É assim que as grandes economias mundiais querem salvar o Planeta
Uma a uma, conheça as estratégias das maiores economias do mundo para lidar com a crise climática em curso.
Foi uma autêntica maratona. Esta quinta-feira, 22 de abril, Dia da terra, 27 líderes mundiais, de um total de 40 convidados pelo presidente dos EUA, Joe Biden, discursaram no primeiro dia do evento online Cimeira de Líderes pelo Clima 2021 para dizer ao mundo o que já estão a fazer e quais as metas a que se propõem para travar o impacto das alterações climáticas na próxima década.
Biden abriu caminho e anunciou que os EUA vão cortar para metade as suas emissões até 2030, tal como era esperado. Depois dele, seguiram-se muitos outros líderes das maiores economias mundiais, alguns com novas e ambiciosas metas, outros ainda cautelosos no caminho para a descarbonização.
Uma a uma, conheça as estratégias das maiores economias do mundo para lidar com a crise climática em curso:
Estados Unidos – Maior economia mundial, segundo maior poluidor (15% das emissões)
Anfitrião da Cimeira de Líderes para o Clima 2021, o Presidente norte-americano, Joe Biden, comprometeu-se a reduzir para metade (entre 50 e 52%) as emissões de gases com efeito de estufa do seu país até ao fim da década e indicou que os Estados Unidos querem ainda chegar a 2050 com emissões carbónicas neutras.
Defendeu também que o investimento em energias limpas e a reconversão de milhões de trabalhadores americanos de indústrias poluentes como os investimentos que lançarão os Estados Unidos “no caminho para reduzir as emissões com efeito de estufa a metade até ao fim desta década”.
China – Segunda maior economia, maior poluidor mundial (28% das emissões)
O Presidente chinês, Xi Jinping, defendeu que o combate às alterações climáticas deve seguir os princípios do “multilateralismo e do direito internacional” e que os países devem assumir “responsabilidades diferenciadas” conforme a sua prosperidade económica.
Recordou que a China se comprometeu a começar a reduzir as suas emissões de gases de efeito de estufa ainda durante esta década e que pretende atingir a neutralidade carbónica antes de 2050, “num espaço de tempo muito mais reduzido do que conseguiria a maior parte dos países desenvolvidos”. Para isso, nos planos quinquenais que orientam a governação do país, estão previstas medidas como a limitação do consumo de carvão para produção de energia.
Rússia
O Presidente Vladimir Putin garantiu que a Rússia está empenhada em “reduzir significativamente” as emissões de dióxido de carbono nas próximas três décadas, falando de um “objetivo ambicioso” para 2050, mas ainda que sem quantificar o mesmo. As emissões de gases com efeito de estufa, na Rússia, caíram para metade desde 1990 (de 3,1 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono para 1,6 mil milhões) através de mudanças na indústria e na produção de energia, atualmente com 45% da energia a vir de fontes de emissões reduzidas (graças à energia nuclear), disse.
Além de defender uma sólida cooperação internacional o Presidente destacou os esforços da Rússia para controlar a emissão de gases com efeito de estufa, criando legislação que vai nesse sentido e incentivando a redução de emissões.
Alemanha
A chanceler alemã, Ângela Merkel, disse que a Alemanha reduziu as suas emissões em 40% em relação a 1990 e aspira, de acordo com o decidido a nível comunitário, chegar a 55% de redução em 2030. O objetivo final dos 27 países da União Europeia é chegarem a 2050 com emissões neutras. A governante garantiu hoje que o país continuará a fazer “a parte que lhe compete” na luta contra o aquecimento global.
Ângela Merkel disse ainda que 46% da eletricidade produzida na Alemanha no ano passado proveio de fontes renováveis e lembrou o plano do Governo para fechar a última central a carvão no máximo até 2038.
França
Na sua intervenção, o Presidente francês, Emmanuel Macron, pediu mais celeridade na aplicação do Acordo de Paris no combate às alterações climáticas, bem como um sistema de regulação de emissões de carbono que seja “claro e mensurável”.
Na sua intervenção na Cimeira do Clima, organizada pelos Estados Unidos, em formato virtual, Macron cumprimentou o Presidente norte-americano, Joe Biden, pelo “regresso” do seu país à luta contra as alterações climáticas e pela decisão do seu Governo de reduzir as emissões de gases de efeito de estufa para metade até 2030. “O ano de 2030 é o novo 2050”, disse o Presidente francês, referindo-se à aceleração do cronograma de redução de emissões de gases de efeito estufa.
Reino Unido
O primeiro-ministro britânico afirmou hoje que “crescimento e emprego” são as palavras-chave do “desafio político” do combate às alterações climáticas. Como país anfitrião da próxima (COP26) Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (que terá lugar em Glasgow, na escócia, em novembro), o Reino Unido quer ver ambição nos países desenvolvidos para reduzir emissões e está “a trabalhar com todos, dos mais pequenos aos maiores emissores para garantir compromissos que mantenham o aquecimento global abaixo de 1,5 graus” em relação à era pré-industrial até ao fim do século, conforme estabelecido no Acordo de Paris, alcançado em 2015 na COP21.
“Vemos que há uma obrigação de os países desenvolvidos fazerem mais”, disse Boris Johnson, apontando que no caso do Reino Unido, uma redução de emissões nos últimos anos foi acompanhada de um crescimento da economia. Para isso, caberá “às nações mais ricas do mundo juntarem-se e contribuírem com mais do que os 100 biliões de dólares [anuais até 2020 para ajudar à mitigação dos efeitos das alterações climáticas] com que se comprometeram em 2009”, defendeu.
União Europeia
Falando um dia depois de os legisladores da UE terem concordado com uma redução nas emissões líquidas de CO2 de pelo menos 55% em 2030, no âmbito da Lei Climática, que também fixa a meta de neutralidade em 2050, a presidente da Comissão Europeia apelou à comunidade internacional para “seguir os passos dos países da União Europeia”.
“Precisamos que todas as grandes economias assumam as suas responsabilidades”, disse Von der Leyen, apelando às grandes potências para “trabalharem num compromisso compartilhado e numa ação conjunta, para reduzir as emissões até 2030”.
Brasil
Até agora sempre ao lado do ex-presidente Donald Trump contra as evidências científicas das alterações climáticas, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, mudou de discurso e antecipou de 2060 para 2050 o prazo para acabar com as emissões de gases de efeito estufa e prometeu ainda eliminar a desflorestação ilegal até 2030, durante o seu discurso na Cimeira de Líderes pelo Clima.
“Coincidimos com o seu apelo [do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden] ao estabelecimento de compromissos ambiciosos. Neste sentido, determinei que a nossa neutralidade climática seja alcançada em 2050, antecipando em 10 anos a sinalização anterior”, disse Bolsonaro, destacando o “compromisso de eliminar o desflorestamento ilegal até 2030 com a plena e pronta aplicação” do código florestal do país. “Com isto eliminaremos em quase 50% as nossas emissões até esta data”, assegurou.
Bolsonaro reiterou as metas já assumidas pelo país de cortar emissões em 37% até 2025 e em 43% até 2030 e destacou que o Brasil é responsável por menos de 3% das emissões globais.
Canadá
O primeiro-ministro Justin Trudeau comprometeu-se a cortar emissões em 40 a 45% até 2030. “Hoje, o Canadá está em posição de elevar a sua ambição climática mais uma vez. A nossa nova meta climática para 2030 é reduzir os nossos níveis de emissões face a 2005 em 40 a 45% e fortaleceremos continuamente o nosso plano para a neutralidade carbónica até 2050.”
Trudeau está a tentar coordenar a sua política climática com os EUA para desenvolver uma abordagem transfronteiriça para as mudanças climáticas. As ambições crescentes de Biden pressionaram o primeiro-ministro a adotar uma abordagem mais agressiva para reduzir a pegada de carbono do Canadá, cujas emissões aumentaram nos últimos anos.
Japão
Ainda antes de começar a Cimeira de Líderes pelo Clima, o Japão anunciou que vai fortalecer os seus compromissos de redução de emissões para 2030 sob o Acordo de Paris, como estratégia para para se tornar neutro em carbono até meio do século.
O país pretende agora reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 46% até 2030, em comparação com 2013, disse o primeiro-ministro Yoshihide Suga. Antes disso, o país asiático tinha definido como meta uma redução de apenas 26%
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