Católica prevê crescimento do PIB de 5% no segundo trimestre
A economia portuguesa terá crescido 5% em cadeia e 15,5% em termos homólogos no segundo trimestre, estimam os economistas da Católica. O cenário central aponta para crescimento anual de 3,5% em 2021.
Os economistas da Católica antecipam que o segundo trimestre deste ano terá registado o maior nível de atividade económica desde o início a pandemia, estimando que o PIB tenha crescido 5% em cadeia e 15,5% em termos homólogos no segundo trimestre, o qual compara com o pior trimestre da pandemia (segundo trimestre de 2020). No conjunto do ano, o cenário central passa por um crescimento de 3,5%, abaixo das previsões de instituições como a Comissão Europeia e o Banco de Portugal.
“Tudo indica que o nível de atividade da economia portuguesa terá sido, no 2º trimestre, o maior desde o início da pandemia e das políticas de confinamento introduzidas em março de 2020“, escreve o Católica Lisbon Forecasting Lab na folha trimestral de conjuntura do segundo trimestre divulgada esta quarta-feira, ressalvando, no entanto, que a “incerteza deste cálculo é grande tendo em conta as alterações frequentes de condições a que as empresas e as famílias estão sujeitas e que obrigam a mudanças bruscas no seu comportamento”.
Esta estimativa está em linha com a previsão do ISEG que aponta para um crescimento em cadeia de 5,5% no segundo trimestre e fica dentro do intervalo do Fórum para a Competitividade na semana passada de um crescimento em cadeia entre 4% e 8%. A Comissão Europeia está menos otimista, tendo revelado esta quarta-feira uma previsão de crescimento trimestral de 3,3%.
Caso se concretizem os números previstos pela Católica para o segundo trimestre, a economia portuguesa “deverá estar a operar a cerca de 95,5% do nível do 4º trimestre de 2019, o último sem efeitos da pandemia e dos confinamentos”. Ou seja, 4,5% abaixo do nível pré-pandemia, sendo espectável que em 2022 se alcance e ultrapasse esse nível caso se confirme a retoma esperada.
Contudo, os economistas da Católica mostram cautela face aos “sinais de maiores restrições” por causa do aumento dos novos casos. “O resto do ano deverá ser influenciado pelo efeito combinado da intensidade dessas restrições e da recuperação do turismo”, notam.
Num cenário pessimista, o crescimento anual fica pelos 2%. O cenário central é de 3,5%, mas também há um cenário otimista — que o Governo e o Banco de Portugal assumem atualmente como o seu cenário central — em que o PIB cresce 5% em 2021.
Um dos fatores que pode levar a um crescimento mais expressivo é a utilização daquilo que os economistas da Católica apelidam de “reserva de consumo” que está “implícita na elevada taxa de poupança das famílias”. No primeiro trimestre, marcado pelo segundo confinamento, a taxa de poupança aumentou para um valor recorde e desde o início da pandemia já se registou uma acréscimo de poupança de 9,5 mil milhões de euros.
Católica continua a ver risco de Orçamento Retificativo
Apesar desta forte recuperação da economia portuguesa, a Católica continua a alertar, tal como fez na folha trimestral divulgada em abril, que há “riscos invulgarmente elevados para o défice orçamental” por causa das políticas orçamentais “heterodoxas” pelo que não se pode “descartar a necessidade de um orçamento retificativo ainda este ano“. Esta hipótese foi afastada recentemente pela secretária de Estado do Orçamento, Cláudia Joaquim, em entrevista ao ECO.
“Subsistem, ainda, os riscos relacionados com o fim das moratórias, o seu potencial impacto nas necessidades de capital do sistema financeiro e, em última instância, nas contas públicas“, avisam ainda os economistas da Católica, realçando que a “incerteza para os anos de 2022 e 2023 continua muito elevada”.
Em 2022 o PIB deverá crescer 4,5% e em 2023 crescerá “apenas 2%”, sendo expectável nesse ano um “regresso a medidas de consolidação orçamental como forma de reduzir a dívida pública para níveis sustentáveis a partir desse ano”.
No caso da Zona Euro, a economia deverá recuperar “talvez mais depressa” do que em Portugal, o que “poderá ajudar as exportações de bens [de Portugal], compensando parcialmente as perdas oriundas do turismo e das demais atividades de serviços transacionáveis”.
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