Quase 40% das empresas de turismo ignoram apoios à integração de imigrantes

Observatório do Talento Migratório do Turismo aconselha a “melhorar a sensibilização para a diversidade" e a desenvolver programas de inclusão como formação linguística ou qualificação profissional.

Quase quatro em cada dez empresas de turismo (38,5%) em Portugal não têm medidas formais de apoio à integração de imigrantes, enquanto 21,6% dizem oferecer algum apoio, como “orientação e acolhimento”, e 8,9% afirmam promover “orientação linguística e formação”.

Este é uma das conclusões do inquérito conduzido pelo Observatório do Talento Migratório do Turismo da Porto Business School (PBS), que concluiu haver necessidade de “melhorar a sensibilização para a diversidade e desenvolver programas de inclusão da formação de trabalho migrante”, como formação linguística, qualificação profissional e apoio administrativo.

Já no que toca à equidade salarial, a maioria dos inquiridos (81,9%) assegura que os imigrantes e os trabalhadores portugueses auferem o mesmo rendimento em funções similares. No entanto, um quinto (21%) dos inquiridos alegaram desconhecer as políticas salariais, “o que sugere uma falta de transparência remuneratória em algumas organizações”, lê-se no resumo do estudo.

Quanto aos principais desafios que enfrentam as empresas portuguesas do setor do turismo na ligação com estes trabalhadores migrantes, 25,5% alegam dificuldades com o recrutamento e a retenção de talentos multiculturais. A fechar o pódio seguem-se as “adequadas qualificações” (20,3%) e “questões legais e regulatórias” (9,4%).

Sem os migrantes, verificar-se-ia uma implosão de alguns setores da nossa economia, em particular no turismo. O setor tem de cuidar não só dos turistas, mas da sua força de trabalho.

Rita Marques

Diretora do Tourism Futures Centre da Porto Business School

A diretora do Tourism Futures Centre (PBS) reconhece que existem “empresas com algumas iniciativas interessantes tendentes à integração de migrantes”. No entanto, citada em comunicado, Rita Marques considera que “há muito espaço para dinamizar programas estruturados de apoio aos migrantes que incluam, não só componentes formativas, mas também componentes associadas à integração social e familiar dos migrantes, ou alojamento e condições de vida”.

“Sem os migrantes, verificar-se-ia uma implosão de alguns setores da nossa economia, em particular no turismo. O setor tem de cuidar não só dos turistas, mas da sua força de trabalho: 16% dos trabalhadores do turismo são estrangeiros, mas perto de 40% das organizações no setor do turismo não têm implementado quaisquer medidas formais de apoio à integração destes trabalhadores”, sublinha a antiga secretária de Estado do Turismo.

Rita MarquesRODRIGO ANTUNES/LUSA 25 outubro, 2022

O Observatório do Talento Migratório no Turismo, que para este estudo inquiriu 532 profissionais do setor, é uma iniciativa do Tourism Futures Center, integrado no Innovation X Hub da Porto Business School. Tem como objetivo identificar desafios, oportunidades e boas práticas na integração e qualificação de trabalhadores migrantes no setor do turismo em Portugal.

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Prémios de produtividade só ficam isentos de IRS se empresas aumentarem salário médio em 4,7%

Governo estipulou três condições para que empresas possam dar prémios de produtividade isentos de IRS. Uma é aumentarem salário médio em, pelo menos, 4,7%. Outra é terem negociação coletiva.

Só as empresas que aumentem o seu salário médio em, pelo menos, 4,7% vão poder atribuir prémios de produtividade ou desempenho sem que estes sejam sujeitos a IRS e a contribuições sociais. Esta é uma das medidas que constam da proposta de acordo tripartido sobre a valorização salarial e crescimento económico que o Governo apresentou aos parceiros sociais.

Em setembro do ano passado, a Confederação Empresarial de Portugal (CIP) propôs ao Governo da altura, liderado ainda por António Costa, permitir que as empresas pagassem, voluntariamente, aos seus trabalhadores um 15.º mês (até ao limite do salário base do beneficiário) isento de impostos e contribuições sociais.

A medida não foi acolhida pelo anterior Governo socialista. Mas o Executivo de Luís Montenegro fez questão de deixar no seu programa a intenção de avançar com a isenção de contribuições e impostos sobre prémios de produtividade, “correspondendo, dessa forma, a um 15.º mês”.

Já esta quarta-feira, a ministra do Trabalho, Maria do Rosário Palma Ramalho, apresentou às confederações empresariais e às centrais sindicais a proposta do Governo para o acordo tripartido sobre a valorização salarial e crescimento económico, sendo essa precisamente uma das medidas incluídas.

“Os empregadores que atribuam aos trabalhadores prémios de produtividade, desempenho, participação nos lucros ou gratificações de balanço, pagos de forma voluntária e sem caráter regular, até ao montante igual ou inferior a 6% da remuneração base anual do trabalhador, beneficiarão de uma isenção total de IRS e Taxa Social Única (TSU)”, lê-se do documento, a que o ECO teve acesso.

Mas há condições a cumprir para que essa isenção seja aplicada. Este regime apenas se aplica se o empregador “assegurar, no mínimo, um aumento global de 4,7% da remuneração base média anual existente na empresa, por referência ao final anterior” e se garantir um aumento mínimo de 4,7% aos trabalhadores que, neste momento, ganham um valor igual ou inferior à remuneração base média da empresa.

Além disso, é preciso que a empresa tenha sido abrangida por instrumento de regulamentação coletiva de trabalho, celebrado ou atualizado há menos de três anos.

À saída da reunião da Concertação Social, o presidente da CIP, Armindo Monteiro, vincou que esta proposta já está mais próxima daquilo que tinha sido inicialmente defendido pelos parceiros, mas ressalvou que ainda há caminho a fazer.

O ‘patrão dos patrões’ pediu que a medida seja “livre”. “Falta que a medida seja livre. Há obrigações que é preciso cumprir para que ela seja praticada. Achamos que esta disponibilidade não é compatível com estas obrigações“, sublinhou o responsável.

No Orçamento do Estado para este ano já estava a possibilidade de os empregadores atribuírem aos seus trabalhadores prémios (a título de participação nos lucros das empresas). E também nesse caso ficou estipulado que só haveria isenção de IRS se houvesse aumentos salariais de, pelo menos, 5%.

Além desta medida, a proposta de acordo apresentada pelo Governo incluiu, nomeadamente, aumentos anuais de 50 euros do salário mínimo nacional até 2028, bem como um reforço do limite da isenção de IRS do subsídio de refeição, o alargamento do IRS até aos 35 anos, a redução em 50% da taxa de retenção autónoma de IRS sobre o trabalho suplementar e a isenção da taxa liberatória de IRS aplicável aos trabalhadores não residentes às primeiras 100 horas de trabalho suplementar.

Seguem-se agora novas reuniões entre o Governo e os parceiros sociais, sendo que a vontade assumida pela ministra do Trabalho é a de fechar o acordo antes de 10 de outubro, data em que a proposta de Orçamento do Estado para 2025 será entregue no Parlamento. “Estou otimista”, confessou a governante, em declarações aos jornalistas esta quarta-feira.

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Ministra da Justiça diz que nomeação de defensores oficiosos cumpre “totalmente o espírito da lei”

  • Lusa
  • 25 Setembro 2024

Após ouvir a bastonária da Ordem dos Advogados considerar "ilegal" a portaria do Ministério, Rita Alarcão Júdice afirma que "não podemos ficar reféns" de um protesto.

A ministra da Justiça assegurou esta quarta-feira que a portaria que prevê que os tribunais possam nomear defensores oficiosos, em caso de falhas nas escalas da Ordem dos Advogados, “cumpre totalmente o espírito da lei”.

“A portaria cumpre totalmente o espírito da lei. O que a lei define é que o acesso ao Direito é definido pelo Governo, pelo Ministério da Justiça, e o que tem que fazer a portaria é definir os parâmetros de execução desse acesso ao Direito”, afirmou Rita Alarcão Júdice.

A governante, que falava na cerimónia de entrega pela autarquia do terreno para a construção do novo Palácio da Justiça de Vila Franca de Xira, comentou assim as declarações da bastonária da Ordem dos Advogados (OA), que considerou “ilegal” a portaria do Ministério da Justiça que prevê que os tribunais possam nomear os defensores oficiosos em caso de falhas nas escalas.

“O Governo e o Ministério da Justiça têm como princípio máximo a defesa do apoio judiciário. Nós não podemos ficar reféns, e nunca ficaríamos reféns” de “um protesto da Ordem dos Advogados”, salientou a ministra, acrescentando que o Governo quer “cuidar do cidadão que precisa”.

Segundo a governante, “a portaria que será publicada amanhã [quinta-feira] define um princípio que é subsidiário, ou seja, se tudo falhar, os tribunais nomearão o advogado, com o acordo do advogado, naturalmente”.

Para a ministra, a iniciativa “é uma maneira de dar resposta aos cidadãos que precisam” do acesso ao Direito, e que “serve para aqueles cidadãos que não têm condições de suportar os custos do advogado”, quando há “advogados que querem cumprir” essa missão, a “mais nobre que o advogado pode ter”, que “é defender quem precisa” e muitos “querem fazê-lo”.

Rita Júdice recusou que a portaria seja ilegal, uma vez que atualmente está previsto que a designação seja feita com base “numa lista e escalas que estão pré-definidas e inscritas junto da Ordem dos Advogados”.

“O que esta portaria vem dizer, vem clarificar uma lacuna, que é se tudo falhar, o advogado não atende, se a lista não funciona” ou “se o sistema informático está inoperacional”, aí “a predominância deve ser o apoio ao Direito”, advogou, reiterando que não se deve “deixar ninguém sem acesso ao Direito”, havendo “um advogado que seja que queira defender uma pessoa que precisa”.

Em declarações à agência Lusa, Fernanda de Almeida Pinheiro salientou que a portaria é “ilegal” ao “contrariar a Lei do Acesso ao Direito”, criticando a alteração agora proposta pela Secretária de Estado Adjunta e da Justiça, Maria Clara Figueiredo, e pela ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice.

“Estou verdadeiramente surpreendida que uma senhora advogada [Rita Alarcão Júdice] e uma senhora desembargadora [Maria Clara Figueiredo] tenham tido o atrevimento de propor tal alteração que é ilegal”, violando a lei do acesso ao direito, disse.

Fernanda de Almeida Pinheiro refutou o argumento do Ministério da Justiça de que existia uma lacuna na lei para avançar com a alteração à portaria, lembrando que houve da “parte do legislador o cuidado de entregar à OA a gestão da advocacia e da sua participação no sistema e naturalmente ao Governo o pagamento” desse serviço através do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça (IGFEJ) e à Segurança Social a verificação da incapacidade económica” do cidadão requerente do apoio judiciário.

Em relação à revisão da tabela de honorários das defesas oficiosas, a ministra avançou que se está “a rever a tabela”, tendo já se reunido “várias vezes com a senhora bastonária”, e que de acordo com o calendário de reuniões está prevista um encontro no “início de outubro”.

Questionada sobre os nomes para procuradora-geral da República e direção da Polícia Judiciária, referiu apenas que “teremos em breve novidades”.

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Marcelo dramatiza que “a única solução boa é o Orçamento ser viabilizado”

Presidente da república está “realisticamente otimista” quanto à aprovação do Orçamento e avisa que governar em duodécimos ou marcar eleições antecipadas “não são boas soluções”.

Marcelo Rebelo de Sousa disse esta quarta-feira que continua “realisticamente otimista” quanto à aprovação do Orçamento do Estado para 2025, sublinhando que a viabilização da proposta a apresentar pelo Governo é “a única solução boa”. “Portanto, trabalho nessa solução”, acrescentou.

Questionado pelos jornalistas, em Lisboa, sobre se irá dissolver a Assembleia da República e marcar eleições legislativas antecipadas, caso o documento não seja viabilizado com a abstenção do PS, o Presidente da República insistiu que “todas as outras soluções não são boas soluções”.

“Já disse que [a aprovação do OE] é a solução que está em cima da mesa. Há passos que vão ser dados e penso que vão ser bem dados. Vai haver o que é necessário para o OE ser votado” favoravelmente, confia o chefe de Estado, que falava à margem do Congresso da Ordem dos Psicólogos.

Luís Montenegro já afastou a possibilidade de governar em duodécimos caso o Orçamento seja chumbado. Este regime implicaria governar com os tetos de despesa do atual Orçamento, desenhado em 2023 ainda pelo governo socialista liderado por António Costa.

Concorda o chefe de Estado com o primeiro-ministro? “Tinha dito isso uns dias antes, mas disse-o dentro do pressuposto que o que se pretende é ter um novo Orçamento. Esse é o único cenário bom nesta situação do mundo e da Europa”, sustentou Marcelo Rebelo de Sousa.

Sobre a reunião de sexta-feira entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos, em que o governante disse esta tarde esperar uma “aproximação de posições” com o líder socialista, o Presidente da República diz “[manter] especial expectativa quanto a haver Orçamento”. “E continuo assim. Acredito que vai haver Orçamento”, completou.

E por que é que desta vez, ao contrário do que fez há um ano, não esclarece desde já se marca eleições no cenário de chumbo? “Porque neste caso encontro razões maiores do que noutras circunstâncias para haver OE. Nas outras circunstâncias também era fundamental haver OE, mas havia razões de peso em vários sentidos contra isso. Aqui não há. O mundo está mais complicado do que estava naquela altura e a situação económica internacional é pior do que era. Há neste momento condições europeias e mundiais que significam que o OE é mais importante do que era noutros momentos”, respondeu.

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Subsídio de refeição pago em cartão deverá ficar isento de IRS até 10,2 euros

Neste momento, o subsídio de refeição em cartão está livre de imposto até aos 9,6 euros, mas o limite poderá ficar mais generoso a partir do próximo ano: 10,2 euros, segundo as contas do ECO.

É uma das medidas propostas esta quarta-feira pelo Governo na concertação social: o subsídio de refeição pago em cartão deverá ficar isento de IRS até ao valor diário de 10,2 euros, o que corresponde a um aumento de 60 cêntimos, de acordo com as contas do ECO.

Atualmente, o subsídio de refeição está isento de imposto até seis euros, quando pago em dinheiro. Ou até 9,6 euros, sempre que pago em cartão. Ou seja, o teto aplicado nos pagamentos em vales de refeição está 60% acima daquele previsto para os pagamentos em dinheiro.

Mas o Governo propôs aos parceiros sociais que essa diferença seja de 70%, o que significaria que, a manter-se o limite de seis euros para os pagamentos em dinheiro, o teto de isenção para os pagamentos em cartão passaria para 10,2 euros a partir do próximo ano.

Esta é uma das medidas da proposta de acordo tripartida para a valorização dos salários e crescimento económico que o Governo apresentou esta tarde aos parceiros sociais, que inclui, nomeadamente, o aumento do salário mínimo em 50 euros para 870 euros em 2025.

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Mercado de arrefecimento sustentável deve disparar nos países em desenvolvimento

As soluções de arrefecimento sustentáveis podem beneficiar os países em desenvolvimento em torno de 8 biliões de dólares. Nestes países, este mercado deverá valer 600 mil milhões anuais em 2050.

Nas economias em desenvolvimento, a expectativa é que o mercado de soluções de arrefecimento sustentáveis cresça dos cerca de 300 mil milhões de dólares atuais para pelo menos 600 mil milhões de dólares anuais até 2050 (538,8 mil milhões de euros), segundo um relatório divulgado esta quarta-feira pela Cool Coalition. Isto traduz-se, ao longo do tempo, num ganho potencial para os países em desenvolvimento em torno de 8 biliões de dólares.

A Cool Coalition é uma rede liderada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e pela International Finance Corporation (IFC). O relatório conclui que as tecnologias de arrefecimento sustentáveis, só nas economias em desenvolvimento, podem reduzir as emissões relacionadas com o arrefecimento quase para metade até 2050.

Estas soluções passam em larga medida por melhorar a eficiência energética, tanto dos edifícios como dos equipamentos. Reforçar o isolamento, usar materiais que reflitam o calor e aumentar as áreas verdes são algumas das hipóteses. Mas também se deverão aplicar padrões mínimos de desempenho energético e novos códigos de energia para o setor da construção civil.

“À medida que o planeta aquece, aumentar rapidamente o acesso a soluções de arrefecimento sustentáveis tornou-se uma prioridade global para o desenvolvimento”, lê-se no relatório. O crescimento mais acelerado deve ocorrer em África, onde se estima que o mercado multiplicará por sete, e no sul da Ásia, onde quadruplicará de tamanho. “Essas nações são especialmente vulneráveis aos efeitos mortais do aumento das temperaturas e precisam urgentemente de soluções de resfriamento”, alerta Makhtar Diop, diretor e presidente da IFC.

No entanto, a resposta a esta necessidade implicará “investimentos iniciais significativos“, reconhecem os autores do estudo, no comunicado enviado à imprensa. A eliminação das lacunas atuais no acesso ao arrefecimento, tanto para famílias como para pequenas e médias empresas, exigirá investimentos entre 400 mil milhões de dólares e 800 mil milhões.

“Destravar o financiamento, especialmente do setor privado, é algo essencial”, lê-se ainda no relatório. No sentido de facilitar o investimento nesta frente, o documento recomenda aumentar o financiamento inicial e de alto risco para tecnologias piloto; alavancar financiamento misto e criar uma Parceria de Financiamento de Arrefecimento Sustentável.

 

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Direita une-se para criticar iniciativas de PS, Livre e PAN para tributar as grandes fortunas

  • Lusa
  • 25 Setembro 2024

Projetos de resolução apresentados pelo PS, Livre e PAN recomendavam ao Executivo acompanhar iniciativas internacionais quanto à tributação de grandes fortunas.

PSD, CDS-PP, Chega e IL criticaram esta quarta-feira os projetos de resolução apresentados pelo PS, Livre PAN que recomendavam ao Executivo acompanhar iniciativas internacionais quanto à tributação de grandes fortunas.

Num debate em plenário da Assembleia da República, promovido pelo Livre, coube ao deputado do partido Jorge Pinto abrir a discussão, alertando para o risco, através de um relatório da Oxfam, de se estar a “criar um movimento em direção a uma oligarquia global, onde os ultra ricos moldam as leis e as decisões de política global” e instou o executivo a juntar-se aos “esforços a nível global” de tributar estes rendimentos.

Também o PS se juntou aos apelos, com o socialista Miguel Costa Matos a defender que não “é legítimo e justo” que, por exemplo, “as multinacionais americanas registem mais lucros na Irlanda do que nos outros 26 Estados membros, todos somado” e pediu igualmente uma iniciativa do Governo para que Portugal se junte aos esforços internacionais para tributar as grandes fortunas individuais.

Inês de Sousa Real, do PAN, pediu que se tomassem medidas para evitar que se construam fortunas em Portugal “com fugas ao fisco” e pediu igualmente que o país “se posicionasse favoravelmente no que diz respeito à taxação de grandes fortunas”, para “uma sociedade menos desigual”.

À direita, o CDS-PP inaugurou as críticas às iniciativas dos três partidos, com Paulo Núncio a atirar que a “esquerda é viciada na criação de novos impostos” e realçando que, em Portugal, quem está sujeito à tributação do último escalão de IRS já paga uma taxa máxima nominal de 53%.

“Não estará na altura de a esquerda perceber que impostos altos geram pobreza, afastam o investimento e mantêm o país estagnado? Não estará na altura de a esquerda perceber que num mundo em que impera a competitividade fiscal, impostos sobre os ricos são um autêntico tiro no pé que apenas beneficia os países que não os aplicam?”, questionou.

Não estará na altura de a esquerda perceber que num mundo em que impera a competitividade fiscal, impostos sobre os ricos são um autêntico tiro no pé que apenas beneficia os países que não os aplicam?

Paulo Núncio

Deputado do CDS-PP

Pelo PSD, o deputado Hugo Carneiro acusou o Livre de não pensar nesta iniciativa de uma perspetiva global, afirmando que para avançar com este tipo de medidas é preciso cooperação com o resto do mundo – um argumento que foi negado, posteriormente, por Jorge Pinto que lembrou que o projeto de resolução do Livre pede que se “apoiem a iniciativas a nível global”.

Carneiro criticou ainda o PS afirmando que viu “muito desnorte” na intervenção de Miguel Costa Matos e lembrou que o Governo adotou recentemente a diretiva internacional que propunha a tributação de multinacionais de 15%.

Do Chega, Pedro Pinto criticou também o PS afirmando que os socialistas “enchem a boca” sobre a tributação dos mais ricos enquanto “são os mais ricos” que, disse, financiam o PS. E Rui Afonso disse que o projeto de resolução dos socialistas “não é mais do que uma fraca tentativa de agradar à extrema-esquerda”.

Se se recebesse um euro por cada vez que a esquerda propõe uma taxa ou um imposto, este país teria muito dinheiro para muito anos.

Mário Amorim Lopes

Deputado da IL

Mário Amorim Lopes, da Iniciativa Liberal, criticou a esquerda, afirmando que se se recebesse “um euro por cada vez que a esquerda propõe uma taxa ou um imposto, este país teria muito dinheiro para muito anos” e defendeu que o capitalismo e o crescimento económico impulsionaram a descida da pobreza a nível mundial.

Ao longo do debate, os partidos à esquerda foram recordando a intenção do G20, atualmente presidido pelo Brasil, de implementar uma taxa global sobre as grandes fortunas e o PS recordou que esta medida já recebeu abertura do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.

O ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou em julho que Portugal está aberto à ideia da presidência brasileira no G20 de criar um imposto global para super-ricos, mas frisou que falta definir contornos para a sua operacionalização.

Pelo BE, Joana Mortágua, defendeu, para lá da tributação de grandes fortunas a título individual, a cobrança de impostos às empresas nacionais.

Paula Santos, do PCP, sublinhou que este era um “debate importante” e que a “retórica da redução de impostos, amplamente difundida pela direita, tem como objetivo aprofundar ainda mais as injustiças fiscais (..) e conter o aumento dos salários”.

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Joe Biden admite “guerra total” e “ponto de viragem na história” com escalar do conflito no Médio Oriente

  • Lusa
  • 25 Setembro 2024

Presidente dos Estados Unidos afirma que a situação atual no Médio Oriente é um "ponto de viragem na história" e que o que acontecer "a curto prazo" irá definir o curso do mundo nas próximas décadas.

O Presidente norte-americano admitiu esta quarta-feira a possibilidade de “uma guerra total”, à medida que os combates entre Israel e o Hezbollah se intensificam, mas esperando ser ainda possível encontrar uma saída para evitar mais derramamento de sangue.

Os comentários de Joe Biden foram feitos numa entrevista no programa “The View”, da cadeia de televisão ABC, e surgem após dias de confrontos entre Israel e os combatentes do Hezbollah, apoiados pelo Irão, no Líbano, que mataram centenas de pessoas e reacenderam os receios de uma guerra mais vasta no Médio Oriente.

No entanto, o líder norte-americano considera que ainda existe “a possibilidade de um acordo que possa mudar fundamentalmente toda a região”. “Há uma possibilidade, não quero exagerar, mas há uma possibilidade de que, se conseguirmos um cessar-fogo no Líbano, isso nos permita abordar a Cisjordânia”, explicou.

“Também temos de lidar com Gaza, mas tudo isto é possível e estou a dedicar toda a minha energia com a minha equipa (…) para alcançar este objetivo”, assegurou Biden.

O Presidente dos Estados Unidos afirmou que a situação atual é um “ponto de viragem na história” e que o que acontecer “a curto prazo” irá definir o curso do mundo nas próximas décadas.

Na terça-feira, no seu último discurso na Assembleia Geral da ONU, Biden advertiu contra uma “guerra em grande escala” no Médio Oriente, dada a crescente tensão entre Israel e o grupo xiita Hezbollah, e defendeu que se dê uma oportunidade à diplomacia.

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Volkswagen recusa aumentos salariais de 7%. Sindicato ameaça com greves na Alemanha

  • Lusa
  • 25 Setembro 2024

"Devemos reduzir os nossos custos laborais na Alemanha. Só poderemos manter a nossa posição de liderança e garantir empregos a longo prazo se trabalharmos de forma mais económica", diz a construtora.

O sindicato alemão IG Metall ameaçou esta quarta-feira com a convocatória de greves na Volkswagen e com uma “reação histórica”, enquanto a empresa rejeitou as suas exigências no início de negociações consideradas cruciais.

O grupo automóvel alemão começou negociações com os trabalhadores, depois de ter anunciado no início do mês um programa para poupar custos, sem afastar o possível encerramento de fábricas na Alemanha e despedimentos.

Nesta primeira reunião de três horas, o sindicato exigiu um aumento salarial de 7%, entre outras reivindicações, o que foi recusado, segundo um comunicado da empresa citado pela agência EFE.

“Devemos reduzir os nossos custos laborais na Alemanha. Só poderemos manter a nossa posição de liderança e garantir empregos a longo prazo se trabalharmos de forma mais económica”, disse o chefe da equipa de negociadores da Volkswagen, Arne Meiswinkel, que antes da reunião tinha considerado a situação da empresa como “muito grave”.

Antes do início da reunião, o sindicato ameaçou com greves, a partir de dezembro, se não forem atendidas as suas propostas.

Mais de 3.000 trabalhadores, provenientes de diferentes locais do país, segundo o sindicato IG Metall, concentraram-se em frente ao centro de conferências onde a administração da Volkswagen e os representantes dos trabalhadores iniciaram as conversações.

As negociações que decorrem em Hanover, onde se situa a sede da Volkswagen, devem durar várias semanas.

O líder da Volkswagen, Oliver Blume, à frente do grupo desde 2023, insiste que os custos de produção na Alemanha são demasiado elevados, quando as vendas estão a cair e os fabricantes chineses aumentam a concorrência nos veículos elétricos.

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Francesa CCR Re passará a Arundo Re

  • ECO Seguros
  • 25 Setembro 2024

A entrada no capital de novos acionistas, entre eles a proprietária das seguradoras portuguesas Victoria, aumenta a autonomia da resseguradora em relação ao agora sócio minoritário CCR.

A resseguradora francesa CCR Re anunciou que vai mudar de nome para Arundo Re a partir de 16 de janeiro de 2025, avançou o jornal Reinsurance News. A alteração oficial surge 18 meses após um consórcio que junta SMABTP e MACSF ter adquirido a maioria das ações da empresa.

Criada para assumir os contratos de resseguro do ressegurador do setor público Caisse Centrale de Réassurance (CCR), a CCR Re foi fundada em 2016 e iniciou operações a 1 de janeiro de 2017.

A empresa expandiu-se ao longo dos anos e, no início do ano passado foi revelado que entrou em negociações exclusivas com a SAMBTP, que em Portugal detém as seguradoras Victoria, e a MACSF para transferir o controlo da CCR Re.

A transição foi concluída em julho de 2023 e os dois acionistas maioritários subscreverem simultaneamente o aumento de capital, resultando numa participação de 75% do capital na CCR Re, com a CCR a deter uma quota de 25%. A transação avaliou a CCR Re em cerca de mil milhões de euros, segundo o jornal Insurer. E , fazia parte do acordo aumentar o seu capital em 200 milhões de euros para estimular o crescimento.

A empresa produziu um rácio combinado de 96,6% em 2023, apesar das elevadas perdas provocadas por catástrofes naturais e alcançou mais de um mil milhões de euros em vendas de prémios de seguro.

No primeiro semestre do ano registou um volume de negócios de 970 milhões de euros, mais 8% que no período homologo, e um índice combinado de 88,8% melhoria de 6%. Segundo a resseguradora, a melhoria foi impulsionada pela falta de grandes desastres naturais em comparação com o ano anterior.

A empresa sublinhou que os esforços iniciados no princípio do ano e que continuaram ao longo do verão permitiram “completar praticamente” a sua autonomia em relação ao agora sócio minoritário CCR.

Sob a direção do CEO Bertrand Labilloy e do CEO adjunto Laurent Montador, a CCRRe tem procurado consistentemente aumentar a sua quota de negócios internacionais para diversificar as suas principais exposições francesas.

Tanto a S&P como a AM Best confirmam a avaliação da resseguradora em “A” numa perspetiva estável.

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Receita de IRC deverá bater recorde e chegar a 10 mil milhões de euros em 2024

Os cofres do Estado deverão arrecadar mais 1.315 milhões face ao ano anterior, o que corresponde a uma subida de 15,14%, apontam as estimativas da Deloitte.

A receita arrecada pelo Estado com o Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas (IRC) poderá bater um novo máximo histórico e atingir os 10 mil milhões de euros, segundo as estimativas de fiscalistas da consultora Deloitte, num briefing realizado esta quarta-feira para a preparação do Orçamento do Estado para 2025. São mais 1.315 milhões de euros de imposto que deverão entrar nos cofres públicos face ao ano anterior, o que corresponde a uma subida de 15,14% da receita.

Este encaixe que deverá ser alcançado pelo Fisco deve-se a um “aumento da atividade económica, a uma subida dos lucros das empresas e ao aumento do número de empresas, porque o quadro fiscal não se alterou”, explica o fiscalista da Deloitte, Renato Correia.

O IRC rendeu, até julho, cerca de sete mil milhões de euros, contribuindo para o aumento da receita fiscal, de acordo com dados da Direção-Geral do Orçamento (DGO). A receita com este imposto cresceu 36% em julho face ao período homólogo, quando se cifrou em 5.112,3 milhões de euros. Assim, se no primeiro semestre o Estado só tinha executado 39% da receita fiscal prevista para este ano, a situação mudou e esta percentagem não só subiu em julho para 55,6%, como 85% da receita de IRC estimada no Orçamento do Estado para 2024 já foi arrecadada.

É esta a perspetiva que dá força às estimativas de Renato Correia, da Deloitte. Assim, face à receita arrecada, no ano anterior, de 8.685 milhões de euros, e tendo em conta a execução até julho deste ano, que aponta para um encaixe de 6.954 milhões, o fiscalista estima uma receita total, para este ano, de cerca de 10 mil milhões de euros. Isto significa mais 1.315 milhões de euros de imposto que deverão entrar nos cofres, o que corresponde a um aumento de 15,14% da receita.

Fonte: Deloitte

As projeções da Deloitte servem de base para o Orçamento do Estado de 2025. Recorde-se que o Governo quer baixar a taxa do imposto de 21% para 15% à razão de dois pontos percentuais ao ano até ao final da legislatura. O Executivo propõe ainda descer a taxa reduzida do IRS sobre os primeiros 50 mil euros de matéria coletável das pequenas e médias empresas (PME) de 17% para 12,5%, também de forma faseada.

Face à imediata oposição do PS, o Governo decidiu retirar a matéria do âmbito da discussão do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) e enviou para o Parlamento propostas de autorização legislativa. O objetivo seria viabilizar a descida do IRC com o apoio do Chega e da IL à margem do OE, através de diplomas autónomos. Os projetos já deram entrada nos serviços da Assembleia da República ainda antes das férias do verão, mas ainda não foram agendados para debate, deixando assim margem de manobra para um possível entendimento entre Governo e socialistas.

Montenegro e Pedro Nuno tentam aproximar posições

O nervosismo dos últimos dias e os avisos do Presidente da República sobre a necessidade imperiosa de Portugal ter um OE aprovado, sob pena de o país mergulhar numa crise política e económica, têm pressionado Governo e PS a sentar-se à mesa e a dialogar.

E uma das linhas vermelhas para os socialistas viabilizarem o OE, abstendo-se na votação, é a descida transversal do IRS da qual discordam, ainda que estejam disponíveis para rever a estratégia apresentada pelo Executivo. Esta é uma das matérias que estará no centro das negociações entre o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e líder do maior partido da oposição.

Montenegro e Pedro Nuno Santos reúnem-se esta sexta-feira, na Residência Oficial do primeiro-ministro, às 15h, para discutir pontos de convergência e cedências que terão de ser feitas de parte a parte para que o OE passe com a abstenção do PS. Esta tarde, o chefe do Executivo disse esperar uma “aproximação de posições” com o líder socialista durante esse encontro em Lisboa.

Não há a garantia que haja um aumento da atividade económica que compense a perda de receita provocada pela descida do IRC.

Renato Correia, fiscalista da Deloitte

A confirmar a estimativa da Deloitte, a receita de IRC vai atingir um máximo de 10 mil milhões de euros, o que não dá alento às expectativas do Governo, uma vez que esta evolução não advém de uma redução do imposto, mas do crescimento da atividade económica.

O fiscalista da Deloitte lança então a pergunta: “Este acréscimo de receita vai perder-se se reduzirmos dois pontos percentuais da taxa de IRC?” Renato Correia indica que “a teoria económica é relativamente consensual em relação a que, para taxas efetivas acima de 30%, uma descida da taxa tem reflexos positivos no aumento da atividade económica”. Porém, avisa, “a teoria económica já não é tão assertiva quando estamos em patamares mais baixos e Portugal está com uma taxa efetiva média em torno dos 23% a 24%”. Por isso, “não há a garantia que haja um aumento da atividade económica que compense a perda de receita provocada pela descida do IRC”, conclui o fiscalista.

Num artigo de opinião publicado no início de setembro no ECO, António Mendonça Mendes, antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do Governo socialista de António Costa e membro do atual núcleo duro do PS para as negociações sobre o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) aproveitou mesmo para criticar aqueles que “durante oito anos confundiram aumento da atividade económica com aumento da carga fiscal”.

“Estamos perante a maior arrecadação de sempre de receita fiscal em IRC: mais 40% no final de 2023 face ao registado em 2019 (ano anterior à pandemia) e mais 1,8 mil milhões de euros e 36% na arrecadação dos primeiros sete meses de 2024, face a igual período de 2023. Que boa notícia para todos. E como é verão, a cigarra aproveita…”, refere o agora vice-presidente da bancada socialista e membro da cúpula do partido.

“A receita de IRC reflete uma situação de enorme sucesso da nossa economia, mas na vida o sucesso e a responsabilidade devem andar de mãos dadas. A receita de IRC é cíclica e, adicionalmente, beneficia neste momento dos resultados extraordinários do sistema bancário”, escreveu o deputado.

E é em nome dessa responsabilidade que Mendonça Mendes considera que “reduzir o IRC para as empresas que não mantêm os lucros em Portugal, nem investem no futuro, não serve nenhum propósito de crescimento económico”. “Qualquer mudança do ciclo económico leva o país para os défices”, alerta. É, por isso, que os socialistas têm insistido em descidas seletivas do imposto para empresas que invistam e aumentem salários. Na prática, é aprofundar dois regimes que já existem como o SIFIDE (Sistema de Incentivos Fiscais à I&D Empresarial) e o RFAI (Regime Fiscal de Apoio ao Investimento).

Dados da Autoridade Tributária, citados pelo fiscalista, e referentes ao período de tributação de 2022 revelam que 95% das declarações entregues pelas empresas asseguram 35% do imposto liquidado, enquanto 5% das declarações entregues asseguram o 65% do imposto liquidado. As estatísticas do Fisco mostram ainda que, em 2022, 38,7% das empresas não pagaram qualquer IRC.

Receita fiscal do setor automóvel representa 26% dos impostos indiretos

O setor automóvel rende aos cofres do Estado em média 8.500 milhões de euros em receita fiscal, representando 26% dos impostos indiretos, de acordo com estimativas da Deloitte apresentadas pelo fiscalista Afonso Arnaldo.

Segundo a consultora, as despesas dos contribuintes associadas a automóveis representam 14% dos impostos no total da receita fiscal em Portugal. A influenciar estes números estão cerca de 2.000 milhões de euros de receita fiscal associada à compra de veículos, 4.900 milhões de euros aos consumos de combustíveis, cerca de 240 milhões de euros às portagens e 1.400 milhões de euros associadas à manutenção e reparação.

Afonso Arnaldo destaca que, a eletrificação das frotas, significa o desaparecimento de receita fiscal por estas vias. No entanto, podem ser obtidas, no futuro, outras formas de arrecadação de imposto, designadamente, através do agravamento das tributações autónomas sobre veículos elétricos e híbridos, indica.

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Afonso Themudo Barata vai ser o novo CEO da seguradora Mudum

O até agora deputy CEO vai ocupar o cargo de François Baudienville que, após seis anos em Portugal, regressa a França para novo cargo no grupo Crédit Agricole.

O atuário e atual deputy CEO Afonso Themudo Barata vai ser indicado para novo CEO da Mudum, a companhia de seguros do Crédit Agricole Assurances em Portugal, soube ECOseguros de fontes do mercado. Sucede a François Baudienville que, desde 2018, quando o Crédit Agricole passou a deter participação na então GNB Seguros, desenvolveu a renovação da seguradora.

Afonso Themudo Barata, está na mesma companhia há quase 30 anos. Primeiro designava-se BES, depois GNB e finalmente Mudum.

Afonso Barata, cujo designação ainda precisa de ser autorizada pela ASF, tem atualmente os pelouros Marketing, Comercial e Tecnologia da Mudum, enquanto Paulo Nogueira, também deputy CEO de Baudienville, tem os pelouros financeiros, legal e de risco.

Com uma carreira académica de matemática e atuariado, Afonso Barata tem cerca de 29 anos de carreira na mesma companhia, embora esta tenha adotado designações e tido proprietários diferentes. Esteve 12 anos na BES Seguros e 10 anos nas seguradoras GNB. Após a aquisição, em 2019, pelo Crédit Agricole Assurances de 50% capital da então GNB Seguros, companhia do Novobanco, Afonso Barata acompanhou a a compra dos restantes 50% e mudança de designação para a atual Mudum.

Em entrevista recente a ECOseguros, François Baudienville explicou que o “objetivo do grupo Crédit Agricole Assurances é crescer para além do parceiro Novobanco e temos imensas oportunidades”, acrescentado que “uma das grandes conquistas da companhia durante os últimos anos foi capacitar a Mudum, que estava desenhada para trabalhar com um parceiro único no modelo de banca seguros, para ir além de uma parceria única”.

Até agora a Mudum trabalha exclusivamente com o Novobanco, sendo parceira em bancassurance para os ramos Não Vida, enquanto a GamaLife é exclusiva do banco para o ramo Vida.

Trabalhando exclusivamente nos ramos Não Vida, a Mudum, tem uma quota de mercado em Portugal de 1,2% e é a 13ª maior seguradora no segmento, tendo emitido prémios de cerca de 80 milhões de euros em 2023.

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