Prostitutas montam startup e há um banco que ajuda
Descrito como projeto único na Europa, um grupo de prostitutas em Amesterdão, na Holanda, vai gerir o seu próprio negócio depois de garantir financiamento do fundo de investimento social do Rabobank.
“Estamos a testemunhar um grande avanço no empoderamento das profissionais do sexo. É um sonho tornado realidade”. Os responsáveis do Rabobank não poderiam estar mais entusiasmados com a primeira vez… em que vão ajudar a financiar o estabelecimento de um bordel numa das capitais mundiais do sexo, Amesterdão, que será gerido em exclusivo por pela My Red Light, uma fundação liderada por cinco prostitutas.
O banco irá fornecer uma linha de crédito de “algumas centenas de milhar de euros” na renovação de mobília e outros custos relacionados com a criação da startup que contará com 14 quartos espalhados por quatro edifícios no centro da capital holandesa, revelou o porta-voz do banco Carlo Verhart.
“O plano de negócios parece ser realmente bom. Nós somos um banco cooperativo e estamos orgulhosos por apoiar uma cooperação entre colegas”, acrescentou este responsável.
Negócio legal
Desde 2010 que a prostituição é uma atividade legal na Holanda e os profissionais de sexo, que estão registados na câmara do comércio, pagam impostos sobre os seus rendimentos. E os seus patrões têm de ter uma licença para explorar este negócio. No caso da My Red Light, o objetivo é poder dar às profissionais o poder de gerir o seu próprio negócio.
“A My Red Light, fundada por profissionais do sexo, oferece aos empresários por conta própria do setor da prostituição a oportunidade de arrendar espaços de trabalho a taxas atraente e em condições flexíveis”, refere este grupo no comunicado.
A ideia resultou de um estudo de viabilidade realizado a pedido das autoridades da cidade no ano passado, e além do Rabobank, o projeto conta ainda com o apoio do fundo de filantropia Start Foundation.
Além de profissionais do sexo feminino, a plataforma tem portas abertas a profissionais masculinos e transgénero. Dina Bons, porta-voz do projeto, refere que a ideia é “criar um lugar seguro e confortável para toda a comunidade”.
" My Red Light, fundada pelo profissionais do sexo, oferece aos empresários por conta própria do setor da prostituição a oportunidade de arrendar espaços de trabalho a taxas atraente e em condições flexíveis.”
O novo espaço vai nascer no coração da Red Light District, um local tão emblemático como polémico, onde mulheres e homens estão sentados à janela das ‘lojas’ numa tentativa de atrair clientes. Para o My Red Light, porém, os lugares disponíveis não são numa vitrine. “Queremos que todos se sintam livres para ocupar um lugar na administração ou outras posições de gestão. Queremos terminar com qualquer tipo de estereótipo e estamos aqui para todos os que partilham esta nossa visão”, reforça Bons, citada pela AFP.
Com aproximadamente 7.000 profissionais do sexo, dos quais três quartos provêm de países pobres, sobretudo do Leste europeu, Amesterdão vai acolher uma casa de entretenimento para adultos que promete dar um novo estatuto à classe, com os lucros do arrendamento dos quartos a reverter para iniciativas que promovam as condições e imagem destes trabalhadores.
Haverá ainda workshops dirigidos aos profissionais do sexo para ajudar a criar um ambiente seguro para todos, algo que faz parte de uma iniciativa mais geral da cidade para “tornar a indústria do sexo limpa e segura, e para dar maior autonomia aos profissionais e reduzir casos de abuso”, segundo o departamento do turismo da cidade.
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