Empresas podem reduzir até 30% das suas emissões poluentes sem custos para o negócio

  • Capital Verde
  • 27 Janeiro 2022

O relatório da consultora Boston Consulting Group diz que certas empresa conseguem até chegar a uma média de 50% de redução de emissões sem custos líquidos em setores chave.

Um estudo recente da consultora Boston Consulting Group (BCG) revela que as empresas podem reduzir pelo menos 30% das suas emissões poluentes sem custos líquidos para o seu negócio. O relatório Winning the Race to Net Zero: The CEO Guide to Climate Advantage”, publicado pela Boston Consulting Group (BCG), em colaboração com o World Economic Forum, demonstra que apostar na sustentabilidade traz várias vantagens competitivas às empresas e mostra como os CEO podem tornar-se sustentáveis e acelerar a ação de combate às alterações climáticas, beneficiando ao mesmo tempo com essas medidas.

Apesar de nem sempre ter existido esta preocupação com o ambiente, o estudo revela que, atualmente, são 92 os países que já assumiram compromissos para atingir a neutralidade carbónica, sendo que estes representam 78% das emissões globais de CO2. Em 2019, eram apenas 29 países, que representavam 10% das emissões globais, portanto, observa-se um crescimento exponencial no número de empresas que visam diminuir o seu impacto ambiental.

Também a nível organizacional estes compromissos estão em crescimento e mais de 2.000 empresas, em todo o mundo, estabelecerem objetivos validados pela iniciativa Science Based Targets (SBTi), contra as 116 registadas em 2015, o que representa um crescimento de 65% por ano.

De acordo com dados quantitativos e qualitativos apresentados no estudo, incluindo entrevistas com CEO e altos executivos de empresas líderes em todas as indústrias e regiões do mundo, esta tendência, além de ser positiva para a saúde do planeta, acaba por trazer algumas vantagens competitivas às empresas que decidem dedicar-se a diminuir as suas emissões.

Uma das áreas que fica logo em vantagem com esta aposta no bem-estar ambiental é a atração e retenção de talento, já que metade das pessoas que procuram emprego atualmente dão prioridade à sustentabilidade. Também a nível do negócio há vantagens, isto porque os dados da análise da BCG mostram que as empresas com alternativas verdes crescem até mais 25 pontos percentuais do que as que oferecem produtos tradicionais.

O relatório revela ainda que é possível que quase todas as empresas reduzam, pelo menos, um terço (30%) das emissões poluentes exigidas sem incorrer em custos líquidos para o seu negócio. No entanto, algumas organizações conseguem até descarbonizar metade ou até quase totalmente sem incorrer nestes custos (uma média de 50% de redução de emissões sem custos líquidos em setores chave).

Existe ainda uma redução da exposição ao risco, com uma melhoria entre 2 a 12 pontos percentuais na margem do EBIT, devido à redução da obrigação fiscal de carbono, e um acesso ao financiamento mais acessível, através da redução do custo médio de capital de 100 pontos base para os líderes em sustentabilidade.

Por último, estas organizações têm também um retorno para os seus acionistas, em média, 3 pontos percentuais superior às restantes.

“A mudança está a acontecer muito mais rapidamente do que a maioria das pessoas e das empresas se apercebem. As empresas que subestimam o ritmo e a magnitude de mudanças como estas, correm o risco de subestimar o impacto que a transformação climática pode ter nos modelos de negócio, produtos e valor da empresa”, disse Patrick Herhold, managing director e partner do Centro para o Clima e Sustentabilidade da BCG.

Ainda neste âmbito, o relatório constatou que o maior progresso nos últimos anos advém da ação competitiva desencadeada por uma única empresa que avança à frente do seu setor, e não de uma ação coletiva. Isto porque as empresas pioneiras elevam a fasquia nas suas indústrias, reformulam ocontexto de mercado, criam disrupção nos modelos de negócio, mostram que a redução de emissões pode funcionar economicamente, proporcionam aos clientes uma escolha sustentável e, consequentemente, forçam o mercado a segui-las.

“A liderança pelo setor privado é fundamental para acelerar a ação climática em conjunto com medidas arrojadas tomadas pelos líderes governamentais. Estamos a assistir a um novo impulso. A COP26 colocou as questões climáticas no centro das atenções a nível mundial, com compromissos significativos a serem assumidos. Na agenda de Davos 2022, esperamos que os líderes empresariais continuem a aumentar os seus compromissos, reconheçam os riscos climáticos emergentes como fundamentais para a sua atividade e traduzam os compromissos em transformação do negócio e em investimentos empresariais a curto prazo”, concluiu Antonia Gawel, responsável pela Plataforma pela Ação Climática do World Economic Forum.

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