Caixa prepara venda de 450 milhões em malparado
Banco público fechou 2020 com rácio de malparado de 3,9%, mas pode subir até 5% devido à pandemia. Agora, prepara a venda de mais duas carteiras com o valor contabilístico bruto de 450 milhões.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) está a prever uma subida do crédito malparado por causa da pandemia. Antecipando o impacto negativo da crise pandémica na qualidade do seu balanço, o banco público está a preparar a venda de duas carteiras de NPL (non performing loans) com valor contabilístico bruto de 450 milhões de euros.
Em causa estão dois portefólios de créditos em situação de incumprimento que deverão ser lançados até final do mês, de acordo com a agência Debtwire: uma carteira com o valor contabilístico bruto de 300 milhões de euros em crédito unsecured (sem garantias associadas aos contratos) e outra carteira com o valor contabilístico bruto de 150 milhões de crédito secured (com garantias).
Não se sabe qual o valor (líquido de imparidades) a que as duas carteiras estão contabilizadas no balanço do banco, que será o valor a ter em conta na hora de apurar menos ou mais-valias com as duas transações.
Contactada pelo ECO, fonte oficial da Caixa não confirma a informação e adianta que o banco tomará uma decisão sobre eventuais vendas de acordo com as condições do mercado.
O banco liderado por Paulo Macedo fechou 2020 com o rácio de NPL pela primeira vez abaixo de 4%, superando largamente a meta de 7% que constava do plano estratégico acordado entre o Governo e Bruxelas, e depois de uma descida expressiva nos últimos anos. Desde 2016, o rácio baixou dos 15,8% para 3,9%, o que traduz uma redução de mais de oito mil milhões de euros em termos destes ativos problemáticos.
Contudo, a tendência deverá inverter-se este ano, com o banco (e a generalidade do setor) a esperar uma deterioração da qualidade dos ativos por causa do impacto da pandemia nas empresas e nas famílias, principalmente depois das moratórias chegarem ao fim.
NPL em queda desde 2016
Fonte: CGD
Rácio de NPL poderá subir até 5%
Com as dificuldades causadas pelo vírus, é expectável que os clientes venham a ter dificuldades para pagar os seus empréstimos, no que irá traduzir-se numa subida do malparado para a banca. A Caixa já fez as suas contas.
“Em termos de NPL, no nosso orçamento, assumimos que o stock de crédito malparado poderá atingir o pico de cerca de 5%, o que é um aumento significativo em relação aos 3,9% que temos atualmente, mas não mais do que isso”, referiu o administrador financeiro do banco, José de Brito, em conference call com os analistas, tendo admitido, porém, que as projeções podem ser mais otimistas do que aquilo que vier a ser 2021.
Por outro lado, José de Brito destacou que o nível de “proteção” para estes ativos tóxicos está acima da média europeia. “Se considerarmos o total das imparidades que temos no nosso balanço mais o colateral associado a este stock de NPL, temos um nível de cobertura de 130%“, assinalou.
O administrador falava aos analistas depois de a Caixa ter registado lucros de 492 milhões de euros em 2020, uma redução de 36,6% face ao ano anterior.
A quebra nos resultados foi reflexo dos efeitos da pandemia do novo coronavírus que obrigou o banco público a reconhecer imparidades e a realizar provisões para crédito malparado de mais de 300 milhões de euros.
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