Farmácias portuguesas já venderam 430 mil autotestes à Covid
Desde o início de abril, já foram vendidos 430 mil autotestes nas farmácias, revelou a ANF. Procura estabilizou na segunda quinzena e estão em ser comercializados, em média, 20 mil testes por dia.
Foi no início de abril que os autotestes de despiste à Covid-19 começaram a ser disponibilizados nas farmácias e parafarmácias portuguesas para utilização da população em geral. Desde então, já foram vendidos cerca de 430 mil autotestes nas farmácias, segundo revelou a Associação Nacional de Farmácias (ANF), ao ECO. Em média, estão a ser comercializados 20 mil testes por dia.
Os testes rápidos antigénio podem ser adquiridos por pessoas com mais de 18 anos, sem a supervisão de um profissional de saúde, nas farmácias ou outros locais autorizados à venda de medicamentos não sujeitos a receita médica, na sequência de um regime excecional aprovado pelo Governo. E no espaço de um mês e até esta sexta-feira, o Infarmed já autorizou a comercialização de quatro fabricantes de testes diferentes.
“Desde que os autotestes começaram a ser disponibilizados nas farmácias, já foram vendidas cerca de 430 mil unidades”, aponta Duarte Santos, membro da direção da ANF, em resposta ao ECO. Certo é que “ao longo do mês de abril”, a procura destes testes por parte dos consumidores nas farmácias “foi crescente, tendo estabilizado, na segunda quinzena”, com uma média de “20 mil testes vendidos por dia”, destaca o responsável da associação que conta com 2.749 farmácias associadas.
Foi na semana do feriado de 25 de abril, mais especificamente a 20 de abril, que foi alcançado o dia com mais transações até à data. Nesse dia, foram vendidos 29.362 nas farmácias portuguesas, segundo a ANF. Esta elevada procura poderá estar relacionada não só com o facto de existir uma maior diversidade de testes disponíveis, já que numa fase inicial apenas o teste da fabricante sul-corenana SD Biosensor e distribuído em Portugal pela suíça Roche estava disponível, mas também com o facto de os preços destes testes terem estabilizado. Se atualmente estão a ser vendidos entre cinco a sete euros a unidade, numa fase inicial a diferença de preços chegou a superar os 100% em algumas farmácias, tal como o ECO constatou.
De salientar também que por forma a combater a especulação de preços e a evitar açambarcamentos, a 14 e abril, o Governo decidiu impor uma margem de lucro máxima de 15% na comercialização dos autotestes, seguindo, desta forma, a recomendação emanada pelo Presidente da República. Até então, os comerciantes tinham “carta branca” para definir o preço dos artigos, tendo apenas que respeitar que estes artigos estão isentos de IVA, por serem considerados dispositivos médicos de diagnóstico in vitro, como revelou o Ministério das Finanças, ao ECO.
Grandes superfícies vendem dezenas de milhares de testes
Tal como referido anteriormente, o regime de exceção criado pelo Executivo permite aos locais de venda de medicamentos não sujeitos a receita médica comercializarem estes artigos, como é o casos dos espaços de saúde e bem-estar dos supermercados. No caso da Auchan Retail Portugal, até à passada terça-feira, dia 27 de abril, já tinham sido vendidos “ perto de 10.000 unidades de testes individuais”, disse fonte oficial da empresa em resposta ao ECO
Com cerca de 30 lojas espalhadas de norte a sul de Portugal, a Auchan disponibiliza agora dois tipos de testes, podendo estes ser adquiridos a título individual — por 4,99 euros ou 2,79 euros a unidade (dependendo da opção da marca escolhida)–, ou em embalagens de 5 testes por 13,49 euros (cerca de 2,70 euros a unidade).
Além disso, a retalhista sinaliza ainda que a “venda tem sido bastante equilibrada”, não destacando, por isso, um dia recorde de vendas. O ECO contactou ainda a Wells e o Pingo Doce para tentar fazer um balanço da procura por parte destes artigos, mas as duas empresas escusaram-se a divulgar números relativos à venda destes artigos. De notar, que a marca especializada em Saúde do grupo Sonae passou a disponibilizar dois tipos de testes individuais por 4,99 euros a unidade, no caso dos testes distribuídos pela Roche (no início custavam 6,99 euros) ou 2,79 euros no caso de um outro fabricante, sendo que deixou de vender embalagens de 25 testes. Nos primeiros dois dias, a Wells tinha vendido mais de 10 mil autotestes em Portugal.
À semelhança da Wells, também as lojas da retalhista Jerónimo Martins deixaram de vender embalagens de 25 testes e só comercializam autotestes individuais, sendo que no caso do primeiro teste que foi disponibilizado pelo Pingo Doce (da Roche) a unidade passou a custar 4,99 euros (uma diferença de 1,8 euros quando comparada com o custo da unidade vendido inicialmente nas embalagens de 25 testes). Contudo, este teste não está atualmente a ser vendido, dado que há cerca de uma semana os espaços de bem-estar do Pingo Doce passaram a vender um autoteste de outra marca, “a um preço de 2,79 euros” a unidade, informa fonte oficial do grupo ao ECO. Contas feitas, é uma diferença 2,2 euros face ao anterior.
Ainda não há plataforma para reportar resultados
De acordo com a norma conjunta do Infarmed, Instituto Nacional Doutor Ricardo Jorge (INSA) e Direção-Geral da Saúde (DGS), os resultados positivos ou inconclusivos dos autotestes devem ser comunicados à linha SNS24. De acordo com dados dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) fornecidos ao ECO, até sexta-feira tinham sido comunicados 535 resultados.
O documento das autoridades de saúde dava também a possibilidade de estes resultados serem comunicados “em formulário eletrónico” que seria disponibilizado “oportunamente” no site do Governo dedicado à Covid. Contudo, esta ferramenta ainda não está disponível, não havendo para já previsão para que isso aconteça.
Este atraso dificulta também o reporte dos resultados negativos já que, ao contrário dos casos positivos e inconclusivos, estes não devem ser reportados através da linha SNS24. De acordo com a norma das autoridades de saúde, “A notificação destes resultados é igualmente importante para monitorização da atividade nacional de testagem”, explicava-se na circular conjunta.
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