Acionista da Groundforce já tem participação penhorada noutro negócio. Acordo com Governo volta a falhar
As duas partes estiveram reunidas este fim semana, mas não foi conseguido qualquer acordo para desbloquear o dinheiro necessário para pagar salários em atraso.
Não há acordo entre o acionista privado da Groundforce e o Governo para desbloquear dinheiro necessário para os salários em atraso de 2.400 trabalhadores. O financiamento era um adiantamento de serviços a prestar à TAP e, para isso, o dono da Pasogal Alfredo Casimiro tinha de dar a sua participação de 50,1% da Groundforce como garantia. Mas parte destas ações já está sob outra penhora, impossibilitando o negócio.
Há já uma outra penhora sobre as ações de Casimiro na Groundforce, segundo apurou o ECO junto de duas fontes próximas das negociações. Após conversações que decorreram ao longo do fim de semana não foi assim conseguido qualquer acordo e este impasse torna mesmo muito difícil manter os moldes do apoio como estavam a ser definidos.
A equipa do ministro das Infraestruturas e da Habitação Pedro Nuno Santos está desde a semana passada em reuniões com o acionista e presidente do conselho de administração Alfredo Casimiro para tentar desbloquear um adiantamento por serviços a prestar à TAP e assim pagar os salários referentes a fevereiro que estão em atraso. Nos últimos dias da semana passada, um acordo já parecia próximo, mas acabou por não acontecer e as duas partes têm versões complementarmente contraditórias sobre o que está a acontecer.
A TAP — que é simultaneamente cliente e acionista (com 49,9%) da Groundforce — já deu 12,3 milhões de euros em adiantamentos de serviços para garantir a liquidez da empresa, mas também em dificuldades quis deixar de o fazer. O dono da Pasogal não teve como pagar salários e pediu mais um adiantamento, tendo a TAP pedido, em contrapartida, uma penhora da participação do empresário.
Casimiro, que inicialmente não quis aceitar dar as ações como garantia para um novo empréstimo da TAP à Groundforce, acabou por aceitar dar os títulos como penhor. Mas à última hora exigiu que, caso a TAP executasse essa garantia, mantivesse a gestão da empresa, mesmo sendo minoritário no capital. A TAP e o Governo recusaram essa hipótese e disseram só aceitar adiantar mais dinheiro à empresa de handling se Casimiro aceitasse (sem condições) dar as ações como garantia.
Previa também um plano de pagamentos a começar quando a Groundforce receba um financiamento bancário de 30 milhões de euros (que está à espera de garantia do Estado para avançar). Após novas negociações o acionista anunciou publicamente ter aceitado os pedidos de Pedro Nuno Santos, o que o gabinete do ministro negou.
O empresário levou novas condições relacionados com montantes e com datas de pagamento, obrigando a novas negociações, que culminaram este fim de semana num novo contrato. Mas quando estava para ser assinado, Casimiro informou o governante da existência de uma outra penhora sobre as ações.
Os 2.400 trabalhadores da Groundforce continuam assim sem receber os salários de fevereiro. Na sexta-feira começaram a ser transferidos 500 euros para as contas dos funcionários, vindos de dinheiro que havia ainda em caixa e de apoio do lay-off entretanto recebido. Ao longo dia, além de se manifestar à porta da Assembleia da República, a Comissão de Trabalhadores irá igualmente encontrar-se com vários partidos.
(Notícia atualizada às 12h10)
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