano passado — após o pagamento de impostos em espécie aos países em que produz e que revertem integralmente para os resultados da Galp – cresceu 7% em termos homólogos, para 128,2 mil barris/dia. Em 2020, a produção média no indicador “working interest” – a produção bruta de matéria-prima, sobretudo petróleo, que inclui todos os custos decorrentes das operações – cresceu igualmente 7% face ao ano anterior, fixando-se nos 130 mil barris por dia.

(Notícia atualizada com mais informação)

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