Um guia para os debates que vão passar nas TV

A continuar a aproximação do PSD ao PS os confrontos televisivos vão tornar-se mais decisivos. Rio e Costa debatem dia 13.

O chumbo da proposta de Orçamento do Estado, em 25 de outubro, atirou Portugal para uma crise política, que se somou às crises económica e sanitária desencadeadas pela pandemia. É neste contexto que surgem os debates televisivos ao longo do início de janeiro. Foram marcados 36 duelos entre os líderes políticos, mas Jerónimo de Sousa (PCP) diz que só vai aos transmitidos em sinal aberto.

Os portugueses ainda mal queimaram os cartuchos da passagem de ano e já o país político avança a toda a velocidade, rumo às eleições de 30 de janeiro. O tiro de partida é às 21h deste domingo, dia 2, com o debate entre António Costa (PS) e Rui Tavares (Livre). Apesar de ter chegado ao fim da legislatura sem representação parlamentar, o Livre tinha conseguido um mandato nas eleições anteriores.

Na terça-feira, é de destacar o confronto entre o António Costa (PS) e Jerónimo de Sousa (PCP) na TVI, às 21h. O debate coloca frente a frente o primeiro-ministro incumbente e o ex-parceiro da “geringonça” que derrubou o Orçamento — e, em consequência, o Governo — na Assembleia da República.

Rui Rio (PSD), líder da oposição, defronta Catarina Martins (BE) às 21h de quarta-feira, na SIC. O mesmo Rui Rio que na sexta-feira, 7 de janeiro, encara Francisco Rodrigues dos Santos (CDS) na antena da TVI (21h), o partido com quem recusou estabelecer uma coligação pré-eleitoral. Já Catarina Martins (BE), por sua vez, debate com António Costa (PS) às 21h de 11 de janeiro, na RTP1. Os bloquistas também ajudaram a chumbar o Orçamento para 2022, mas já tinham votado contra o Orçamento do ano anterior.

O debate mais aguardado acontece a 13 de janeiro, a pouco mais de duas semanas das eleições. António Costa (PS) e Rui Rio (PSD), considerados os dois principais protagonistas deste processo eleitoral, debatem ideias nos três canais generalistas em simultâneo (RTP1, SIC e TVI), em horário nobre e sinal aberto, às 21h.

Onde ver os debates:

 

Debates serão mais decisivos quanto menor for a diferença entre PS e PSD

Os debates televisivos das legislativas antecipadas de 30 de janeiro serão tão mais decisivos quanto menor for a diferença eleitoral nas intenções de voto entre o PS e o PSD, corroboram os dois politólogos contactados pelo ECO. Os frente a frente ganharam maior importância com as últimas sondagens que sugerem uma subida do PSD, mas será preciso esperar pelos próximos números das intenções de voto para se saber o quão decisivos os debates serão.

Tendo em conta a incerteza dos resultados eleitores e os estudos de opinião que apontam para algum crescimento eleitoral do PSD, os debates serão mais importantes na medida em que aparentemente a diferença [face ao PS] seja menor“, explica António Costa Pinto ao ECO, notando que os debates “não têm grande papel” quando a diferença é superior a 10 pontos percentuais. Porém, se for de três ou quatro pontos percentuais, terão um “papel maior”.

A politóloga Paula Espírito Santo concorda: “As sondagens são um dos elementos fundamentais que geram maior ou menor dinâmica para o voto e, indiretamente, para o debate“, considera, antecipando que “os eleitores mais atentos tenderão a estar mais informados e com maior expectativa em seguir os debates, em função dos resultados das sondagens”.

Para ambos os politólogos o debate mais importante será, claro, entre António Costa e Rui Rio: “São estes os dois partidos que continuam a polarizar o universo eleitoral português e os dois partidos de Governo que se mantêm com uma estabilidade bastante razoável”, descreve Costa Pinto, por comparação com 2019 em que os debates entre os parceiros da geringonça e o PS geravam maior curiosidade dado que a vitória dos socialistas era dada como certa e havia incerteza sobre a reedição do acordo de incidência parlamentar.

Costa Pinto considera que em segundo lugar, por ordem de importância, surge o debate entre Costa e Catarina Martins, dado que o eleitorado bloquista é menos estável e viu com “maior surpresa” o desfecho da geringonça com o chumbo do Orçamento para 2022. Já o eleitorado comunista é mais estável e poderia antecipar, após a perda de votos nas autárquicas, que o PCP não iria “aguentar sozinho” o Governo PS, explica. Para Paula Espírito Santo os debates à esquerda não terão tanta importância como em 2019, mas admite “alguma expectativa para perceber o posicionamento sobre apoiar ou não o Governo, não numa geringonça mas sobre estar mais ou menos próximo da solução do PS”.

Em terceiro lugar surge o debate entre Rui Rio e o candidato do Chega “porque será importante para o eleitorado de direita observar até que ponto há uma dinâmica de rotura ou uma eventual dinâmica de acordo”, justifica o politólogo.

Porém, “os debates já não são o elemento central das campanhas” e a “campanha eleitoral é cada vez menos mobilizadora”, considera Paula Espírito Santo, admitindo que os frente a frente “continuam a ter influência porque há um público que continua a consumir televisão”. É o caso dos mais velhos, que representam uma proporção cada vez maior da população portuguesa. Contudo, o consumo de informação política está mais fragmentado com a “multiplicação de meios”, dependendo dos “perfis socioeconómicos e idades”, nomeadamente com os mais jovens a consumir mais informação nos meios digitais.

2,7 milhões de portugueses viram debate entre Rio e Costa em 2019

Não é a primeira vez que António Costa e Rui Rio debatem na TV em vésperas de eleições. Já em 2019 o fizeram, por ocasião das legislativas de outubro, igualmente nos três canais generalistas em simultâneo. Transmitido a 16 de agosto, em horário nobre, o confronto de ideias foi visto por 2,7 milhões de portugueses, foi noticiado na altura. Dê um desconto. Afinal, a transmissão passou em todos os canais da grelha de TV gratuita.

Também há que referir que todos os debates das passadas eleições com mais de um milhão de espetadores tinham António Costa, talvez pelo facto de já ser primeiro-ministro nessa altura. Depois dos quase três milhões do debate com Rui Rio, o confronto do socialista com Jerónimo de Sousa foi visto por 1,1 milhões de pessoas, seguindo-se o debate com André Silva (1,07 milhões) e Assunção Cristas (935 mil). Já o debate entre Catarina Martins e André Silva foi o pior em audiências, não tendo as 70 mil sequer (68.100).

Por fim, vale a pena olhar para os debates das Presidenciais, pois um dos candidatos a Belém é agora candidato a São Bento: os três debates mais vistos em janeiro do ano passado tinham André Ventura como um dos protagonistas: o confronto com o Presidente incumbente (e, depois, reeleito) Marcelo Rebelo de Sousa atingiu um share de 36%, seguindo-se o debate com Marisa Matias (BE, com um share de 31,5%) e Ana Gomes (independente, com um share de 27,7%).

O share representa a quota de audiências, ou seja, mede a percentagem de espetadores que viram o debate face ao total de pessoas que estavam a ver televisão à mesma hora.

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