Mercado de capitais é “incontornável” na transição para economias mais verdes
"Devemos colocar o mercado de capitais na estratégia de financiamento dos investimentos das empresas, na transição para uma economia neutra em carbono", disse Iabel Ucha, presidente da Euronext Lisboa
“Só os enormes montantes de capital que o mercado de capitais global é capaz de mobilizar, podem endereçar um desafio desta envergadura”: financiar o investimento necessário para levar a cabo a transição energética e chegar à neutralidade carbónica em 2050. A garantia foi dada por Isabel Ucha, presidente da Euronext Lisboa no encerramento da primeira edição do ESG Portugal Forum 2021, organizado pelo Capital Verde e pelo ECO.
As tecnologias para lá chegar existem, garante, e até já estão “suficientemente maduras e eficientes”. Falta ainda, no entanto, a sua expansão para uma utilização em larga escala, que exigirá “montantes massivos de capital investido, cerca de 35 biliões de dólares na próxima década”.
“Os montantes de investimento total necessários serão várias vezes superiores aos que serão mobilizados pelas políticas públicas. Por isso devemos colocar a questão: como financiar esta gigantesca transformação? Parece-me incontornável o papel do mercado de capitais no financiamento da transição para economias mais verdes”, frisou a presidente da Euronext Lisboa.
Na sua opinião, esta é uma “transformação sem precedentes, não apenas pela sua magnitude mas pela descontinuidade face às fontes energéticas atuais” e “os próximos anos serão decisivos”.
Apesar do grande desafio, há “bons sinais”: os investidores institucionais de referência estão a ajustar as suas estratégias de investimento de forma muito rápida e clara; e os investidores de retalho estão também a acelerar a adoção de critérios ESG nos seus investimentos.
“Devemos colocar o mercado de capitais na estratégia de financiamento dos investimentos das empresas, na transição para uma economia neutra em carbono e esta será certamente uma importante alavanca na capacidade de Portugal captar, nos próximos 10 anos, parte dos ganhos das atividades que vão crescer e dominar neste período de transformação”, defendeu Isabel Ucha na sua apresentação.
A prová-lo estão os mais recentes números do mercado de capitais: entre janeiro e maio de 2021, realizaram-se 72 IPOs nos mercados Euronext, onde foram angariados cerca de 11 mil milhões de euros. Metade destes IPO estiveram relacionados com investimentos em energias renováveis, e soluções de economia circular e sustentabilidade.
“Estes dados mostram que há já muitas empresas europeias, de diversas dimensões, que estão a capitalizar-se e a preparar-se para um longo ciclo de investimento”, sublinhou a presidente da Euronext.
Além disso, algumas empresas (como a EDP ou a REN) têm optado também pelo financiamento via obrigações – as ESG Bonds, ou Obrigações Sustentáveis, cujo aumento de procura tem gerado taxas de financiamento mais atrativas para as empresas emitentes, face à sua dívida tradicional.
Isabel Ucha deu como exemplo os índices com critérios ESG, tais como o Low Carbon 100, o ESG Large 80 ou o CAC 40 ESG, que “permitem aos gestores de carteiras e de fortunas alinharem os seus investimentos com os objetivos do Acordo de Paris”.
“O financiamento por obrigações é muitas vezes uma forma de ter um primeiro contacto com o mercado de capitais, sem abrir o capital, que é uma opção mais estrutural na vida de uma empresa”, rematou.
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