Mais de 20% das moratórias do crédito da casa terminam no final do mês
Valor do crédito em moratória ascendia a 45,7 mil milhões de euros em janeiro. Do montante de 17,1 mil milhões das moratórias da casa, 21,6% volta a ter de pagar prestações a partir de 1 de abril.
Mais de 20% das moratórias dos empréstimos da casa terminam no final deste mês, quando acabar o regime privado da Associação Portuguesa de Bancos (APB) para o crédito hipotecário.
Os números foram divulgados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal, que vai passar a atualizar mensalmente, ao final de cada mês, os dados relativos à evolução das moratórias bancárias que foram introduzidas em março do ano passado por causa do impacto da pandemia na economia.
Em janeiro, havia um total de 45,7 mil milhões de euros de crédito em moratória, o que representa uma descida de 400 milhões de euros face a dezembro, de acordo com o supervisor. Em Portugal, o recurso à moratória atingiu dimensões relevantes, como reconheceram as autoridades, que agora estão preocupadas com uma “saída ordenada” para não deixar famílias, empresas e bancos em xeque.
Do total do crédito em moratória, cerca de 24 mil milhões de euros dizem respeito ao valor das moratórias concedidas a sociedades não financeiras (33% do total do crédito empresarial) e outros 20 mil milhões de crédito correspondem a moratórias dadas a particulares (16% do crédito a particulares). Há ainda 1,7 mil milhões de crédito em moratória relativos a outras entidades que não estão nestes setores, como empresas financeiras ou não residentes.
Dentro das moratórias particulares, que permitem a mais de 407 mil famílias uma suspensão temporária do capital e juros do crédito, 17,1 mil milhões de euros de empréstimos em moratórias correspondem a crédito da habitação, com a grande maioria dos contratos abrangidos pelo regime público, que termina em setembro na maioria dos casos. Mas há 3,7 mil milhões de euros de empréstimos hipotecário em moratória (21,6% das moratórias da casa) encontram-se ao abrigo do regime privado da APB, que termina já a 31 de março. Poderá haver mais moratórias, ainda assim, a expirarem dentro de uma semana.
Neste momento estão em vigor dois regimes de moratórias: um regime público, que termina a 30 de setembro (exceto para novas adesões); e um regime privado promovido pela APB, com duas vertentes: crédito hipotecário, que expira agora no final do mês, e crédito pessoal, que expira em junho.
Os bancos têm estado a monitorizar de perto os clientes para perceber a capacidade de retomarem as prestações do crédito após o fim das moratórias.
Moratórias descem há quatro meses
Setembro foi o pico do valor do crédito em moratória, com 48,1 mil milhões de euros em empréstimos concedidos pelos bancos sem pagarem juros ou capital, de acordo com os dados do Banco de Portugal. Entretanto, o montante está em queda desde então.
No final de dezembro, havia um total de 46,1 mil milhões de euros de crédito em moratória, valor que baixou em cerca de 400 milhões em janeiro, para 45,7 mil milhões. O Governo abriu a porta a novas adesões à moratória a partir do início deste ano, mas a adesão tem sido fraca, com o valor líquido do crédito em “suspenso” a cair consecutivamente pelo quarto mês.
Setores mais vulneráveis com 60% do crédito em moratória
Nas empresas, com cada 1 euro em moratória em cada 3 euros de crédito, as empresas dos setores mais afetados pela pandemia como a hotelaria e restauração foram as que mais recorrem às moratórias. Os dados do Banco de Portugal permitem perceber que estes setores tem quase 60% do seu crédito da banca em moratória.
Na semana passada, o presidente da APB revelou que o setor e o Governo estão a trabalhar no sentido de evitar um “efeito precipício” quando os regimes acabarem. Faria de Oliveira revelou na RTP 3 que os apoios que estão a ser desenhados vão envolver subsídios a fundo perdido às empresas e outras soluções de capitalização com garantia do Estado.
O Banco de Portugal volta a atualizar a informação sobre moratórias de crédito no próximo dia 31 de março, com montantes (saldos em fim de mês), número de contratos abrangidos e peso relativo de cada segmento (empresas, famílias, habitação, consumo).
(Notícia em atualização)
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