Exportadoras apostam em feira virtual para “pescar” negócio
A Expo Fish Portugal vai juntar importadores de pescado de 32 países. Para o tecido industrial é uma "oportunidade de negócio" e uma forma de mostrar a qualidade dos produtos portugueses.
Conservas, polvo, bacalhau, pescada, tamboril e lulas são alguns dos produtos que fazem parte do cabaz alimentar com sabor português que estará em exposição na feira 100% virtual do setor das pescas. A Expo Fish Portugal arranca na próxima terça-feira e vai contar com cerca de 80 expositores, como empresas de comercialização de pescado fresco, congelado e em conserva.
Portugal tem pela primeira vez, um espaço virtual de promoção do setor. O evento, que se realiza entre 16 e 17 de novembro, tem como objetivo alavancar a nível nacional e internacionalmente, as atividades ligadas ao setor da pesca. A Expo Fish Portugal vai juntar importadores de pescado de 32 países, como Espanha, Austrália, passando pela Letónia, Canadá, Japão, Singapura ou Tailândia.
Os setores da pesca, aquacultura e transformação do pescado empregam mais de 60 mil pessoas e representam um valor acrescentado bruto de cerca de 1,7 mil milhões de euros. Na última década, o setor teve um aumento nas exportações de mais de 50%”, de acordo com a secretária de Estado das Pescas, Teresa Coelho.
As empresas portuguesas vão aproveitar o evento para mostrar o que de melhor se faz em Portugal. A Pinhais, a Ramirez e a GelPeixe vão aproveitar a feira virtual para apresentar os produtos mais icónicos.
Portugal exporta mais em peixe do que em vinhos. O agroalimentar é dos [setores] mais significativos de exportação. Exportamos mais de mil milhões de euros
A Ramirez, que é a mais antiga fábrica de conservas em laboração no mundo, produz cerca de 55 milhões de conservas por ano e exporta para cerca de 55 países. O administrador da empresa conta ao ECO que, como é “uma feira muito voltada para o exterior, vão aproveitar para apresentar marcas de exportação, nomeadamente Ramirez, Cocagne, Berthe e The Queen of The Coast.
A centenária Pinhais exporta 95% da produção para 37 mercados e emprega cerca de 140 pessoas. Vai apresentar nesta montra virtual as conservas de sardinha e marca mais icónica: a Nuri. Em apenas um ano, a empresa nortenha conquistou mais dez mercados. Áustria e EUA são os principais mercados de exportação. “Vamos aproveitar ainda para comunicar o nosso mais recente projeto que é o Museu Fábrica que inaugurámos no início de novembro”, relata Nuno Rocha, diretor comercial da Pinhais.
A Gelpeixe, empresa alimentos ultracongelados, vai apresentar na Expo Fish Portugal referências como pescada, filetes, polvo, tamboril, lulas. A Gel Peixe exporta para mais de 20 mercados. “14% da faturação é destinado aos mercados externos”, conta Manuel Tarré, CEO da Gelpeixe e presidente da Associação Nacional de Comerciantes e Industriais de Produtos Alimentares (ANCIPA).
“Portugal exporta mais em peixe do que em vinhos. O agroalimentar é dos [setores] mais significativos de exportação. Exportamos mais de mil milhões de euros”, reclama Manuel Tarré.
Covid-19 dispara vendas de conservas
A pandemia afetou a economia a uma escala global, mas nem todas as indústrias foram afetadas da mesma forma. Alguns setores de atividade viram a sua procura aumentar significativamente e tiveram mesmo de intensificar a produção para responder à procura desenfreada por determinado produto. É o caso de setores como as conservas.
Apesar da resiliência demonstrada pelo setor do pescado, Portugal exportou em 2020 menos 15,5% (917,6 milhões) do que em 2019, consequência da pandemia de Covid-19, com o mercado europeu a ter um maior peso neste resultado (16,9%) do que o resto do mundo (10,4%). A única exceção são as conservas portuguesas, que aumentaram as exportações em 13,8%, e foram o principal grupo de produtos exportados por Portugal em 2020, segundo o INE.
É o caso das Conversas Ramirez, que cresceram 30% no ano passado, registando um volume de negócios de 33 milhões de euros. “A Covid-19 acelerou as vendas na Ramirez“, afirma Luís Avides Moreira, administrador da empresa.
No primeiro semestre de 2021, o setor registou um crescimento de 13% no valor das exportações face ao período homólogo de 2020. No caso do pescado fresco transacionado em lota, o aumento do valor foi de 20% face a 2020 e de 8% face a 2019, superando assim os valores pré-pandemia,de acordo com os números avançados pela Docapesca.
Contrariamente à Ramirez, a Pinhais registou no ano passado um aumento de 11% nas vendas. No entanto, o diretor comercial acredita que o “crescimento foi orgânico e resulta do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido”.
Qualidade dá saída para os mercados externos
Portugal é conhecido pela “boa gastronomia” e o pescado português é exportado para todos os cantos do mundo, sendo que os maiores clientes externos são Espanha, França e Itália, que representam mais de dois terços das exportações portuguesas, de acordo com a Docapesca, tutelada pelo Ministério do Mar.
Para os gestores, a qualidade, um mar vasto e o cumprimento dos prazos fazem com que Portugal se destaque dos demais. “Nos últimos anos fomos criando um respeito diferente nos mercados externos. A maior parte das empresas cumpre prazos, é célere nas propostas que faz para o exterior, os produtos têm muita qualidade. Para estarmos presentes nestes mercados temos que ser melhores que os outros – ou, pelo menos, tão bons”, afirma Manuel Tarré, CEO Gelpeixe e presidente da Associação Nacional de Comerciantes e Industriais de Produtos Alimentares.
O diretor comercial da Pinhais, Nuno Rocha, reconhece que “Portugal é um player relevante no tema das conservas, principalmente pela qualidade das conservas. Os mercados internacionais reconhecem a qualidade e a diferenciação das conservas portuguesas como um produto de valor acrescentado”, acrescenta.
Uma opinião partilhada pelo administrador da Ramirez, Luís Avides Moreira, que lembra que “Portugal tem um mar vasto e um produto com muita qualidade” e que tem um produto com muito procura nos mercados externos, com destaque para a sardinha.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Exportadoras apostam em feira virtual para “pescar” negócio
{{ noCommentsLabel }}