Roche Diagnostics acaba com horários. “O trabalho é o que se faz e não onde se está ou quantas horas”
Flexibilidade, no horário e no local de trabalho, é a nova palavra de ordem para os mais de cem colaboradores da companhia que produz testes rápidos de diagnóstico da Covid-19.
A Roche Diagnostics decidiu acabar com os horários. Caberá a cada um dos mais de cem trabalhadores definir o seu horário de trabalho e a partir de que local desempenha as suas funções. Flexibilidade é a nova palavra de ordem na companhia que produz testes rápidos de diagnóstico da Covid-19. “O trabalho é o que se faz e não onde se está ou quantas horas se passa a fazê-lo. É sobre a produção e a entrega de resultados”, justifica Nazli Sahafi, diretora geral da Roche Diagnósticos, à Pessoas.
A decisão de avançar com a flexibilidade de horários foi uma decisão da filial portuguesa, com um objetivo claro: “fazer a transição do equilíbrio trabalho-vida (work life balance) para o equilíbrio vida”.
“Proporcionar flexibilidade para que seja possível trabalhar de qualquer ponto do país é algo que faz sentido para os nossos colaboradores e para a sua situação de vida atual. À medida que o nosso trabalho se torna mais interligado com a nossa vida, precisamos também de oferecer aos nossos colaboradores a flexibilidade necessária para organizarem o seu tempo da melhor forma que lhes convier”, explica Nazli Sahafi.
E exemplifica. “Se um colaborador tiver filhos pequenos pode ser difícil ter reuniões de manhã ou ao final da tarde, por causa da entrega e recolha das crianças, ou pode mesmo preferir gerir o seu tempo para poder trabalhar de noite quando as crianças estão a dormir. Além disso, e tendo em conta o período de férias de verão, é possível optar por trabalhar na casa de férias, ao mesmo tempo que é possível desfrutar de períodos com a família e amigos.”
A ideia fundamental da flexibilidade não é restringir nada. Se o colaborador conseguir gerir o seu trabalho em quatro dias, está à vontade para tirar o quinto dia de folga.
A pandemia colocou ainda mais na ordem do dia o tema do equilíbrio vida & trabalho depois de milhares terem estado em teletrabalho a partir de casa, a gerir tarefas, família e filhos, em simultâneo e no mesmo espaço, quando as escolas fecharam. Algumas empresas — caso da Feedzai que fez um piloto em agosto —, inspiradas pelo piloto na Islândia, avançaram com o modelo da semana de quatro dias de trabalho.
O modelo adotado pela Roche Diagnostics depende da gestão feita pelo colaborador. “A ideia fundamental da flexibilidade não é restringir nada. Se o colaborador conseguir gerir o seu trabalho em quatro dias, está à vontade para tirar o quinto dia de folga. Acreditamos que o trabalho é o que se faz e não onde se está ou quantas horas se passa a fazê-lo. É sobre a produção e a entrega de resultados”, defende Nazli Sahafi, há pouco mais de três anos na liderança da Roche Diagnostics em Portugal, cargo que acumula com a de head of management center da África Lusófona.
Ausência de horário fixo não poderá gerar maior desequilíbrio?
Mas numa altura em que a pandemia desregulou o equilíbrio vida e trabalho, a ausência de horários não vai provocar uma maior pressão nas equipas? Criar a necessidade de estar sempre on e ‘mostrar serviço’? “É definitivamente um desafio e algo que precisamos de aprender: como criar um equilíbrio na vida para não estarmos sentados em frente ao computador durante várias horas seguidas. Estamos continuamente a ajudar e apoiar os nossos colaboradores através de formação e check-ins regulares, a fim de que possam encontrar o equilíbrio certo”, diz Nazli Sahafi.
“Mais uma vez, isto é impulsionado principalmente pela necessidade da pessoa, a fim de entregar o que é melhor para o interesse da empresa. Acreditamos também que a comunicação é muito importante. Se um colaborador necessitar de um tempo de paragem total, comunica essa necessidade com a equipa e a equipa sabe que não estará disponível em determinadas horas. Trata-se de respeitar a necessidade individual”, reforça.
Trabalhar a partir de onde se é mais eficaz
A companhia também não impõe qual o local a partir do qual o colaborador pode desempenhar funções. “Não queremos definir restrições. A única regra é que haja flexibilidade para que o colaborador possa decidir o que melhor se adapta ao seu trabalho. Se é de casa, então pode trabalhar em casa. Se é no escritório, então no escritório. Se andar na praia ou fazer exercício faz com que surjam novas ideias, então é para lá que deve ir”, diz a diretora-geral. “Cada colaborador decide o que é melhor para si. Tem em mente o melhor interesse da empresa ao mesmo tempo que decide onde trabalha de forma mais otimizada”, reforça.
Esta estratégia fará com que os colaboradores se sintam ainda mais motivados para cumprirem a visão da companhia. E tudo isto se traduz em resultados para a empresa e para os doentes para quem trabalhamos. Pessoas felizes e realizadas têm uma maior dedicação para os objetivos da empresa.
O que não significa que o escritório não faça parte dessa equação. “Antes da pandemia da Covid-19 tínhamos planeado implementar uma instalação organizacional baseada em atividades no nosso escritório. A pandemia interrompeu esta estratégia, mas será retomada em breve. A ideia é simples: não é obrigatório estar no escritório, mas este deve ser tão atraente que as pessoas sentem que querem estar lá”, adianta.
Maior flexibilidade na contratação
Não haver um local fixo a partir do qual trabalhar também traz nova flexibilidade à companhia na hora de contratar, podendo recorrer a talento fora do país. “Uma vez que, no nosso mercado, ainda temos muitas interações presenciais com clientes, faz sentido estarmos localizados em Portugal. Porém, noutras áreas com menos necessidade de contacto pessoal, o trabalho a partir de qualquer lugar também nos permite contratar talentos além-fronteiras”, diz.
Com 116 colaboradores, dos quais 55% de mulheres — o ano passado 44% tinha uma função de gestão — e 45% de homens, a nova flexibilidade no modelo de trabalho também terá impacto no perfil dos colaboradores da Roche Diagnostics. “Tornar-se-á muito mais diversificado e haverá muitas mais candidaturas para as mesmas oportunidades de emprego. Simultaneamente, a nível interno, em Portugal, também se abre a candidatura a funções fora do nosso país”, considera.
“Acreditamos que esta estratégia fará com que os colaboradores se sintam ainda mais motivados para cumprirem a visão da companhia. E tudo isto se traduz em resultados para a empresa e para os doentes para quem trabalhamos. Pessoas felizes e realizadas têm uma maior dedicação para os objetivos da empresa”, defende.
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