Defesa quer Ricardo Salgado ausente no julgamento do caso BES

  • Lusa
  • 8 Outubro 2024

Segundo o documento, a anterior participação de Salgado num julgamento (EDP) “resultou num claro agravamento dos sintomas cognitivos e comportamentais, incluindo um risco aumentado de incontinência".

A defesa do ex-banqueiro Ricardo Salgado pediu ao tribunal que o arguido seja dispensado de comparecer no julgamento do processo BES, que começa na próxima terça-feira, face à evolução desfavorável da doença de Alzheimer que lhe foi diagnosticada.

No requerimento apresentado em tribunal, a defesa cita o relatório mais recente do médico que acompanha o antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES), com data de 27 de setembro, sublinhando que Ricardo Salgado “não apresenta capacidade cognitiva para participar de forma competente em qualquer sessão judicial e que a simples presença física num ambiente de tribunal pode gerar um agravamento dos sintomas da doença”.

Os advogados Francisco Proença de Carvalho e Adriano Squilacce destacaram a “perda de autonomia global” do antigo banqueiro e referiram que este precisa da “supervisão de um cuidador” para a maior parte das atividades do dia a dia, na maioria das vezes asseguradas pela mulher de Ricardo Salgado.

“Em face do exposto, requer-se que Vossa Excelência se digne dispensar a presença” do arguido em audiência de julgamento, resumiram.

Segundo o documento submetido ao Juízo Central Criminal de Lisboa, a anterior participação de Ricardo Salgado numa sessão judicial realizada em fevereiro deste ano também “resultou num claro agravamento dos sintomas cognitivos e comportamentais, incluindo um risco aumentado de incontinência”. Reforçaram ainda que desde então o estado clínico do ex-presidente do BES “evoluiu desfavoravelmente”.

“Afigura-se, portanto, contra a mais elementar dignidade humana e atenta contra os mais básicos princípios de respeito pela vida humana obrigar um arguido a comparecer em julgamento sujeitando ao agravamento de episódios de incontinência (no próprio tribunal) e também ao risco de agravamento dos sintomas cognitivos e comportamentais”, lê-se.

O requerimento apelou igualmente ao tribunal para se pronunciar sobre o pedido de uma perícia médica a Ricardo Salgado para que este não seja sujeito a julgamento devido à sua situação clínica, ao lembrar que esta questão “é prévia a tudo o demais”.

De acordo com a defesa, o atual estádio da doença de Alzheimer impede o ex-banqueiro de exercer o direito de se defender das acusações imputadas pelo Ministério Público (MP).

O julgamento do também denominado processo Universo Espírito Santo vai arrancar mais de uma década após o colapso do Grupo Espírito Santo (GES), em agosto de 2014, e tem como principal arguido o ex-presidente do BES Ricardo Salgado.

O ex-banqueiro foi acusado de 65 crimes, entre os quais associação criminosa, corrupção ativa, falsificação de documento, burla qualificada e branqueamento, mas três crimes prescreveram entretanto, pelo que vai responder em julgamento por 62 crimes.

Considerado um dos maiores processos da história da justiça portuguesa, este caso agrega no processo principal 242 inquéritos, que foram sendo apensados, e queixas de mais de 300 pessoas, singulares e coletivas, residentes em Portugal e no estrangeiro. Segundo o Ministério Público, a derrocada do GES terá causado prejuízos superiores a 11,8 mil milhões de euros.

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Mário Centeno admite rever “taxa de stress” sobre crédito à habitação

O governador do Banco de Portugal pede cuidado na aplicação da garantia pública pelos bancos e assume a possibilidade de o regulador voltar a aumentar as "taxas de stress" sobre o crédito à habitação.

O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, voltou a manifestar reservas sobre a garantia pública no apoio ao financiamento a 100% da compra da primeira casa pelos jovens.

Durante a apresentação do Boletim Económico de outubro, esta terça-feira em Lisboa, Centeno fez vários alertas sobre os potenciais riscos da garantia pública para a estabilidade financeira. Notando, desde logo, que “os desvios face às recomendações macroprudenciais são já hoje possíveis, mas têm de ser explicados pelos bancos”.

O governador enfatizou que as instituições financeiras “têm de justificar perante o Banco de Portugal porque numa determinada situação há um desvio da medida macroprudencial.” Ou seja, qualquer concessão de um crédito à habitação por via da garantia pública terão de ser justificados pelos bancos junto do regulador, podendo as entidades bancárias ficar sujeitas à utilização de uma das almofadas de capital criadas quando as medidas macroprudenciais são contornadas.

Esta posição surge no contexto da recente regulamentação da garantia pública, que permite aos jovens entre 18 e 35 anos acederem a financiamento até 100% do valor do imóvel, contornando assim o limite de 90% ao rácio de loan-to-value (LTV) estabelecido pelo Banco de Portugal.

O governador advertiu ainda que “se existir uma acumulação de risco para o banco ou para os mutuários que sejam contrárias à letra ou objetivo da medida macroprudencial, o Banco de Portugal tem instrumentos para agir”.

Esta declaração sugere que o regulador está atento e pronto para intervir caso a medida leve a um aumento significativo do risco no sistema financeiro, com o governador a enfatizar a ideia de que “a garantia pública é dada aos bancos e em nada protege os mutuários”.

Mas Centeno foi ainda mais longe ao afirmar que “todas as medidas que adiem, aumentem o serviço da dívida e aumentem o risco dos mutuários são contrárias à estabilidade financeira”. Uma posição alinhada com as preocupações anteriormente expressas pelo governador sobre os potenciais efeitos negativos da garantia pública no mercado de crédito habitação.

Além de abordar as questões da garantia pública, Mário Centeno também anunciou a possibilidade de o Banco de Portugal voltar a rever a “taxa de stress” que é aplicada na análise de risco na concessão dos empréstimos para a compra de casa a taxa variável.

Desde outubro de 2023 que os bancos aplicam um “teste de stress” de 1,5% sobre a taxa de juro contratualizada nos créditos à habitação a mais de 10 anos. Essa taxa foi revista em baixo há um ano (estava nos 3%) por nessa altura as taxas de juro estarem em máximos históricos.

“Estando as taxas de juro a baixar, é natural que seja reavaliado essa medida”, referiu o governador do Banco de Portugal, notando que “devemos naturalmente ajustar”, mas sublinhou que, “de momento está bem como está.”

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Do incentivo à contratação de jornalistas às assinaturas digitais bonificadas. Conheça as 30 medidas de apoio aos media

  • + M
  • 8 Outubro 2024

Do fim gradual da publicidade na RTP ao apoio à contratação de jornalistas, passando pela bonificação nas assinaturas digitais, confira o plano do Governo para apoiar os media.

O plano de apoio aos media, apresentado esta terça-feira, está dividido em quatro eixos: regulação do setor, serviço público concessionado (RTP e Lusa), incentivos ao setor e combate à desinformação e literacia mediática. Cada um deles tem diversas medidas, cuja monitorização e prestação de contas na execução estará a cargo da Estrutura de Missão (#PortugalMediaLab), criada pelo Governo em agosto passado. Confira as principais medidas.

O ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, intervém na sessão de abertura da conferência “O futuro dos media”, que abordará temas desde a sustentabilidade financeira do setor até ao serviço público, em Lisboa, 08 de outubro de 2024.ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA
  • Elaboração do Código da Comunicação Social – Será revisto, e integrado na nova legislação a Lei de Imprensa e Estatuto da Imprensa Regional, a Lei da Rádio, Lei da Televisão e Serviços Audiovisuais a Pedido e Lei da Transparência dos Media e Decreto dos Registos;
  • Novo Contrato de Concessão de Serviço Público
  • Eliminação gradual da publicidade comercial – À semelhança do que já se verifica na rádio pública, os canais de televisão da RTP deverão gradualmente, durante os próximos 3 anos, eliminar a publicidade comercial das suas grelhas. Em paralelo, a redução de tempo dedicado à publicidade comercial deverá ser compensada com espaços de promoção de eventos e iniciativas culturais;
  • Plano de reorganização e modernização da RTP -Proporcionar um contexto de modernização e gestão mais eficiente dos recursos da RTP, assente em tecnologia e em soluções digitais que preparem a RTP para a sua afirmação presente e futura. Plano de saídas voluntárias tem como teto a saída de 250 trabalhadores (com a contratação de 1 novo trabalhador com perfil diferente – digital – por cada duas saídas);
  • Novo modelo de governação na Lusa e plano de modernização em meios humanos e tecnológicos – propor-se-á a criação de um Conselho de Supervisão da agência, com uma composição multisetorial na área dos media. A este Conselho caberá garantir a autonomia do Conselho de Administração e a independência direção de informação. Caber-lhe-á, igualmente, supervisionar a atividade da agência;
  • Criação de benefícios para OCS – O Governo optou por promover descontos para serviços de interesse público da Lusa: entre 50% a 75% para OCS regionais e locais e entre 30% e 50% para OCS nacionais;
  • Estudo sobre o mercado jornalístico e os OCS – o Governo acredita que estas devem ser monitorizadas, avaliadas, adaptadas e desenvolvidas com base em evidências científicas. Para isso, promover-se-á a elaboração de um estudo sobre o Setor jornalístico, que analise duas dimensões essenciais: o mercado jornalístico e dos profissionais de Media noticiosos e os referentes OCS em Portugal;
  • Avaliação do atual regime de incentivos do Estado à Comunicação Social de âmbito local e regional
  • Integração das plataformas digitais nas soluções para o setor;
  • Incentivo à contratação de jornalistas e retenção de talento – será criado um incentivo à contratação de jornalistas destinado a todos os OCS, com base numa tabela de criação líquida de emprego vs. montante. Este apoio traduzir-se-á na atribuição, mediante candidatura, de um montante entregue pelo Estado às empresas pela contratação de mais jornalistas com vínculo sem termo, com uma retribuição mínima obrigatória igual ou superior ao nível remuneratório de Nível 6 do Quadro Nacional de Qualificações (1.120€);
  • Incentivo à contratação do primeiro jornalista – o Governo cria mais um incentivo à contratação, que se traduz numa comparticipação do Estado nos custos da contratação do primeiro jornalista a tempo inteiro num OCS. A comparticipação é de 100% no primeiro semestre, diminuindo progressivamente até aos 25% no quatro semestre;
  • Plano de Ação para a Segurança dos Jornalistas;
  • Formações para jornalistas na área Digital/Inteligência Artificial;
  • Livro Branco sobre Inteligência Artificial aplicada ao jornalismo;
  • Apoio à distribuição de publicações periódicas para zonas de baixa densidade populacional;
  • Garantia da distribuição de publicações periódicas em todos os concelhos do País;
  • Duplicação do Porte Pago;
  • Formação empresarial – OCS regionais e locais;
  • Valorização das rádios locais;
  • Novo Plano Nacional de Literacia Mediática (PNLM) – o Governo quer desenvolver uma estratégia mais robusta para a literacia mediática e o combate à desinformação;
  • Assinaturas digitais bonificadas para OCS – O Governo irá bonificar em 50% as assinaturas digitais adquiridas em OCS registados na ERC. Por cada nova assinatura digital, ou renovação, o Estado suportará metade do custo dessa assinatura cidadãos. Esta medida contempla uma assinatura por pessoa singular mediante apresentação do NIF;
  • Oferta de assinaturas digitais a alunos do Ensino Secundário – A oferta de assinaturas de jornais digitais generalistas a todos os alunos do Ensino Secundário, Público e Privado (cerca de 400 mil), com duração de dois anos, é uma medida estratégica que este Governo vai criar para fomentar a literacia mediática e o pensamento crítico entre os jovens;
  • Literacia mediática e combate à desinformação na disciplina de “Literacias”

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Reduzir o IRC? Centeno aponta ao “equilíbrio” entre “cortar impostos e aumentar despesa”

Governador do Banco de Portugal alerta que "a política expansionista deve ser usada com muita parcimónia" e pede "gradualismo" e quantificação do custo no anúncio de medidas económicas.

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, defendeu esta terça-feira que a discussão sobre reduzir o IRC é tão legítima como qualquer outra, mas que a questão central é sempre como se paga a despesa com cortes naquilo que são as receitas do Estado.

A posição de Mário Centeno foi transmitida durante a conferência de imprensa de apresentação do “Boletim Económico de outubro”, em Lisboa, no qual o supervisor cortou a previsão de crescimento da economia portuguesa de 2% para 1,6% este ano e de 2,3% para 2,1% em 2025. Para 2026, aponta para uma taxa de 2,2%.

Escusando-se a comentar políticas concretas, questionado pelos jornalistas sobre sobre se, no plano teórico, considera uma redução do IRC importante para o crescimento da economia, o governador do Banco de Portugal defendeu que é necessário “pensar como é que se financia o Estado quando este não tem receitas próprias, em particular o Estado português“.

“Os impostos são a receita do Estado e são os que queremos para financiar a despesa. Como é que se pode fazer as duas coisas ao mesmo tempo: cortar impostos e aumentar a despesa? Essa é a discussão. O IRC é tão legitimamente invocado como imposto que se possa cortar como qualquer outro imposto. A questão é como é que se gere o equilíbrio face às exigências que o futuro nos coloca“, afirmou.

Como é que se pode fazer as duas coisas ao mesmo tempo: cortar impostos e aumentar a despesa? Essa é a discussão. O IRC é tão legitimamente invocado como imposto que se possa cortar como qualquer outro imposto. A questão é como é que se gere o equilíbrio face às exigências que o futuro nos colocam.

Mário Centeno

Governador do Banco de Portugal

O governador do Banco de Portugal defendeu ainda que as alterações de política devem ser implementadas com “gradualismo”. Embora o relatório não inclua projeções orçamentais, o governador do Banco de Portugal realçou que ao longo de 2024 se verifica uma deterioração do saldo orçamental e antecipa uma variação negativa do saldo estrutural ao longo entre 2024 e 2026, o que acontece pela primeira vez desde a crise financeira.

“As políticas devem ser usadas para alisar os ciclos económicos. A política expansionista deve ser usada com muita parcimónia“, disse. O governador do Banco de Portugal destacou que o país “não tem, pela primeira vez em muitas décadas, de fazer um exercício de ajustamento orçamental”, pelo que “deve preservar essa situação única”.

O governador destacou ainda que “as medidas devem seguir um propósito, devem estar avaliadas”. “Aquilo que nos deixa um pouco mais ansiosos é serem anunciadas medidas sem o respetivo custo, impacto. Tenho vindo a referir muitas vezes que as medidas devem ser graduais. Não há medidas que mudem a vida de um país de um dia para o outro. Normalmente tem muito mau resultado. Apelava, deste ponto de vista da política económica, ao seu gradualismo”, apontou.

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Euribor desce a três meses e sobe a seis e a 12 meses

  • Lusa
  • 8 Outubro 2024

Com alterações desta terça-feira, a taxa a três meses, que recuou para 3,265%, continuou acima da taxa a seis meses (3,058%) e da taxa a 12 meses (2,798%).

A Euribor desceu esta terça-feira a três meses e subiu a seis e a 12 meses face a segunda-feira.

  • A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável e que esteve acima de 4% entre 14 de setembro e 1 de dezembro de 2023, subiu para 3,058%, mais 0,010 pontos. Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a agosto mostram que a Euribor a seis meses representava 37,6% do ‘stock‘ de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que a Euribor a 12 e a três meses representava 33,2% e 25,8%, respetivamente.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor, que esteve acima de 4% entre 16 de junho e 29 de novembro de 2022, avançou para 2,798%, mais 0,086 pontos do que na segunda-feira.
  • Em sentido contrário, a Euribor a três meses desceu, ao ser fixada em 3,265%, menos 0,003 pontos.

A média da Euribor em setembro desceu a três, a seis e a 12 meses, menos acentuadamente do que em agosto e com menos intensidade nos prazos mais curtos.

A média da Euribor em setembro desceu 0,114 pontos para 3,434% a três meses (contra 3,548% em agosto), 0,167 pontos para 3,258% a seis meses (contra 3,425%) e 0,230 pontos para 2,936% a 12 meses (contra 3,166%).

Na mais recente reunião de política monetária, em 12 de setembro, o BCE desceu a principal taxa diretora em 25 pontos base para 3,5%, depois de em 18 de julho ter mantido as taxas de juro diretoras.

Na reunião anterior, em junho, o BCE tinha descido as taxas de juro diretoras em 25 pontos base, depois de as ter mantido no nível mais alto desde 2001 em cinco reuniões e de ter efetuado 10 aumentos desde 21 de julho de 2022.

Em 18 de setembro foi a vez de a Reserva Federal norte-americana (Fed) cortar os juros em 50 pontos base, naquela que foi a primeira descida desde 2020.

A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 17 de outubro na Eslovénia.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Alexandre Hierro reforça equipa da TELLES

A equipa de Imobiliário, Construção e Urbanismo da TELLES cresceu com a integração de Alexandre Hierro, na qualidade de associado. O advogado transita da PLMJ.

A TELLES reforçou a equipa de Imobiliário, Construção e Urbanismo com a integração de Alexandre Hierro, na qualidade de associado. O advogado transita da PLMJ.

“A integração de Alexandre Hierro traduz o acompanhamento das tendências económicas por parte da TELLES e a aposta nesta área de prática, contribuindo assim para o crescimento estratégico da sociedade”, refere o escritório em comunicado.

Alexandre Hierro é especializado no setor imobiliário, especialmente em transações transfronteiriças. Tem ainda experiência em contratação pública, com incidência nos setores do imobiliário e da construção.

Ao longo do seu percurso profissional, tem estado envolvido nas diferentes fases de importantes transações, incluindo procedimentos pré-contratuais, negociação e execução de operações de compra e venda de ativos, sale & leaseback, contratos de arrendamento, entre outros. Tem vindo a prestar assessoria regular a investidores e promotores imobiliários em operações como investimento, desinvestimento, construção, arrendamento e projetos de reabilitação urbana.

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Andersen assessora fundo francês SCPI Elialys em aquisição imobiliária em Portugal

A equipa da Andersen envolvida nesta operação foi liderada pelo advogado coordenador Bernardo Silveira e contou com a colaboração de três associadas do escritório.

A Andersen Portugal assessorou o fundo francês SCPI Elialys, organismo de investimento coletivo gerido pela Advenis – Real Estate Investment Management, na sua primeira aquisição imobiliária em Portugal.

Em comunicado, o escritório explica que o ativo imobiliário em questão é composto por um armazém industrial localizado no distrito de Lisboa, próximo da autoestrada A8, numa localização estratégica para o desenvolvimento de atividades industriais e logísticas. O valor desta aquisição é de cerca de 5 milhões de euros e o imóvel foi arrendado por um prazo de 20 anos, a uma empresa especializada no setor agroalimentar.

“Esta primeira aquisição em Portugal ilustra a ambição da Elialys de aplicar o capital dos nossos parceiros num mercado em rápido crescimento do sul da Europa, onde estamos a diversificar a nossa carteira de ativos imobiliários. O setor agroalimentar desta zona geográfica é um sector-chave da economia nacional, caracterizado pela sua diversidade, qualidade e dinamismo”, refere Jean François Chaury, diretor geral da Advenis REIM.

A equipa da Andersen envolvida nesta operação foi liderada por Bernardo Silveira, responsável pela área de Imobiliário que se encontra integrada no departamento de mercantil coordenado pela sócia Mariana Aires de Abreu, contando ainda com a colaboração das associadas de Imobiliário Carolina de Figueiredo Sarmento, Constança Lino e Sara Carneiro Lima.

“O setor logístico em Portugal tem-se revelado particularmente estratégico e uma tendência em matéria de investimento imobiliário nacional, estando a Andersen Portugal a apoiar operações de referência no país, como é exemplo desta última, ao lado de um player de referência no mercado imobiliário europeu, como é o fundo SCPI Elialys, gerido pela Advenis REIM, naquela que é a sua primeira aquisição imobiliária em Portugal. Este investimento representa mais um marco importante na sua estratégia de expansão para o sul da Europa. Este investimento reforça a crescente atratividade do mercado português, particularmente nos segmentos de logística e agroindústria”, sublinha Bernardo Silveira.

A equipa de Imobiliário da Andersen forneceu todo o suporte jurídico necessário durante o processo de auditoria, aquisição e arrendamento do imóvel, garantindo que a operação fosse conduzida de maneira eficiente e em consonância com os objetivos estratégicos do fundo francês.

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Lista de paraísos fiscais da UE passa a incluir 11 jurisdições com saída de Antígua e Barbuda

  • Lusa
  • 8 Outubro 2024

A lista passa a contemplar 11 jurisdições, entre as quais Samoa Americana, Anguila, Fiji, Guam, Palau, Panamá, Samoa, Trinidad e Tobago, Ilhas Virgens Americanas e Vanuatu.

A lista de paraísos fiscais da União Europeia (UE) foi atualizada esta terça-feira e conta com 11 jurisdições, após a retirada do país caribenho Antígua e Barbuda da lista pelas suas alterações às regras relativas à troca de informações.

A alteração foi aprovada pelos ministros das Finanças da UE, reunidos esta terça-feira no Luxemburgo, ocasião na qual o Conselho decidiu então “retirar Antígua e Barbuda da lista da UE de jurisdições não cooperantes para efeitos fiscais”.

Com estas atualizações, a lista passa a incluir onze jurisdições, entre as quais Samoa Americana, Anguila, Fiji, Guam, Palau, Panamá, Samoa, Trinidad e Tobago, Ilhas Virgens Americanas e Vanuatu.

“O Conselho lamenta que estas jurisdições ainda não estejam a cooperar em matéria fiscal e convida-as a melhorar o seu quadro jurídico a fim de resolver as questões identificadas”, assinala a instituição.

No que toca à Antígua e Barbuda foi incluída na lista da UE de jurisdições não cooperantes para efeitos fiscais em outubro de 2023, após uma avaliação negativa do Fórum Mundial da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) sobre troca de informações, mas entretanto está a realizar alterações, pelo que lhe foi concedida uma revisão suplementar.

“Além disso, duas jurisdições que figuram na lista há muito tempo, a saber, Fiji e Palau, deram passos promissores no sentido do cumprimento dos critérios de inclusão, o que se refletiu nas suas entradas na lista”, adianta o Conselho da UE.

A lista da UE de jurisdições não cooperantes para efeitos fiscais foi estabelecida em dezembro de 2017 e faz parte da estratégia externa da UE em matéria de fiscalidade para contribuir para os esforços em curso para promover a boa governação fiscal a nível mundial.

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Primeiro-ministro quer jornalismo sustentável, tranquilo, menos ofegante e sem perguntas sopradas

  • Lusa
  • 8 Outubro 2024

"E tão importante ter bons políticos como bons jornalistas para que a democracia funcione", afirmou o primeiro-ministro na apresentação do plano de apoio para os media.

O primeiro-ministro afirmou esta terça-feira que pretende em Portugal um jornalismo livre, sem intromissão de poderes, sustentável do ponto de vista financeiro, mas mais tranquilo, menos ofegante, com garantias de qualidade e sem perguntas sopradas.

Digo-vos isto preocupado com as garantias de qualidade naquilo que é o exercício de uma profissão efetivamente muito relevante“, declarou Luís Montenegro no final da intervenção com cerca de 30 minutos, feita de improviso, na abertura da conferência sobre “O futuro dos media”, em Lisboa.

Perante uma plateia com muitos presidentes de empresas de órgãos de comunicação social nacionais e de dezenas de jornalistas, Luís Montenegro acentuou que o seu executivo rejeita “qualquer tipo de intromissão no espaço que é o reduto do jornalismo“.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, intervém na sessão de abertura da conferência “O futuro dos media”, que abordará temas desde a sustentabilidade financeira do setor até ao serviço público, em Lisboa, 08 de outubro de 2024.ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Mas temos a obrigação de possuir um edifício legislativo e de construir os alicerces da sustentabilidade financeira deste setor para que possa depois traduzir-se em maior grau de liberdade e em prosseguição do interesse público de informar“, justificou o primeiro-ministro, numa alusão ao plano do seu Governo para o setor.

Luís Montenegro fez a seguir várias apreciações sobre a atividade jornalística, começando por observar que “é tão importante ter bons políticos como bons jornalistas para que a democracia funcione”.

Nesse sentido, o líder do executivo considerou que seria melhor se a comunicação social fosse “mais tranquila na forma como informa, na forma como transmite os acontecimentos e não tão ofegante“.

Ofegante, “às vezes, de uma notícia que parece que é de vida ou de morte, quando afinal as coisas estão a funcionar, quando afinal é preciso saber que em cada momento nós estamos a discutir um determinado assunto“, completou.

Apontou, como exemplo, as vezes em que os jornalistas o tentam “apanhar à porta de um evento, ou à saída de um evento“, para lhe perguntarem “se o PS já respondeu ou não sei o quê, ou se eu já respondi ao PS”.

O primeiro-ministro disse então que se hoje, nesta conferência, falasse sobre as negociações do Orçamento com o PS, à entrada ou à saída do evento, “a probabilidade de a informação privilegiar o que dissera sobre o setor dos media era baixa“.

Na parte final da sua intervenção, o líder do executivo abordou a questão sobre a valorização da carreira do jornalista, mas com algumas críticas em relação ao desempenho de alguns profissionais deste setor.

“Vou fazer aqui esta pequena provocação, não é para criticar ninguém em especial. É só para verem como é que eu, do lado cá, que também é a minha obrigação, me impressionam, seja pela positiva, seja pela negativa”, começou por advertiu. A seguir foi direto ao assunto: “Uma das coisas que mais me impressiona hoje, quero dizer-vos aqui olhos nos olhos, é estar com seis ou sete câmaras à minha frente e ter os jornalistas a fazerem-me perguntas sobre determinado acontecimento e ver que a maior parte deles tem um auricular no qual lhe estão a soprar a pergunta que devem fazer. E outros à minha frente pegam no telefone e fazem a pergunta que já estava previamente feita”, declarou.

Como agente político e como cidadão, segundo Luís Montenegro, olha para esse quadro e conclui: “Assim, os senhores jornalistas não estão a valorizar a sua própria profissão, porque parece que está tudo teleguiado, está tudo predeterminado“.

“Na minha opinião isso não valoriza o jornalista, nem valoriza o jornalismo. Deixo-vos este relato, que é a minha opinião. Não pretende ser mais do que isso. É uma forma de vos dizer que as garantias do exercício livre do jornalismo têm a colaboração de todos, e este esquema, francamente, não é o que valoriza mais a função, porque para isso não é preciso ser jornalista”, advogou.

E Luís Montenegro rematou: “Para fazer a pergunta com o outro só para o ouvido, ou para ler a pergunta que está num SMS do telefone, sinceramente não é uma especial qualificação“.

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Nova companha do Ikea continua a sensibilizar para a sustentabilidade

  • + M
  • 8 Outubro 2024

A Ikea dá descontos todas as sextas-feiras de outubro para os membros IKEA Family que façam escolhas sustentáveis, seja vender ou comprar móveis usados.


Continuar a sensibilizar os consumidores para a importância de uma vida mais sustentável é o objetivo da nova campanha da Ikea com o mote “Cuidar do mundo. Uma sexta-feira de cada vez”. Todas as sextas-feiras, a partir de outubro, os membros IKEA Family beneficiam de descontos, desde que adotem medidas sustentáveis.

“Acreditamos que todas as ações do dia a dia contam, ainda que pareçam pequenas à escala do planeta. Tal como vender e comprar em segunda mão, mudar uma lâmpada, guardar as sobras do jantar ou levar sempre um saco reutilizável”, explica Ana Barbosa, responsável de sustentabilidade da IKEA Portugal.

Com esta iniciativa, os membros IKEA Family, que às sextas-feiras, usarem o serviço Segunda Vida, para vender móveis da empresa usados que, posteriormente, serão colocados na Área Circular, recebem mais 25% do valor da venda no cartão reembolso.

Os membros poderão desfrutar ainda de até 40% de desconto em produtos selecionados reutilizáveis, que promovam a separação de resíduos ou a redução do consumo de água, ou energia em casa. No restaurante, a marca também opta pela sustentabilidade com 50% de desconto em almôndegas de proteína vegetal, e o prato do dia à sexta-feira será vegetariano.

A Área Circular, segundo o comunicado da marca “já salvou quase 5 milhões de artigos em todas as lojas Ikea, em Portugal”.

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“Hoje é um dia histórico”, diz Francisco Pedro Balsemão

  • + M e Lusa
  • 8 Outubro 2024

Gestores dos principais grupos de media avaliam plano de ação para os media apresentado esta terça-feira e alertam para a transferência das receitas dos media para as grandes plataformas digitais.

Os responsáveis dos principais grupos de media do país aplaudem a existência do plano de ação para os media, apresentado na manhã desta terça-feira por Luís Montenegro e Pedro Duarte. “Hoje é um dia histórico, pelo fim da publicidade na RTP. É uma reivindicação antiga dos privados. É só na RTP, devia ser em todos os canais e digital“, resume Francisco Pedro Balsemão.

Ainda há, no entanto, muito por esclarecer, começou por realçar o CEO da Impresa, num debate que juntou também a Media Capital, a Medialivre, o grupo Renascença Multimédia, o Público e a RTP, lembrando que no caso da diminuição progressiva da publicidade no operador público, uma das principais medidas, não está claro se o Governo se refere apenas à RTP1 ou ao universo RTP, questão que acabou por ser esclarecida por Nicolau Santos, presidente da RTP. “O corte é só na RTP1, o resto é residual“, afirmou no debate.

Analisando os quatro eixos das medidas, Francisco Pedro Balsemão destaca também que, no campo da regulação e da legislação, era importante pensar-se que “já existem leis que devem ser aplicadas, implementadas, reforçadas, como as relacionadas com o combate à pirataria, por exemplo. “Estamos expectantes para ver o que vai ser feito em relação à ERC, é uma entidade que deve ter um propósito de regular o setor e a transparência de propriedade e não deve servir para censurar e interferir em conteúdos”, afirmou o responsável, apontando que também ao Governo não cabe o papel de qualificar a informação. “Compete aos jornalistas e às redações fazer essa avaliação e decidir o que é ou não é notícia ou tem relevância editorial“, concretizou numa alusão ao discurso de Luís Montenegro, no qual o primeiro-ministro criticou a forma como se faz jornalismo. “Não nos podem dizer que não é assim que se faz jornalismo”, reforçou.

O jornalista da Media Capital, Anselmo Crespo (E), ladeado pelo CEO do Grupo Impresa, Francisco Pedro Pinto Balsemão (2-E), pelo CEO do Grupo Media Capital, Pedro Morais Leitão (3-E), pelo CEO da Medialivre, Luís Santana (C), pelo presidente Conselho de Administração Grupo Renascença Multimédia, cónego Paulo Franco (3-D), pela administradora executiva do Público, Cristina Soares (2-D), e pelo presidente da RTP, Nicolau Santos (D), participam na mesa-redonda com o tema “A sustentabilidade e modelos de negócio dos media, durante a conferência “O futuro dos media”, em Lisboa, 08 de outubro de 2024.ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Sobre o fim da publicidade comercial na RTP, Pedro Morais Leitão, CEO Grupo Media Capital, alertou que a medida não significa que esse investimento publicitário venha a reverter em benefício direto de outros players do setor e chamou a atenção para a transferência das receitas para as plataformas digitais.

“A RTP já tem uma quota reduzida no mercado de publicidade e não é certo que o estarmos a reduzir, isto venha reverter em favor de outros concorrentes, […] há claramente uma transferência de publicidade para as plataformas digitais, haverá possivelmente uma transferência de publicidade para meios mais fragmentados, mas não é evidente que esses seis milhões venham a reverter totalmente a favor das televisões existentes”, defendeu Pedro Morais Leitão.

Enquanto ponto em falta no plano apresentado, Pedro Morais Leitão evidenciou também a questão da TDT (televisão digital terrestre), um “tema caro” à Media Capital. “Há ainda muitas pessoas cuja janela para o mundo é a TDT, cerca de 150.000 lares, é complicado o que é que se lhes vai propor como alternativa, mas acho que é um tema que, neste momento, está a afetar seriamente o que é a distribuição de televisão em Portugal, cria distorções entre as relações que existem entre os produtores de televisão e os seus distribuidores e são essas distorções que importa abordar”, apontou.

Luís Santana, da Medialivre, apontou também estar em falta no plano uma “intervenção mais musculada” junto das grandes plataformas digitais que “lapidam” a fonte de receitas oriunda da publicidade digital, apelando à ação não só a nível nacional mas também europeu.

O CEO do grupo dono da CMTV e Correio da Manhã destacou ainda a importância do combate à desinformação e defendeu que este deve evoluir até ao ponto de penalizar criminalmente quem usa os conteúdos de outros de forma lesiva. Sublinhou também a situação “muito crítica” de haver quatro concelhos e “largas dezenas de freguesias” que não têm acesso a pontos de venda de jornais ou revistas.

Relativamente à imprensa, Cristina Soares, do Público, alertou para a crise profunda que afeta este setor e chamou uma vez mais a atenção para as grandes plataformas digitais. “Nós hoje temos os custos, as redações e as obrigações regulatórias e as plataformas digitais têm as receitas e continuam desreguladas”, lamentou a responsável.

Quanto à rádio, o presidente do Conselho de Administração do Grupo Renascença, o cónego Paulo Franco – a quem uma das medidas do plano que agrada profundamente é a da revisão da legislação que está “completamente obsoleta” – lembrou que a RTP não é só televisão e que tem também as três antenas com cobertura nacional de rádio.

“O tema da publicidade pode pensar-se que não se coloca na rádio, no entanto, às vezes, há outras formas dissimuladas de publicidade, em formato de patrocínios […] e também é importante que a regulação não feche os olhos a estas formas dissimuladas de publicidade com o título de patrocínio”, realçou.

Concordante com a ideia da necessidade de se tomarem ações em relação às grandes plataformas digitais e de que é “urgente” a regulação desta matéria – em termos de publicidade e da utilização dos conteúdos de media “de forma abusiva onde peca a retribuição” – o responsável da Renascença pediu ainda uma “atenção especial” aos conteúdos dos privados que são de serviço público e a um possível “benefício fiscal”.

Na sua intervenção, Nicolau Santos sublinhou que o setor da comunicação social, em particular o setor privado, está a “passar por sérias dificuldades”. “Se queremos ter uma democracia forte, que funcione, temos de ter diversidade dos órgãos de comunicação social e temos de ter, sobretudo, sustentabilidade dos órgãos de comunicação social”, defendeu o presidente do Conselho de Administração da RTP. “Aprendi muitas vezes a ouvir esta frase do dr. Francisco Pinto Balsemão: que não há independência editorial se não houver independência financeira“, prosseguiu.

Nicolau Santos alertou ainda que as “Netflix estão a entrar” no negócio das televisões, pelo que faz “mais sentido ter entendimento a nível nacional para defender os media nacionais para fazer face a este avanço”, reitereando a necessidade de as empresas de media se entenderem e trabalharem em conjunto, porque não é a RTP que ameaça os privados, mas antes as grandes plataformas internacionais. Os operadores privados sabem muito bem que a RTP muitas vezes tem servido de estabilizador no mercado publicitário“, sublinhou.

A saída da RTP do mercado publicitário também significa uma perda de relevância da RTP“, independentemente de se conseguir a solvabilidade e ter um serviço público “mais fraco” é ter também “uma democracia mais fraca”, advertiu, defendendo também “além do Governo, é fundamental que a sociedade civil e os empresários se envolvam” para preservar um ecossistema nos media privados.

(notícia atualizada às 15h37)

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“É o momento de todos construírem almofadas financeiras para o futuro”, recomenda Centeno

Governador do Banco de Portugal defendeu que famílias, empresas e Estado devem construir poupanças para enfrentar os desafios futuros.

O governador do Banco de Portugal recomendou esta terça-feira que o Estado, as empresas e as famílias voltem a constituir ‘almofadas’ de poupança para fazer face aos desafios futuros. A declaração de Mário Centeno ocorre a dois dias da entrega do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) e reflete aquela que tem sido a sua mensagem de prudência nos últimos anos.

“É o momento de todos construírem almofadas financeiras para o futuro”, disse Mário Centeno na conferência de imprensa de apresentação do Boletim Económico de outubro de 2024, em Lisboa.

O antigo ministro das Finanças falava das perspetivas de poupança das famílias, que o Banco de Portugal prevê que se situe acima de 11% entre 2024 e 2026, mas estendeu a recomendação para os restantes agentes económicos: empresas e Estado.

Este cenário surge num contexto de moderação do crescimento do rendimento disponível real das famílias, que deverá abrandar para uma média de 1,9% em 2025 e 2026, após um aumento expressivo de 6,6% previsto para 2024.

O crescimento do rendimento das famílias em 2024 reflete a situação favorável do mercado de trabalho, com aumentos do emprego e dos salários reais, bem como o impacto de medidas orçamentais como o aumento das pensões e a redução do IRS. No entanto, nos anos seguintes, o Banco de Portugal antecipa uma desaceleração da massa salarial e a dissipação dos efeitos destas medidas.

No decorrer da apresentação do Boletim Económico de outubro esta terça-feira, o governador do Banco de Portugal refere ainda que a manutenção de uma taxa de poupança elevada, num contexto de normalização das taxas de juro, poderá ser explicada por vários fatores.

Mário Centeno destaca que, por um lado, as famílias poderão estar a adotar uma postura mais cautelosa após os choques dos últimos anos, incluindo a pandemia e o aumento do custo de vida. Por outro, as taxas de juro positivas tornam mais atrativo poupar, contrastando com a década anterior de juros próximos de zero.

A mensagem do governador do Banco de Portugal para todos construírem almofadas financeiras vai também ao encontro da decisão do supervisor em exigir aos bancos mais uma almofada financeira (buffer) no seu balanço a partir de 1 de janeiro de 2026.

Na segunda-feira, o Banco de Portugal reviu o enquadramento metodológico da reserva contracíclica de fundos próprios, preparando-se para ativar este instrumento macroprudencial pela primeira vez desde a sua implementação em 2016, colocando a taxa nos 0,75% a partir de 2026.

O Banco de Portugal defende ainda que o aumento gradual das reservas no contexto de níveis elevados de capitalização e rendibilidade da banca, como sucede atualmente, mitiga também os custos para a atividade económica no presente e facilita a adaptação dos bancos ao novo requisito de reserva contracíclica.

“Não há melhor momento para aumentar almofadas de proteção para o futuro que não este. E por isso é que essa decisão foi tomada agora”, referiu o governador do Banco de Portugal no decorrer da apresentação do Boletim Económico de outubro, esta terça-feira em Lisboa.

Com a taxa a passar de 0% para 0,75%, as instituições terão de reter mais lucros ou captar capital no mercado para cumprir este novo requisito regulatório.

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