Economia portuguesa continua a crescer sem aumentar emissões e aquecer o planeta
O Instituto Nacional de Estatística revelou os principais resultados das Contas das Emissões Atmosféricas para 2019. Este ano foi o que registou os valores mais baixos desde 1995.
Em 2019, o Potencial de Aquecimento Global continuou a diminuir num contexto de crescimento económico. A conclusão é do Instituto Nacional de Estatística. Neste ano pré-pandémico, o Potencial de Aquecimento Global e o de Acidificação diminuíram 4,7 e 1,8%, respetivamente. Já o Potencial de Formação de Ozono Troposférico aumentou 0,2%. Por outro lado, observou-se um crescimento da atividade económica: o Valor Acrescentado Bruto (VAB) cresceu, em termos reais, 2,6%.
Os números não mentem e mostram uma redução da intensidade energética e, ao mesmo tempo, da relação entre emissões e procura de energia. Entre 2010 e 2019, a emissão de CO2 por unidade de VAB decresceu 15,5% em Portugal, diz o INE. OU seja, estamos a poluir menos para que a economia possa crescer.
Em 2019, o Potencial de Aquecimento Global (GWP) atingiu 66,2 milhões de toneladas de equivalente de CO2, o que correspondeu a uma diminuição de 4,7% face ao ano anterior. Os dados são do Instituto Nacional de Estatística, retirados das Contas e Emissões Atmosféricas para 2019, ano em que o GWP atingiu o valor mais baixo da série de dados iniciada em 1995 pelo INE.
À semelhança do que tem vindo a ser registado desde 1998, o ramo de atividade económica que mais contribuiu para o GWP em 2019 foi o da energia, água e saneamento (25,2%). No entanto, relativamente ao ano anterior, este foi também o ramo de atividade que mais reduziu as suas emissões (-22,3%).
Ainda assim, e apesar da diminuição, o ramo da energia, água e saneamento, juntamente com a indústria, perfizeram 53,4% do total de emissões de CO2 e são, por isso, os ramos de atividade que contribuem mais para o GWP. Já a agricultura, silvicultura e pesca emitiram as maiores quantidades de metano e óxido nitroso (75,7% e 48,5%, respetivamente).
Nestes dados do INE, consta também a intensidade carbónica da economia, que quantifica a relação entre as emissões do GWP necessárias para a obtenção de todos os bens e serviços produzidos, medida através do rácio entre o total nacional de emissões do GWP e o Produto Interno Bruto (PIB).
Também aqui foi registado o menor número desde 1995, já que, em 2019, a intensidade carbónica da economia portuguesa decresceu 7,1% relativamente ao ano anterior. Entre 2010 e 2019, o decréscimo foi de 13,1%.
Mais uma vez, a redução no ramo de energia, água e saneamento (-19,1%) foi a que mais contribuiu para estes números. No entanto, esta tendência só se começou a verificar em 2019, isto porque no período 2010-2019 o mesmo ramo de atividade foi o que registou a menor diminuição da intensidade das emissões de GWP (-3,0%), em comparação com os decréscimos na indústria (-21,4%), na construção (-10,4%), na agricultura, silvicultura e pesca (-6,4%) e nos transportes, informação e comunicação (-3,2%).
A redução de 48,1% no consumo do carvão em 2019 face ao ano anterior, aliada a um aumento de 9,5% das produções das energias eólica, geotérmica e fotovoltaica são, de acordo com os dados do INE, outros dos motivos que levaram à diminuição do GWP em 2019, apesar da forte redução da produção da energia hídrica (-24,1%) devido ao tempo quente e seco desse ano.
As conclusões do INE apontam, por isso, a melhoria da eficiência energética (redução do indicador de intensidade energética) e a redução da relação entre as emissões e a procura de energia, com evidência progressiva no recurso a fontes de energia menos poluentes, como sendo os fatores mais determinantes para o decréscimo das emissões de GWP na economia portuguesa.
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