Caixa tem luz verde do BCE para recomprar dívida que já custou 270 milhões em juros
Banco público acaba de ter autorização do BCE para amortizar títulos de dívida perpétua emitidos na recapitalização de 2017 e pelos quais pagava mais de 10%. Já custou 270 milhões em juros à Caixa.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai avançar em março com a recompra de 500 milhões de euros em títulos de dívida perpétuos emitidos em 2017, no âmbito do processo de recapitalização, e pelos quais já pagou 268,75 milhões só em juros em apenas cinco anos. A informação foi comunicada à CMVM.
Segundo nota do banco, a instituição pública liderada por Paulo Macedo acabou de ter luz verde do Banco Central Europeu (BCE) para adquirir os títulos da emissão de fundos próprios adicionais de nível 1 (AT1), numa operação que deverá permitir poupanças anuais em juros.
A aprovação do reembolso antecipado destes títulos de dívida no dia 30 de março resulta da avaliação positiva feita pelo BCE à solidez financeira da CGD, após conclusão com sucesso do plano de reestruturação. A taxa de juro de 10,75% associada a estes títulos de dívida correspondeu a um custo anual de 53,75 milhões de euros para a CGD o que representou, no conjunto dos cinco anos, um total de 268,75 milhões de euros, segundo contas do banco.
Com a amortização desta emissão, que foi uma condição prevista no acordo entre Portugal e Comissão Europeia para recapitalizar a Caixa em 4,9 mil milhões, os rácios de capital permanecerão em 18,2% (CET1) e 20,82% (capital total), bem acima dos requisitos de 13,5%.
A recompra da dívida AT1 era um dos objetivos que Paulo Macedo tinha para este ano e o próximo. O líder da Caixa considera que a autorização do BCE é sinal do “sucesso” alcançado pela instituição “na implementação de um exigente plano de reestruturação e só foi possível pela capacidade de geração de capital orgânico e pela rentabilidade”.
“Só uma Caixa sustentável e com uma rentabilidade reconhecida pelo mercado evitará voltar a incorrer em custos desta magnitude”, acrescenta Paulo Macedo, frisando que a CGD continuará bem capitalizada e pronta para “prosseguir a missão de devolver a ajuda dos portugueses” há cinco anos através das “poupanças significativas com juros” que a operação vai permitir.
Depois dos dividendos de 200 milhões em 2019 e dos 383,6 milhões pagos ao Estado no ano passado, a Caixa salienta que, com esta recompra de dívida AT1, já devolverá mais de 1.000 milhões de euros do montante da recapitalização de 2017.
Paulo Macedo quer devolver o dobro até 2023, 2.000 milhões, como já referiu: ou seja, tenciona distribuir mais dividendos ao acionista público e recomprar outra emissão de dívida AT2, no valor de 300 milhões, também realizada no mesmo processo.
Este é o primeiro grande marco do novo mandato de Macedo, que acabou de iniciar. A Caixa prepara-se para apresentar os resultados do ano passado, sendo que, até setembro, o lucro subia 9% para 429 milhões de euros.
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