Criptomoeda portuguesa desvaloriza 99% face ao máximo de 2018

Quem comprou caro e vendeu barato, perdeu 99% do capital. E quem adquiriu AppCoins no WebSummit 2017 e ainda as mantém, terá conservado relativamente o seu valor. Raio-X à criptomoeda portuguesa.

O valor de mercado da criptomoeda portuguesa AppCoins ronda 27,7 milhões de dólares e existem cerca de 245,4 milhões de moedas em circulação. Cada uma é transacionada a 11 cêntimos de dólar, um recuo de 97% face ao recorde de 4,287 dólares, preço a que trocou de mãos na primeira vaga de euforia das moedas virtuais, a 10 de janeiro de 2018.

As AppCoins foram lançadas há três anos pela startup portuguesa Aptoide, de Paulo Trezentos e Álvaro Pinto. Com sede em Lisboa, a empresa desenvolveu e gere uma loja virtual de aplicações concorrente da Play Store da Google e da App Store da Apple, com expressão no mercado asiático. Quem detém AppCoins pode usar estas moedas em pagamentos dentro de aplicações na Aptoide, ou noutras lojas parceiras do projeto.

O token, nome técnico para as criptomoedas que funcionam na tecnologia blockchain, chegou a ser considerado uma das 50 criptomoedas mais valiosas do mundo pelo site CoinMarketCap, que acompanha as flutuações de mercado destes criptoativos. Atualmente, é preciso descer mais de 600 posições na tabela até encontrar as AppCoins, um resultado da desvalorização acentuada deste criptoativo ao longo dos últimos anos.

A 13 de março de 2020, no rescaldo do crash das bolsas mundiais espoletado pela pandemia, o valor das AppCoins bateu no fundo. A moeda chegou a trocar de mãos a apenas 1,53 cêntimos de dólar. Quem vendeu nessa altura terá incorrido em menos-valias expressivas, de 99,6% se tivesse adquirido as moedas pelos 4,287 dólares a que cotaram em 2018, ou de cerca de 80% se as tivessem adquirido no ICO (Initial Coin Offering) que teve lugar durante o Web Summit de 2017 em Lisboa.

Nessa oferta inicial, numa altura em que o preço da bitcoin disparava para valores estratosféricos (ainda que muito aquém dos recordes alcançados já em 2021), as AppCoins foram disponibilizadas a um preço de 10 cêntimos de dólar, sujeito a um desconto para os participantes da feira internacional. O montante angariado — que Álvaro Pinto, cofundador, diz ao ECO terem sido 17 milhões de dólares — serviu para financiar o desenvolvimento da plataforma e do protocolo para a utilização das AppCoins no ecossistema das aplicações móveis.

Evolução do valor das AppCoins desde janeiro de 2018:

Fonte: CoinMarketCap

Álvaro Pinto estima que existam cerca de 170 mil pessoas com AppCoins na “carteira”, se contabilizando uma outra “moeda” paralela, as AppCoins Credits, que a empresa lançou para contornar algumas limitações da blockchain. Estas outras moedas virtuais têm valor equivalente, mas podem ser mais facilmente adquiridas usando meios de pagamento tradicionais. À medida que vai emitindo novas AppCoins Credits, a empresa responsável pelo projeto tem “queimado” os tokens originais e já retirou mais de 820 mil de circulação.

De acordo com dados da plataforma oficial Appcexplorer, que centraliza um conjunto de estatísticas sobre as AppCoins, a utilização da criptomoeda em compras no interior de aplicações tem vindo a aumentar constantemente desde agosto. Nos últimos 30 dias, foram feitas 300 mil compras usando AppCoins ou AppCoinsCredits, aproximadamente.

Mas o volume não tem acompanhado o número de operações. Em dezembro, 169.797.870 milhões de moedas foram transacionadas nestas compras (o equivalente a quase 18,7 milhões de dólares em transações). Em fevereiro de 2021, o volume ficou-se nos 70.035.948 milhões de moedas, ou 7,7 milhões de dólares, aproximadamente.

A divergência entre o aumento do número de transações e a quebra no volume pode ser explicada por outro indicador: o número de aplicações que aceitam AppCoins como meio de pagamento deu um pulo nos últimos meses, crescendo de 420 para 694 apps. Em linhas gerais, existirão mais transações, mas com um menor valor associado.

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