Vendas da Tesla na UE travam 50% no mês em que Musk se tornou conselheiro de Trump

  • Lusa
  • 25 Fevereiro 2025

Registos de modelos equipados com motores a gasolina e pequenos motores elétricos representaram 34,9% do mercado em janeiro, apesar da queda nas vendas face ao mesmo mês de 2024.

As vendas de veículos Tesla na União Europeia caíram 50,3% em janeiro deste ano, em comparação com o período homólogo, de acordo com números hoje publicados pela Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA).

Os dados indicam que a empresa de Elon Musk vendeu 7.517 unidades no primeiro mês deste ano, em comparação com os 15.130 veículos em janeiro de 2024.

A quebra nas vendas da fabricante de veículos elétricos coincidiu com um momento em que o seu proprietário, conselheiro do presidente norte-americano Donald Trump, interferiu na política interna da União Europeia, apoiando, entre outros, o partido de extrema-direita alemão Alternativa para a Alemanha (AfD).

Este declínio contrasta, no entanto, com um aumento de 34% na compra de veículos elétricos na UE, até 124.341 unidades, pelo que este tipo de veículos representou 15% do mercado automóvel.

No geral, os registos de veículos novos caíram em média 2,6% no mercado da UE, com os maiores declínios registados em França (-6,2%), Itália (-5,8%) e Alemanha (-2,8%). A economia espanhola foi a única das quatro principais da UE em que os registos de novos veículos aumentaram (+5,3%).

Híbridos voltam a ultrapassar modelos a gasolina

Os registos de novos automóveis híbridos voltaram a ultrapassar os de veículos movidos a gasolina na Europa em janeiro, anunciou esta terça-feira a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA, na sigla em francês).

Os registos destes modelos equipados com motores a gasolina e pequenos motores elétricos representaram 34,9% do mercado, menos 18,4 pontos percentuais do que no mesmo mês de 2024.

Os automóveis a gasolina começam a seguir a tendência já trilhada pelos a gasóleo e sofreram uma quebra acentuada em janeiro (menos 18,9 pontos percentuais), sobretudo em França e na Alemanha.

Os modelos a gasolina representaram em janeiro 29,4% do mercado e os veículos a diesel 10%, menos 27 pontos percentuais do que no mesmo período do ano passado.

Os híbridos, menos poluentes que os modelos a gasolina e mais baratos que os elétricos, estão a retomar o controlo do mercado europeu depois de o terem dominado pela primeira vez durante três meses, de setembro a novembro de 2024.

Os modelos 100% elétricos aumentaram significativamente ao longo do ano (mais 34%), especialmente na Bélgica, Alemanha e Itália (mais 126%), mas mantêm-se estáveis em comparação com dezembro, e com disparidades significativas dependendo do país.

A nível europeu, os veículos elétricos representaram em janeiro 15% dos registos, ainda longe das metas estabelecidas para os fabricantes pela Comissão Europeia: 25% em 2025 e 100% em 2035.

“É evidente que a Europa ainda tem trabalho a fazer para evitar a estagnação”, disse a diretora-geral da ACEA, Sigrid de Vries, em comunicado.

A ACEA apelou a um relaxamento das regras europeias sobre as emissões de dióxido de carbono, o gás mais responsável pelo aquecimento global, das quais surgem as metas de vendas de automóveis elétricos.

“A UE deve fazer todos os possíveis para que o Diálogo Estratégico sobre o Futuro da Indústria Automóvel seja um sucesso, para permitir uma transição eficaz para a mobilidade com emissões zero, preservando ao mesmo tempo a nossa competitividade global”, acrescentou de Vries.

O sucesso dos híbridos beneficiou a japonesa Toyota, apesar de uma ligeira quebra em janeiro (menos 4,9 pontos percentuais), e a francesa Renault (mais cinco pontos percentuais), que atingiu uma quota de mercado de 10,9%.

A pioneira em automóveis elétricos Tesla viu as vendas caírem para metade em janeiro, prejudicadas por uma mudança na gama e também, potencialmente, por posições controversas assumidas pelo dono da empresa, Elon Musk.

Com todas os tipos de veículos combinados, as vendas caíram 2,6% em janeiro face ao mesmo mês de 2024. Os principais mercados europeus (Alemanha, França, Itália) apresentaram quedas, enquanto Espanha registou uma ligeira recuperação.

 

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Hoje nas notícias: bancos, falência do GES e impostos sobre o trabalho

  • ECO
  • 25 Fevereiro 2025

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Os bancos estão a oferecer spreads negativos na concessão de crédito a câmaras municipais, e em alguns casos até isenção de comissões. A Rioforte, empresa de topo que pertencia ao Grupo Espírito Santo (GES), não tem bens nos bancos suficientes para pagar o montante de créditos que foi já reconhecido pela justiça do Luxemburgo, onde a sua insolvência está a decorrer. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta terça-feira.

Bancos oferecem spreads negativos a autarquias

Os bancos estão a oferecer spreads negativos na concessão de crédito a câmaras municipais, assistindo-se até a isenção de comissões (que, por norma, encarecem o crédito final e tornam mais difícil a comparação de várias propostas). No caso de um empréstimo à autarquia de Viana do Castelo, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) propôs um spread ligeiramente negativo (-0,01%), tendo sido o único de quatro bancos que começou por oferecer zero mas acabou a descer para valor negativo, o que lhe garantiu a operação. Porém, todos os oito bancos que concorreram isentavam a operação de comissões (abertura de processo, gestão e outras), e os restantes três que apresentaram spread zero foram o Millennium BCP, a Caixa de Crédito Agrícola e o Banco Montepio.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago)

Insolvência do GES no Luxemburgo sem bens para pagar créditos já reconhecidos

A Rioforte, empresa de topo que pertencia ao Grupo Espírito Santo (GES), não tem bens suficientes nos bancos para pagar o montante de créditos que foi já reconhecido pela justiça do Luxemburgo, onde decorre o seu processo de insolvência. No último balanço feito pelos liquidatários, até 31 de dezembro de 2024, já foram aceites pelo tribunal reclamações de crédito que totalizam os 408 milhões de euros referentes à Rioforte. Entre elas consta o crédito da Pharol, a sociedade administrativa que resta da antiga operadora portuguesa Portugal Telecom.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago)

Portugal contraria UE com subida de receitas do trabalho

A receita fiscal sobre o capital (ações, por exemplo) desceu em Portugal nas últimas duas décadas, enquanto a receita fiscal sobre o trabalho aumentou, segundo conclui a Comissão Europeia no relatório trimestral da Zona Euro. Este cenário contraria o que acontece na maioria dos Estados-membros da União Europeia (UE) e as recomendações das organizações internacionais. “Com as alterações demográficas, os sistemas tributários nacionais podem ter de precisar de reduzir a carga fiscal sobre o trabalho. O rendimento de capital — especialmente o pessoal — é muitas vezes considerado uma alternativa”, afirma a análise.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

3,4 milhões de pessoas têm salário entre 800 e mil euros

Mais de metade dos cerca de 5,9 milhões de trabalhadores registados na Segurança Social tinha uma remuneração-base mensal (sem subsídios) entre os 800 e os mil euros no ano passado. A concentração de 3,4 milhões de pessoas no escalão de remunerações-base entre os 801 e os mil euros está relacionada com a subida do salário mínimo, que no ano passado passou para 820 euros. Segundo as declarações entregues à Segurança Social, apenas cerca de 86 mil trabalhadores receberam uma remuneração acima de quatro mil euros.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago)

Hospitais públicos usam cada vez mais canábis medicinal

Entre janeiro e novembro do ano passado, o consumo de canábis nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) chegou às 950 unidades, o que compara com 707 unidades usadas em 2023 e 524 em 2022. Mesmo a quantidade de canábis medicinal exportada — planta, preparações e substâncias — a partir do território nacional não tem parado de subir, quando passam pouco mais de seis anos após a regulamentação do uso da canábis para fins medicinais em Portugal.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago)

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O dia em direto nos mercados e na economia – 25 de fevereiro

  • ECO
  • 25 Fevereiro 2025

Ao longo desta terça-feira, 25 de fevereiro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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“Conto com o turismo, porque tem apresentado uma imagem de Portugal inovadora”

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  • 25 Fevereiro 2025

Miguel Maya, CEO do Millennium BCP, partilha como a imagem positiva do turismo em Portugal tem contribuído não apenas para o setor, mas também para a economia como um todo.

Miguel Maya, CEO do Millennium BCP, conta com o Turismo pelo seu efeito determinante no desenvolvimento económico de Portugal e consequentemente o domínio social. Conta também com o Turismo pela imagem inovadora, acolhedora e inclusiva que tem proporcionado ao país não só positiva para o setor, mas para a economia como um todo.

O que é o projeto Eu conto com o Turismo?

Um empresário do têxtil, uma varina da Nazaré, um vendedor de bolas de Berlim, a proprietária de uma loja de produtos dos Açores, um piloto de voos de recreio, uma empresária do setor vinícola… e tantos, tantos outros. Todos nós, na verdade. Todos somos beneficiários do turismo e contamos com o turismo para melhorar as nossas vidas.

O turismo tem vindo a assumir um papel crescente na economia portuguesa e é o principal responsável pela maioria dos indicadores positivos dos últimos anos. Cria emprego, anima o tecido empresarial, revitaliza as cidades.

O projeto Eu conto com o Turismo tem como objetivo dar voz a pessoas, mais e menos conhecidas, das mais variadas atividades e regiões, que, de alguma forma, beneficiam do turismo.

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Perspetivas Globais do Setor Segurador em 2025

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  • 25 Fevereiro 2025

Dora Leal considera otimistas as perspetivas para o setor segurador. A inovação e utilização de GenAI abrem novas oportunidades, segundo o "2025 Global Insurance Outlook” da EY.

O arranque de 2025 para o setor segurador, a nível global, é marcado por um cenário de mudança constante, impulsionado por fatores como o clima, a cibersegurança e o rápido avanço da tecnologia, nomeadamente a Inteligência Artificial Generativa (GenAI). As tensões geopolíticas e comerciais, a instabilidade macroeconómica e a polarização política são outras das complexidades que se apresentam, exigindo uma atenção redobrada por parte das seguradoras.

Não negligenciando estes desafios, as perspetivas para o setor são otimistas, com uma forte procura por soluções de proteção e serviços complementares. A inovação e a utilização de dados abrem novas oportunidades na avaliação de riscos, definição de preços e parcerias.

Dora Leal, Director EY, Risk & Actuarial, Consulting Financial Services

E é neste contexto que incide a mais recente publicação da EY “2025 Global Insurance Outlook“, a qual destaca as principais tendências e oportunidades para o setor segurador, (1) num ambiente de mercado volátil e complexo; (2) na procura de múltiplos caminhos para o crescimento; e (3) na reestruturação das empresas com dados mais ricos, tecnologia modernizada e talento renovado.

1. Ambiente de mercado volátil e complexo

O setor segurador enfrenta uma série de desafios interligados, começando desde logo pela instabilidade geopolítica, guerras, conflitos armados e tensões comerciais que colocam em risco as operações como também pela polarização política, a desigualdade económica, o aumento dos custos médicos e as lacunas na poupança para a reforma, que intensificam as tensões sociais e exigem soluções de seguros mais acessíveis e adequadas ao bem-estar e segurança dos cidadãos. De acordo com o EY Insurance CRO survey, 56% dos CROs destacam a geopolítica como um dos três principais riscos para os próximos três anos.

O quadro regulatório, cada vez mais rigoroso e os requisitos de reporte mais detalhados, especialmente na Europa, aumentam os custos de conformidade e influenciam as estratégias de investimento e inovação. Os avanços na GenIA trazem novos riscos, como o enviesamento algorítmico e preocupações com a privacidade de dados, exigindo uma forte governação e utilização ética da tecnologia. O aumento da frequência de eventos climáticos extremos desafia as seguradoras a melhorar a previsão de riscos e a ajustar os modelos de subscrição.

Para navegar neste ambiente complexo, as seguradoras precisam de uma maior agilidade operacional, criar modelos preditivos avançados para avaliar riscos emergentes (ex. catástrofes naturais mais frequentes e ataques cibernéticos – 41% das pequenas empresas sofreram ataques cibernéticos em 2023), antecipar futuras alterações regulamentares e assegurar que as estratégias atendem a diferentes requisitos e garantem estabilidade a longo prazo, mesmo durante crises económicas.

2. Procura de múltiplos caminhos para o crescimento

A adaptação ao novo panorama do setor exige estratégias inovadoras e diversificadas. Apesar dos desafios, o setor tem demonstrado um desempenho relativamente forte nos últimos anos e prevê-se que continue a crescer de forma constante tanto nos mercados maduros como nos emergentes.

Independentemente da região, linha de negócio ou nível de ambição de crescimento, as seguradoras precisam de atualizar as ofertas principais e enriquecer o portfólio de produtos e serviços, alinhando-os com as mudanças de comportamento dos clientes. A EY destaca os seguros pessoais (a evolução da mobilidade e as casas inteligentes exigem soluções mais personalizadas e flexíveis, como seguros baseados na utilização e ofertas integradas) e os seguros de vida (soluções para a reforma, a inovação de produtos e a diversificação da distribuição) como oportunidades de crescimento.

3. Reestruturar as empresas com dados mais ricos, tecnologia modernizada e talento renovado

Os dados e a IA devem ser prioridades máximas para as seguradoras, com foco na otimização de processos e na tomada de decisões estratégicas. A automação e a digitalização são essenciais para criar ambientes operacionais flexíveis, aumentar a eficiência e melhorar os resultados para os clientes. É crucial preparar a força de trabalho para a era da IA, capacitando os colaboradores e fomentando uma cultura de inovação. De acordo com o EY European Financial Services AI Survey, 27% das seguradoras têm já estabelecidos programas de formação sobre GenAI. Empoderar as pessoas e as equipas para experimentar IA generativa e encorajá-las a colaborar mais abertamente impulsionará o retorno sobre os investimentos em tecnologia.

O setor segurador enfrenta um ambiente complexo, mas repleto de oportunidades. As seguradoras que conseguirem adaptar-se às novas realidades, investirem em tecnologia e IA, e implementarem estratégias inovadoras estarão bem posicionadas para um crescimento sustentável. A modernização operacional, a personalização de produtos e a adoção de uma cultura de inovação são fundamentais para prosperar num mercado dinâmico e competitivo em 2025 e seguintes.

Dora Leal, Director EY, Risk & Actuarial, Consulting Financial Services.

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Galp confirma nova descoberta de petróleo na Namíbia. Resultados “abrem novas oportunidades de exploração”

Companhia perfurou, recolheu amostras e registou “com sucesso” o quinto poço no complexo africano, com os dados preliminares a confirmarem “colunas significativas de petróleo leve e gás condensado”.

A Galp deu conta esta terça-feira de um resultado positivo nos trabalhos de perfuração do quinto poço de petróleo no complexo de Mopane, na Namíbia, localizado a 18 quilómetros do primeiro poço do bloco petrolífero conhecido por Licença de Exploração de Petróleo 83 (PEL 83, na sigla original em inglês).

Em comunicado enviado à CMVM, a companhia portuguesa informa que perfurou, recolheu amostras e registou “com sucesso” o quinto poço (Mopane-3X), com os dados preliminares a confirmarem “colunas significativas de petróleo leve e gás condensado” nos dois reservatórios identificados no final de dezembro e nas areias mais profundas, a cerca de 1.200 metros de profundidade.

“As medições de registo nos reservatórios confirmam boas porosidades, altas pressões e altas permeabilidades. As amostras iniciais dos fluidos mostram baixa viscosidade no petróleo e concentrações mínimas de CO2 e H2S. As amostras foram enviadas para testes de laboratório”, refere a companhia coliderada interinamente por Maria João Carioca e João Diogo Marques da Silva.

Nesta nova atualização sobre a exploração e avaliação dos ativos petrolíferos no país africano, em que detém 80% – os parceiros neste projeto são a NAMCOR e a Custos (10% cada), a Galp refere que “as pressões mais elevadas do que o esperado e os resultados preliminares abrem novas oportunidades de exploração e de avaliação na região sudeste de Mopane”.

“Todos os novos dados vão ser integrados no modelo e apoiar o planeamento de novas atividades potenciais”, acrescenta a petrolífera portuguesa, quem em 2024 viu os lucros caírem 4%, para 961 milhões de euros. Ainda assim, foi o segundo melhor ano de sempre para a companhia, com a administração a propor aos acionistas reforçar em 15% o dividendo, para 0,62 euros por ação.

No rescalda da apresentação de resultados, numa chamada com analistas, Maria João Carioca referiu que a Galp continua sem pressa para encontrar um parceiro para o projeto de exploração na Namíbia. “Continuamos a procurar a solução que nos dê a certeza de que retiramos valor do ativo. Tendo em conta a respetiva dimensão e potencial, acreditamos que a venda parcial [farm down] é, obviamente, uma solução natural”, referiu a co-CEO.

O potencial comercial desta posição de 80% no bloco de exploração de petróleo na Namíbia tem despertado a atenção de gigantes do setor desde que foi divulgado, em abril do ano passado. A Galp pretende manter uma posição significativa, mas já foi noticiado pelas agências internacionais que a empresa portuguesa estaria a considerar vender uma fatia de 40% destes ativos.

 

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Plataformas de IA resumem notícias de forma imprecisa, revela BBC

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  • 25 Fevereiro 2025

Além de conterem imprecisões factuais, ChatGPT, Copilot, Gemini e Perplexity apresentaram dificuldade em "diferenciar entre opinião e factos", deixando muitas vezes de incluir "contexto essencial".

Mais de metade (51%) das respostas dadas por plataformas de inteligência artificial (IA) ​​a perguntas sobre notícias apresentaram “problemas significativos”, revela uma análise da BBC. Além disso, 19% das respostas dadas por IA ​​que citavam conteúdo da BBC apresentaram erros factuais, desde declarações a números ou datas incorretos.

A análise mostra ainda que 13% das citações retiradas dos artigos da BBC foram alteradas ou nem existiam no artigo.

Para o estudo, a BBC deu acesso ao seu site a quatro plataformas de IA — ChatGPT, Copilot, Gemini e Perplexity — tendo depois feito perguntas sobre algumas notícias, levando estas plataformas a usarem os seus artigos enquanto fonte. Foi depois pedido a jornalistas da BBC, especialistas no respetivo assunto de cada artigo, para avaliarem a qualidade das respostas.

Entre as imprecisões fornecidas pelas plataformas de IA, encontra-se a de o Gemini ter dito incorretamente que o Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS) não recomenda os vaporizadores como uma ajuda para quem quer deixar de fumar, revela a BBC.

Já o ChatGPT e o Copilot afirmaram que Rishi Sunak (ex-primeiro-ministro do Reino Unido) e Nicola Sturgeon (ex-primeira-ministra da Escócia) ainda estavam no cargo, mesmo depois de já o terem abandonado, enquanto o Perplexity citou incorretamente a BBC numa reportagem sobre o Médio Oriente, referindo que o Irão inicialmente mostrou “contenção” e descrevendo as ações de Israel como “agressivas”, adjetivos que não foram usados no trabalho da BBC.

Segundo a BBC, numa perspetiva geral, o Copilot, da Microsoft, e o Gemini, da Google, demonstraram problemas mais significativos do que o ChatGPT, da OpenAI, e o Perplexity.

Além de conterem imprecisões factuais, estas plataformas apresentaram dificuldade em “diferenciar entre opinião e factos”, deixando muitas vezes de incluir “contexto essencial”, refere a BBC.

Segundo Pete Archer, diretor do programa de IA generativa da BBC, os media e os seus editores “devem ter controlo sobre se e como o seu conteúdo é usado“. Além disso, as empresas de IA “devem mostrar como os assistentes de IA processam as notícias, juntamente com a extensão dos erros e imprecisões que produzem“.

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Consultora tecnológica Arquiconsult relança processo de venda

A empresa portuguesa, especializada em sistemas de gestão, tem três propostas "mais relevantes" em análise. A decisão sobre o assessor jurídico, que se juntará à EY, será tomada numa fase posterior.

A consultora tecnológica portuguesa Arquiconsult, especializada em sistemas de gestão, colaboração e business intelligence, está a relançar o processo de venda, segundo consta da plataforma Mergermarket e confirmou o ECO. A empresa liderada por Rui Santos tem atualmente três propostas de compra “mais relevantes” que estão em análise, adiantou fonte conhecedora da operação.

Esta operação arrancou há um ano e acabou por arrastar-se sem desfecho durante o segundo semestre de 2024. Apesar de continuar a ser assessorada pela EY Portugal, a Arquiconsult está a receber contactos de escritórios de advogados para a fase de assinatura dos contratos, mas a decisão sobre o apoio jurídico só será tomada numa etapa posterior.

A Arquiconsult pretende acelerar a transação na qual só houve um fundo publicamente interessado: o private equity italiano 21 Invest, através da TVH Consulting, segundo noticiou o Jornal Económico no verão passado. No entanto, a proposta dos italianos não vai ser considerada, sabe o ECO.

A consultora nacional tem cerca de 300 trabalhadores e escritórios em Lisboa, Matosinhos e Vila Real, mas também em Espanha (Madrid, Barcelona, Salamanca, Sevilha), em Angola (Luanda), nos Emirados Árabes Unidos (Dubai) e na Arábia Saudita (Riade). Entre os clientes estão nomes como Mercedes-Benz, Gato Preto, Go Natural, Randstad, Hertz, Symington, Klog ou grupo Malaquias.

O volume de negócios da Arquiconsult tem vindo a crescer nos últimos anos, de cerca de dez milhões de euros em 2018 para mais do dobro (21,9 milhões de euros) em 2023, de acordo com os dados consultados através de consultoras especializadas. A percentagem que também duplicou em cinco anos foi a contribuição do mercado internacional (60%).

No pós-pandemia, a empresa criou uma estratégia de aquisições virada para Espanha, para consolidar a presença no mercado ibérico, e escolheu a espanhola QAPoint, com sede em Madrid e dedicada à comercialização do software Microsoft Dynamics AX/FO, como alvo para aumentar a expressão no país vizinho. “O que pretendemos é conseguir cobrir todo o mercado ibérico. Uma vez que a QAPoint possui uma extensão em Salamanca, local chave na formação de novos quadros, pois ali se situam duas universidades e três faculdades de informática, para nós tornou-se uma escolha óbvia”, explicou o CEO da Arquiconsult, Rui Santos, em 2021.

Como vende software de gestão (ERP – Enterprise Resource Planning) da Microsoft, a Arquiconsult é considerada uma das maiores parceiras da tecnológica norte-americana, construindo verticalizações para diversos setores, entre os quais comércio e distribuição, transportes, navegação, construção e gestão de espaço.

Contactada, a EY não quis prestar comentários.

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Pacote Omnibus pode acelerar ou ‘atropelar’ ESG na Europa

O pacote para a desburocratização da UE, o Omnibus, vem alterar importantes diplomas de sustentabilidade. Objetivo é simplificar, mas é importante não desvirtuar esta legislação, dizem especialistas.

Em janeiro, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentou a Bússola para a Competitividade, a “principal iniciativa” do executivo europeu para o novo mandato, inspirada no relatório feito por Mário Draghi sobre o mesmo tema.

Na altura, enumerou cinco eixos transversais que serão facilitadores da competitividade no Velho Continente. No âmbito de um deles, a “simplificação”, que quer decisões administrativas “mais simples, rápidas e leves”, anunciou que vem aí a proposta Omnibus. Esta proposta “vai simplificar o reporte de sustentabilidade, a diretiva da due dilligence e a taxonomia (CSRD, CSDDD e Taxonomia)” europeia, lê-se numa nota publicada pela Comissão. A expectativa é que a proposta seja conhecida esta quarta-feira, dia 26 de fevereiro, embora possa resvalar.

A Taxonomia, explica o economista sénior do Banco Carregosa, Paulo Rosa, contém os princípios para identificação de atividades económicas sustentáveis. A Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (CSRD) obriga as empresas a divulgarem informações sobre o impacto das suas atividades nas questões ambientais, sociais e de governança (ESG). E a Diretiva de Devida Diligência em Sustentabilidade Corporativa (CSDDD), a qual exige que as empresas identifiquem e mitiguem impactos adversos nos direitos humanos e no meio ambiente ao longo das suas cadeias de valor.

Na nota já referida, a CE assume que o objetivo é cortar em pelo menos 25% o fardo administrativo que recai sobre as empresas, elevando a percentagem para 35% no que respeita às pequenas e médias empresas. Esta desburocratização afigura-se como importante para a competitividade na medida em que existem estudos, como é o caso do Investment Survey de 2023 do Banco Europeu de Investimento (BEI), que documenta que duas em cada três empresas consideram os encargos regulatórios a que estão sujeitas como o grande obstáculo ao investimento de longo prazo, tornando a Europa menos atrativa para investir quando comparada com outros locais, assinala a responsável pelo pelouro da Sustentabilidade na PwC, Cláudia Coelho.

A CIP – Confederação Empresarial de Portugal considera que “as empresas necessitam urgentemente de um sinal de que a UE está verdadeiramente interessada em reduzir a carga regulamentar, fazendo disso a sua principal prioridade”. Nesse sentido, diz-se “expectante” relativamente ao Omnibus, querendo que os textos da CSRD e CSDDD “se tornem mais operacionais e consentâneos com a realidade empresarial”.

A conjugação destes dois diplomas entre si e com outros regulamentos relacionados com os temas do trabalho e reflorestação é uma das urgências identificadas por esta associação, além de apelar à não duplicação de relatórios e exigências. A CIP defende ainda que a Comissão Europeia prorrogue a data de transposição e implementação dos diplomas.

No entanto, também se têm levantado vozes contraditórias a este movimento. Em janeiro, relembra a conselheira no Centro para Negócios Sustentáveis e liderança da Católica Lisbon, Angela Lucas, um grupo de grandes empresas europeias, investidores e associações industriais, publicou uma carta aberta dirigida aos líderes europeus, manifestando a sua preocupação pelo facto de o pacote Omnibus poder servir para reabrir e renegociar a legislação de sustentabilidade, sendo que as empresas já investiram recursos significativos na preparação e cumprimento dos novos requisitos legais. Os signatários da carta incluem Nestlé, Unilever, Mars, Ferrero, Primark e a Global Network Initiative.

Em cima da mesa: limar arestas e adiar prazos

Da parte do setor financeiro, o BPI espera que os requisitos aplicáveis a este setor sejam alinhados com aqueles que se aplicam ao setor não financeiro. “Se se isentar as entidades não financeiras de requisitos, mas posteriormente obrigar as entidades financeiras a reportar sobre a carteira, então as entidades não financeiras serão igualmente obrigadas a reportar”, evidencia fonte oficial.

Da parte da SRS Legal, conta-se com “a simplificação de uma regulamentação densa, nem sempre congruente”, evitando-se sobreposições e contradições nos requisitos dos relatórios de sustentabilidade, “sem anular os elevados padrões de exigência”, afirma a sócia Carla Neves Matias. Na mesma linha, a sócia de Compliance da Macedo Vitorino, Cláudia Martins, fala em “clarificar definições, alinhar prazos e uniformizar critérios entre a CSRD, a CSDDD e a Taxonomia”, mas sem comprometer a robustez do controlo e prevenção de greenwashing.

Já a partner da PwC Cláudia Coelho prevê que a possa vir a ser constituída uma nova categoria de empresas médias (maiores do que PME e menores do que as grandes empresas). Madalena Perestrelo, consultora sénior de Bancário, Financeiro e Fusões e Aquisições na PLMJ, entende que estas deverão ser aproximadas da regulação simplificada pensada para as PME. Além disso, continua a consultora da PLMJ, as obrigações relacionadas com a sustentabilidade proporcionais à escala de atividades das empresas afetadas. Por fim, conta que se tente evitar o “efeito cascata”, isto é, a transferência de encargos regulatórios de reporte de sustentabilidade de grandes empresas para outros atores na sua cadeia de atividades, o que conduz a um excesso de reporte para empresas de menor dimensão.

Angela Lucas assinala que seria “boa notícia” se surgisse uma “clara interoperabilidade” entre as Normas Europeias de Relato de Sustentabilidade (ESRS) e outras normas usadas pelas empresas (como as normas do International Sustainability Standards Board – ISSB). Perestrelo e Lucas destacam que ferramentas auxiliares à aplicação das regras técnicas (desde “perguntas frequentes” a guiões e recomendações) são “bem-vindas”.

Em paralelo, a partner da PwC aponta uma eventual simplificação do Mecanismo de Ajustamento Carbónico Fronteiriço para entidades mais pequenas.

Por outro lado, a SRS Legal entende que a “alteração dos prazos de implementação é uma necessidade que dificilmente poderá ser ignorada”. Nuno Fernandes, managing partner da Odgers Berndtson Board Solutions, considera “expectável” um adiamento nas obrigações pelo menos para as pequenas e médias empresas, por cerca de um ano. No caso das grandes empresas, “há pressão para reduzir a carga administrativa especialmente no reporte de emissões indiretas.

Olhando à Taxonomia Europeia, o BPI considera “essencial” repensar o Green Asset Ratio (GAR), “dadas as sérias limitações que lhe são reconhecidas”. Um relatório recente da Plataforma EU para o Financiamento Sustentável conclui que os objetivos originais do GAR não estão a ser atingidos, sublinha o banco. Para a instituição é importante que as regras de cálculo sejam clarificadas com antecedência face às datas de reporte, que o processo de cálculo seja simplificado para informação associada ao retalho e que sejam eliminadas inconsistências entre numerador e denominador do rácio. Neste sentido, o BPI sugere que seja ponderada a introdução dos rácios que ainda estão ao abrigo de um período de transição até que o GAR principal esteja estabilizado.

Em relação ao reporte de sustentabilidade, o BPI queixa-se de que em muitos casos, para já, é ambíguo se a informação a reportar pelo setor financeiro diz respeito à atividade direta ou também à atividade dos clientes que são financiados, pelo que apela à clarificação nestes aspetos.

As alterações devem ser “cuidadosamente ponderadas” e “adequadamente comunicadas”, garantindo que as prioridades da Europa se mantêm, balança, por fim, Cláudia Coelho. A sócia da SRS Legal aconselha a que a discussão e alterações sejam realizadas no menor espaço de tempo possível: “A celeridade que conseguir imprimir neste processo fará a diferença, assim como a posterior capacidade de adaptação das empresas.”

Simplificação, sim. Retrocesso, não

Simplificar e tornar a Europa mais competitiva, sim; rasgar ou desvirtuar completamente o PEE, seria uma oportunidade desperdiçada e um “tiro no pé”, atira Angela Lucas. Numa visão mais otimista, o BPI indica que “não há incompatibilidade entre a necessidade de simplificação e a aposta na transição sustentável”, encarando o processo de revisão como uma oportunidade de melhoria dos requisitos atuais sem que se coloque em causa o objetivo.

“Uma simplificação que não comprometa a integridade dos objetivos ambientais será benéfica para as empresas”, permitindo “dirigir o foco para a melhoria do desempenho e inovação”, entende Cláudia Coelho. Nuno Fernandes afere que faz sentido ajustar regras para garantir que as PME possam cumprir sem custos desproporcionais. Madalena Perestrelo também sublinha que “simplificação não significa desregulação”, sendo que muitas vezes passa por assegurar clareza e facilidade de implementação.

Até aqui, tudo de acordo. Mas “prejudiciais seriam quaisquer alterações que comprometessem a estratégia europeia assente no Pacto Ecológico Europeu (PEE)”, aponta Angela Lucas. Na sequência desta revisão, pode mesmo “abrir-se a caixa de Pandora” e, ao invés de meramente simplificar o edifício jurídico que sustenta o Pacto Ecológico Europeu, reabrir toda a discussão e pôr em causa a própria sobrevivência do pacto, avisa a conselheira no centro de Negócios Responsáveis da Católica. O risco torna-se especialmente vincado sendo que há vozes na atual configuração do Parlamento Europeu a pugnar por que o PEE seja, “pura e simplesmente, rasgado”, remata.

Madalena Perestrelo afirma que também possui “muitas dúvidas sobre a adequação do momento em que estamos a discutir o Pacote Omnibus e a reabrir o diálogo sobre a CSRD, a CS3D [CSDDD] e a Taxonomia”. A CSDDD acaba de ser aprovada, “depois de vários anos de intensa discussão e concessões para se chegar a um consenso final” e a CSRD ainda está a ser transposta nalguns estados, como é o caso de Portugal. “Não houve ainda tempo de testar as obrigações de reporte de sustentabilidade, de aprender com as dificuldades e melhorar a partir daí, pelo que me parece que pode ser precipitado avançar-se já para a revisão”, pontua.

"Não houve ainda tempo de testar as obrigações de reporte de sustentabilidade, de aprender com as dificuldades e melhorar a partir daí, pelo que me parece que pode ser precipitado avançar-se já para a revisão.”

Madalena Perestrelo de Oliveira

Consultora sénior das áreas de Bancário e Financeiro e Corporate M&A

Um retrocesso total nos requisitos seria negativo”, afere o BPI, ao mesmo tempo que defende que “muita da informação exigida é útil para o setor financeiro e outras partes interessadas”, sendo apenas importante “alguma harmonização, que seria trazida precisamente pela legislação”. Para os bancos, por exemplo, é “muito importante conhecer os riscos físicos e de transição que as empresas do setor não financeiro enfrentam”, para que possam integrar essa informação na respetiva avaliação de riscos.

A redução excessiva dos requisitos de reporte ou de diligência pode ainda “abrir uma porta para práticas de greenwashing”, explica Cláudia Martins, da Macedo Vitorino, caso as empresas cumpram apenas formalmente as suas obrigações, sem que ocorra uma mudança substancial nas suas práticas. Quanto à CSDDD em particular, enfraquecê-la, limitando sua aplicação a grandes empresas ou retirando a responsabilidade legal sobre impactos ambientais e sociais, “pode comprometer os objetivos da legislação e criar desigualdade competitiva no mercado”, alerta Nuno Fernandes.

“Flexibilizar em excesso pode minar a credibilidade da transição verde, afastando investidores e deixando empresas europeias em desvantagem no cenário global. Simplificar não pode significar retroceder”, vinca o managing partner da Odgers Berndtson Board Solutions, Nuno Fernandes. “Os investidores querem previsibilidade e normas claras. Se a UE flexibilizar demais, pode gerar desconfiança e afastar capital sustentável. No entanto, uma simplificação equilibrada pode tornar o mercado europeu mais atrativo, facilitando a alocação de recursos para empresas sustentáveis sem excessos burocráticos”, contrabalança Paulo Rosa.

"Os investidores querem previsibilidade e normas claras. Se a UE flexibilizar demais, pode gerar desconfiança e afastar capital sustentável.”

Paulo Rosa

Economista Sénior do Banco Carregosa

Mesmo a questão do adiamento de prazos pode levantar problemas. Cláudia Coelho indica que “alterações significativas” neste âmbito, ou mesmo no grupo de empresas abrangidas, “podem ser negativas e colocar em causa os objetivos da legislação, diminuindo a urgência e o foco na ação e enfraquecendo a resposta global”. Outra iniciativa negativa seria a redução ou eliminação das regras que responsabilizam as empresas em caso de incumprimento, acrescenta Angela Lucas.

"Esta simplificação, embora desejável, ocorre num momento em que as empresas que investiram para se adaptarem e cumprirem as exigências legislativas são prejudicadas face às que arriscaram menos.”

Carla Neves Matias

Sócia da SRS Legal

As consequências, contudo, não passam apenas pelo possível abalo dos objetivos da legislação: as próprias empresas também podem sofrer. Os principais riscos, na ótica da Macedo Vitorino, são a criação de insegurança jurídica e instabilidade regulatória, quando se tenta “parar um comboio já em marcha”. “Esta simplificação, embora desejável, ocorre num momento em que as empresas que investiram para se adaptarem e cumprirem as exigências legislativas são prejudicadas face às que arriscaram menos”, assinala a SRS Legal. Assim, pode ser afetada a “competitividade entre os bons e os maus alunos”, conclui Carla Neves Matias. Para Angela Lucas, as empresas “mais descuidadas, relapsas ou mesmo incumpridoras”, veem-se agora beneficiadas pelo volte-face da lei. A reabertura do debate pode desincentivar algumas empresas de começarem ou continuarem o caminho da transição sustentável, alerta ainda Perestrelo.

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Centros temporários para imigrantes financiados com corte no alojamento para polícias no PRR

Centros de detenção temporária para imigrantes ilegais em Odivelas e no Norte assegurados pela reprogramação do PRR que reduz em 60 os alojamentos previstos paras as forças de segurança.

Os dois centros de detenção temporária para imigrantes em situação ilegal que vão ser construídos em Odivelas e no Norte do país conseguiram financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) graças à redução do número de alojamentos para as forças de segurança.

O Executivo garantiu os 30 milhões de euros que vão custar a construção dos dois centros na reprogramação do PRR na gaveta dos investimentos dedicados à habitação, nomeadamente na bolsa nacional de alojamento urgente e temporário. Na redação inicial do PRR estava prevista a criação de 2.000 alojamentos de emergência e 473 fogos — três blocos e cinco centros para alojamento temporário de forças de segurança (em casos justificados de interesse público). A implementação do investimento tinha de estar concluída até 30 de junho de 2026 e as metas a ele associadas estavam distribuídas ao longo do terceiro, do sétimo e do décimo pedido de desembolso.

Com a reprogramação do PRR entregue em Bruxelas a 1 de fevereiro, o Executivo decidiu fazer um ajustamento que implica um aumento do financiamento do PRR em 51,7 milhões de euros, dos quais 30 milhões são referentes aos dois novos centros de detenção, geridos pelas forças de segurança, aprovados em Conselho de Ministros a 13 de fevereiro e que terão capacidade para acolher 300 imigrantes.

A medida é considerada “necessária” porque “Portugal não tem capacidade para instalar cidadãos estrangeiros em situação ilegal”. Razão pela qual “Portugal não faz praticamente afastamento e retorno”, disse o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, na conferência de imprensa do final da reunião.

O pedido de ajustamento entregue em Bruxelas, e que aguarda luz verde do executivo comunitário, determina uma “diminuição de 60 alojamentos para as Forças de Segurança e um reforço de 427 alojamentos para o Exército de forma a colmatar necessidades de alojamento temporário, passando de 473 para 840 alojamentos (i.e., 473-60+342 alojamentos)”. “Adicionalmente, reforço de dois Centros de Alojamento Temporário por razões humanitárias ou de segurança adicionais”, lê-se no texto da reprogramação.

“Adicionalmente, procede-se ao alargamento da abrangência dos beneficiários finais, mantendo o objetivo inicial de disponibilizar alojamento temporário ou de emergência indispensável ao interesse público, de funcionários, agentes e demais servidores do Estado”, refere o documento.

Já incorporando a redução dos 60 alojamentos para as Forças de Segurança, o impacto financeiro total é de 51,7 milhões de euros, nomeadamente 21,7 milhões de euros referentes a alojamentos e cerca de 30 milhões de euros relativos aos dois Centros de Alojamento Temporário”, detalha o documento.

De recordar que a gaveta mais ampla da habitação (C02) teve um corte de 391 milhões de euros que resultou da substituição da fonte de financiamento de 3.300 casas do parque habitacional público a custos acessíveis, que passam a ser financiadas com recurso ao Banco Europeu de Investimento (BEI). “A redução de financiamento é justificada pelo facto de se registar uma baixa procura por parte dos municípios impedindo a concretização a tempo do PRR de todas as habitações definidas no PRR”, escreve o Executivo na reprogramação.

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“Gestão ineficiente” das escolas contribui para falta de professores

Em dez anos, as escolas públicas perderam 117 mil alunos, mas ganharam nove mil docentes. Hoje, porém, sente-se falta de professores e a "gestão ineficiente" das escolas está a agravar essa situação.

A “gestão ineficiente” dos recursos humanos das escolas públicas portuguesas está a contribuir para a falta de professores sentida, neste momento, a nível nacional. O aviso consta de um novo estudo do think tank EDULOG, da Fundação Belmiro de Azevedo, que aponta a organização da oferta escolar como um dos grandes fatores que justificam o défice de docentes.

“Existe uma elevada discrepância na distribuição dos alunos“, alertam os especialistas, que referem que, neste momento, cerca de 40% das escolas de Portugal continental têm menos de 15 alunos e 26% têm menos de dez alunos distribuídos pelos diferentes anos dos ciclos de escolaridade.

“No caso do terceiro ciclo do ensino básico, em particular, identifica-se uma tendência para o aumento do número de escolas com menos de 15 alunos — nomeadamente, cinco alunos por ano de escolaridade — decorrente da quebra demográfica. Relativamente ao ensino secundário, o cenário é ainda mais alarmante, com cerca de 50% das ofertas de cursos profissionais das escolas públicas a registarem menos de 15 alunos, o que representa um desperdício de recursos, sobretudo de professores e dinheiros públicos“, detalha o EDULOG.

David Justino, membro do conselho consultivo do referido think tank, salienta ao ECO que a tendência demográfica descrita “é inequívoca”, mas o problema é que as escolas não estão a saber ajustar a gestão dos recursos humanos a essa realidade. “É necessário que a gestão dos recursos humanos e da rede seja feita de forma mais racional“, defende.

É necessário que a gestão dos recursos humanos e da rede seja feita de forma mais racional.

David Justino

Membro do conselho consultivo do EDULOG

O especialista e ex-ministro da Educação nota, aliás, que a oferta até aumentou nos últimos anos (há hoje mais professores e mais turmas, afirma), mas desadequou-se face à procura, o que ajuda a explicar o cenário atual de escassez de docentes em muitas disciplinas e escolas.

Em resposta, o EDULOG recomenda, nomeadamente, uma melhor organização e a aposta na complementaridade entre as escolas do mesmo município ou de municípios vizinhos.

As situações teriam, porém, de ser analisadas caso a caso, uma vez que seria preciso garantir disponibilidade dos transportes públicos. “Não se pode traçar as coisas com régua e esquadro. Tem de se ter em conta a realidade”, assinala David Justino.

Outra das recomendações do EDULOG é a integração do primeiro e segundo ciclo um único ciclo, o ensino primário, de modo a “atenuar a dispersão da oferta de ensino“, tal como já acontece noutros países.

Aulas mais curtas

Em dez anos, as escolas públicas perderam 117 mil alunos, mas ganharam nove mil docentesLusa

Com turmas muitas vezes a serem hoje constituídas com menos alunos do que está definido como mínimo pelo Ministério da Educação, o think tank EDULOG apela a maior rigor na validação, “como forma de suprir as necessidades a curto e médio prazo”.

Esse período será “indispensável para que outras medidas — como o aumento do número de alunos a frequentar cursos de formação de professores — possam atenuar o défice estimado até ao final desta década“, argumentam os especialistas.

Por outro lado, o think tank destaca a necessidade de se olhar para a organização dos tempos escolares, nomeadamente, o tempo de aula, a organização dos horários semanais, as cargas horárias e o calendário anual.

“Em particular, a variação dos tempos letivos das unidades curriculares, com durações entre 45, 50 e 90 minutos, cria desperdícios, sendo possível obter ganhos se todas as escolas adotassem unidades de 50 minutos”, observam os especialistas. No caso desta proposta ser adotada, seriam libertados 181 horários completos por cada dez mil horários de 90 minutos, estimam.

Outra das soluções propostas são a uniformização do tempo escolar obrigatório que não vá além das 25 horas, uma “ligeira alteração” ao calendário escolar, “permitindo começar um pouco mais cedo e terminar um pouco mais tarde, como forma de aliviar as cargas horárias previstas nas matrizes curriculares”, e compensar o aumento anual de horas letivas com um alívio de algumas cargas horárias semanais das disciplinas.

Discutir para lá da profissão

Face a estes dados, David Justino defende que “não basta olhar para a problemática da necessidade de professores apenas na ótica da atratividade da profissão docente e, consequentemente, da crescente dificuldade de substituição de gerações de professores”.

“O que este novo estudo nos vem demonstrar é que o problema é sistémico, e que a resposta terá de passar, também, pela criação de mecanismos que permitam rentabilizar de uma forma mais eficiente os recursos humanos“, declara, apelando a um “modelo de gestão da escola pública muito mais uniformizado e eficiente”, em complemento à melhoria das condições de trabalho dos documentos.

A resposta terá de passar, também, pela criação de mecanismos que permitam rentabilizar de uma forma mais eficiente os recursos humanos.

David Justino

Membro do conselho consultivo do EDULOG

Ao ECO, o especialista diz, ainda assim, que a função de planeamento e perspetiva não tem sido “suficientemente valorizada” no Ministério da Educação, sendo que, neste setor, é possível começar a trabalhar “com muitos anos de antecedência”.

Este think tank enquadra-se na Fundação Belmiro de Azevedo. O seu objetivo é “contribuir para a construção de um sistema de educação de referência” e a informação das políticas públicas “para a inovação e mudança na Educação”.

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Novobanco aprova dividendos a 21 de março

Era um tema proibido até dezembro, mas acionistas do Novobanco já não têm amarras: no próximo dia 21 de março vão aprovar dividendos.

Março vai ser um mês decisivo para o Novobanco na sua caminhada rumo à venda. Logo no dia 6 o banco divulga os resultados relativos ao ano passado e que servirão de porta-estandarte na oferta pública inicial (IPO) que terá lugar nos meses seguintes. Duas semanas depois, no dia 21, tem assembleia geral para os acionistas aprovarem os dividendos.

Dos nove pontos da ordem de trabalhos da assembleia geral que está marcada para daqui a um mês, três são relativos a dividendos, um tema proibido dentro do banco até há bem pouco tempo.

De acordo com a convocatória, da ordem de trabalhos constam os seguintes pontos: ponto 2 referente à proposta de aplicação dos resultados; ponto 8 relativo à tomada de conhecimento sobre a Política de Distribuição de Dividendos; e o ponto 9 refere-se a uma alteração aos estatutos na parte dos dividendos.

Em dezembro, Novobanco e Fundo de Resolução colocaram um ponto final no acordo de capital contingente (CCA) justamente para levantar a proibição de dividendos. Agora, em cima da mesa estarão cerca de 1,3 mil milhões de euros para distribuir pelos acionistas, incluindo através dividendos referentes ao lucro do ano passado que serão aprovados na assembleia geral, e também da distribuição dos resultados acumulados desde 2021 por via de uma redução de capital que será deliberada noutra ocasião.

Nessa medida, Lone Star prepara-se para encaixar perto de mil milhões de euros, sensivelmente o mesmo que injetou no banco em 2017 para ficar com 75% do banco, enquanto o Estado receberá cerca 325 milhões, a serem repartidos por Fundo de Resolução e Direção-Geral do Tesouro e Finanças.

A próxima semana trará novidades quanto a este tema. O Novobanco apresenta resultados no dia 6 logo de manhã e aí deverá divulgar quanto dinheiro irá distribuir pelos acionistas. No mesmo dia, a meio da manhã, o CEO Mark Bourke tem um encontro com os analistas e investidores. Será mais um capítulo do processo de venda que poderá concretizar-se em maio através de uma operação em mercado. O IPO poderá avaliar o banco em cinco mil milhões de euros.

Side agreement “conveniente”, mas secreto

Aquando do fim antecipado do CCA, governo, Fundo de Resolução e Lone Star assinaram um ‘side agreement’ para assegurar que o Estado terá as mesmas condições (incluindo preço) que os outros acionistas na operação de venda do banco, tal como explicou o ECO neste artigo.

Em resposta a questões colocadas pelo grupo parlamentar do PS, que pediu acesso ao documento, o Ministério das Finanças considerou que o acordo foi “conveniente” para que “certos direitos e obrigações reconhecidos ao Fundo de Resolução (…) pudessem igualmente estar aplicados ao Estado”. Mas “prevê obrigações de confidencialidade, às quais o Estado português ficou vinculado ao assiná-lo, não podendo, por conseguinte, proceder à sua divulgação para os efeitos solicitados”.

Ainda assim, as Finanças explicaram que não queriam aderir ao acordo parassocial que Fundo de Resolução e Lone Star já tinham no âmbito da relação acionista dentro do banco, pois entenderam que “seria que seria desnecessário e excessivamente complexo”.

Antes, a adesão ao acordo visou “a aplicação seletiva e ponderada de certas cláusulas do acordo parassocial” a um contrato acionista que valesse para todos.

(Notícia atualizada às 14h08 para esclarecer que assembleia geral irá aprovar dividendos relativos ao exercício de 2024 e que a distribuição através da redução de capital será decidido noutra ocasião)

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