Trabalhadores da Autoeuropa voltam a rejeitar pré acordo que previa aumentos de 2%
Dos 5.137 trabalhadores inscritos para votar, exerceram o seu direito de voto 4.052. Depois de contados os votos colocados em urna ao longo dos últimos dois dias 2.433 votaram contra, ou seja, 60%.
Os trabalhadores da Autoeuropa voltaram a chumbar o pré-acordo negociado entre a Comissão de Trabalhadores e a administração, à semelhança do que aconteceu em maio de 2021. De acordo com os dados da votação, que decorreu esta quinta e sexta-feira em urna, 60% dos trabalhadores rejeitaram o pré-acordo que previa aumentos salariais de 2% em 2022 e 2023, com um mínimo de 25 euros este ano e de 30 euros no próximo.
Dos 5.137 trabalhadores inscritos para votar, exerceram o seu direito de voto 4.052. E, depois de contados os votos colocados em urna ao longo dos últimos dois dias, 2.433 votaram contra, ou seja, 60% rejeitaram o pré-acordo que estava em cima da mesa. Houve apenas 36 votos brancos e nulos e apenas 1583 votaram a favor. Um valor bastante próximo do número de trabalhadores da fábrica de Palmela que optaram por se abster (1.085 ou seja, 21,1%).
Perante este chumbo por parte dos colaboradores, a comissão de trabalhadores vai “exigir à empresa o regresso a mesa das negociações”, isto depois de analisar os resultados desta votação, revela a entidade em comunicado enviado esta noite de sexta-feira aos trabalhadores.
Tal como o ECO avançou, este pré-acordo previa a manutenção da quarta equipa, que pode estar em causa perante a redução da produção da fábrica de Palmela, aumento de salários e a progressão para os trabalhadores em topo de carreira.
O pré-acordo, alcançado num momento em que a empresa tem em marcha um programa de rescisões voluntárias para fazer face à quebra de produção prevista para este ano, tal como o ECO avançou, tinha previsto “aumento salarial de 2% com um mínimo de 25 euros para 2022 e de 2% com um mínimo de 30 euros para 2023″.
A introdução destes patamares mínimos pretendia salvaguardar os ordenados mais baixos. O salário mais baixo pago na fábrica é de 1.078 euros. Estes valores já eram ligeiramente diferentes dos propostos pela administração: 2% este ano e de 1,8% no próximo, com um aumento mínimo de 25 e 30 euros, respetivamente, tal como o ECO avançou. Ou seja, através das negociações foi possível ampliar em 0,2 pontos percentuais o aumento de 2023 e melhorar a proposta de aumento de 1,7%, com um mínimo de 20 euros por ano, inscrita no pré-acordo que foi rejeitado pelos trabalhadores o ano passado. Por outro lado, as partes tinham acordado que “nas próximas negociações” seria “tomada em consideração a inflação passada”.
Em cima da mesa estava ainda a manutenção dos prémios de fim de semana e transformação do prémio de 2022 em 22 dias não trabalháveis, de forma a garantir a manutenção da quarta equipa, uma flexibilização proposta pela administração e que a CT aceitou. “Nesta proposta está salvaguardado o pagamento do prémio proporcionalmente a um aumento de volume da produção prevista. Estes dias são de gozo coletivo e só serão utilizados após a utilização dos 22 Down Days”, precisava o comunicado da Comissão de Trabalhadores, onde anunciava ter alcançado um pré-acordo com a administração.
Ou seja, tendo em conta que está prevista uma redução de 53 mil veículos na produção face a 2021, devido à escassez de matérias-primas, nomeadamente de semicondutores, que afeta toda a indústria e que obriga a fábrica a não trabalhar nos fins de semana até março, a CT tinha aceitado que houvesse mais 22 dias de não produção (além dos normais 22 dias de Down Days) para garantir que não houvesse perdas de rendimentos por parte dos trabalhadores.
Presentemente, a Autoeuropa só produz o T-Roc e a carrinha Sharan, que deverá deixar de ser produzida em meados deste ano, e sem um novo modelo o quarto turno da fábrica está em risco. Mas a empresa comprometeu-se a anunciar até 2023 um novo modelo, que só entrará em produção em 2025.
Nos dias 17 e 18 de fevereiro foram realizados plenários para explicar aos cerca de cinco mil trabalhadores o pré-acordo alcançado e as votações foram realizadas esta quinta e sexta-feira por sufrágio direito em urna.
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