Depois da pandemia os seus colaboradores podem parecer os mesmos. Mas não são
Ninguém ficou indiferente à pandemia e os desafios que levantou no mercado de trabalho. Os profissionais adaptaram-se e, em alguns casos, mudaram para sempre.
Depois de mais de um ano a trabalhar desde casa, com barreiras pouco definidas entre vida profissional e privada e vários desafios ao nível de liderança, tarefas e comunicação, os profissionais mudaram. Quando voltarem ao escritório (os que voltarem), não vão ser os mesmos que eram no início de 2020. E os líderes também vão mudaram o seu estilo de gestão.
“Os colaboradores estão a assumir mais responsabilidade pela gestão do seu trabalho”, começa por referir Holly Birkett, professora na Universidade de Birmingham, no Reino Unido, citada pelo The Wall Street Journal (acesso pago, conteúdo em inglês).
Na opinião da docente universitária, que levou a cabo um inquérito a gestores e colaboradores durante a Covid-19, os profissionais que vão chegar aos escritórios, assim que o ritmo da pandemia o permita, sentem-se “mais responsáveis por conseguir fazer as coisas”, assumindo um sentido de responsabilidade muito maior.
Além disso, depois de meses a trabalhar de forma mais autónoma, sem o controlo direto das chefias, os colaboradores aprenderam a gerir as suas próprias tarefas. São mais independentes, revelou a investigação.
Essa gestão do tempo mais autónoma levou, por sua vez, a uma maior flexibilidade. “[Os profissionais] podem dar mais valor ao seu tempo familiar ou às suas prioridades pessoais”, pode ler-se.
A investigadora da Universidade de Birmingham considera, ainda, que possíveis problemas de saúde podem também ter mudado as pessoas “para sempre”.
Todas estas mudanças constituem um desafio para os gestores que, à medida que regressam ao escritório, terão de repensar a sua liderança, nomeadamente a forma como orientam e delegam tarefas aos membros da sua equipa. “Os seus colaboradores podem parecer os mesmos. Mas não são”, escreve o The Wall Street Journal.
Holly Birkett aconselha começar do zero, incentivando os gestores e líderes a renovarem a sua relação com cada uma das pessoas da sua equipa.
E os líderes?
Não foram só os colaboradores que mudaram. Os próprios líderes também mudaram, sobretudo em algumas ideias preconcebidas sobre o teletrabalho. Se, antes do estalar da pandemia, menos de metade (44,1%) dos managers acreditavam que trabalhar a partir de casa aumenta a produtividade, agora esse valor cresceu para 55,7%.
“A produtividade tem sido muito maior do que o esperado. A minha equipa tem trabalhado de uma maneira incrível a partir de casa.” “A minha equipa funciona igualmente bem fora do escritório. E, no caso de um departamento, até funciona melhor.” Estes são apenas alguns depoimentos recolhidos pela docente universitária e que demonstram como é que os líderes também estão a mudar.
“[Uma aprendizagem chave é] que as pessoas são mais dignas de confiança do que poderíamos pensar num primeiro momento”, admitiu um dos líderes entrevistados.
Já no que toca ao isolamento, há, agora, mais gestores a considerarem que o trabalho remoto pode aumentar o isolamento (58,7%). Antes da pandemia, 46,5% dos managers tinham esta opinião.
“Os profissionais que trabalham a partir de casa experienciam níveis de isolamento muito maiores do que esperava”, pode ler-se no estudo “Gestão de colaboradores durante a pandemia de Covid-19”.
“[É importante] comunicar e ter reuniões semanais com a equipa para que todos possam partilhar feedback. Isto aumenta a motivação e contribui para que os funcionários não se sintam tão isolados a trabalhar a partir de casa.”
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