Marcelo responde ao Governo e garante que dará luz verde ao subsídio da PSP e GNR assim que chegar a Belém

O Presidente assegura que vai promulgar o diploma logo que o Executivo o envie a Belém. A reação surge depois de Leitão Amaro ter dito que o suplemento será pago quando o Chefe de Estado o aprovar.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, emitiu uma nota, esta quinta-feira, para garantir que irá promulgar o suplemento de risco da PSP, GNR e guardas prisionais assim que o Governo enviar o diploma a Belém. A resposta ao Governo surge cerca de uma hora depois de o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, ter afirmado, durante o briefing do Conselho de Ministros, que o subsídio será pago logo que o Chefe de Estado dê luz verde ao decreto-lei.

 

“Não entrou até hoje nenhum diploma do Governo relativo a subsídio a atribuir às Forças de Segurança. Logo que dê entrada na Presidência da República, o diploma será promulgado de acordo com as declarações já prestadas pelo Presidente da República“, de acordo com o comunicado publicado no site de Belém.

O Governo aprovou esta quinta-feira, em Conselho de Ministros, o aumento do suplemento de risco para os agentes da PSP e os guardas da GNR de 100 para 400 euros brutos mensais, até 2026. Este ano, o subsídio sobe 200 euros para 300 euros e será pago com efeitos retroativos a 1 de julho.

Depois da subida de 200 euros deste ano, com efeitos a julho, a 1 de janeiro de 2025, esta componente do recibo de vencimento irá saltar 50 euros, atingindo os 350 euros e, no ano seguinte, sobe mais 50 euros, perfazendo os 400 euros.

Quanto à data de pagamento da subida do suplemento de 200 euros, atribuído este ano, com efeitos a julho, o governante não se comprometeu com datas, ainda que a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, tenha adiantado que será pago entre os salários de agosto e setembro. Leitão Amaro apenas respondeu apenas: “Exista a promulgação por parte do Presidente da República e estamos preparados para, em pouco tempo, fazer esse processamento”.

Em reação, Marcelo decidiu emitir então uma nota para afirmar que ainda não recebeu diploma algum, assegurando que o promulgará assim que que chegar a Belém. De salientar que o decreto-lei foi aprovado esta quinta-feira, em Conselho de Ministros, e que a resposta do Presidente surge cerca de uma hora depois do briefing.

(Notícia atualizada às 17h39)

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Leitão Amaro elogia “estratégia” do Governo Regional da Madeira no combate aos fogos

Leitão Amaro sai em defesa do Governo da Madeira, alvo de críticas no combate aos fogos, ao destacar ausência de vítimas, a não destruição de habitações ou "infraestruturas críticas".

Numa primeira reação aos incêndios que deflagram há vários dias na Madeira, o ministro da Presidência elogiou a “estratégia” do Governo Regional no combate a esta “tragédia” que tem conseguido evitar a “perda de vidas humanas, de habitações e a afetação de infraestruturas críticas”. António Leitão Amaro sai, assim, em defesa da atuação do Governo de Miguel Albuquerque que tem sido alvo de críticas.

Durante o briefing após a reunião do Conselho de Ministros desta quinta-feira, Leitão Amaro garantiu que o Executivo tem estado em contacto permanente com o Governo Regional da Madeira, “que tem a responsabilidade da coordenação operacional”. Aliás, assinalou, que a “estratégia leva designadamente a estes resultados, neste momento, de ausência de vítimas humanas, de ausência de destruição de habitações e de infraestruturas críticas“. O que, destacou, “é um dado positivo a registar dentro de uma tragédia natural que lamentamos”.

O Governo lamentou, assim, a ocorrência dos fogos que estão a deflagrar no território e manifestou-se preocupado com “a perda de capital natural”.

O ministro da Presidência realçou ainda o apoio de Portugal Continental com operacionais enviados para o arquipélago. “O Governo da República tem acompanhado e prestado apoio: estão neste momento 150 operacionais que vieram do território de Portugal Continental para o território de Portugal na Região Autónoma da Madeira que são: dois especialistas em incêndios, bombeiros, operacionais da Guarda Nacional Republicana e sapadores do ICNF [Instituto de Conservação da Natureza]; e que estão a prestar um apoio que nós consideramos importante”.

Leitão Amaro referiu que o “Governo também tem acompanhado a mobilização dos esforços europeus, que é importante para combater e tentar terminar, de forma mais rápida possível, este drama natural e que está, infelizmente, a assolar o território da ilha da Madeira”. Referia-se aqui aos dois aviões Canadair de combate a incêndios pedidos pelo Governo português à União Europeia (UE), no âmbito da ativação do Mecanismo Europeu de Proteção Civil, que já chegaram esta quinta-feira à Madeira.

O ministro da Presidência considerou que este “é um incêndio intenso, extenso. Por isso, deve preocupar todo o país, todas as autoridades: do Governo Regional [da Madeira] ao Governo nacional até à solidariedade europeia e, obviamente, preocupa todos os portugueses pela sua extensão e a sua intensidade”.

O fogo na Madeira deflagrou a 14 de agosto, nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente para os concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e, através do Pico Ruivo, Santana.

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Sindicato da Menzies Aviation vai vigiar plano para conter efeitos da greve

O Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes de Portugal refuta a acusação da administração da antiga Groundforce de que aprovou a paralisação sem tentar o diálogo.

O Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes de Portugal (Sttamp) rejeita que não tenha tentado negociar com a administração da Menzies Aviation Portugal antes de avançar para a marcação de uma greve nos dias 31 de agosto e 1 de setembro ou que pretende rever o acordo de empresa. Afirma ainda que estará vigilante em relação ao plano de contingência que a antiga Groundforce vai pôr em prática.

Afirma o Dr. Rui Gomes [vice-presidente da Mezies Aviation Portugal] que o sindicato não quer dialogar e que partiu para a greve. Uma vez mais importa esclarecer e refutar tais afirmações“, afirma o Sttamp numa nota de imprensa enviada ao ECO. “Ao longos destes dois meses, decorridos desde que se levantou a questão das tabelas salariais que, por incontáveis vezes, demonstramos noutros tantos fóruns, o nosso profundo incómodo com a situação e após muito diálogo, pelos mais diversos meios, tentamos propor e encontrar soluções que pudessem corrigir uma tremenda injustiça”, sublinha.

O sindicato, um dos vários que representam os trabalhadores da empresa, afirma que o diálogo foi estabelecido primeiro com a direção de recursos humanos, sem sucesso, tendo avançado com uma assembleia para sufragar junto dos associados a paralisação. Relata ainda que existiu uma primeira reunião com o CEO, Rui Gomes, a 13 de agosto, no Porto, onde “não foi possível alcançar qualquer entendimento”. O pré-aviso de greve foi emitido no dia seguinte.

O mesmo resultado teve uma segunda reunião, realizada remotamente no dia 16. Segundo a direção do Sttamp, “a Menzies não apresentou qualquer plano, conforme foi pedido, (…) nem tão pouco abertura para acolher as propostas apresentadas”, referindo que as pretensões do sindicato tinham um custo “de pouco mais de um milhão de euros”.

O vice-presidente da Menzies Aviation Portugal criticou na quarta-feira a posição do Sttamp em declarações enviadas às redações. “Estamos profundamente desiludidos com a decisão de alguns dos nossos sindicatos em avançar imediatamente para a greve sem que, primeiro, procurassem dialogar connosco para encontrar uma solução conjunta e resolver esta questão”, afirmou Rui Gomes.

“Há cerca de três meses, quando a Menzies Aviation adquiriu a Groundforce Portugal, acordámos um plano de recuperação para a empresa, com a aceitação de 98% dos nossos credores e da maioria dos trabalhadores. No âmbito deste compromisso, todos os sindicatos assinaram o novo Acordo de Empresa, que inclui condições salariais superiores à remuneração mínima garantida nacional. Infelizmente, alguns sindicatos, que representam apenas parte da nossa força de trabalho em Portugal, pretendem agora renegociar os termos acordados há menos de três meses”, acrescentava ainda o responsável.

O sindicato rejeita “qualquer pretensão com vista a renegociar o Acordo de Empresa”. “A condição determinante para o Sttamp é que sejam revistas as tabelas salariais em vigor, de acordo com os princípios que orientaram o processo negocial de 2023, que não previa nas tabelas salariais, vencimentos base inferiores ao Salário Mínimo Nacional”, justifica.

O Sttamp afirma ainda que estará vigilante em relação ao plano de contingência que a Menzies Aviation Portugal pretende implementar nos dias de greve. “Não há, nem pode haver nenhum plano de contingência que obste o direito à greve. Estaremos muito atentos a tais planos de contingência ou quaisquer outros que não sejam os estritamente determinados pelos serviços mínimos que virem a ser definidos pelo Tribunal Arbitral”.

O Sttamp emitiu a 14 de agosto um pré-aviso de greve, que abrange todos os aeroportos nacionais, “das 00:00 horas do dia 31 de agosto de 2024, às 24:00 horas do dia 01 de setembro de 2024”. Já esta segunda-feira veio alertar para “fortes constrangimentos nos aeroportos nacionais, nomeadamente Porto e Lisboa, cujos efeitos são nesta altura totalmente imprevisíveis”, segundo uma nota noticiada pela Lusa.

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Sindicato dos Jornalistas denuncia “clima de pressões e restrições” na cobertura do incêndio na Madeira

  • Lusa
  • 22 Agosto 2024

A delegação da Madeira do Sindicato dos Jornalistas diz entender que sejam criados perímetros de segurança, mas não aceita que o acesso à informação possa ser posto em causa.

A delegação da Madeira do Sindicato dos Jornalistas denunciou esta quinta-feira o que classifica como “clima de pressões e restrições” na atividade dos profissionais envolvidos na cobertura do incêndio que lavra na ilha há nove dias.

“As pressões atingem também os responsáveis pelos órgãos de comunicação social, que são pressionados a desmentir notícias que depois se confirmam serem verdadeiras”, refere o sindicato, num comunicado assinado pelo presidente da delegação regional, Filipe Alexandre Gonçalves.

Entre outras situações, o Sindicato dos Jornalistas destaca a informação divulgada na quarta-feira pelo DN/Madeira sobre a ativação do Mecanismo Europeu de Proteção Civil para envio de dois aviões Canadair de combate a incêndios.

“Após a publicação da notícia, fontes do Governo Regional apressaram-se a desmentir a informação numa tentativa de ‘assassinato profissional’, como refere o diretor [do DN/Madeira], Ricardo Miguel Oliveira. Duas horas depois, é o próprio Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional, a confirmar a vinda dos dois meios aéreos para a Madeira”, refere o sindicato.

Questionada pela Lusa, fonte da Secretaria da Saúde e Proteção Civil disse que o executivo não desmentiu a notícia referente aos aviões Canadair, tendo apenas indicado que aquela informação “carecia de confirmação”, uma vez que o processo de decisão ainda estava em curso.

Outra das situações reportadas à delegação regional aconteceu, segundo o sindicato, no sábado, com a “restrição de jornalistas, operadores de imagem e fotojornalistas no acesso à freguesia do Curral das Freiras”.

De acordo com estrutura representativa, “houve indicações claras por parte da PSP para não permitir o acesso da comunicação social ao local, sendo que esta dificuldade só foi superada após vários contactos para que pudessem permitir a passagem dos jornalistas“.

“O que este sindicato não entende é a dualidade de critérios na permissão de passagem na estrada encerrada pelos agentes da PSP. Permitiram um deputado do JPP circular, em ação de campanha, e impediram os jornalistas de passar para exercer a sua atividade: informar”, alerta.

A delegação da Madeira do Sindicato dos Jornalistas diz entender que sejam criados perímetros de segurança, mas não aceita que o acesso à informação possa ser posto em causa.

“Também não vamos admitir que os jornalistas sejam alvo de pressões ou ataques à liberdade de informar. Iremos estar muito atentos e não deixaremos que tais situações voltem a repetir-se“, sublinha a nota assinada por Filipe Alexandre Gonçalves.

Sobre a atuação da PSP, a fonte do Governo Regional remeteu para a força de segurança.

O incêndio na ilha da Madeira deflagrou no dia 14 de agosto, nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e, através do Pico Ruivo, Santana. As autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores já regressaram, à exceção dos da Fajã das Galinhas, em Câmara de Lobos.

O combate às chamas tem sido dificultado pelo vento e pelas temperaturas elevadas, mas não há registo de destruição de casas ou de infraestruturas essenciais. Alguns bombeiros receberam assistência por exaustão ou ferimentos ligeiros, não havendo mais feridos.

Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 4.930 hectares de área ardida. A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio, mas o presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, disse tratar-se de fogo posto.

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Executivo aprova compra de 320 veículos de emergência médica

  • Lusa
  • 22 Agosto 2024

Segundo o ministro António Leitão Amaro, 120 desses veículos serão para os bombeiros e os restantes para o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).

O Governo aprovou uma despesa de 19 milhões de euros para aquisição de 320 veículos de emergência médica, anunciou esta quinta-feira o ministro da Presidência no final da reunião Conselho de Ministros.

Segundo o ministro António Leitão Amaro, 120 desses veículos serão para os bombeiros e os restantes para o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).

“Muito importante esta valorização tornada realidade dos meios de trabalho de emergência médica em Portugal. É verdade que houve promessas, deliberações até que ficaram no papel no passado, mas nunca foram concretizados. Agora, com esta resolução do Conselho de Ministros que faz uma reprogramação de despesa, que representa cerca de 19 milhões de euros, viabilizamos a aquisição destes 320 veículos de emergência médica”, disse o ministro da Presidência.

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Advogados aplaudem protesto da Ordem, mas alguns estão reticentes com a “forma”

Os advogados consideram que a ação de protesto da Ordem dos Advogados é justa e que é necessário atualizar os honorários dos oficiosos. Alguns criticam a forma como este protesto está a ser levado.

Os advogados consideram que a ação de protesto da Ordem dos Advogados (OA), que apela à não inscrição de advogados nas escalas do Sistema de Acesso ao Direito e Tribunais (SADT), é justa e que é necessário atualizar os honorários dos oficiosos. Ainda assim, alguns criticam a forma como este protesto está a ser levado pela Ordem.

Paulo Valério, sócio da VFA, considera este protesto “justo”, mas a forma e os pressupostos são “errados”. “As remunerações pagas aos 13 mil advogados inscritos no SADT são uma indignidade para a profissão e incompatíveis com uma adequada defesa dos cidadãos mais desfavorecidos. Dito isto, o sistema está moribundo e é impossível de reformar. Mesmo que o protesto tenha o efeito pretendido, os advogados passarão a receber 240 euros por um julgamento, em vez dos atuais 200. Isto à custa de um boicote ao direito de defesa dos cidadãos, no sistema de escalas”, refere.

O SADT é o sistema que permite que os cidadãos com menor poder económico tenham acesso aos tribunais para defender os seus direitos, uma vez que a justiça não pode ser negada a ninguém. Desta forma, foi criado um sistema sustentado pelo Estado que paga a advogados, os chamados advogados oficiosos, para defender estes tipos de casos.

Paulo Valério admite que não vê outra solução para o acesso ao direito senão um modelo com “vagas limitadas”, preenchidas por concurso, em que um número menor de advogados, em regime de tendencial exclusividade, receba uma “remuneração mensal digna”. “E esse sistema pode muito bem ser gerido pela Ordem”, acrescenta.

Julgo ser a única maneira de o Estado, se ainda dispuser de algum poder de império, tomar o tema em mãos, legitimado por esta posição da OA “funcionalização dos oficiosos”, de reformar o sistema, extinguir o SADT e criar um corpo paralelo ao Ministério Público – paralelo, não igual – que tenha por encargo garantir as funções que hoje cabem aos defensores oficiosos.

Paulo Saragoça da Matta

Sócio da DLA Piper ABBC

Já Paulo Saragoça da Matta, sócio da DLA Piper ABB, vê esta ação com “tristeza” de “quem vê a sua Ordem a ser usada como um sindicato” e a “advocacia como uma função pública ou como operariado fabril, i.e., sem responsabilidade social, com desprezo por quem carece de apoio judiciário. E a ter de continuar a sustentar e suportar o sistema, com o pagamento de quotas e a obrigatoriedade de inscrição para exercer a profissão”.

Até às ameaças de greve, por serem ameaça e pressão, era a favor de uma luta da OA contra o Governo, pois é vergonhoso que os partidos que se aumentam anualmente, achem que um serviço tão importante como o dos defensores oficiosos possa estar 20 anos sem atualização remuneratória. Hoje, sou totalmente a favor por outra razão, que explico: porque julgo ser a única maneira de o Estado, se ainda dispuser de algum poder de império, tomar o tema em mãos, legitimado por esta posição da OA “funcionalização dos oficiosos”, de reformar o sistema, extinguir o SADT e criar um corpo paralelo ao Ministério Público – paralelo, não igual – que tenha por encargo garantir as funções que hoje cabem aos defensores oficiosos”, refere.

Saragoça da Matta considera que um advogado serve o interesse público e não o poder do Estado. “Um Advogado, com “A” maiúsculo, fazer greves, é ver os advogados oficiosos como funcionários do Estado, não como advogados. Seria como achar normal que o Parlamento ou o Governo ou o Presidente da República fizessem greves. Estes titulares destes órgãos do Estado não são funcionários, por isso não podem fazer greve; um Advogado é um privado, um Homem/Mulher que “têm a profissão mais livre que um Homem/Mulher pode ser”, por isso, por definição, nem se concebe que possa estar funcionalizado e fazer greve”, acrescenta.

Os advogados que não são pagos de forma digna pelo seu trabalho não estão a ser respeitados e por isso estão em luta. E muito bem!

Raquel Caniço

Advogada da Caniço Advogados

Recordando que há cerca de 20 anos que o valor pago por um processo em termos médios é de cerca de 200 euros, a advogada Raquel Caniço sublinha que o custo de vida aumentou e o valor pago pelo trabalho do advogado nomeado oficiosamente manteve-se, “infelizmente”, inalterável.

“O que significa, entre outras questões, os advogados que não são pagos de forma digna pelo seu trabalho não estão a ser respeitados e por isso estão em luta. E muito bem! O esforço intelectual, a criatividade, a capacidade de gerir questões muitas vezes complexas e que tem implicação na liberdade dos cidadãos ou no exercício pleno dos seus direitos, não pode ser visto apenas como um trabalho de “espírito de missão”, como alguns querem oportunisticamente fazer crer”, nota a advogada.

Para Raquel Caniço, esta “resistência passiva” de não inscrição nas escalas urgentes nos tribunais e nas esquadras da PSP ou dos postos da GNR há muito que deveria ter ocorrido por ser tão necessária. “Sem a presença dos advogados nas diligências urgentes estas não podem ser realizadas e consequentemente há um conjunto de Direitos, Liberdades e Garantias constitucionais que não são respeitadas, uma vez que o advogado zela pelo cumprimento escrupuloso desses direitos”, acrescenta.

“Um arguido detido para ser sujeito a interrogatório judicial mediante juiz de Instrução Criminal, no prazo de 48 horas, após a detenção e se não constituir mandatário, determina que se tenha de socorrer-se da nomeação do advogado que estiver inscrito na escala para esse dia, através do SADT. Não havendo inscrição pelo advogado no SADT, não há nomeação, consequentemente não havendo nomeação, o arguido não pode ser interrogado e no fim do prazo de 48 horas a sua detenção não pode ser validada e tem de ser restituído à liberdade”, exemplifica.

É pena que uma parte da classe tenha abdicado dessas qualidades na sua própria defesa e que a Ordem se tenha transformado numa associação sindical, que procura impor-se através de ameaças de paralisação dos tribunais e da vozearia gratuita.

Paulo Valério

Sócio da VFA

Questionado se considera que a Ordem poderia ter optado por outro meio para reivindicar a alteração das tabelas de honorários do SADT, Paulo Valério sublinha que os advogados sempre souberam defender os seus clientes através da sua “credibilidade”, da “justeza das suas posições” e da “força dos seus argumentos”. “É pena que uma parte da classe tenha abdicado dessas qualidades na sua própria defesa e que a Ordem se tenha transformado numa associação sindical, que procura impor-se através de ameaças de paralisação dos tribunais e da vozearia gratuita“, reflete.

O advogado considera que o caminho adotado deveria ter sido a capacidade de negociar com o Governo, mas que essa capacidade foi “dizimada” pela postura da Ordem nos últimos anos.

“Neste momento, e considerando o “estado a que isto chegou”, já não acho nada. Também seria irrelevante achar qualquer coisa. Hoje, no que respeita à OA, não se consegue que as ideias sejam aproveitadas por serem boas, pois deixou de haver diálogo. Estamos como no Parlamento: quem tem maioria absoluta… impõe, segundo uma cartilha ideológica, sem participação – ontem um membro do Conselho Geral, Ricardo Sardo, até falava em posição política, para comparar o atual “governo” da Ordem a uma Lista que se lhe opôs e perdeu nas últimas eleições. Quem nesse enquadramento atual da OA está fora do Governo, nem fica no Parlamento: está fora dele totalmente!”, assume Paulo Saragoça da Matta.

A OA abriu as candidaturas “extraordinárias” para a inscrição nas escalas do SADT em forma de protesto a passada segunda-feira, abrindo assim a possibilidade aos advogados de não se manterem inscritos nas mesmas. O prazo das candidaturas termina no próximo dia 30 de agosto, pelas 16h00. Esta ação insere-se num protesto da OA, que considera que as negociações com o Governo sobre a alteração das tabelas de honorários do SADT para o Orçamento de Estado de 2025 “não estão a decorrer com a prioridade que o assunto impõe”.

O número de advogados inscritos nas escalas reduziu até quarta-feira cerca de 90%, comparativamente com os anos anteriores. Segundo dados revelados pela OA, cerca de 60% dos municípios não tem qualquer advogado disponível para fazer escalas. Esta ação insere-se num protesto da OA, que considera que as negociações com o Governo sobre a alteração das tabelas de honorários do SADT para o Orçamento de Estado de 2025 “não estão a decorrer com a prioridade que o assunto impõe”.

No final de setembro serão abertas, novamente, inscrições para escalas e a OA espera que nessa altura já existam “condições” para que os profissionais possam voltar a inscrever-se “com uma tabela que dignifique o exercício da profissão”.

A realização do serviço de escalas depende da prévia inscrição dos advogados num sistema informático gerido pela Ordem, em que os mesmos demonstram disponibilidade para o efeito. No caso das escalas de prevenção não presenciais, os advogados, se não forem chamados para nenhum serviço, não recebem qualquer valor, “apesar de essa prevenção condicionar completamente a sua vida pessoal e profissional”.

“Os advogados poderão e deverão, individualmente, caso entendam que a remuneração atual não é proporcional aos serviços prestados, não se inscrever nas escalas presenciais e de prevenção no âmbito do SADT, dando um sinal claro ao poder político de que a advocacia não está disponível para continuar a trabalhar com os valores de uma tabela que fará este ano 20 anos”, sublinha a OA.

A Ordem queixa-se de que a tabela remuneratória dos advogados oficiosos não é atualizada há quase 20 anos. A entidade propôs ao Governo um aumento da tabela de honorários em cerca de 20%. A bastonária, Fernanda Almeida Pinheiro, já teve três reuniões com o Ministério da Justiça, mas, até este momento, ainda não foi alcançado nenhum acordo. “A Ordem dos Advogados propõe que seja inserida uma verba de cerca de 20 milhões de euros no Orçamento do Estado para 2025″, assume a bastonária.

Mas quanto recebe um oficioso?

A tabela de honorários dos advogados, estagiários e solicitadores pelos serviços que prestem no âmbito do apoio judiciário foi atualizada em janeiro. O diploma atualiza o valor da Unidade de Referência (UR) com base no índice de preços no consumidor (IPC), sem habitação, e considerando todo o território nacional entre janeiro e setembro de 2023. O aumento foi de 3,2%, o que equivale a um aumento de 0,83 cêntimos, que significa na prática que a UR passa de 25,90 para 26,73 euros.

Por cada processo que um advogado oficioso patrocina, é aplicada a tabela da UR correspondente a cada tipo de processo. Ou seja: os mais complexos correspondem a mais UR e aos mais simples correspondem unidades mais baixas. Por exemplo, se um processo corresponder a oito unidades de referência, um advogado recebe 213,84 euros.

O valor da unidade de referência aplica-se ao apoio judiciário — defesa por parte de advogados oficiosos para cidadãos com menos condições económicas — para nomeação e pagamento da compensação do advogado patrono, pagamento da compensação de advogado oficioso, nomeação e pagamento faseado da compensação de patrono e pagamento faseado da compensação do advogado oficioso.

A tabela de honorários dos advogados oficiosos não era atualizada desde 2009, tendo em 2020, 11 anos depois, o Governo efetuado um aumento de oito cêntimos. Um valor que na altura já tinha ficado aquém das expectativas, por não contemplar a inflação do ano respetivo, nem da quase uma década passada sem qualquer atualização ou reformulação dos honorários destes profissionais.

Esta ação de protesto pode levar a que dezenas de processos fiquem paralisados caso se verifique a falta de advogados oficiosos. Dados relativos a novembro do ano passado mostram que a Segurança Social recebe, em média, quase 400 pedidos diários de proteção jurídica por parte de cidadãos sem capacidade para pagar a um advogado. A maioria é aceite, mas, ainda assim, há milhares de solicitações rejeitadas todos os anos. Entre 1 de janeiro de 2018 e 30 de setembro de 2023, foram apresentados 823.659 pedidos de proteção jurídica.

Só em 2022 foram pagos pelo Estado 132,6 milhões de euros em apoio judiciário, o que representa um aumento de quase 50% nos últimos dez anos. No ano passado, foram cerca de 140 mil pessoas que recorreram a este serviço.

O ECO sabe que mais de um terço deste valor, cerca de 50 milhões de euros, foi pago pelo Ministério da Justiça em serviços de advogados oficiosos, nomeados pela Ordem dos Advogados, sendo o restante valor relativo a despesas com perícias do Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses, serviços de interpretação e tradução, atos de notariado (por exemplo, em processos de inventário) e mediação e arbitragem.

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Governo espera “recato leal e sincero das negociações” do OE2025 (e afasta negociar referendo à imigração)

Governo quer "recato" nas negociações com os partidos sobre o Orçamento, mas avisa que apenas estarão em cima da mesa matérias orçamentais. Reuniões são retomadas em setembro.

O Governo sinalizou esta quinta-feira que não estará aberto à exigência do Chega para um referendo sobre a imigração como contrapartida para a viabilização do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025). O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, não respondeu com um contundente ‘não’ às questões dos jornalistas sobre a proposta do Chega, mas deixou a mensagem nas entrelinhas.

O Governo está muito empenhado para o recato leal e sincero das negociações com todos, todos os partidos, negociar no Orçamento do Estado sobre matérias do Orçamento“, disse, em conferência de imprensa, após a realização do Conselho de Ministros, em Lisboa.

Esta semana, o presidente do Chega, André Ventura, anunciou que vai exigir ao Governo de Luís Montenegro a realização de um referendo à imigração como condição para viabilizar o Orçamento. Neste sentido, o líder do partido de extrema-direita espera poder contar com o apoio de PSD e CDS, partidos que suportam o Executivo da Aliança Democrática (AD), na aprovação do referendo sobre os limites à entrada de estrangeiros, no Parlamento.

Leitão Amaro salientou que “no Orçamento do Estado vota-se o Orçamento do Estado”, pelo que o Executivo discutirá “com recato com todos os partidos as matérias que constam no OE”.

“O Governo tomou já e continua a tomar medidas para, por um lado, regular de forma humana, por outro realista a imigração. Foram tomadas desde junho, cuja mais conhecida foi o terminar com uma fonte de imigração desregulada e única na Europa, que era o mecanismo de manifestação de interesse”, disse.

O governante explicou que o Executivo “irá no mês de setembro retomar com todos os grupos parlamentares que assim o entendam prosseguir negociações com vista à viabilização do OE” com “boa-fé, leal e respeitadora do processo negocial”.

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Finanças confirmam afastamento da administração da Parpública

  • ECO
  • 22 Agosto 2024

A decisão da tutela foi transmitida a José Realinho de Matos esta quinta-feira, numa reunião que teve lugar no Ministério das Finanças.

O Governo decidiu afastar a administração da Parpública, empresa que gere as participações do Estado, confirmou o Ministério das Finanças ao ECO, depois da notícia avançada pelo Jornal de Negócios (acesso pago). A decisão da tutela foi transmitida a José Realinho de Matos esta quinta-feira.

“Confirmamos o afastamento da atual administração”, adiantou fonte oficial do ministério de Joaquim Miranda Sarmento.

Fontes governamentais explicaram ao jornal que a gestão da Parpública “não teve uma postura preventiva na sua atuação”, mas antes “uma ação reativa”, colocando o Estado com pouca margem para tomar decisões. Um dos casos citados pelo jornal diz respeito à situação da Inapa, que se encontra em insolvência. A gestão da empresa aponta responsabilidades à Parpública pela situação em que se encontra.

José Realinho de Matos e os administradores Elisa Cardoso e João Marcelo foram nomeados pelo anterior ministro das Finanças, Fernando Medina, com efeitos a 6 de novembro de 2023. Já o vice-presidente Marco Neves assumiu funções a 1 de dezembro.

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Governo retira poderes aos condomínios no fecho do Alojamento Local

Novo regime aprovado pelo Executivo volta a delegar no presidente da câmara a decisão final. Unidades já vão poder abrir em prédios para habitação sem necessidade de aval unânime dos condóminos.

O Governo aprovou esta quinta-feira, em Conselho de Ministros, um decreto-lei que retira poderes aos condomínios no encerramento de unidades de alojamento local (AL), voltando a colocar nas mãos das autarquias a decisão final.

“Este decreto passou pelas consultas obrigatórias”, isto é, pela Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP) e pelas regiões autónomas dos Açores e da Madeira “e significa também a concretização dos compromissos eleitorais quanto às regras do Alojamento Local para o equilíbrio de interesses entre investidores do Alojamento Local e os condóminos“, defendeu o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, durante o briefing do Conselho de Ministros.

Na prática, dois terços da permilagem do condomínio deixam de poder decidir unilateralmente o fecho de AL e estas unidades vão passar a poder instalar-se livremente em imóveis em propriedade horizontal, cujo título constitutivo indique que se destina para habitação, sem necessidade de aprovação prévia por unanimidade dos proprietários.

Para Leitão Amaro, trata-se de “revogar os erros do Governo anterior” e apostar na “descentralização da regulamentação” dos alojamentos locais.

Neste momento, dois terços (66%) da permilagem do condomínio podem decidir o encerramento compulsivo da unidade, que terá de abandonar o imóvel nos 60 dias após a deliberação. O diploma do Executivo revoga esta disposição do pacote Mais Habitação e determina que “mais de metade” da permilagem dos condóminos podem pedir o fecho da unidade, mas a decisão final caberá ao município, depois de um processo negocial que poderá ser mediado por um provedor da autarquia para o AL.

No âmbito da negociação entre as partes, “os regulamentos municipais podem prever a designação de um ‘provedor de alojamento local’ que apoie o município na gestão de diferendos entre os residentes, os titulares de exploração de estabelecimentos de AL e os condóminos”, de acordo com o diploma enviada à Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP) e a que o ECO teve acesso. Se, no final do processo negocial, o município determinar o cancelamento do AL, essa unidade terá de ficar encerrada pelo período de cinco anos.

Para além disso, o Governo vai dispensar os donos de AL de autorização prévia do condomínio para abrirem a atividade num prédio destinado à habitação, como até agora é exigido. Neste momento, só é possível instalar uma unidade de AL num apartamento de um imóvel, em regime de propriedade horizontal, que se destine, no título constitutivo, a habitação, se o condomínio aprovar por unanimidade a mudança de utilização do prédio, de acordo com as alterações introduzidas ao regime jurídico do AL pelo anterior Governo ao abrigo do pacote Mais Habitação.

“Sempre que o estabelecimento de alojamento local seja registado em fração autónoma de edifício em regime de propriedade horizontal que se destine, no título constitutivo, a habitação, deve o registo ser precedido de decisão do condomínio para uso diverso de exercício da atividade de alojamento local”, determina a lei n.º 56/2023 de 6 de outubro. E, acrescenta, que essa “decisão” tem de ser aprovada por unanimidade.

Esses dois pontos são revogados no decreto-lei do Executivo de Luís Montenegro. Assim, e quando o diploma entrar em vigor, será possível abrir atividade de AL num prédio destinado a habitação sem pronúncia prévia dos proprietários e alteração do uso no título constitutivo. “Esta capacidade para travar a instalação de alojamentos locais será eliminada. Trata-se de uma alteração importante”, sinalizou ao ECO o advogado José Nunes, da CMS Portugal, especializado em Direito Imobiliário e do Urbanismo.

(Notícia atualizada às 16h19)

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Governo prepara subsídio de até 300 euros para professores deslocados

Para dar resposta à carência de professores em escolas, o Governo vai lançar um novo concurso e ainda atribuir um subsídio de até 300 euros para os docentes deslocados com residência a mais de 70 km.

O Governo vai lançar um novo concurso de recrutamento de professores para escolas e disciplinas com maior carência e ainda a atribuição de um subsídio de até 300 euros para os professores deslocados. Os dois projetos de decreto-lei foram anunciados, esta quinta-feira, em sede de Conselho de Ministros e deverão ser apresentados e negociados com os sindicatos de professores em breve.

Acreditamos que isto é uma contribuição para a resolução de um problema estrutural, demorado e que exige tempo de colaboração entre o Governo, escolas, professores e sempre com o mesmo objetivo: que os alunos portugueses possam ter aulas”, anunciou António Leitão Amaro, durante a conferência de imprensa, desta tarde.

Segundo o ministro da Presidência, a atribuição deste subsídio de deslocação irá variar em função da distância, sendo que o mínimo de intervalo entre a escola e o domicílio fiscal para a atribuição deste apoio será de 70 quilómetros.

Por outras palavras, um docente que seja colocado nos quadros de uma escola localizada a 70 quilómetros de distância do seu domicílio fiscal, terá direito a um apoio de 75 euros. O mesmo se aplica, se a distância entre a residência do docente e da escola for de 300 quilómetros. Nesse caso, o subsídio será de 300 euros, o teto máximo previsto neste apoio.

Quanto ao concurso, este servirá para dar resposta às escolas com maior carência de professores e às disciplinas mais deficitárias. “É neste universo que temos de concentrar os nossos esforços“, explica o governante.

O ministro explica que a escassez de docentes “está concentrada na região de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve” e portanto ambas as medidas “dirigem-se às escolas destes territórios” com maior carência.

As medidas anunciadas esta quinta-feira surgem na sequência de um pacote de 15 medidas anunciadas em junho pelo ministro da Educação, Fernando Alexandre, que têm como propósito colmatar a falta de professores no ensino público e que vai custar 20 milhões de euros.

(Notícia atualizada pela última vez às 16h15)

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Governo acaba com taxa sobre Alojamento Local e facilita isenção de mais-valias da venda da casa

A eliminação da contribuição extraordinária de 15% terá efeitos retroativos a 31 de dezembro de 2023. Trabalhadores deslocados vão poder deduzir o custo da nova renda aos rendimentos prediais obtidos.

O Governo aprovou, esta quinta-feira, em Conselho de Ministros, um decreto-lei que elimina a contribuição extraordinária de 15% sobre o Alojamento Local e a regra que impedia reduções de IMI sobre esses imóveis, depois de o Parlamento lhe ter concedido autorização legislativa. A medida terá efeitos retroativos a 31 de dezembro de 2023.

Sem entrar em grandes detalhes, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, anunciou, durante o briefing do Conselho de Ministros, que o Governo aprovou “um decreto autorizado pelo Parlamento que concretiza a lei que extingue a contribuição extraordinário sobre o Alojamento Local e cria regras em IRS”.

O mesmo diploma facilita a isenção em IRS das mais-valias geradas pela venda de casa e reinvestidas na compra de habitação própria e permanente e permite aos trabalhadores deslocados a mais de 100 km da sua residência deduzir o custo da nova renda aos rendimentos prediais obtidos relativos à sua casa de origem.

Dois meses depois da Assembleia da República ter aprovado o pedido de autorização legislativa, com os votos favoráveis da direita (PSD, Chega, IL e CDS) e do PAN e contra de toda a esquerda (PS, Bloco, PCP e Livre), o Executivo de Luís Montenegro pôde finalmente avançar com a revogação de várias medidas do pacote Mais Habitação do anterior Governo de António Costa.

A taxa extraordinária de 15% sobre o Alojamento Local (AL) assim como o coeficiente de vetustez aplicado a estes imóveis que impede que a idade dos prédios se reflita na redução do IMI foram eliminados com efeitos a 31 de dezembro de 2023. A retroatividade garante, assim, que os donos destes negócios não paguem a contribuição.

De lembrar que aquela taxa teria de ser paga até 15 de junho, no entanto, o atual Executivo adiou o prazo para a liquidação da contribuição por 120 dias, o que corresponde a quatro meses, até 15 de outubro, até que conseguisse aprovar a revogação do regime, o que aconteceu agora. Uma vez que o diploma aprovado tem efeitos a 31 de dezembro de 2023, isto é, diz respeito ao exercício do ano passado, os proprietários de AL já não terão de pagar a taxa este ano relativa ao facto tributário de 2023.

O Mais Habitação, ainda em vigor, estipula que a contribuição extraordinária sobre o AL (CEAL) consiste numa taxa fixa de 15% a incidir sobre uma base tributável variável, dependente de vários fatores, sobre os imóveis de natureza habitacional e especialmente localizados em zonas do litoral (com maior densidade populacional). Estão isentos desta taxa os alojamentos em habitação própria e permanente, quando a exploração não ultrapasse os 120 dias por ano.

A lei que criou a CEAL foi publicada em 6 de outubro passado e entrou em vigor no dia seguinte, concedendo 60 dias para que o Ministério das Finanças publicasse o coeficiente económico do alojamento local e o coeficiente de pressão urbanística aplicáveis ao ano de 2023. Isso acabou por nunca acontecer, mas, a 29 de dezembro, o Governo publicou uma portaria com os coeficientes necessários para o cálculo da nova contribuição sobre o alojamento local com efeitos em 2024. Tudo isto acabou por cair com o diploma que revoga a contribuição sobre o AL.

O decreto aprovado em Conselho de Ministros facilita ainda a isenção em IRS das mais-valias geradas com a venda da casa quando reinvestidas na compra de outra habitação própria e permanente.

Até agora, e de acordo com os critérios estabelecidos pelo pacto Mais Habitação, era necessário que o proprietário habitasse pelo menos dois anos no imóvel para que pudesse beneficiar do incentivo fiscal. Com o novo diploma, essa exigência baixa para um ano.

No entanto, se houver alteração da composição do agregado familiar, por motivo de casamento ou união de facto, dissolução do casamento ou união de facto, ou aumento do número de dependentes, esse limite temporal, de um ano, desaparece. Ou seja, neste caso, o proprietário pode ter morado apenas um mês numa habitação e ter direito a ficar livre de tributação sobre as mais-valias obtida com a venda desse imóvel, desde que o respetivo ganho seja aplicado na aquisição de outra habitação própria e permanente.

Por outro lado, o Mais Habitação impedia que o contribuinte acedesse à isenção das mais-valias se nos três anos anteriores já tivesse usufruído da medida. Esta condição também cai, à luz do decreto-lei aprovado pelo Governo.

Trabalhadores deslocados podem abater custo da nova renda aos rendimentos prediais

O Executivo legislou ainda a possibilidade de um trabalhador deslocado a mais de 100 km da sua residência deduzir a despesa com rendas da nova habitação aos ganhos prediais obtidos com o arrendamento da casa original.

Mas, para tal, é necessário preencher outros requisitos, além da distância: o imóvel gerador dos rendimentos prediais tinha de estar, antes do seu arrendamento, afeto a habitação própria e permanente do trabalhador em causa ou do seu agregado familiar durante pelo menos 12 meses; ambos os contratos de arrendamento têm de estar registados no Portal das Finanças da Autoridade Tributária e Aduaneira.

(Notícia atualizada às 16h03)

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Suplemento de risco da PSP e GNR sobe para 300 euros este ano com efeitos a julho

Apoio avança já 200 euros e será pago com retroativos a 1 julho. No próximo ano, aumenta 50 euros e, em 2026, salta outros 50 euros, perfazendo os 400 euros. O custo global é de 250,6 milhões.

O Governo aprovou, esta quinta-feira, em Conselho de Ministros, o aumento do suplemento de risco para os agentes da PSP e os guardas da GNR de 100 para 400 euros brutos mensais, até 2026. Este ano, o subsídio sobe 200 euros para 300 euros e será pago com efeitos retroativos a 1 de julho. A medida vai ter um custo global de 250,6 milhões de euros.

“É mais uma medida histórica. Aprovámos um decreto-lei que regula o aumento do suplemento risco para as forças de segurança, PSP, GNR guardas prisionais com retroativos a julho“, anunciou o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, durante o briefing do Conselho de Ministros.

Depois do estudo prévio que sustenta a proposta do Executivo ter estado em consulta pública, que terminou esta terça-feira, dia 20, o Conselho de Ministros avançou com o diploma que determina o aumento do suplemento de risco para as forças de segurança.

Depois da subida de 200 euros deste ano, com efeitos a julho, a 1 de janeiro de 2025, esta componente do recibo de vencimento irá saltar 50 euros, atingindo os 350 euros e, no ano seguinte, sobe mais 50 euros, perfazendo os 400 euros. O impacto anual deverá rondar cerca de 83,3 milhões de euros.

Os polícias e guardar terão, num ano, uma aumento de 4.200 euros e, para cerca de metade, isto significa mais quatro salários num ano. É o maior aumento feito para as forças de segurança”, frisou Leitão Amaro.

O Executivo mantém, assim, a componente variável do subsídio, fixada em 20% sobre a remuneração base e aumenta a parcela fixa, atualmente no valor de 100 euros mensais nos seguintes moldes:

  • Em 2024, sobe 300 euros, a partir de 1 de julho;
  • Em 2025, passa para 350 euros, a partir de 1 de janeiro;
  • Em 2026, evolui para 400 euros, a partir de 1 de janeiro.

Quanto à data de pagamento da subida do suplemento de 200 euros, atribuído este ano, com efeitos a julho, o governante não se comprometeu com datas, ainda que a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, tenha adiantado que será pago entre os salários de agosto e setembro. “Exista a promulgação do Presidente da República e estamos preparados para, em pouco tempo, fazer esse processamento”, afirmou Leitão Amaro.

O acordo para o pagamento do suplemento de risco foi assinado a 9 de julho. E o primeiro-ministro, Luís Montenegro, avisou que não vai acrescentar “nem mais um cêntimo” à proposta para as forças de segurança. Aliás, o estudo do Governo, publicado no Boletim do Trabalho e do Emprego (BTE), refere que, no desenho da medida, foi acautelado o “equilíbrio orçamental”.

Contudo, a Associação Nacional dos Sargentos da Guarda, a Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda Nacional Republicana, a Associação Nacional Autónoma de Guardas e o Sindicato Independente de Agentes de Polícia consideram o “acordo desastroso”, tendo já ameaçado com novas formas de luta para conseguir o suplemento igual ao da Polícia Judiciária.

No relatório, publicado no BTE, o Governo escreve que, no seu programa, “reconhece expressamente o papel fundamental das forças de segurança na preservação da segurança interna do país, bem como a necessidade, tida como prioritária, de proceder a um processo de dignificação e de valorização profissional e remuneratória dos homens e mulheres que servem naquelas forças, estimulando e impulsionando as adequadas motivações profissionais”.

“O Governo reconhece ainda que o exercício das funções policiais caracteriza-se pelo exercício de direitos e cumprimento de deveres especiais, bem como por condições particulares e específicas na prestação de trabalho, principalmente no que se refere ao risco, à insalubridade e à penosidade face aos demais trabalhadores em funções públicas”, lê-se ainda no mesmo relatório.

Por isso, o Executivo considera que “a revisão do suplemento de risco, atribuído aos militares da GNR e ao pessoal policial da PSP […] surge como uma medida urgente, que valoriza as forças de segurança, dignifica as carreiras e motiva os profissionais”.

A tutela lembra, no documento, que foi “iniciado no dia 22 de abril de 2024 um amplo processo negocial” com vista a dignificar as carreiras e valorizar as remunerações. Mas não só. No documento agora tornado público, o Executivo salienta que a proposta de valorização do suplemento de risco foi construída sem prejudicar “o equilíbrio orçamental”, que é “condição fundamental para um desenvolvimento económico e social sustentável, numa trajetória robusta da redução da dívida pública”.

(Notícia atualizada às 16h03)

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