Offshores: Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque devem ser ouvidos
No caso das offshores, o próximo passo será ouvir os ministros das Finanças Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque, defende Marques Mendes no seu comentário semanal.
“O passo a seguir é chamar Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque” para esclarecer, no Parlamento, a polémica dos offshores defende Marques Mendes no seu espaço de comentário semanal na Sic.
“Os secretários de Estado têm competências delegadas dos ministros”, justifica Marques Mendes. O que significa que os ministros sabiam do que se passava ou “se não sabiam significa que o Ministério estava em autogestão”.
O comentador lamentou o facto de “haver muita desinformação” em torno deste dossier, e apesar de elogiar a atitude de Paulo Núncio, que assumiu a responsabilidade política pela não divulgação das transferências para offshores, considera o antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais “ainda não explicou o mais importante: porque é que não publicou as estatísticas, fez veto de gaveta e não cumpriu o dever de publicação como determinou o seu antecessor”. Este é um ponto que o comentador considera essencial ser esclarecido na sua audição de quarta-feira no Parlamento.
Paulo Núncio ainda não explicou o mais importante: porque é que não publicou as estatísticas.
Uma polémica que surge no meio dos “sms de António Costa”, uma expressão terra a terra de Marques Mendes para se referir à polémica da troca de mensagens entre o ministro das Finanças Mário Centeno e António Domingues sobre as condições para que este aceitasse assumir a administração da Caixa Geral de Depósitos.
“Politicamente isto foi bom para o Governo de António Costa e mau para o anterior Governo de Passos Coelho. Foi uma espécie de moeda de troca como se viu no debate de quarta-feira”, acrescentou o conselheiro de Estado.
Politicamente, Marques Mendes considera que as offshores são “um assunto muito incómodo para o CDS, e também para o PSD” já que Maria Luís Albuquerque era a ministra das Finanças e agora desempenha um cargo de vice-presidente do PSD.
“Nos dois casos, tanto no da Caixa como no dos offshores, a obrigação dos partidos era esclarecer”, afirma. “E não andar com um pingue-pongue porque, no fim, quem sai mal disto é toda a classe política, porque aos olhos das pessoas são todos iguais”.
Nos dois casos, tanto no da Caixa como no dos offshores, a obrigação dos partidos era esclarecer. E não andar com um pingue-pongue porque, no fim, quem sai mal disto é toda a classe política, porque aos olhos das pessoas são todos iguais.
Neste processo “esteve mal” o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, e a líder do CDS, Assunção Cristas, defende Marques Mendes. “Esta foi talvez a semana de maior agressividade na Assembleia da República”. “Creio que houve exageros de Ferro Rodrigues por causa da comissão de inquérito” que “se deixou envolver numa querela” relativa à sua imparcialidade que não o deixou bem.
Por sua vez Assunção Cristas ao pedir uma audiência ao Presidente da República para se queixar da Assembleia da República “exagerou”. E o pior, diz Marques Mendes, foi querer divulgar essa audiência num debate parlamentar, “foi um número mediático”. “De um líder político exige-se outro sentido de responsabilidade”.
A nota positiva do comentador vai para o Presidente da República que “almoçou com um”, Ferro Rodrigues, “e a seguir recebeu Assunção Cristas e à saída estava tudo bem”. “O Presidente deitou água na fervura”.
Crescimento: “Deixemo-nos de politiquices”
Marques Mendes defendeu ainda que os bons resultados económicos que o país está a registar vão ter “reflexos políticos”. Confessando-se cansado da “lenga-lenga tradicional” das instituições internacionais que “têm sempre um mas”, o comentador lembrou que Portugal tem “evidentemente problemas estruturais”, mas 2017 “vai ser um bom ano para o país”. “Deixemo-nos de politiquices”, disse, elencando as perspetivas positivas: um crescimento próximo de 2%, o turismo em alta, o investimento e as exportações a recuperar, o desemprego pode baixar para um dígito, o défice vai ficar abaixo de 2% e o país sair do procedimento por défices excessivos.
Além disso, Marques Mendes considera que o Governo está a “dar sinais de retomar a iniciativa política”. Primeiro ao nível dos debates parlamentares: “Este último correu bem a António Costa, até exagerou um bocadinho na demagogia, jogou ao ataque e não à defesa”. Segundo: “está a ter iniciativas que há muito não tinha como é o caso do aeroporto e o plano de Infraestruturas, um apoio à inovação e vai surgir outro sobre a capitalização das empresas”. “Resta saber se não surgirá mais nenhum caso que o perturbe, como o dos sms. Julgo que pode vir a surgir mais um caso ou outro de perturbação”, defende Marques Mendes.
No seu comentário semanal, Marques abordou ainda três outros temas:
- Nomeação de Francisco Louçã para o Banco de Portugal: “Não critico esta nomeação e não acho nada mal”, diz Marques Mendes, explicando que a presença de uma pessoa “com posições divergentes fomenta o debate e ajuda a estimular a reflexão”, além de que tem “um perfil académico de enorme qualidade”. O comentador lembra que Louçã já fez várias críticas à supervisão de que partilha e justifica a escolha do ex-líder do Bloco de Esquerda como uma vontade do ministro das Finanças em irritar o governador Carlos Costa. “O seu primeiro objetivo, pode não ser o único foi provocar e irritar o governador do Banco de Portugal, porque a relação entre os dois há muitos anos que é má. É uma espécie de ódio de estimação”, justificou Marques Mendes.
- Relações com Angola: Para Marques Mendes “o rompimento de relações entre Portugal e Angola não vai acontecer”. O comentador considera estes episódios “relativamente normais”, “sempre que há um processo que envolve um alto dirigente angolano” e admite que “Angola tem direito a queixar-se”, mas “Portugal não pode ceder nos princípios do Estado de direito”.
- Fuga dos prisioneiros de Caxias: “É um caso no qual devia haver responsabilidades políticas”, defende Marques Mendes. “Alguém devia dar a cara”, acrescenta. O comentador lamentou que num caso que reflete “um problema de segurança”, não ter sido feita uma única pergunta no debate quinzenal sobre o assunto, nem pela oposição. Para Marques Mendes o problema “é eminentemente da responsabilidade do Ministério da Justiça”. “Foi um problema de negligência e a resposta é tardia”, concluiu.
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