Nos lança nova área de negócio para monitorizar riscos digitais

  • Lusa
  • 2 Junho 2025

A operação da CyberInspect, liderada por Duarte Sousa Lopes, arranca com uma dezena de especialistas e com um mercado superior a 100 mil empresas.

A Nos lançou uma nova área de negócio dedicada à monitorização de riscos digitais, a CyberInspect, que arranca com 10 especialistas e com um mercado superior a 100 mil empresas.

Esta nova área de negócio dedica-se à monitorização de riscos digitais, através do desenvolvimento de uma nova plataforma de testes de cibersegurança que oferece um diagnóstico completo sobre as vulnerabilidades digitais.

“Nesta fase inicial serão cerca de 10 pessoas entre especialistas de produto, desenvolvimento, cibersegurança e suporte a clientes”, adiantou à Lusa o responsável da CyberInspect, Duarte Sousa Lopes, adiantando que contará ainda “com o suporte da Nos em outras funções das áreas financeiras, jurídica e de sistemas de informação”.

De acordo com a Nos, a CyberInspect vem democratizar os testes de cibersegurança “para que passem a ser acessíveis a todas as empresas, ao permitir a qualquer organização identificar riscos e ameaças de uma forma muito simplificada e ter apoio na identificação de soluções”.

Questionado sobre as expectativas para o primeiro ano de atividade, nomeadamente com a entrada em vigor da diretiva europeia de cibersegurança (NIS2), o responsável disse ter a ambição da CyberInspect ser reconhecida como líder na área em que atua.

“Estimamos que o mercado endereçável seja a prazo superior a 100 mil empresas com exposição digital, as quais irão gradualmente reconhecer a importância de entender o risco a que estão expostas e vão querer agir para reduzir as suas vulnerabilidades”, disse.

Com a entrada em vigor da NIS2, “o número de empresas a procurar soluções vai aumentar muito rapidamente, em particular devido à necessidade de prestadores de serviços essenciais avaliarem risco nas suas cadeias de abastecimento”, acrescentou o responsável.

“Temos a ambição de ser reconhecidos como líderes neste espaço, para o que continuaremos a expandir os nossos serviços”, sintetizou.

Sobre se o negócio vai ser centrado em Portugal, Duarte Sousa Lopes referiu que “numa primeira fase” considera que o mercado português tem “um grande potencial” para explorar, “utilizando a rede de canais empresariais do grupo NOS e uma rede de parceiros reconhecidos no mercado”.

Além disso, a “aprendizagem no nosso mercado irá certamente contribuir para um potencial caminho de internacionalização, dada a capacidade do conceito CyberInspect servir outros mercados onde as necessidades e obrigações regulatórias são similares”, salientou.

Este lançamento “implicou um investimento significativo tendo em conta o trabalho, de mais de um ano, de uma equipa ampla, assente no expertise em cibersegurança da NOS”, disse, sem detalhar números.

“Daqui resultou o desenvolvimento de uma plataforma digital de nova geração, bem como a integração de diferentes tecnologias e sistemas”, rematou.

Segundo o responsável, “o risco de cibercrime continuará a aumentar rapidamente devido ao uso de automação e inteligência artificial pelos atacantes. Alguns estudos recentes indicam que só cerca de 15% das PME se sente preparada um ciberataque”.

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Bolsa de Lisboa brilha na tempestade criada por Trump

Com taxas de dividendos elevadas e fundamentais atrativos, o PSI destacou-se no primeiro trimestre e apresenta argumentos para continuar a ser um refúgio em tempos de incerteza.

A história do primeiro trimestre nos mercados financeiros internacionais parece uma montanha-russa que culminou num vale profundo. Enquanto Wall Street registou o pior desempenho trimestral desde 2022, com o S&P 500 e o Nasdaq a caírem 8,4% e 12% (em euros) respetivamente, o português PSI brilhou como um autêntico oásis, fechando os primeiros três meses do ano em terreno positivo e conseguindo o feito raro de terminar positivo em cada um dos três meses do ano – uma exceção entre os principais índices acionistas.

“O mercado português não é dos mais expostos à economia americana, pelo que é natural que tenha sido um dos menos voláteis neste período”, justifica Pedro Barata, gestor do fundo de ações nacionais GNB Portugal Ações, para a destreza do PSI entre janeiro e março.

A turbulência nos mercados tem sido largamente atribuída às novas políticas comerciais impostas pela administração Trump. “Os investidores renderam-se largamente durante este primeiro trimestre, já que a negociação tornou-se bastante desafiante”, referiu Adam Turnquist, analista da LPL Financial, à Reuters.

As emblemáticas “7 Magníficas”, que impulsionaram os mercados nos últimos dois anos, exerceram desta vez uma pressão negativa sobre as bolsas norte-americanas, com os investidores a desfazerem-se das ações destas empresas, empurrando os títulos para uma queda média de 15,7% nos primeiros três meses do ano. A Tesla, por exemplo, caiu quase 36% no trimestre.

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O calendário não poderia ser mais simbólico. Foi precisamente para o final do primeiro trimestre que Donald Trump preparou o terreno para o que denominou “Dia da Libertação” de 2 de abril, marcando a entrada em vigor de uma série de tarifas abrangentes que prometem afetar o comércio global. “2 de abril é um dia libertador para o nosso país”, afirmou Trump, garantindo que as tarifas vão incidir “essencialmente sobre todos os países”. Entre as medidas mais impactantes está a imposição de uma taxa de 25% sobre todos os carros exportados para os EUA, a partir desta terça-feira.

Até agora, já entraram em vigor taxas aduaneiras de 20% sobre os bens importados da China, assim como uma taxa de 25% sobre o aço e o alumínio e outra de 25% sobre as importações canadianas e mexicanas. Trump também ameaçou aplicar tarifas de 200% sobre “todos os vinhos, champanhe e produtos alcoólicos”, num post publicado na sua rede social “Truth Social”.

Numa altura em que a volatilidade aumenta é natural que os investidores privilegiem os mercados mais defensivos e que ofereçam um bom retorno via dividendos. E neste último ponto, não há outro como o mercado português.

Pedro Barata

Gestor do GNB Portugal Ações

Neste contexto de turbulência global, o índice português PSI destacou-se como uma rara exceção, fechando março em alta e conseguindo um feito invulgar: não só foi o único índice entre os mais populares a fechar março com ganhos como o único a terminar positivo nos três meses do trimestre.

“O PSI foi, em primeiro lugar, beneficiado pela rotação em favor dos mercados acionistas europeus, reduzindo assim uma parte da underperformance dos últimos anos”, explica Virgílio Garcia, gestor do fundo Sixty Degrees Ações Portugal. “Ao mesmo tempo, em especial em março, o PSI foi ‘premiado’ por não ter exposição ao setor tecnológico e outros setores mais penalizados na queda“, acrescenta.

As armas do PSI que atraem os investidores

Os indicadores fundamentais do índice nacional também ajudam a explicar a resistência do PSI neste arranque de ano. Atualmente, o índice da Euronext Lisboa negoceia com uma taxa de dividendo média de 4,35% e com uma cotação equivalente a 11 vezes os resultados por ação (PER). O pan-europeu Stoxx Europe 600, por exemplo, transacionada com uma taxa de dividendo de 3,32% e um PER de 16,5 vezes, enquanto o Euro Stoxx 50 apresenta uma taxa de dividendo de 3,1% e um PER de 16,2 vezes.

“Numa altura em que a volatilidade aumenta é natural que os investidores privilegiem os mercados mais defensivos e que ofereçam um bom retorno via dividendos. E neste último ponto, não há outro como o mercado português”, refere Pedro Barata, sublinhando que “as empresas portuguesas são tradicionalmente generosas com os seus acionistas.”

Um fator que parece estar a sustentar o desempenho positivo do PSI é a política de dividendos das empresas portuguesas cotadas no principal índice da Euronext Lisboa. Mesmo com os lucros do ano passado das cotadas do PSI a reduzirem-se em cerca de 28%, a remuneração acionista vai aumentar em quase 8% face ao ano anterior.

Existem razões para acreditar que o índice [PSI] poderá continuar a ter uma performance relativa mais favorável que os seus congéneres europeus no resto do ano.

Virgílio Garcia

Gestor do Sixty Degrees Ações Portugal

As cotadas do PSI que já anunciaram as suas políticas de dividendos propõem-se a pagar 2,9 mil milhões de euros, dando continuação à tendência de subida que se tem registado desde 2021. Este é um sinal de “resiliência” por parte das cotadas portuguesas, refere Carlos Pinto, gestor do Portugal Golden Opportunities, que classifica o mercado português como “muito sensível à remuneração acionista e que tem, por isso, vindo a preservar o dividendo”.

A NOS NOS 0,80% destaca-se neste aspeto, mantendo-se pelo quarto ano consecutivo como a cotada com maior taxa de dividendos por ação do PSI. Além do pagamento de 35 cêntimos, à semelhança do que aconteceu em 2023, a operadora pretende pagar um dividendo extraordinário de 5 cêntimos.

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Como navegar em águas turbulentas

É difícil antecipar como será o comportamento do PSI no resto do ano, mas Pedro Barata ressalva que “se a volatilidade do mercado se mantiver elevada, é natural que a performance do mercado português continue a destacar-se fruto do seu perfil mais defensivo.”

Para Virgílio Garcia, após o PSI ter acabado o trimestre com uma rendibilidade semelhante à média europeia, tendo recuperado em março da underperformance que se fez sentir nos 2 primeiros meses, refere que “existem razões para acreditar que o índice poderá continuar a ter uma performance relativa mais favorável que os seus congéneres europeus” ao longo do ano.

No entanto, o gestor faz um importante alerta: “Será, no entanto, pouco realista que a performance se mantenha positiva se entrarmos efetivamente num bear market de ações”, ressalvando, no entanto, que “este não é o nosso cenário central.”

Para os pequenos investidores, o desempenho alcançado pelo PSI no primeiro trimestre traz um alento num momento de incerteza global, mas os especialistas recomendam cautela. Sobretudo porque a volatilidade deve continuar alta, especialmente enquanto o impacto real das tarifas de Trump não for completamente absorvido pelos mercados.

Num cenário onde a incerteza parece ser a única certeza, o mercado português oferece uma combinação de valorização atrativa e taxas de dividendos atrativas que pode representar um porto seguro para investidores que procuram estabilidade. No entanto, como sempre, a diversificação continua a ser a melhor estratégia para navegar em períodos de turbulência.

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Nos alcança lucro recorde em 2024. Vai pagar dividendo extra

2024 deu "os melhores resultados de sempre" ao grupo Nos, num ano em que a devolução de taxas pagas à Anacom, após vitórias nos tribunais, foram a cereja no topo do bolo.

A operadora Nos NOS 0,80% obteve em 2024 “os melhores resultados de sempre”, tendo lucrado 273,1 milhões de euros, um crescimento superior a 50%, se contabilizados os efeitos “não recorrentes”. Graças a eles, este ano, além do dividendo ordinário de 35 cêntimos, a empresa irá propor pagar um dividendo extraordinário de 5 cêntimos por ação.

A melhoria do resultado líquido consolidado em 2024 prende-se, principalmente, com as mais-valias da venda de torres de telecomunicações, concluída pela Nos no ano passado, e com um efeito extraordinário referente a taxas de atividade, que lhe foram devolvidas pela Anacom, na sequência de decisões favoráveis e de “inconstitucionalidades” reconhecidas em processos judiciais movidos pela operadora.

Como noticiou o ECO, a Nos reconheceu a 30 de setembro de 2024 “um proveito acumulado de 72 milhões de euros decorrente de decisões favoráveis no Tribunal Constitucional” para devolução de taxas que pagou ao regulador, de acordo com informações divulgadas publicamente pela Sonae. A empresa, através da Sonaecom, é o principal acionista da Nos.

É por causa desse free cash flow não recorrente, gerado em 2024 com a alienação das torres, que a administração da Nos irá propor aos acionistas, na próxima assembleia geral, pagar um dividendo extraordinário de 5 cêntimos por ação, além do dividendo ordinário de 35 cêntimos, que se mantém em linha com o do ano anterior. A Nos considera que esta remuneração acionista lhe permite continuar a ter “uma sólida estrutura de capital”.

Excluindo os “efeitos extraordinários não recorrentes”, o lucro da Nos teria atingido, mesmo assim, 187 milhões de euros, um aumento superior a 21%, de acordo com informação divulgada esta quarta-feira ao mercado.

“Os resultados de 2024, ano em que celebrámos o 10.º aniversário da Nos, foram os melhores de sempre da empresa, com crescimentos sólidos em receitas, EBITDA e resultado líquido antes de efeitos extraordinários”, comenta Miguel Almeida, CEO da Nos, citado num comunicado.

O gestor considerou ainda ter sido “um ano de conquistas”, em que a Nos manteve “a liderança no 5G” e expandiu a cobertura da respetiva rede de fibra ótica residencial (FTTH), que já tem em torno de 5,7 milhões de casas passadas.

Em 2024, a Nos alcançou um EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de 767,6 milhões de euros, mais 7,1% do que em 2023.

Quanto às receitas consolidadas, o grupo obteve 1.696,3 milhões de euros no total do ano, mais 6,2% do que no ano anterior. O grosso deste montante, pouco mais de 1.629 milhões de euros, foi obtido com o negócio das telecomunicações, que progrediu 6,3%.

O segmento empresarial também cresceu, uns 9,6%, “refletindo o aumento do número de serviços e de oferta de IT e de ganhos de quota de mercado”, explica a Nos.

o negócio de cinema e audiovisuais melhorou 2,8%, contribuindo com 102,2 milhões de euros para as receitas da operadora nacional.

Na vertente operacional, a Nos fechou 2024 com mais de 11,35 milhões de unidades geradoras de receita (+3,1%). A empresa tinha acima de 6 milhões de clientes móveis, perto de 1,7 milhões de clientes de televisão e cerca de 1,2 milhões de clientes com pacotes.

Quanto ao investimento, a Nos revela que investiu 372,7 milhões de euros em 2024, uma redução de 5% face a 2023.

“O investimento significativo que fiemos ao longo dos últimos anos e a obsessão por melhorar continuamente a qualidade dos serviços que prestamos a famílias, empresas e instituições continuam a ser reconhecidos pelos nossos clientes, justificando os resultados recorde alcançados”, comenta Miguel Almeida, citado no mesmo comunicado.

32º Digital Business Congress APDC - 10MAI23
Miguel Almeida, CEO da NosHugo Amaral/ECO

Findo mais um ano, 2025 começou para a Nos com o anúncio, em janeiro, de uma compra significativa. A operadora portuguesa conseguiu convencer o grupo britânico Claranet a vender-lhe a Claranet Portugal por 152 milhões de euros. A tecnológica presta serviços de tecnologia às empresas, incluindo cloud, cibersegurança e inteligência artificial (IA).

Sobre isso, Miguel Almeida aponta que “a implementação em larga escala” da IA e de “soluções digitais avançadas em todas as áreas” do negócio serão “um fator chave” para o “crescimento futuro” da empresa.

“Ao integrar capacidades baseadas em IA em todas as funções, pretendemos maximizar o potencial do negócio, impulsionar a eficiência operacional e posicionar a Nos como uma organização totalmente capacitada para a IA, preparada para responder às exigências de um mundo cada vez mais digital”, escreve o gestor.

Na sessão desta quarta-feira, na bolsa de Lisboa, antes de se conhecerem estes resultados anuais, a ação da Nos valorizou 0,26%, fechando a negociar nos 3,91 euros cada título. Este ano, os títulos da empresa já acumularam ganhos de 17,42%.

(Notícia atualizada às 17h21 com proposta de dividendos)

Cotação das ações da Nos em Lisboa:

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Nos ganha músculo na tecnologia para empresas com compra da Claranet

Receitas do segmento empresarial da operadora têm subido à boleia do "momentum" do Corporate, que cresceu 12% até setembro com projetos de TI. Operação reforça peso da tecnologia no M&A em Portugal.

A Nos NOS 0,80% está a criar a bagagem para se tornar numa verdadeira fornecedora de Tecnologias de Informação (TI) para empresas. Em apenas seis meses, comprou uma participação minoritária numa startup de Inteligência Artificial (IA) e adquiriu a totalidade do capital da tecnológica Claranet Portugal ao grupo britânico com o mesmo nome por 152 milhões de euros.

Estrategicamente, a aposta faz sentido para a Nos, porque a operadora apercebeu-se de que os projetos tecnológicos que desenvolve com empresas estão a crescer, bem como o segmento de consultoria digital, que autonomizou há dois anos (Ten-Twenty-One). A ideia, segundo apurou o ECO, é que a Claranet se mantenha uma entidade autónoma (em vez de ser ‘engolida’ pela Nos) e, a partir daí, se façam sinergias e aumente o cross selling. Até porque o alvo emprega 900 pessoas no país e faturou 205 milhões de euros no exercício fiscal de 2024.

“A Claranet Portugal vai continuar a operar de forma autónoma, preservando a sua identidade, liderança, equipas de gestão e equipas operacionais, assim como a sua base sólida de clientes, mantendo o foco em continuar a prestar serviços de qualidade”, confirmou ao ECO fonte oficial da empresa liderada por António Miguel Ferreira, que contou com a assessoria da Uría Menéndez.

O que faz a Claranet? Fundada em Londres em 1996, a Claranet foi evoluindo de um ISP (Internet Service Provider) para um fornecedor de serviços geridos (managed services provider) independente, contando mais de 10 mil clientes empresariais a nível global. Atualmente, está especializada em armazenamento na nuvem (cloud), cibersegurança, aplicações e programas de dados e IA. A maioria do negócio está ligada à cloud e workplace, o nome que se dá aos softwares de comunicação internos das empresas ou programas colaborativos para os trabalhadores.

O grupo Claranet, do qual a subsidiária nacional faz parte desde 2005, conta com cerca de 3.300 colaboradores espalhados pelos 24 escritórios em 11 países (Reino Unido, Portugal, Brasil, França, Alemanha, Países Baixos, Suíça, Espanha, Itália, Índia e Estados Unidos da América), além de 50 centros de dados. Questionada sobre a ligação à holding, a Claranet Portugal diz ao ECO que “vai manter parceria estratégica com o grupo Claranet, dando continuidade à estreita colaboração internacional, em particular prestando serviços a clientes do Grupo Claranet noutros mercados”.

O crescimento da Claranet Portugal também tem sido por aquisições. Entre 2014 e 2017, a Claranet Portugal adquiriu cinco empresas: Echiron, Flesk, Outscope, Inok Consulting e ITEN Solutions. Nos anos da pandemia de Covid-19, a estratégia de M&A do grupo manteve-se, mas foi direcionada para mercados como Espanha e América Latina, deixando em suspenso as compras em terras lusas. A partir de 2022, voltou às compras em Portugal com a aquisição da Bizdirect (Digitmarket) por 12 milhões de euros, no âmbito de um acordo com a Sonae IM, a Aitec e o Banco BPI.

Algo que também poderá ter interessado à Nos são as dezenas de parcerias que a Claranet tem, nomeadamente com Lenovo, Huawei, Microsoft, Konica Minolta, Fábrica dos Unicórnios de Lisboa, entre outras. Até com a maior sociedade de advogados do país – Vieira de Almeida (VdA) – a empresa tem projetos de desenvolvimento tecnológico tendo sido responsável por criar e instalar um “ChatGPT” privado para o escritório, outras ferramentas de IA generativa e um programa de migração acelerada para a cloud.

“É uma organização suficientemente grande para lidar com projetos de qualquer escala, em qualquer indústria, mas suficientemente pequena para se adaptar facilmente às necessidades dos clientes, que estão em constante mudança”, sintetiza a própria empresa.

Crescimento “muito encorajador”

A Nos já está a colher frutos desta aposta no digital, como se vê pelo facto de as receitas do segmento empresarial terem registado um crescimento de 8,4%, para 269,1 milhões de euros, nos primeiros nove meses de 2024 devido ao “momentum positivo registado no segmento de Corporate, que aumentou 12,1%”, que foi “alavancado por um maior volume de projetos de TI”, de acordo com o relatório financeiro até setembro.

O CEO da NOS, Miguel Almeida, realçou o peso das soluções orientadas para a tecnologia no portefólio, principalmente no mercado empresarial, que regista um “crescimento muito encorajador”.

“Continuamos a lançar projetos inovadores, muitas vezes em colaboração, através do nosso Hub 5G, com empresas locais e parceiros de investigação académica e tecnológica. Estamos também muito satisfeitos com os resultados iniciais que observamos nas nossas operações adjacentes de valor acrescentado, como as soluções de segurança e de casa inteligente da Nos e a Ten-Twenty-One, o nosso negócio de consultoria de serviços de cloud”, comentou, na mensagem publicada com o mais recente relatório e contas. A Nos apresenta os resultados de 2024 no próximo dia 26 de fevereiro.

Às 14h52, as ações da Nos avançavam 1,50% para os 3,385 euros cada, numa sessão em que o índice PSI negoceia praticamente inalterado.

Quanto à Claranet, teve um EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de aproximadamente 15 milhões de euros no exercício fiscal de 2024, mais 9% do que no mesmo período de 2023. Para esse número contribuiu o aumento de 15% na receita de serviços, sobretudo com as áreas de dados (data/AI) e segurança.

Destaque ainda para a intervenção da Claranet na proteção da banca dos hackers. Recentemente, num artigo de opinião enviado ao ECO, o diretor de serviços financeiros da Claranet Portugal explicava que, nos últimos anos, tem-se assistido a uma crescente sofisticação dos ataques de phishing, o que representa uma ameaça significativa para a segurança da informação não só das empresas como dos utilizadores.

Nuno Sousa detalhava que em 2023, segundo o Statista, foram detetados quase nove milhões de ataques de phishing em todo o mundo e, só no primeiro trimestre de 2024, havia quase um milhão de websites de phishing únicos.

“As práticas de phishing usando alfabetos não latinos, QR codes maliciosos e clones de websites bancários são, então, ameaças emergentes no ciberespaço que exigem vigilância constante e medidas de segurança aprimoradas. A prevenção eficaz deverá passar pela combinação de ferramentas tecnológicas, da educação do utilizador e de uma abordagem proativa para a segurança da informação. A colaboração entre governos, indústrias e indivíduos é vital para combater estas ameaças e proteger os dados sensíveis contra cibercriminosos”, escreveu o executivo da Claranet.

Tecnologia conquista segundo lugar nos negócios

O setor da Internet, software e serviços de TI foi o segundo mais dinâmico em termos de fusões e aquisições em Portugal no ano passado. Em 2024, registaram-se 70 transações nesta área, o que catapultou esta indústria do digital para o segundo lugar da tabela logo atrás do indestronável imobiliário (105 transações). Ainda assim, houve uma queda de 18% em termos homólogos, acompanhando a tendência do mercado transacional como um todo.

Segundo a base de dados TTR Data, o negócio de M&A do ano 2024 foi de biotecnologia: a venda da empresa portuguesa FairJourney Biologics, avaliada em 900 milhões de euros, ao fundo suíço Partners Group pela Global Healthcare Opportunities (GHO).

Os especialistas consultados pelo ECO garantem que este é um setor que continuará a sobressair no M&A, sobretudo devido a uma sigla que tem feito correr muita tinta: IA.

Já na semana passada a portuguesa PHC Software, até então liderada por Ricardo Parreira e com sede no Taguspark, rendeu-se à segunda investida da francesa Cegid, líder europeu de soluções empresariais na cloud para finanças, recursos humanos, retalho e setores empresariais, depois de uma primeira tentativa de aquisição em 2022.

Notícia atualizada às 16h58 com declaração da Claranet

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Digi sem acordos de roaming nacional com as operadoras

Apesar de os ter incentivado, a Anacom confirma que ainda não existe nenhum acordo de roaming nacional em Portugal. Digi queixa-se de que ofertas são "caras".

O roaming nacional, que permite aos clientes de uma operadora usarem as redes das empresas concorrentes, foi uma das grandes bandeiras da anterior administração da Anacom para incentivar a partilha de infraestruturas no país. Mas, quase três anos depois de concluído o leilão do 5G, continua a não existir qualquer acordo desse tipo celebrado em Portugal.

“Não existem acordos de roaming nacional em Portugal”, confirmou ao ECO, esta segunda-feira, fonte oficial da autoridade das comunicações — que, nas regras do leilão realizado entre 2020 e 2021, incluiu a obrigação de as operadoras já estabelecidas (Meo, Nos e Vodafone) darem aos chamados “novos entrantes” o acesso a acordos de roaming nacional durante dez anos, prazo que poderá ser estendido se necessário.

O objetivo do regulador, então liderado por João Cadete de Matos, era permitir que empresas como a romena Digi, que comprou licenças 5G e está a preparar a entrada no mercado nacional, pudessem assinar contratos com as concorrentes para acelerar a sua cobertura no país. Porém, “ao que sabemos, a opção da Digi em Portugal tem sido a instalação de infraestrutura própria”, reconhece a Anacom, presidida atualmente por Sandra Maximiano.

Não existem acordos de roaming nacional em Portugal.

Fonte oficial da Anacom

Digi diz que ofertas “são caras”

A empresa, por sua vez, explicou recentemente porque ainda não assinou nenhum acordo de roaming nacional em Portugal: são caros e não compensam.

Durante a apresentação de resultados do primeiro trimestre pelo grupo romeno, Serghei Bulgac, CEO da Digi Communications, explicou aos investidores que, apesar de ter muito interesse em assinar estes acordos com a concorrência, tal não foi possível “devido à falta de ofertas apropriadas recebidas dos operadores existentes”.

“Não existe nenhuma obrigação que nos dê acordos de roaming nacional que possamos usar. Recebemos ofertas para acordos de roaming nacional em Portugal, que são caras e nem nós somos obrigados a aceitá-las, nem os operadores estão obrigados a dá-las. Não existe uma forte obrigação de fornecer acordos funcionais de roaming nacional”, disse o gestor.

“Cabe aos outros operadores, se nos quiserem na sua rede, fornecer uma oferta que funcione. Se não nos querem na sua rede, não nos irão fazer uma oferta”, acrescentou nessa apresentação de resultados aos investidores.

Enquanto era presidente da Anacom, Cadete de Matos foi sempre um firme defensor da partilha de infraestruturas e dos acordos de roaming nacional. Para exemplificar a sua utilidade, queixava-se de que, perto da fronteira, um cliente de uma operadora portuguesa sem cobertura nessa zona é capaz de fazer uma chamada usando a rede de uma operadora espanhola, enquanto deveria poder usar a rede de outra operadora portuguesa presente na região.

Como tal, decidiu incluir no regulamento do leilão a obrigação de as operadoras darem acesso, pelo prazo de dez anos, a acordos de roaming nacional às empresas estreantes no mercado. Em contrapartida, estabeleceu obrigações adicionais de cobertura aos “novo entrantes” que assinarem esses contratos, beneficiando da medida.

Setor já partilha infraestruturas

Apesar da inexistência de acordos de roaming nacional, o setor já partilha infraestruturas. No dia 22 de outubro de 2020, a Nos e a Vodafone assinaram um acordo para “partilha de ativos móveis de abrangência nacional”.

“Nas zonas de menor densidade populacional, tipicamente rurais e no interior do país, a Vodafone e a Nos farão uma utilização comum de infraestruturas de suporte às suas redes móveis (torres, mastros, etc.) e partilharão os seus equipamentos ativos de rádio (antenas, amplificadores e demais equipamentos), sem que haja, porém, partilha de espetro”, explicaram na altura.

Além disso, as duas empresas partilham infraestruturas de fibra ótica desde 2017, tendo expandido esta parceria em janeiro deste ano.

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“Anacom e Governo têm de incentivar a consolidação”, defende CEO da Nos

Miguel Almeida, da Nos, acredita que o caminho "inevitável" das telecom é a consolidação. Mas o CEO da Vodafone discorda e diz que o caso da Nowo criou um precedente negativo.

A entrada da Digi no mercado de telecomunicações em Portugal marcou em grande parte esta quarta-feira o painel ‘Estado da Nação da Comunicações’ no 33ª Congresso da APDC. As reações das três principais operadoras existentes aos comentários da presidente da Anacom sobre a chegada da empresa romena passaram pelo tema do equilíbrio entre concorrência e investimento, mas também pelo da consolidação como solução.

“O caminho é simples e é inevitável, na minha perspetiva e tenho confiança que vai naturalmente acontecer”, disse Miguel Almeida, CEO da Nos. “Portugal costuma ser mais demorado, é uma tradição, mas vai acontecer, e por mim passa pela consolidação“, explicou. “Podem achar estranho estar a falar de consolidação quando comercialmente o tal novo operador ainda não entrou”, admitiu.

Miguel Almeida, CEO da NosHugo Amaral/ECO

Miguel Almeida adiantou que aquilo que vai ter que acontecer em Portugal e aquilo que será a medida de sucesso deste mandato do regulador e também responsabilidade do Governo é de facto criar as condições para a consolidação“.

“E vou mais longe, incentivar e impulsionar que isso aconteça, sob pena, de quando chegarem as novas atualizações de tecnologia, de ter consequências dramáticas para o país, senão ficamos para trás“, vincou.

Luís Lopes, CEO da Vodafone Portugal, não vê o futuro do setor, pelo menos em Portugal, a seguir o caminho das fusões e aquisições, especialmente tendo em conta as dificuldades que a empresa enfrenta na tentativa de comprar a Nowo, uma operadora com uma quota de mercado de 2%.

“Estou em desacordo com o Miguel, não vejo consolidação possível neste mercado porque há aqui um precedente que se está a abrir nesta matéria, bastante surpreendente”, referiu.

Luís Lopes, CEO da Vodafone PortugalHugo Amaral/ECO

“Por isso temo que se calhar um plano de negócio que passaria por consolidação futura possa ser um plano de negócios que de repente vê aqui algumas dificuldades relativamente a esse pressuposto” vincou.

Instado – pelo moderador do painel, António Costa, diretor do ECO – a explicar o que aconteceu nessa operação, Luís Lopes respondeu: “Não tem explicação, começo por essa frase”.

Recordou que há um ano, precisamente no congresso da APDC já tinha ficado surpreendido pelo processo ir para investigação aprofundada, o que quer dizer que existiam algumas dúvidas por parte da Autoridade da Concorrência sobre a operação. “Passou um ano, a operação ainda não está concluída, sendo que existe um sentido provável de decisão há cerca de um mês, no sentido de não aprovar”, vincou.

A Vodafone, sendo uma empresa que tem um acionista estrangeiro, vê esta situação em Portugal com uma perplexidade enorme, uma incompreensão muito grande

Luís Lopes

CEO da Vodafone Portugal

“A Vodafone, sendo uma empresa que tem um acionista estrangeiro, vê esta situação em Portugal com uma perplexidade enorme, uma incompreensão muito grande”, frisou.

Luís Lopes recordou que essa “incompreensão” já aconteceu no passado em relação a matérias como o leilão do 5G, “portanto existe sempre um risco muito grande que um investidor estrangeiro não consiga perceber o que se passa no país e com isso retire investimento”.

A Digi e o equilíbrio

A discussão sobre o caminho a percorrer pelo setor veio no seguimento do keynote speech da sessão, na qual Sandra Maximiano, presidente da Anacom há precisamente cinco meses, explicou que, com vista à promoção da concorrência, o regulador tem promovido medidas do lado da oferta.

“Destaco primeiro o reforço das condições para que as empresas possam entrar e competir ativamente no mercado”, disse. “Em breve um novo operador, a Digi, entrará no mercado português, o que levará, esperemos, a uma reação criativa e saudavelmente competitiva dos operadores”, vincou.

Ana Figueiredo, CEO da Altice Portugal, reagiu de forma direta. “Relativamente à criatividade, na nossa empresa provamos ao longo dos tempos que fomos criativos, porque soubemos inverter o curso das coisas e continuamos a manter a liderança, e talvez fomos o operador que mais foi desafiado por novos entrantes pela liberalização,“ referiu.

“Respeitamos todos os novos entrantes. Não sabemos qual vai ser o posicionamento deste novo entrante, embora podemos ter uma ideia consoante o que faz noutros mercados”, adiantou.

Ana Figueiredo, CEO da Altice PortugalHugo Amaral/ECO

Para Ana Figueiredo, “muitas vezes no nosso setor debate-se muito o tema do preço, competitividade e trazer competividade é trazer um entrante, e dois entrantes e três entrantes”.

Vincou que num setor que é capital intensivo, não é, no entanto, “suposto termos uma multiplicidade de players porque não existe capacidade, nem sequer existe espetro disponível para todos se tivermos uma fragmentação do mercado”.

Miguel Almeida referiu que teve pena de não ter ouvido a presidente da Anacom falar de um ponto essencial que vê como central à missão da Anacom. “Neste setor, que tem características específicas, a função de utilidade, a forma de maximizar o valor para a sociedade, passa por encontrar um ponto de equilíbrio muito importante entre por um lado a concorrência e, por outro, o investimento“.

“É absolutamente crítico e qualquer perspetiva de médio longo prazo tem de encontrar este equilíbrio”, disse. “Agora é evidente se à data de hoje, e basta olhar para os números e a rentabilidade dos operadores, a Nos é cotada, olhando para os números mais recentes não cobre sequer o custo de capital“.

Num mercado como o português, “tão pequeno, com um quarto operador, essa situação só se vai agravar e provavelmente vai se agravar de forma dramática“.

Ignorar o “facto inequívoco, reconhecido pela UE e por todas entidades, que o futuro passa por garantir o investimento, um novo ponto de equilíbrio, estar a realçar pela positiva a entrada de um novo entrante e não referir em nenhum momento do discurso a sustentabilidade dos operadores que existem, dizendo que eles vão ter oportunidade de buscar receitas que me parecem um bocado ficcionadas é desviar a atenção do essencial e parece uma visão de curto prazo”, concluiu.

(Notícia atualizada às 19h59)

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Galp leva PSI a melhor desempenho semanal em mais de um ano

O PSI encerrou a semana com ganhos de 5,04%. É o melhor desempenho semanal desde 31 de março de 2023, com 85% destes a serem gerados somente à conta da subida explosiva de 28% das ações da Galp.

O principal índice da Euronext Lisboa teve uma semana memorável, com o PSI a valorizar 5,04% até aos 6.612,51 pontos. Apesar de nem todas as 16 empresas que constituem o índice nacional terem fechado a semana com ganhos, o PSI teve o melhor desempenho semanal desde 31 de março de 2023.

“Em termos agregados, o PSI apresenta um desempenho muito bom, que surge de fatores muito específicos”, salienta Carlos Pinto, gestor do fundo de ações nacionais Optimize Portugal Golden Opportunities, lembrando que o “PSI tem uma elevada concentração”, dando como exemplo o facto de a Galp Energia GALP 1,59% pesar 15,5% no índice e esta semana ter registado o melhor desempenho semanal desde 9 de novembro 2007, com as ações a subirem 28,05%.

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A sustentar o comportamento positivo do PSI ao longo desta semana esteve naturalmente o desempenho dos títulos da Galp Energia, que chegaram a disparar mais de 20% na sessão de 22 de abril com o anúncio de uma importante descoberta comercial numa exploração que a petrolífera tem na Namíbia, e que colocou as ações da empresa a negociarem no valor histórico de 20,68 euros.

Segundo contas do ECO, 85% dos ganhos gerados pelo PSI esta semana foram da inteira responsabilidade da petrolífera.

“A Galp mostrou um sólido aumento percentual no mês, ajudando a elevar o índice”, destaca João Queiroz, head of trading do Banco Carregosa, mas alerta os investidores a terem alguma cautela, referindo que o indicador de análise técnica RSI a 14 dias (que mede a força do movimento das cotações de um ativo comparando os ganhos médios com as perdas médias durante um determinado período) “indica uma possível condição de sobrecompra que pode levar a uma consolidação ou retração no curto prazo” das ações.

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PSI para lá da energia da Galp

Para lá da petrolífera, que tem marcado para o final da próxima semana (30 de abril) a apresentação das suas contas do primeiro trimestre, esteve também em grande destaque ao longo de toda a semana as ações do BCP BCP 3,63% , que acumularam ganhos de 6,47% nas últimas cinco sessões, com os títulos a fecharem esta sexta-feira nos 0,3242 euros após uma subida diária de 1,44%, “demonstrando as perspetivas positivas com a margem juros a alimentar de forma virtuoso o setor bancário europeu”, refere João Queiroz.

Ponto positivo também para o desempenho semanal de 7% da Jerónimo Martins JMT 0,48% , que somente esta sexta-feira chegou a subir mais de 9,3% após a apresentação dos resultados do primeiro trimestre mostrarem um crescimento dos resultados operacionais em todos os seus segmentos e um aumento de 18,6% das vendas para 8,1 mil milhões de euros.

No entanto, as ações da retalhista, que desde o início do ano acumulam uma desvalorização de quase 17%, acabaram por fechar a sessão desta sexta-feira a subir 2,15% para os 19,11 euros (apenas superado pela subida de 3,54% da Mota-Engil EGL 0,22% ), após a empresa colocar alguma água na fervura, indicado que o ambiente económico é mais desafiante e reafirmando, uma vez mais em conferência com os analistas, a intenção de “continuar a investir em ganhar quota de mercado nos mercados em que opera, que poderá significar estar disponível a pressionar alguma da sua margem em períodos mais desafiantes para conquistar a confiança dos consumidores”, refere Carlos Pinto.

Entre os títulos mais penalizados durante a semana histórica do PSI estiveram as ações da Nos NOS 0,80% , que apesar de nesta sexta-feira terem subido 1,08% até aos 3,28 euros, foram a lanterna vermelha desta semana ao resvalarem quase 9%.

A pressionar também o PSI estiveram as ações da EDP EDP 0,71% , que apesar de terem fechado a sessão desta sexta-feira com ganhos de 0,83%, fecharam a semana a perder 2,33% e com quatro sessões consecutivas no vermelho. Desde o início do ano que as ações da EDP acumular perdas de 22,7%.

Desde o início do ano que o PSI acumula ganhos de 3,42%. No entanto, até ao final da passada sexta-feira (19 de abril), o principal índice da Euronext Lisboa contabilizava uma desvalorização de 1,6% em 2024. “Após um período de desempenho mais moderado ou até negativo, o PSI passou por fase de correção e consolidação que resulta numa recuperação rápida conjugada com um facto relevante da Galp que detém um ativo que sofreu uma tremenda avaliação positiva ou mesmo explosiva e a Jerónimo Martins que reviu em alta as vendas do primeiro trimestre”, resume João Queiroz.

O PSI contou assim uma semana muito positiva, sendo impulsionado por ganhos de várias das suas principais ações, “apesar de alguns sinais de sobrecompra com 5 das 16 cotadas próximas ou em sobrecompra (RSI 14 dias > 70%)“, destaca João Queiroz, mas que também não deixa de notar que “o ímpeto geral ainda parece favorável.

Para as próximas semanas, que serão fortemente impactadas pela apresentação das contas do primeiro trimestre das 16 empresas do PSI, o responsável do Banco Carregosa considera que os números que serão revelados “podem ajudar a impulsionar a confiança dos investidores, resultando em compras substanciais e, consequentemente, uma valorização a prazo do índice.”

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Nos promete “retorno” nos 1.500 milhões que já investiu, mesmo com 5G gratuito

Forte investimento na expansão "acelerada" do 5G está na base do desempenho da Nos no móvel, com CEO a garantir que a estratégia já está a gerar retorno, apesar de oferecer gratuitamente aos clientes.

O CEO da Nos NOS 0,80% garantiu esta quarta-feira que o investimento de 1.500 milhões de euros em 5G ao longo dos últimos três anos está a gerar retorno, apesar da decisão de oferecer a tecnologia a todos os clientes móveis tomada em janeiro deste ano. A empresa está a subir mais de 6% em bolsa após revelar que obteve lucros de 181 milhões de euros em 2023.

Questionado por um analista sobre os avultados investimentos que a operadora tem vindo a fazer para expandir a sua rede móvel de quinta geração, depois de ter adquirido licenças à Anacom em 2021, Miguel Almeida admitiu que a Nos decidiu oferecer definitivamente o 5G aos clientes sem encargos adicionais para se manter alinhada com a prática das duas outras operadoras concorrentes, Meo e Vodafone.

“Isso não retira o enorme potencial” que a Nos vê na tecnologia, disse o gestor, defendendo que a qualidade da rede móvel da operadora explica a subida de 3,2% no número de subscrições móveis em 2023 face ao ano anterior. “Está na base do nosso forte desempenho no mobile e, apesar de não haver um prémio específico pelo 5G, o investimento que fizemos no 5G está claramente a gerar retorno e vai continuar a gerar”, afirmou o CEO.

Pico do investimento “ultrapassado”

No relatório de resultados divulgado na terça-feira, a Nos declara que “o pico de implementação do 5G” já foi “ultrapassado”. No final do ano, a Nos cobria 94% da população portuguesa com quinta geração e, segundo dados da Anacom, era a operadora com mais antenas 5G em funcionamento no final de dezembro, num total de 4.235.

O fim do “ciclo” de desenvolvimento “acelerado” do 5G já se refletiu nas contas de 2023, com a Nos a registar uma redução de 22% no investimento em telecomunicações, que se cifrou em 367,8 milhões de euros no ano todo, e de de quase 53% analisando apenas a expansão das redes.

Feitas as contas, a Nos lucrou 181 milhões de euros no ano passado, montante que pode ser analisado de vários prismas. À primeira vista, é uma queda de quase 20% face ao ano anterior, mas, em 2022, a Nos tinha tido mais-valias extraordinárias com a venda de torres de telecomunicações. É também um resultado muito superior aos 141,34 milhões que previam os analistas.

Há que ter ainda em conta que a Nos recebeu em 2023 15,6 milhões de euros de um total de 38,5 milhões que prevê receber por causa de uma “decisão judicial favorável relativa a um pedido de liquidação de Taxas de Atividade”, que também teve um impacto extraordinário nos resultados. Em causa está um processo envolvendo a Anacom, confirmou esta quarta-feira o administrador financeiro da Nos, José Koch Ferreira. O ECO pediu mais detalhes à Nos e encontra-se a aguardar resposta.

Esta quarta-feira, às 13h37, as ações da Nos avançavam 6,62% para 3,51 euros cada.

Evolução das ações da Nos na bolsa de Lisboa:

Digi pode ser ameaça

O CEO da Nos escreve, numa nota que acompanha os resultados, que a empresa entra agora numa “trajetória sólida de free cash flow” que, aliada à “solidez” do balanço, “apoia a manutenção de retornos atrativos para os acionistas”. A administração vai propor engordar o dividendo de 27,8 para 35 cêntimos.

Os mercados apreciaram e os analistas também: “A boa evolução dos resultados, especialmente no negócio de telecomunicações, junto com o anúncio de um dividendo atrativo, deveria ser bem recebida pela cotação, que aliás encontra-se em níveis muito baixos”, lê-se num research da Intermoney Valores, cedido ao ECO pela analista Virginia Pérez.

António Seladas, analista da AS Independent Research, também considera que os resultados da Nos foram “positivos”, com as “receitas a beneficiarem da inflação e volumes e custos muito controlados”. “Em 2024, o desempenho deverá manter a matriz, [com os] custos controlados e receitas a beneficiarem da inflação, mas [em] valores inferiores. Em termos de geração de cash, esta deverá manter a dinâmica positiva, devido a boa execução operacional e menor investimento. Em resumo, o dividendo proposto em 2024 deverá manter-se ou crescer”, vaticina.

No entanto, a entrada dos romenos da Digi no mercado português é um risco que paira sobre o setor como um todo, devido à política de preços mais baixos e menores fidelizações praticada pela concorrente em Espanha. Interrogado sobre este ponto, Miguel Almeida afirmou não ter “nada de inteligente para dizer”, por não estar na posse de nenhuma informação sobre a Digi além da que é pública.

Para os analistas do Goldman Sachs, é um risco evidente para as operadoras já estabelecidas, incluindo a Nos: “Daqui em diante, notamos que a estratégia competitiva do novo entrante Digi, que planeia lançar serviços em 2024 (ainda que o lançamento tenha sido adiado várias vezes), continua a ser uma incerteza para o mercado português de telecomunicações”, escrevem, numa nota de research.

Para já, os preços mais altos deverão ajudar a suportar um crescimento nas receitas. A Nos, à semelhança das concorrentes, subiu as mensalidades em até 4,3% no passado dia 1 de fevereiro, depois de um aumento de até 7,8% realizado um ano antes.

(Notícia atualizada a 7 de março, às 11h52, com mais informação)

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Lucro da Nos cai quase 20% para 181 milhões em 2023. Dividendo sobe para 35 cêntimos

Operadora lucrou 181 milhões de euros em 2023, mais que o esperado pelos analistas. Resultado caiu face a 2022, quando registou mais-valias extraordinárias com a venda de torres de telecomunicações.

A Nos NOS 0,80% lucrou 181 milhões de euros em 2023, menos 19,4% do que no ano anterior, mas um resultado superior às estimativas dos analistas, que antecipavam lucros de 141,34 milhões. A quebra está relacionada com o efeito extraordinário das mais-valias registadas em 2022 com a venda das torres de telecomunicações.

Neste contexto, o conselho de administração vai propor pagar um dividendo de 35 cêntimos por ação, correspondendo a 99,6% do resultado líquido. É uma remuneração acionista 25,9% superior à de 27,8 cêntimos por ação correspondente ao exercício anterior e será votada em Assembleia Geral marcada para 12 de abril.

“Em 2023 completámos um ciclo de elevado investimento, com cerca de 1.500 milhões de euros acumulados nestes últimos três anos, na modernização e expansão das redes de nova geração fixas e móveis”, diz Miguel Almeida, CEO da Nos, citado num comunicado. “Os resultados que hoje partilhamos constituem um claro reflexo do sucesso daquelas que têm sido as apostas estratégicas da Nos e que têm merecido grande aceitação por parte dos nossos clientes”, acrescenta.

“Com os anos mais intensos de investimento em 5G já ultrapassados, estamos numa trajetória sólida de free cash flow que, aliada à solidez do nosso balanço, apoia a manutenção de retornos atrativos para os acionistas”, sublinha ainda o gestor no relatório submetido esta terça-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) consolidado cresceu 10,1%, para 716,7 milhões de euros, com a margem a engordar 2,1 pontos percentuais, para 44,9%. Em comunicado, Miguel Almeida justifica a melhoria com o impulso dos “significativos ganhos de produtividade potenciados pelo processo de digitalização da empresa”.

As receitas consolidadas cresceram 5% e atingiram 1.597,5 milhões de euros. Analisando apenas o negócio das telecomunicações, que é o principal, as receitas foram de 1.532,7 milhões de euros, mais 4,3% do que em 2022. Num comunicado, a Nos destaca ainda a recuperação do negócio do Cinema e Audiovisuais, com as receitas deste segmento a dispararem 11% em 2023, para 99,4 milhões de euros, ano em que vendeu mais de oito milhões de bilhetes para sessões em frente ao grande ecrã.

Ao nível operacional, a Nos aumentou o número de clientes (unidades geradoras de receita) em 2,1%, superando pela primeira vez os 11 milhões de serviços. O número de clientes de pacotes subiu 4,4%, com a Nos a somar 3,2% nos subscritores móveis, mas apenas 0,3% na televisão. O número de casas passadas com rede Nos aumentou 2,7% e atingiu, no final de 2023, os 5,4 milhões.

A contribuir para as receitas da Nos esteve ainda o aumento de preços realizado a 1 de fevereiro de 2023. Tal como as principais concorrentes, a empresa aumentou as mensalidades em até 7,8%, o máximo contratualmente previsto por causa da subida da inflação em 2022. Entretanto, já em 2024, a Nos voltou a subir preços, desta vez em até 4,3%.

Em relação aos custos operacionais, a Nos observou uma subida de 1,2%, para 880,8 milhões de euros. Já em relação ao investimento total em 2023, registou-se uma quebra de 21,8%, para 387,6 milhões de euros, “devido ao fim do ciclo de implementação acelerada do 5G”.

No final do ano passado, a Nos tinha uma dívida líquida de 1.715,8 milhões de euros, um aumento de 5,8%. Mas o rácio de dívida/EBITDA caiu marginalmente para 2,39x.

(Notícia atualizada pela última vez às 17h34)

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Nos e Vodafone expandem acordo de partilha de fibra ótica para chegar a quase quatro milhões de casas

Parceria implica partilha de investimento e pressupõe que operadoras mantenham “total autonomia” no desenho das ofertas comerciais e na escolha das soluções tecnológicas.

A Vodafone Portugal e a NOS anunciaram esta terça-feira a celebração de mais um acordo de desenvolvimento e partilha recíproca de fibra ótica, que abrangerá cerca de 1,1 milhões de casas a nível nacional. Considerando a parceria que já tinham firmado em 2017, passam a partilhar o acesso em fibra a 3,9 milhões de casas.

Em comunicado enviado à CMVM, a Nos especifica que a parceria implica a partilha de investimento e pressupõe que as duas empresas mantêm total autonomia no desenho das ofertas comerciais e na escolha das soluções tecnológicas que decidam vir a implementar.

Por outro lado, a operadora garante que está igualmente assegurada a “total independência” na gestão da base de clientes de cada uma das empresas, assim como a confidencialidade no tratamento da informação dos consumidores.

“Materializa o compromisso e missão em levar as melhores e mais inovadoras soluções de comunicações, às famílias e empresas em todo o território nacional. Esta partilha de ativos, que permite à Nos chegar a mais de seis milhões de casas com redes de última geração, contribui largamente para esbater as assimetrias territoriais que ainda existem, levando mais competitividade e escolha aos consumidores”, frisa o CEO, Miguel Almeida.

Por seu lado, a Vodafone destaca, igualmente em comunicado enviado às redações, que a extensão desta parceria “reflete a capacidade dos operadores de encontrarem modelos que continuem a permitir viabilizar projetos de expansão das suas redes em larga escala, em benefício dos clientes”.

“Nos últimos 10 anos, a Vodafone multiplicou por 10 a sua cobertura de rede fixa, através de investimento próprio, acesso grossista e parcerias de rede, como esta que agora expandimos. A permanente modernização da infraestrutura tecnológica do país depende de exigentes investimentos dos operadores nas suas redes, que têm de ser eficientes, sustentáveis e ecologicamente responsáveis, resume Luís Lopes, CEO da Vodafone Portugal.

Num “contexto desafiante” no que respeita à sustentabilidade do setor das comunicações, acrescenta na mesma nota, a partilha de investimento é um “sinal muito positivo de procura de eficiência e geração de valor por parte dos operadores”. “Simultaneamente, esta parceria cria valor para o país, não só por aumentar o nível de cobertura de redes de fibra ótica de última geração, como por dinamizar a concorrência e a diversidade de oferta nas zonas cobertas”, conclui a Vodafone.

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Nos contrata 300 milhões em dívida sustentável junto da banca nacional

A Nos anunciou que contraiu linhas de financiamento de 300 milhões de euros indexadas a metas de sustentabilidade. A dívida foi colocada junto de três bancos portugueses, o BPI, a Caixa e o BCP.

A Nos NOS 0,80% anunciou esta sexta-feira que contraiu linhas de financiamento de 300 milhões de euros indexadas a metas de sustentabilidade. Parte do montante foi obtido em obrigações e outra parte em papel comercial.

A dívida foi colocada junto de três bancos portugueses, nomeadamente o BPI, a Caixa e o BCP. “As linhas contratadas terminam entre 2025 e 2026, anos em que a Nos tem um montante reduzido de linhas para refinanciar, aproveitando assim para equilibrar e alisar a curva de maturidades, minimizando o custo de financiamento”, explica a Nos num comunicado enviado ao mercado.

“Com estes financiamentos bancários, a Nos antecipa as suas necessidades de refinanciamento para o ano de 2024″, acrescenta ainda a empresa liderada por Miguel Almeida, que sublinha que 95% da dívida contratada pela empresa já está ligada a indicadores e objetivos de sustentabilidade.

Neste caso, as linhas contratadas esta sexta-feira pela Nos estão “indexadas ao objetivo de redução das emissões de gases com efeito de estuga da operação própria em pelo menos 80% até 2025, em relação a 2019″, refere a Nos.

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Portugal solicitou às operadoras “planos de implementação” da medida que exclui Huawei do 5G

Vodafone e Altice confirmam estar a desenvolver "planos de implementação" da decisão das autoridades portuguesas que exclui empresas como a Huawei do 5G. Nos só confirma "diálogo".

As três maiores operadoras do país, Meo, Nos e Vodafone, confirmam já estar a preparar a implementação da medida que as proíbe de recorrerem a fornecedores de “alto risco” nas redes 5G, como a chinesa Huawei. Dizem estar a desenvolver “planos de implementação” da decisão, para submeter à Anacom, que tem mantido o silêncio em todo este processo.

Por ser um tema sensível para a segurança nacional, a informação disponível é escassa. Desde que foi tornada pública a deliberação da Comissão de Avaliação de Segurança (CAS) o regulador do setor nunca se pronunciou sobre o assunto e, contactado pelo ECO, continua a recusar fazê-lo, ainda que a lei lhe confira o poder de “fazer cumprir” a decisão e de “fiscalizar” o seu cumprimento. Fonte oficial da Anacom remete todos os esclarecimentos para a CAS.

Por sua vez, a CAS, encabeçada pelo contra-almirante António Gameiro Marques, também não tem dado muitas explicações sobre a decisão de excluir do 5G as empresas que, entre outros critérios, estejam sedeadas em países fora da União Europeia, da OCDE ou da NATO. Mas, através do órgão em que se insere, o Conselho Superior de Segurança do Ciberespaço, revelou na semana passada que “as operadoras de telecomunicações estão a desenvolver os respetivos planos de implementação das deliberações da CAS a serem apresentados à Anacom”.

O ECO contactou depois as três principais operadoras. Fonte oficial da Vodafone Portugal confirma que lhe foi pedido para desenvolver esse plano, mas não se alonga em detalhes, nem explica que entidade fez o pedido (se a CAS, se a Anacom): “No âmbito do que lhe foi solicitado, a Vodafone confirma estar a desenvolver um plano de implementação da referida deliberação da Comissão de Avaliação de Segurança.”

Já fonte oficial da Altice Portugal também confirma estar a trabalhar num plano de implementação, a pedido das autoridades nacionais: “A Altice Portugal cumpre integralmente as disposições legais em vigor e presta toda a colaboração que lhe é solicitada pelas autoridades, estando a avaliar as deliberações da Comissão de Avaliação de Segurança e a desenvolver o respetivo plano de implementação.”

A resposta da Nos é mais vaga: “A Nos encontra-se em diálogo com as autoridades e a analisar as deliberações relevantes, bem como os vários planos de ação e os seus impactos, com vista a salvaguardar a segurança e resiliência das redes de comunicações, bem como o melhor interesse dos seus clientes.”

No âmbito do que lhe foi solicitado, a Vodafone confirma estar a desenvolver um plano de implementação da referida deliberação da Comissão de Avaliação de Segurança.

Fonte oficial da Vodafone Portugal

O ECO contactou também fonte oficial da Anacom, questionando, entre outras coisas, se existem prazos que as operadoras têm de cumprir. Mas o regulador voltou a recusar responder, remetendo para a CAS.

Assinada a 23 de maio de 2023, a primeira deliberação da CAS estabelece sete critérios que determinam, no contexto do 5G, se um fornecedor ou prestador de serviços representa um “alto risco para a segurança das redes e serviços nacionais”. Basta que as empresas cumpram um deles para serem consideradas de “alto risco”, ficando excluídas de participar no desenvolvimento desta tecnologia.

Um desses critérios permite expulsar do 5G os fornecedores que estejam domiciliados ou vinculados a um país que não pertença à União Europeia, ou à OCDE, ou à NATO. É o caso da China, onde a Huawei tem sede, em Shenzhen, pelo que a tecnológica avançou no final de agosto com uma ação administrativa contra a CAS, na expectativa de travar a deliberação, avançou o ECO na passada segunda-feira.

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