Galp Distribuição vai injetar hidrogénio na rede de gás natural até junho

Ao projeto-piloto do Seixal só falta o OK do Governo e do regulador para avançar, diz o CEO Gabriel Sousa. Para 2021 a Dourogás também promete hidrogénio na rede e postos de abastecimento de veículos.

Produzir hidrogénio e injetá-lo nas redes de distribuição de gás em Portugal está muito mais perto do que se imagina. No Seixal, há 80 consumidores, na sua maioria residenciais, que durante o primeiro semestre de 2021 vão receber em casa gás natural com uma percentagem de hidrogénio verde (entre 2 e 20%) incorporado.

A faltar está mesmo só o OK final do Governo. Gabriel Sousa, CEO da Galp Gás Natural Distribuição, garante que, a partir desse momento, será possível começar a injetar hidrogénio nesta rede no Seixal em apenas dois meses, já que do lado do produtor deste gás renovável está tudo pronto para avançar. “Até ao fim da primeira metade deste ano teremos injeção de hidrogénio na rede do Seixal”, garante o responsável.

Este é primeiro projeto-piloto deste género em Portugal, chama-se Green Pipeline Project, é liderado pela Galp Gás Natural Distribuição, em parceria com várias empresas (PRF, Gestene, ISQ, Vulcano/Bosch). Vai custar meio milhão de euros para ser todo desenvolvido em dois anos.

“O projeto está completo em termos de conceito. Já foi apresentado às autoridades portuguesas, temos luz verde do regulador português e estamos a afinar algumas questões finais para dar início ao processo de produção. É um projeto pequeno, tem 80 clientes, principalmente residenciais e uma indústria, mas vai permitir-nos testar e controlar procedimentos de injeção na rede”, revelou Gabriel Sousa, CEO da GALP Gás Natural Distribuição.

O responsável explicou também que o projeto inclui a construção de um gasoduto de 1,4 km que transportará 100% de hidrogénio, entre o produtor de hidrogénio, até ao ponto de mistura com gás natural. “Neste momento estamos na fase das revisões regulatórias e a receber feedback positivo do regulador”, disse Gabriel Sousa.

O hidrogénio verde em si vai ser produzido pela Gestene, uma empresa local. “A indústria está no Seixal, no parque industrial, que já construiu um parque de geração solar fotovoltaica. Aqui estamos a falar, principalmente, de hidrogénio verde com eletrolisadores ou energia renovável da rede em algumas alturas do ano”, acrescentou.

Gabriel Sousa destacou ainda ainda as modernas redes e distribuição de gás e que Portugal dispõe como um ótimo aliado na descarbonização. “Temos uma rede muito adequada para fazer os ajustes, as mudanças que são necessárias para receber gases renováveis, nomeadamente, o hidrogénio. Estamos a falar de redes bastantes modernas. Isto dá-nos uma boa posição comparativamente a outros países europeus”.

Dourogás promete hidrogénio na rede e estações de abastecimento em 2021/2022

Outra empresa que também já vai avançada nos projetos de hidrogénio, tanto na mobilidade como na injeção em rede, é a Dourogás. O CEO, Nuno Moreira, revela que estão já está a produzir biometano de uma Central de Valorização Orgânica, instalada em Mirandela, que em breve poderá também ter ligação à rede de gás, assim que for aprovado pela DGEG. Desse biometano, vão agora produzir também hidrogénio através de eletrólise.

O projeto Biogas Move será um cluster de vários gases renováveis, ligado a uma rede de quase 2 km com clientes domésticos e industriais. Vamos testar em breve e trocar experiências com o projeto do Seixal”, revelou Nuno Moreira.

O CEO da Dourogás Renovável adiantou também que têm um “projeto especial” em Lisboa, onde vão produzir hidrogénio a partir do biogás. “Está aprovado, vamos começar a construção já no próximo mês”, disse.

Quanto à possibilidade de Portugal estrear em breve, em território nacional, postos de abastecimento de hidrogénio para veículos ligeiros, autocarro e camiões, revelou: “Espero que aconteça num futuro próximo. Se não no final deste ano, no princípio do próximo. Vai começar brevemente, já assinamos o contrato – isto é um projeto de investigação aprovado, por isso assinamos o contrato com a ANI, a Agência Nacional de Inovação”.

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