Portugal continua longe dos países mais competitivos em talento. Mantém o 26.º lugar do ranking
O baixo investimento das empresas na formação dos colaboradores continua a ser o fator onde Portugal regista a pior posição (60.ª).
Portugal continua afastado das economias mais competitivas a nível mundial no que toca a desenvolvimento, atração e retenção de talento. Depois de dois anos consecutivos a perder terreno, o país mantém-se no 26.ª posição no ranking “Talento Mundial do IMD World Competitiveness Center 2021″, divulgado esta quinta-feira. Em três anos, desceu quase dez posições. No pódio está a Suíça, a Suécia e o Luxemburgo, os países mais competitivos em talento.
“Num ano em que todas as economias foram impactadas pelos efeitos da pandemia, Portugal não conseguiu tornar-se mais competitivo. Os líderes e gestores das empresas devem perceber a sua responsabilidade no aumento da motivação dos colaboradores, que é seguramente impactada por fatores como o salário, a segurança ou a qualidade de vida, mas também pelas condições que são dadas aos profissionais a nível de flexibilidade, reskilling e utilização da tecnologia mais avançada”, afirma Ramon O’Callaghan, dean da Porto Business School, parceira da IMD para a elaboração deste ranking, em comunicado.
De 17.º lugar, em 2018, Portugal passou para o 23.º, em 2019, e para o 26.º, em 2020, a mesma posição que ocupa no ranking deste ano. Os resultados de 2021 são acentuados pela descida do país no que respeita aos fatores de “Investimento & Desenvolvimento” e “Preparação”, que o colocam ainda mais longe das três economias consideradas mais competitivas a nível mundial, no total de 64 analisadas.
No indicador que mede o “Investimento & Desenvolvimento”, onde o país desceu da 22.ª para a 25.ª posição, o principal fator para a baixa competitividade continua a ser a falta de aposta das empresas na formação dos colaboradores. Esta é, aliás, apontada como a principal fraqueza de Portugal (que ocupa a 60.ª posição). Pela positiva destaca-se a forte percentagem que o país apresenta ao nível da força de trabalho do sexo feminino (49,5%), relativamente à sua força laboral total.
Já no fator “Preparação”, a economia nacional perdeu apenas uma posição, para a 25.ª. Aqui, a principal fraqueza registada foi ao nível do crescimento da força de trabalho, enquanto a fortaleza é a qualidade da formação em gestão e as competências linguísticas.
Finalmente, no fator “Atratividade” — que, juntamente com o “Investimento & Desenvolvimento” e a “Preparação” determinam o resultado final de cada país –, Portugal, apesar de ter subido do 33.º para o 30.º lugar, continua a ser penalizado devido à baixa classificação nos critérios de justiça, motivação dos colaboradores e saída de pessoas com boa formação e qualificação.
Países europeus reforçam liderança
Ocupando todas as posições do top 10, as economias europeias reforçaram a sua posição de liderança no ranking deste ano. A Suíça mantém o primeiro lugar do pódio, como resultado do seu desempenho sustentado em todos os três fatores. “O desempenho deste país é fortemente apoiado pela despesa pública em educação, a implementação de aprendizagens, a priorização da formação dos colaboradores e a eficácia global do sistema de saúde”, pode ler-se.
Já a Suécia, que vinha do quinto lugar, ocupa agora o segundo, graças às melhorias no seu desempenho em “Atratividade” e “Preparação”. “O seu desempenho na avaliação educacional PISA [Programa Internacional de Avaliação de Estudantes], a sua disponibilidade de mão de obra qualificada, as suas competências financeiras, e a abundância de gestores superiores competentes e gestores com experiência internacional são fundamentais”, refere a Porto Business School, da Universidade do Porto.
A completar o pódio está o Luxemburgo, já habituado a este lugar no ranking. Este ano, o país regista um forte desempenho nos indicadores que compõem o fator “Investimento & Desenvolvimento” e também nos indicadores da “Atratividade”, tendo alcançado o segundo lugar em ambos. “Goza de um desempenho particularmente forte na despesa pública total em educação por estudante e na sua qualidade de educação (medida pelo rácio aluno-professor). À semelhança da Suíça e da Suécia, a ‘Atratividade’ do Luxemburgo é reforçada pela elevada qualidade de vida que oferece, combinada com o reduzido impacto da ‘brain drain‘ e a disponibilidade de pessoal estrangeiro altamente qualificado.”
Do lado oposto do ranking, estão o Peru (62.ª posição), África do Sul (63.ª) e Venezuela (64.ª), as três economias menos competitivas em matéria de atração, retenção e desenvolvimento do talento. A Venezuela, em particular, foi, ao longo deste ano, muito penalizada ao nível da atratividade, onde também ocupa o último lugar da lista.
Analisando um total de 64 países, o “IMD World Talent Ranking” avalia o estatuto e o desenvolvimento das competências necessárias para que as empresas e a economia alcancem a criação de valor a longo prazo.
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