Bezos quer fazer da Amazon “o melhor empregador da terra e o lugar mais seguro para trabalhar”
Depois de trabalhadores terem falado em objetivos de produtividade que podem levar a lesões e comprometer necessidades básicas, o CEO da Amazon admitiu que "é preciso fazer mais pelos trabalhadores".
As condições de trabalho dos funcionários da Amazon têm sido um dos temas em cima da mesa ultimamente. E não pelos melhores motivos. Numa carta anual aos acionistas, o CEO da Amazon, Jeff Bezos, afirmou que “é preciso fazer mais pelos trabalhadores”. O grande objetivo, agora, é tornar a tecnológica “o melhor empregador da terra e o lugar mais seguro para trabalhar”.
De acordo com o Quartz (acesso live, conteúdo em inglês), é esperada a implementação de um novo sistema automatizado de agendamento que irá permitir que os trabalhadores alternem entre diferentes tarefas, com o objetivo de evitar lesões por movimentos repetitivos. Na carta, Jeff Bezos escreve, também, que a empresa irá trabalhar para melhorar a satisfação dos empregados, “continuando a liderar em termos de salários, de benefícios, de oportunidades de requalificação e de outras formas que iremos descobrir ao longo do tempo”.
Apesar de admitir a necessidade de algumas mudanças ao nível das condições laborais, o líder da tecnológica aproveitou, também, para defender a empresa de algumas das mais recentes acusações. Depois de trabalhadores dos armazéns terem falado em objetivos de produtividade esgotantes que podem levar a lesões e comprometer necessidades básicas, Bezos afirma que a Amazon permite aos trabalhadores pausas informais e pausas de 30 minutos.
Por outro lado, o CEO da tecnológica garante que os objetivos de produtividade estabelecidos são razoáveis. “Estabelecemos objetivos de desempenho exequíveis e que têm em conta os dados relativos à função e ao desempenho real dos funcionários”, escreve.
Para Matthew Bidwell, professor na Wharton School of Management, a questão fundamental é se a Amazon vai alterar as suas práticas de trabalho e impedir que “as pessoas se comportem como robôs”. A mudança na empresa deve ser feita coletivamente, com as pessoas a pressionar a tecnológica a evoluir em questões que vão desde as alterações climáticas até à igualdade de género, defende o docente.
“Estas empresas tecnológicas dependem de jovens engenheiros bem pagos e com muita influência no mercado”, diz, acrescentando que, se estes engenheiros da Amazon estiverem dispostos a participar em massa em ações coletivas em nome dos trabalhadores dos armazéns, “é complicado para a empresa ser demasiado rígida na oposição à sindicalização”.
O tema das condições laborais dos trabalhadores da Amazon ganhou maior importância no último ano, com a pandemia da Covid-19, e nos últimos meses voltou a dar que falar com 1.789 trabalhadores do centro de distribuição da Amazon no estado norte-americano de Alabama a votarem contra a formação oficial de um sindicado. Apenas 738 votaram a favor. Os resultados foram, no entanto, contestados, com o sindicato a defender que houve interferência da empresa no processo.
Recorde também que, no início o mês, a gigante Amazon reconheceu que há trabalhadores forçados a urinar em garrafas durante os turnos. Foi algo que a tecnológica inicialmente negou, mas que, com a pressão exercida por vários meios de comunicação com testemunhos de empregados da empresa que confirmaram essa prática, acabou por admitir, dizendo que é um problema “generalizado a toda a indústria” e que não sabe como resolver. A empresa liderada por Jeff Bezos comprometeu-se, no entanto, a “procurar soluções”.
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