Produtividade com crescimento recorde em ano de pandemia
Em Portugal, produtividade do trabalho cresceu 1,8%, em 2020, ano que ficou marcado pela crise pandémica, pelas restrições à economia e pela adoção sem precedentes do teletrabalho.
Desde 2010 que a produtividade do trabalho não crescia tanto em Portugal. De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, a produtividade por cada hora trabalhada subiu 1,8%, em 2020, ano marcado pela pandemia, pelas restrições adotadas em resposta e pela adesão sem precedentes ao teletrabalho.
Os dados disponíveis relativos ao ano de 2020 mostram discrepâncias significativas entre os vários países da OCDE, no que diz respeito à produtividade por cada hora trabalhada. Por exemplo, no Canadá registou-se um salto homólogo de 7,4%, quando em 2019 esse país tinha verificado uma subida de apenas 0,9%. E também em Itália e nos Estados Unidos o último ano foi sinónimo de um aumento expressivo da produtividade do trabalho, estando em causa crescimentos de 2,4% e 3,5%, respetivamente.
Por outro lado, em França e na Alemanha, os níveis de produtividade mantiveram-se estáveis. Já em Portugal, 2020 trouxe uma subida de 1,8% da produtividade do trabalho por cada hora trabalhada, mais 0,5 pontos percentuais (p.p.) do que o aumento verificado em 2019. Aliás, é preciso recuar até 2010 para encontrar uma variação mais expressiva. Isto num ano marcado pela crise pandémica, pelo encerramento temporário de muitas atividades e pela adoção sem precedentes do teletrabalho.
Desde 2010 que a produtividade não crescia tanto
Fonte: OCDE
Este crescimento da produtividade é particularmente relevante para Portugal, já que o país tem estado entre aqueles onde a média das horas trabalhadas é mais elevada, mas os níveis de produtividade são mais baixos. Por exemplo, por cá, em 2019, em média, foram trabalhadas 1.892,9 horas, por cada trabalhador. Portugal registava então a sexta média mais alta da OCDE, mas estava abaixo do meio da tabela no que diz respeito à produtividade do trabalho.
De modo geral, a OCDE salienta que, em 2020, o distanciamento social, os confinamentos e as restrições levaram à recessão económica mundial mais “severa e abrupta” desde a Segunda Guerra Mundial. As quebras foram, contudo, heterogéneas entre os vários países e até entre os vários setores, nomeadamente no que diz respeito às horas trabalhadas e, consequentemente, à produtividade. “A maioria dos setores que foram mais afetados correspondem a atividade com baixos níveis de produtividade (por exemplo, alojamento e restauração)”, salienta a OCDE.
A organização sublinha, por outro lado, que, a longo prazo, o principal risco no que diz respeito à produtividade está relacionado com a eventual destruição da capacidade produtiva das economias resultante de uma possível vaga de insolvências, incluindo de empresas com bons níveis de produtividade mas que viram as suas receitas emagrecer por força da pandemia e que poderão vir a acumular dívidas à medida que as medidas de apoio extraordinário forem sendo levantadas. “Os Governos terão de implementar políticas dirigidas a esta questão“, defende a OCDE, sugerindo, por exemplo, “a oportuna reestruturação da dívida das empresas viáveis”.
Numa nota mais positiva, a pandemia poderá ter acelerado a adoção de tecnologias digitais, antevê a mesma organização, o que será essencial para evitar um agravamento do fosso dos níveis de produtividade entre empresas e entre economias.
Outro dado positivo é que a recuperação já está no horizonte, sublinha a OCDE, com a aceleração da vacinação, as medidas de apoio e os sinais de que as economias estão a lidar melhor com as medidas impostas para mitigar a propagação do vírus pandémico. “A atividade económica global já voltou aos níveis pré pandémicos, mas no final de 2022 continuará mais fraca do que se perspetivava antes da pandemia“, alerta, ainda assim, a organização.
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