Caso Selminho domina debate autárquico no Porto
O caso Selminho, habitação e mobilidade marcaram o debate entre os sete candidatos à Câmara do Porto. A "minha família nunca recebeu ou nunca receberá uma indemnização pecuniária", diz Rui Moreira.
Na praça dos Aliados, o caso Selminho, a habitação social e a mobilidade dominaram o debate, promovido pela SIC, aos sete dos onze candidatos à Câmara de Porto — Rui Moreira (Independente), Tiago Barbosa Ribeiro (PS), Vladimiro Feliz (PSD), Ilda Figueiredo (CDU), Sérgio Aires (BE), Bebiana Cunha (PAN) e António Fonseca (Chega).
Logo no arranque deste frente a frente voltou a polémica sobre o caso Selminho. Rui Moreira, que vai a julgamento dia 16 de novembro, depois das autárquicas, volta a frisar que a sua “família nunca recebeu ou nunca receberá uma indemnização pecuniária“. O autarca portuense destaca ainda que tem “um papel a desempenhar no Porto”.
Apesar do caso polémico, Rui Moreira continua a ser a primeira opção dos portuenses com maioria absoluta, de acordo com as últimas sondagens. Depois de pedir “cautela” na análise das sondagens, Tiago Barbosa Ribeiro, candidato ao PS destaca que as “questões judiciais devem ser tratadas em sede de Tribunal e em sede de Justiça e que não devem trazidas para o debate”.
Ilda Figueiredo (CDU) lembra que o caso Selminho foi denunciado pela CDU, mas que cabe ao “Ministério Público e à justiça decidirem”. “Estamos a aguardar a decisão do julgamento, não somos nós que vamos julgar o que cabe ao tribunal julgar”, diz candidata da CDU. Também a candidata do PAN, Bebiana Cunha, realça que “a decisão pertence ao poder judicial, mas este caso trouxe nuvem negra sobre a gestão municipal”.
Do lado dos bloquistas, Sérgio Aires considera que “a posição que foi tomada não preservou o interesse público” e que “Rui Moreira agiu mal”.
Habitação social em discussão
Tal como em Lisboa, o custo das casas no Porto também marcou o debate entre os candidatos à Câmara do Porto. Rui Moreira destaca que o problema da habitação social “vai ser mitigado”, tendo em conta que foi assinado um acordo com o Governo para resolver o problema de 1.700 famílias. O autarca portuense realça, no entanto, que apesar de não ter recebido nada dos 56 milhões de euros do Governo, já foi resolvido o problema de 260 famílias.
O candidato socialista chama a atenção para o “problema” do preço do metro quadrado na cidade portuense e considera que é uma das suas “prioridades”. “O que vemos no Porto são preços incomportáveis”, lembra Tiago Barbosa Ribeiro. O candidato do PS lembra que a freguesia de Cedofeita registou o maior aumento de preço por metro quadrado e que é a zona com mais alojamento local na cidade.
A candidata da CDU, por seu turno, considera que Rui Moreira “não quis intervir a tempo para conter o alargamento do alojamento local”. Ilda Figueiredo salienta que “é necessário regular o turismo, o alojamento local, mas, sobretudo, construir e recuperar habitação degradada – pública ou privada”
A opinião é unânime. Sérgio Aires candidato do BE alerta para a especulação imobiliária. “Isto é um tsunami que está a afetar os concelhos vizinhos”. O candidato bloquista exige “5.000 fogos de habitação social para evitar o envelhecimento da cidade”.
“Não conseguimos fixar população porque as pessoas não conseguem ter casa no Porto, estamos a expulsar pessoas. Ou queremos transformar Porto numa Disneyland ou atuar de maneira completamente diferente. Queremos 5000 habitações públicas. Não somos contra o turismo, queremos é um turismo saudável”, realça Sérgio Aires.
O candidato do PSD, Vladimiro Feliz destaca que a cidade do Porto”não teria tantos problemas de acesso à habitação, “se a câmara deixar de funcionar como agente imobiliário intervindo na compra de edifícios que poderiam estar a funcionar no mercado”, alerta Vladimiro Feliz.
Para a candidata do PAN, Bebiana Cunha, “faltou implementar uma estratégia local de habitação que resolva os problemas”.
Mobilidade divide opiniões
O presidente da Câmara do Porto recusa que a VCI venha a pagar portagem. “A questão da mobilidade no Porto não se resolve através de portajar a VCI, resolve-se nomeadamente desportajando a circular externa para transportes pesados”, afirma Rui Moreira.
Para Tiago Ribeiro do PS, “é importante que o Porto tenha um plano de ação climática”. Sérgio Aires do Bloco de Esquerda defende que o Porto devia “reduzir a velocidade dos veículos para melhorar a mobilidade na cidade”, enquanto a candidata do PAN, Bebiana Cunha, realça a “necessidade de fazer uma aposta muito grande para retirar os veículos da cidade”.
O candidato do Chega, António Fonseca, vai ainda mais longe e sugere um período experimental de transportes gratuitos durante meio ano. Na ótica do candidato do Chega é uma forma de “perceber se os cidadãos realmente deixam de utilizar os veículos próprios”. António Fonseca defende ainda que os “veículos pesados sejam proibidos de circular no centro da cidade para não prejudicar os pavimentos”.
À semelhança do candidato do Chega, a candidata da CDU, Ilda Figueiredo, destaca a importância de “investir nos transportes públicos, tornando-os tendencialmente gratuitos”.
Vladimiro Feliz do PSD lembra que a cidade do Porto foi considerada “a pior cidade da Península Ibérica em termos de mobilidade” e garante que a sua candidatura tem 275 medidas aplicadas à mobilidade.
De Rui Moreira ao PAN, partidos definem prioridades
Para o atual presidente da Câmara Municipal do Porto, as prioridades passam por “reduzir o custo de vida” de forma a “tornar a cidade mais interessante e mais confortável“. Para o candidato do PS, Tiago Ribeiro, a maior prioridade é a habitação. “Habitação, habitação e habitação. Prioridade número 1, número 2 e número 3”, destaca Tiago Ribeiro.
Vladimiro Feliz do PSD compromete-se a “devolver impostos aos portuenses. Comprometo-me a devolver 2,5% do IRS aos portugueses” e destaca que quer “fazer regressar os grandes eventos”, como o Red Bull Air Race Porto.
A candidata do PAN, Bebiana Cunha, lembra que as “pessoas não têm sido ouvidas” e que quer “promover uma política municipal mais transparente. Acrescenta ainda que o “combate climático é o mais importante das nossas vidas”.
Para o candidato bloquista, Sérgio Aires, uma das prioridades passa por “eleger um vereador para reforçar a democracia na Câmara Municipal. Não queremos maioria absoluta para não haver uma gestão unipessoal”. Sérgio Aires reforça ainda a necessidade de “combater a pobreza”.
António Fonseca do Chega define como prioridade as creches e destaca que este tipo de instituições “não podem fechar“, enquanto Ilda Figueiredo, da CDU, lembra que a “pandemia agravou as desigualdades na cidade” e sugere a criação de um gabinete de apoio à família nas freguesias.
(Notícia atualizada pela última vez às 22h54 com mais informações)
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