Alto prémio do cinema enfrenta prova de fogo, depois da edição de 2021 ter tido a audiência mais baixa de sempre. Diretora da Nos Audiovisuais tem grandes expectativas para a 94.º gala das estatuetas.
Hollywood vai estar em festa durante esta madrugada. À uma da manhã em Lisboa, oito da noite em Los Angeles, o Dolby Theatre recebe mais uma gala dos Óscares, a 94.ª edição. Terá um sabor especial, depois de dois anos marcados pelas restrições da pandemia, que impediram a organização de uma cerimónia com todo o glamour a que habituou os fãs da sétima arte.
Esta edição é também uma prova de fogo ao próprio formato, que tem vindo a perder audiências a grande velocidade. A edição passada foi a menos vista de sempre, não superando os dez milhões de espetadores (em comparação com os 55,25 milhões que viram a gala em 1998, a mais vista de sempre, em que o vencedor foi o clássico filme Titanic). Os analistas do setor estarão atentos para aferir se a mudança de hábitos gerada pela Covid ainda deixou alguma réstia de entusiasmo no público.
Susanna Barbato não tem dúvidas de que os Óscares estão vivos e recomendam-se. A diretora da Nos Audiovisuais, a distribuidora de cinema do grupo Nos, que é líder de mercado no cinema em Portugal, com quase 3,5 milhões de bilhetes vendidos em 2021 (uma quebra de 60% face aos números de 2019, pré-confinamentos e restrições), faz figas para que esta edição tenha bem mais espetadores do que os Óscares do ano passado: “Qualquer coisa entre 15 milhões e 20 milhões [de espetadores] será já um excelente resultado”, diz ao ECO, numa entrevista conjunta com Nuno Aguiar, diretor dos Cinemas Nos.
“A cerimónia de domingo vai ser muito interessante, porque durante dois anos Hollywood não conseguiu fazer uma cerimónia como deve de ser”, aponta, lembrando que as duas últimas edições foram “atrás do ecrã”. “Pela primeira vez [desde a Covid-19], vamos ter uma cerimónia como aquela a que estávamos habituados antes da pandemia.”
Qualquer coisa entre 15 milhões e 20 milhões [de espetadores] será já um excelente resultado.
Mais do que as audiências, é “toda uma indústria”
Além de fazer votos para uma subida das audiências, Susanna Barbato tem a expectativa de que os “títulos favoritos” vençam os Óscares – dá como exemplo The Power of the Dog e Don’t Look Up. “Estou à espera que continue a ser um evento extremamente importante e acho que os últimos dois anos não podem ser exemplo do que será o futuro, porque foram muito condicionados não só pela pandemia mas por os cinemas estarem fechados”, destaca a gestora.
É um ponto crítico: “Com os cinemas fechados, não consigo criar um buzz em relação aos filmes. E, se não há buzz sobre os filmes, as pessoas não falam sobre os filmes e, então, não têm interesse na cerimónia.” Confessa não esperar que atinja o volume de espetadores pré-Covid, mas argumenta que os Óscares “não servem só as audiências”. “Servem também toda uma indústria de realizadores, de cast, de produtores. Receber um award nos Óscares, obviamente, alimenta uma indústria de prestígio de excelência. É a certificação de que o realizador A ou B fez um excelente trabalho e faz com que haja também muito mais capacidade, carreira e currículo para atrair projetos”, aponta.
Questionada pelo ECO se os Óscares ainda vão existir daqui a cinco ou dez anos, Susanna Barbato assegura que sim. Primeiro, porque os direitos foram vendidos no ano passado à ABC, da Disney, por 900 milhões de dólares, até 2028. Depois, porque, além da revenda dos direitos, a publicidade também é parte relevante do negócio – no ano passado, diz a diretora da Nos Audiovisuais, um espaço de 30 segundos foi vendido por mais de dois milhões de dólares. E, por fim, ser laureado com um Óscar ainda faz muita diferença, assegura.
Resumindo, “há filmes muito fortes e os cinemas estão abertos”. “Pouco a pouco, as pessoas começaram a criar algum buzz e palavra puxa palavra em relação aos títulos que são candidatos”, conclui.
Os dez candidatos ao Óscar de Melhor Filme são: Nightmare Alley, Dune, Belfast, The Power of the Dog, King Richard, Don’t Look Up, Drive My Car, Licorice Pizza, West Side Story e CODA. Quanto ao Óscar de Melhor Ator/Atriz, são candidatos a receber a estatueta Andrew Garfield (em tick, tick…BOOM!), Javier Bardem (em Being the Ricardos), Will Smith (em King Richard), Benedict Cumberbatch (em The Power of the Dog) e Denzel Washington (em The Tragedy of Macbeth). Veja aqui todos os nomeados.
Em Portugal, a transmissão da cerimónia dos Óscares esta madrugada está a cargo da RTP1, em sinal aberto, logo após a meia-noite. Será conduzida por Catarina Furtado e Mário Augusto a partir do Amoreiras Shopping, numa espécie de cerimónia dos Óscares à portuguesa.
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Óscares regressam ao “glamour” pré-pandemia. Mas ainda há brilho nas estatuetas?
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