Efacec garante que “não está em risco” o pagamento de salários
Apesar de ter reservado sete milhões do novo empréstimo com garantia pública para pagar salários e dez milhões a fornecedores, a administração da Efacec assegura "o cumprimento das suas obrigações".
A Efacec vai fechar esta semana mais um empréstimo com garantia pública, do Banco de Fomento, no valor de 45 milhões de euros, dos quais sete milhões de euros do empréstimo estão reservados para o pagamento de salários, em caso de necessidade, e outros dez milhões destinam-se ao pagamento a fornecedores.
No entanto, numa nota enviada esta quinta-feira ao ECO, a administração da empresa garante que “permanece focada no desempenho eficiente, assegurando que não está em risco o cumprimento das suas obrigações, nomeadamente com os seus colaboradores e todos os stakeholders”.
Como o ECO adiantou esta quarta-feira, depois de em 2020 ter beneficiado de um empréstimo com garantia pública de 70 milhões de euros, a Efacec está a fechar mais um empréstimo com garantia do Estado, sendo que nove milhões de euros ficam dados como colateral ao sindicato bancário que o financia e que é constituído pela Caixa Geral de Depósitos, pelo Novo Banco, pelo Millennium BCP e pelo Montepio.
A administração liderada por Ângelo Ramalho insiste que “o processo de financiamento que está a ser concluído vem dar resposta a necessidades decorrentes do exercício normal da atividade” da empresa e “fortalecerá a capacidade de resposta da Efacec e do alcance dos seus objetivos, de acordo com o plano de negócios definido”.
“Um plano de negócios que contempla o desenvolvimento do roadmap tecnológico da Efacec, que se caracteriza por produtos e soluções prementes para os desafios das sociedades atuais, a normalização, agilização e digitalização das operações, tendo sempre presente o cumprimento das suas obrigações”, acrescenta.
Reprivatização vai “impulsionar o aumento da atividade”
Com este novo financiamento do Banco de Fomento, a dívida líquida (net/debt) da Efacec atingirá os 210 milhões de euros, um valor claramente superior ao valor projetado quando o processo de reprivatização se iniciou, e que era de 104 milhões de euros.
O desvio das contas projetado para 2021 em comparação com os valores inicialmente previstos é relevante. O EBITDA ficará nos 23,6 milhões negativos quando a projeção apontava para 22,9 milhões de euros positivos, enquanto a faturação ficará nos 238 milhões, menos 84 milhões de euros do que o previsto.
No âmbito da reprivatização da Efacec, a bracarense DST foi a única candidata a apresentar uma BAFO (Best and Final Offer), que na verdade será menos generosa do que a primeira oferta vinculativa porque, entretanto, as projeções apontaram para resultados operacionais piores do que os inicialmente estimados.
A administração da empresa confia que o processo de reprivatização, que o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, espera concluir até ao final deste ano, vai “[impulsionar] o aumento da atividade para lá da que já [está] em curso”.
Produção “praticamente parada” nos últimos meses
No dia em que os trabalhadores voltaram a parar duas horas, cumprindo a terceira greve parcial no espaço de um mês, para exigir ao Governo que, “enquanto dono da empresa”, garanta a compra das matérias-primas necessárias à normal laboração, a administração disse que “não entende as motivações desta greve e não se revê nas acusações de que é alvo, nomeadamente de estar inativa”.
“Uma empresa parada não conquista clientes, não é distinguida com prémios, não é escolhida por centenas de empresas para ser parceira na candidatura a cinco projetos altamente estruturantes para o futuro do país, não investe na criação de uma nova estrutura organizacional, para se tornar mais eficiente, não alcança receitas superiores a centenas de milhões de euros”, resumiu.
Em declarações à agência Lusa, Miguel Moreira, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (Site-Norte), disse que “continua tudo igual” na empresa, cuja produção “tem estado praticamente parada” nos últimos meses.
“Há algum trabalho, mas muito pouco”, afirmou o dirigente sindical, que tem vindo a denunciar que a Efacec tem visto a capacidade de produção comprometida devido à falta de liquidez para adquirir matérias-primas e pagar a fornecedores.
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