Pandemia aumenta satisfação dos colaboradores. É o valor mais alto desde 2011
Desde 2011 que o índice de satisfação dos colaboradores não era tão alto. As implicações da Covid-19 na organização do trabalho e na gestão de pessoas acabaram por ser do agrado dos profissionais.
Se, por um lado, a pandemia da Covid-19 acabou por reduzir postos de trabalho e colocar vários profissionais em layoff, por outro, fez também acelerar a digitalização do mercado de trabalho. Tornou o que era uma característica de ainda poucas empresas na “norma” da generalidade delas. E o resultado é que os profissionais estão agora mais satisfeitos. É preciso recuar a 2011 para encontrar níveis tão elevados de satisfação dos colaboradores.
“Existem algumas evidências que a pandemia da Covid-19 e as suas implicações na organização do trabalho e na gestão do capital humano acabou por introduziu um viés na satisfação dos colaboradores, fazendo subir esse índice”, refere João d’Orey, diretor executivo do Observatório Nacional de Recursos Humanos (ONRH), em conversa com a Pessoas.
Desde 2011 que o índice de satisfação dos colaboradores não era tão alto. Este ano situa-se nos 61 pontos, um valor apenas um pouco superior ao registado em 2020 (60,8), mas significativamente superior ao verificado há dez anos (54,4), revelam os dados do barómetro anual do ONRH, apresentados no final desta quinta-feira.
A revolução imposta pela pandemia nos modelos de trabalho poderá explicar estes resultados. A validar esta perspetiva, e os dados do barómetro anual, está também um estudo específico que o Observatório realizou durante o primeiro confinamento, de maio a abril de 2020, para avaliar a perceção dos colaboradores acerca da resposta das organizações em Portugal no que toca à adaptação dos sistemas de recursos humanos à situação decorrente da pandemia.
“Nesse período verificou-se uma subida muito significativa na satisfação global com a organização, atingindo o valor de 78,9 na amostra estudada.” Quer isto dizer que a satisfação dos colaboradores foi ainda mais notória nos períodos de pico da pandemia e consequente maior confinamento, enquanto o teletrabalho era obrigatório, estando mais profissionais neste regime.
“Estávamos a entrar num terreno novo, a pisar o desconhecido. Havia atividades que estavam (e estão) a ser muito afetadas e, portanto, as pessoas sentiram-se mais confortadas com as suas organizações. Principalmente as que estavam em regime de teletrabalho manifestaram valores de satisfação superiores aos que estavam em regime presencial“, acrescentou João d’Orey durante a apresentação virtual do barómetro anual.
Questionado sobre o pós-pandemia, o responsável pelo ONRH mostra-se expectante com os futuros modelos de trabalho e acredita que o mercado laboral não regressará ao que tinha antes da Covid-19. “Uma versão 2.0 destes modelos [remotos e híbridos] se irá manter mesmo depois da pandemia e que as organizações conseguirão otimizar o formato por forma a maximizar a satisfação das várias partes interessadas”, refere à Pessoas.
Lealdade e envolvimento com trajetória positiva
A par do índice de satisfação, também o indicador que mede a lealdade registou uma ligeira subida em 2011, passando de um valor médio de 66,9 pontos para 67. No entanto, este não é o valor mais elevado dos últimos dez anos. Em 2013, a lealdade situava-se nos 68,3 (o valor mais alto) e, em 2011, rondava os 61,8 (o valor mais baixo).
"Penso que uma versão 2.0 destes modelos [remotos e híbridos] se irá manter mesmo depois da pandemia e que as organizações conseguirão otimizar o formato por forma a maximizar a satisfação das várias partes interessadas.”
“Apesar de não serem os valores mais alto da série, nem em 2020 nem em 2021, são substancialmente superiores aos registados no início da série”, destaca o diretor executivo do ONRH.
O mesmo acontece com o índice de envolvimento, que registou uma quebra de 2020 para 2021, de 76,3 para 76,2, mas que tem vindo a ter uma trajetória de aumento, verificando-se nos últimos anos valores sempre superiores ao apurado em 2011 (72,5). E continua a ser a dimensão com o valor médio mais elevado.
Maiores discrepâncias estão no reconhecimento e recompensa
A dimensão do reconhecimento e recompensa é a que apresenta uma maior diferença entre o valor máximo e o valor mínimo das organizações estudadas (34 pontos percentuais), sendo também a que apresenta um menor valor médio (50).
“Esta situação decorre das diferenças existentes nas organizações que compõem o agregado, nomeadamente em termos de setores de atividade, dimensão e natureza (pública ou privada). Sendo o agregado bastante diverso é expectável que existam estas diferenças, sobretudo numa das dimensões mais complexas em termos de avaliação, que é o reconhecimento e recompensa.”
A mesma justificação pode ser apontada para os indicadores “que avaliam as oportunidades de progressão de carreira e a existência de atividades desportivas, culturais e de convívio promovidas pela empresa.
“No caso deste último verifica-se, por exemplo, que, no agregado estudado, existem ainda algumas organizações em que as atividades desportivas, culturais e de convívio promovidas pela organização são praticamente inexistentes”, refere o diretor executivo do ONRH, acrescentando que as limitações associadas à pandemia também fizeram com que estas atividades reduzissem.
O ONRH é uma parceria entre duas empresas – a QUAL e a QMETRICS – e duas associações – a APQ e a APG – e que tem como principal missão medir, compreender e explicar a satisfação, lealdade e envolvimento dos colaboradores das organizações públicas e privadas que aderem a este projeto. Os resultados de 2021 contaram com 18.393 inquiridos.
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