INE vê “acentuada aceleração” dos preços no segundo semestre de 2021

O gabinete de estatísticas destaca a evolução dos preços na síntese económica de conjuntura e reafirma que a recuperação da economia portuguesa continuou em novembro.

Na síntese económica de conjuntura de dezembro divulgada esta quarta-feira, o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) dá destaque à “acentuada aceleração” dos preços no produtor e no consumidor no segundo semestre, ainda que a taxa de inflação em Portugal esteja abaixo da média da Zona Euro. A economia portuguesa continuou a recuperar da pandemia no penúltimo mês de 2021, apesar da ameaça da variante Ómicron no final de novembro.

“A taxa de variação homóloga do IPC [Índice de Preços no Consumidor] evidenciou um forte movimento ascendente ao longo de 2021, em particular na segunda metade do ano, em que as variações observadas foram sempre superiores ao valor da média anual”, escreve o gabinete de estatísticas, referindo que se fixou em 0,6% no primeiro semestre e em 1,9% no segundo semestre, resultando numa média anual de 1,3%, após a variação nula em 2020.

Segundo o INE, “esta aceleração dos preços verificou-se na maioria das categorias do IPC, embora mais pronunciadamente nos bens energéticos”, assim como na produção industrial. A classe dos “transportes” foi a que registou a maior subida. Por outro lado, os produtos alimentares não transformados viram os seus preços desacelerar para uma subida de 0,6% em 2021, após um salto de 4% em 2020.

De notar ainda que a classe de “restaurantes e hotéis” registou variações homólogas negativas na maioria dos meses de 2021, mas sobretudo no primeiro semestre, tendo recuperado no segundo semestre com a redução das restrições nestas atividades económicas, tanto que nos últimos três meses do ano já registou subidas homólogas.

A expectativa do Banco Central Europeu (BCE) é que a variação dos preços continue elevada nos próximos meses, mas com tendência para desacelerar até ao final do ano. Os economistas do banco central mantêm o argumento de que a inflação na Zona Euro é temporária, ainda que mais duradoura do que o previsto anteriormente, e apontam para uma taxa inferior a 2% (1,8%) em 2023 e 2024.

Economia continua a recuperar em novembro

Apesar de o indicador de atividade económica do Banco de Portugal ter sinalizado que a economia fechou o ano com o pé esquerdo, os indicadores de curto prazo do INE, que ainda só têm valores para novembro, “revelam elevados crescimentos em termos nominais na indústria e nos serviços, significativamente mais intensos que no mês precedente e refletindo sobretudo a aceleração dos preços implícitos”.

“Na perspetiva da despesa, os indicadores quantitativos de síntese (atividade económica, consumo privado e investimento) aceleraram em novembro de 2021”, acrescenta o gabinete de estatísticas, assinalando que “o indicador de clima económico, que sintetiza as apreciações dos empresários, estabilizou em dezembro, apresentando um comportamento irregular desde julho”.

A evolução do PIB no quarto trimestre e no conjunto de 2021 será divulgada pelo INE a 31 de dezembro, um dia após as eleições legislativas antecipadas. A expectativa do Governo é que a economia tenha crescido 4,8% no ano passado, recuperando parcialmente da queda de 8,4% registada em 2020.

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