SAD do FC Porto com prejuízos de 21 milhões na última época de Pinto da Costa

Portistas melhoraram situação líquida, mas continuam em falência técnica, com capitais próprios negativos de 113,7 milhões. Já receberam 50 milhões da Ithaka da venda de 30% dos direitos do estádio.

A SAD do FC Porto fechou a temporada passada com prejuízos de 21 milhões de euros, metade do resultado negativo que tinha obtido na época anterior (44 milhões de euros).

A sociedade portista dá conta de uma melhoria da sua situação líquida, mas ainda se encontra em falência técnica, com os capitais próprios negativos de 113,7 milhões de euros.

Para esta evolução contribuiu a valorização do Estádio do Dragão, mas não tanto como a SAD chegou a calcular. Numa primeira avaliação, a consultora Crowe chegou ao valor de 279 milhões de euros no final do ano passado.

Mas a CMVM “desafiou” a refazer as contas e a nova avaliação apurou um valor de 213 milhões de euros para o estádio, que se encontra refletido nas contas de junho, nomeadamente no ativo de 407 milhões de euros. Já o passivo atingiu os 520 milhões de euros, baixando ligeiramente face aos 532 milhões da temporada anterior.

O conselho de administração da SAD do FC Porto afirma que “é realisticamente previsível a melhoria dos resultados económicos e financeiros nos próximos exercícios, o que possibilitará o equilíbrio patrimonial da sociedade”.

A braços com uma crise financeira, André Villas-Boas, que tomou posse em maio após a presidência de Pinto da Costa durante mais de 40 anos, fala num novo ciclo do clube em que “a sustentabilidade financeira, aliada ao sucesso desportivo, será uma prioridade”.

A SAD dos dragões tem vindo a negociar a reestruturação da sua dívida juntamente com o Morgan Stanley. Parte desse plano passou pela venda de 30% dos direitos comerciais relacionados com o Estádio do Dragão à Ithaka por um valor que pode chegar aos 100 milhões de euros (sendo que 35 milhões dependem da evolução do negócio).

Os portistas indicam que já receberam 50 milhões de euros da Ithaka, o que ajudou a aliviar a pressão de tesouraria. O FC Porto segue na segunda posição da Liga Portugal, somando 24 pontos ao fim de nove jornadas.

Propostas para aprovar na próxima assembleia-geral

No seguimento da publicação das contas da operação, a SAD azul e branca enviou também um comunicado para a CMVM com as propostas a apresentar na Assembleia Geral agendada para 22 de novembro de 2024.

Entre os pontos mais relevantes, destaca-se a proposta de aplicação de resultados, que visa transferir o resultado líquido negativo do exercício 2023/2024 para Resultados Transitados.

O comunicado revela também que a situação financeira da SAD continua preocupante, com o capital próprio individual a 30 de junho de 2024 a superar os 230 milhões de euros negativos face a um capital social de 112,5 milhões de euros

A administração de Villa-Boas propõe um modelo de remuneração que inclui uma componente fixa e uma variável para os administradores executivos. No entanto, os membros executivos do conselho de administração pretendem abdicar da remuneração variável no quadriénio 2024-27.

Esta situação coloca a sociedade liderada por Villas-Boas numa posição de perda de mais de metade do capital social. No entanto, o conselho de administração afirma que “é realisticamente previsível a melhoria dos resultados económicos e financeiros nos próximos exercícios, o que possibilitará o equilíbrio patrimonial da sociedade”.

Relativamente à política de remuneração dos órgãos sociais, o documento propõe um modelo que inclui uma componente fixa e uma variável para os administradores executivos.

A remuneração variável está limitada a “um máximo de sessenta por cento (60%) em relação à remuneração fixa”, sendo composta por uma componente anual e uma plurianual, lê-se no documento. No entanto, é de notar que “os membros executivos do Conselho de Administração informaram a ‘Sociedade’ que pretendem abdicar da remuneração variável no quadriénio 2024-27”.

O comunicado da SAD do FC Porto inclui ainda uma proposta para a eleição de um novo membro para o Conselho Consultivo, José Urgel Moura Leite Maia, até ao final do quadriénio 2024/2027. Esta proposta é justificada pela “mais valia que seria para o Conselho a sua inclusão”, segundo a Direção do Futebol Clube do Porto.

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UTAD realiza sétima edição do evento de vinhos e queijos produzidos pelos “Alumni”

  • ECO
  • 31 Outubro 2024

Os vinhos e queijos produzidos por alunos da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro voltam a estar no centro do "UTAD Alumni Wine & Cheese Colection". A sétima edição do evento decorre no dia 20.

Reconhecida pela especialização na investigação ligada aos vinhos e à agroindústria, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro organiza no próximo dia 20 mais um evento “UTAD Alumni Wine & Cheese Colection”. Este ano, serão revelados um queijo e quatro vinhos distintos, cada um deles assinado por antigos estudantes.

Maria Manuel Maia apresentará um Vinho do Porto proveniente de vinhas velhas de Cima Corgo e Douro Superior. O também enólogo Marcos Hehn Silva dará a provar um espumante da primeira região demarcada deste tipo de vinhos, Távora-Varosa, que abrange território de oito municípios na margem esquerda do Rio Douro. De cepas do Alentejo foram extraídas as uvas trabalhadas por Pedro Ribeiro e Tiago Garcia, autores de um tinto e um branco, respetivamente. A acompanhar, um queijo saído das mãos de Esmeralda Vieira no Alto Minho, em Arcos de Valdevez.

A iniciativa contemplará os workshops “Iniciação à prova de vinho”, “Fabrico artesanal de queijos” e “Falemos de Vinho do Porto”, com participação gratuita, mas sujeita a marcação prévia.

A tradição do evento, que já vai na sétima edição, determina que os enólogos formados na UTAD identifiquem os ex-colegas que desenvolverão a próxima gama de vinhos “Alumni”.

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Semapa aumenta lucros em 8,6% para 181,6 milhões

Resultado líquido cresceu nos primeiros nove meses do ano, beneficiando do desempenho positivo da pasta e papel e do cimento, apesar da quebra registada no terceiro trimestre.

A Semapa teve lucros de 181,6 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, mais 8,6% do que no mesmo período do ano passado, beneficiando da melhoria dos resultados quer na pasta e papel quer no cimento.

As receitas da holding liderada por Ricardo Pires cresceram 5,6% para 2.135,9 milhões de euros, impulsionadas sobretudo pela pasta e papel, com um aumento de 7,4%. No cimento, a Secil registou um crescimento de 1,4%, para 526,1 milhões.

Os resultados antes de encargos com juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA), aumentaram 7,3%, mais uma vez com a pasta e papel em destaque, uma vez que praticamente estagnaram no cimento (0,9%). O resultado operacional cresceu 3,7%, para 358,8 milhões de euros, mas a margem de rentabilidade sofreu uma ligeira erosão, de 0,3 pontos percentuais, para 16,8%.

Analisando de forma isolada o terceiro trimestre, a Semapa viu os lucros encolherem 16,5% para 49,7 milhões de euros. Neste período, o volume de negócios cresceu 2,9%, mas o resultado operacional caiu 18,9% para 98,2 milhões de euros.

A holding “investiu nos primeiros nove meses de 2024 um valor total de 421 milhões de euros, dos quais 188 milhões de euros em investimentos em participações financeiras, prosseguindo a execução dos planos estratégicos das diferentes subsidiárias”, sublinha em comunicado. A dívida líquida ascendia a 1.138,7 milhões de euros no final de setembro, mais 12,5% do que um ano antes.

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⛽ Combustíveis vão ficar mais baratos. Gasolina desce quatro cêntimos e diesel 1,5 para a semana

A partir de segunda-feira, quando for abastecer, deverá pagar 1,550 euros por litro de gasóleo simples e 1,672 euros por litro de gasolina simples 95.

Para a semana os preços dos combustíveis vão ficar mais baratos, por isso, espere por segunda-feira para encher o tanque da sua viatura. A gasolina deverá descer quatro cêntimos e o gasóleo, o combustível mais usado em Portugal, deverá ficar 1,5 cêntimos mais barato, avançam ao ECO fontes do setor com base nas cotações do brent até quinta-feira.

Quando for abastecer, deverá passar a pagar 1,550 euros por litro de gasóleo simples e 1,672 euros por litro de gasolina simples 95, tendo em conta os valores médios praticados nas bombas à segunda-feira, divulgados pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG).

Estes valores já têm em conta os descontos aplicados pelas gasolineiras e a revisão das medidas fiscais temporárias para ajudar a mitigar o aumento dos preços dos combustíveis.

No entanto, os preços podem ainda sofrer alterações para ter em conta o fecho das cotações do petróleo brent de sexta-feira e o comportamento do mercado cambial. Mas também porque os preços finais resultam da média dos valores praticados por todas as gasolineiras. Além disso, os preços cobrados ao consumidor final podem variar consoante o posto de abastecimento.

Esta semana, os preços do gasóleo subiram 0,2 cêntimos e da gasolina 0,6 cêntimos, subidas inferiores às expectativas do mercado que apontavam para uma subida de um cêntimo e 0,5 cêntimos, respetivamente.

O preço do brent, que serve de referência para o mercado europeu, está esta quinta-feira a subir 0,76%, para 73,10 dólares por barril, com os investidores a avaliar o aumento da procura de combustíveis nos Estados Unidos e o potencial da OPEP+ adiar um aumento de produção planeado para dezembro, cinco dias antes das eleições nos EUA.

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Excedente orçamental dispara até setembro. Despesa sobe 11,1%

  • ECO
  • 31 Outubro 2024

O excedente subiu para 5.705,2 milhões até setembro, apesar do aumento da despesa (11,1%) ter sido superior ao da receita (4,3%). O saldo orçamental estava nos 475,5 milhões de euros em agosto.

O saldo orçamental disparou para os 5.705,2 milhões de euros até setembro deste ano, segundo dados divulgados pela Direção Geral do Orçamento (DGO), esta quinta-feira. O excedente, até agosto, tinha sido onze vezes inferior, 475,5 milhões de euros. Face a período homólogo, no entanto, existe uma diminuição de 4.627,5 milhões.

Na nota de síntese de execução orçamental, a DGO assinala que, nos primeiros nove meses do ano, a despesa cresceu 11,1% e a receita subiu 4,3%. A pesar na rubrica das despesas esteve o aumento das transferências de 12,5%, sobretudo com pensões, a subida dos gastos com pessoal (7,9%), que inclui a atualização das remunerações na Função Pública, e o acréscimo na aquisição de bens e serviços de 10,8%, em particular na compra de medicamentos e outros serviços pelo Serviço Nacional de Saúde.

O IRC, imposto sobre os lucros das empresas, volta a dar o maior contributo para o aumento da receita fiscal. As receitas com IRC cresceram 23,8% e dentro, dos impostos diretos, o IRS teve uma subida mais modesta, de 1,2%. Nos impostos indiretos destaque para a subida de 10,9% do Imposto de Selo (10,9%), seguida da do Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP), com 9,8%, e IVA (2,2%). Só o imposto sobre os veículos (ISV) teve uma evolução negativa, com uma queda de 3,2%.

Fora da receita fiscal, destaque para a subida de 38,3% nas receitas com o rendimento da propriedade, “em grande parte devido à entrega dos dividendos” da CGD ao Estado.

Ao mesmo tempo, as contribuições para a Segurança Social e Caixa Geral de Aposentações (CGA) subiram 10,1% e 7,6%, respetivamente.

A variação do saldo orçamental, destaca a DGO, está “influenciada pela transferência, em 2023, da totalidade das responsabilidades asseguradas através do Fundo de Pensões” da CGD para a CGA, “no valor de 3.018,3 milhões de euros”. Sem este efeito, o saldo das Administrações Públicas “decresceu 1.609,2 milhões de euros, face ao verificado no período homólogo”.

Os dados da execução orçamental são em ótica de caixa (entradas e saídas de dinheiro), que difere da contabilidade nacional (lógica dos compromissos), que é a usada pelo Instituto Nacional de Estatística e nas comparações internacionais.

A síntese indica ainda que o choque geopolítico teve um impacto de 937,5 milhões de euros na receita e de 982,9 milhões na despesa efetiva. Por exemplo, a medida do ISP equivalente à descida do IVA para 13%, reteve receitas de 569,6 milhões de euros e a medida de devolução da receita adicional de IVA via ISP outros 215 milhões até setembro.

Por outro lado, o apoio à Ucrânia teve um impacto de 100,3 milhões, enquanto a “medida de alocação de verbas ao Sistema Elétrico Nacional para redução de tarifa” custou 566 milhões de euros e o apoio extraordinário à renda mais 235,4 milhões de euros.

 

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“Alguém que possa ficar com uma parte do meu cancro?”, pergunta em campanha a Liga Portuguesa Contra o Cancro

Com uma assinatura assumidamente "diruptiva e que pode até inicialmente chocar", o objetivo é chamar a atenção para a importância do contributo de todos os portugueses na luta contra o cancro. 

Ao som de Jorge Palma, este ano a campanha do Peditório Nacional da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) não conta com Cristiano Ronaldo, mas sim com pessoa reais, que sofrem da doença e desafiam os portugueses a partilhar o seu “Peso”.

Com o mote “Alguém pode ficar com um bocadinho do meu cancro?”, a campanha é da Lola Normajean, com produção da The End, e pretende sublinhar a importância da partilha para reduzir o impacto da doença, porque “um cancro é uma coisa muito pesada para uma pessoa só”.

Começando por agradecer a Cristiano Ronaldo “a disponibilidade e generosidade com que, ao longo dos últimos anos, participou na campanha, granjeando-lhe uma enorme visibilidade e adesão”, Pedro Pereira Dias, responsável de comunicação e imagem da LPCC, explica ao +M que este ano sentiram “necessidade de dar visibilidade aos apoios que a Liga pode prestar aos doentes e cuidadores, para os quais a Liga trabalha, e que estão na génese da sua formação. À sua maneira, e de todas as maneiras possíveis, a LPCC reduz “o peso que o cancro tem” na vida das pessoas”.

A assinatura assumidamente “diruptiva e que pode até inicialmente chocar”, tem como objetivo chamar a atenção para a importância do contributo de todos os portugueses na luta contra o cancro.

A campanha, que apela aos donativos, vai estar pro bono, na RTP, TVI e TVCine, na TSF e em rádios regionais e também em em mupis e outdoors em todos o país cedido pelas autarquias. O peditório decorre entre esta quinta-feira e domingo, dia 3 de novembro.

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Auditora da KPMG diz que nunca se sentiu pressionada pelo BES

  • Lusa
  • 31 Outubro 2024

A auditora da KPMG Inês Viegas disse hoje, no julgamento do processo BES/GES, que nunca se sentiu pressionada por gestores do BES e que nunca esteve em causa a independência da sua equipa.

A auditora da KPMG Inês Viegas disse, no julgamento do processo BES/GES, que nunca se sentiu pressionada por gestores do BES e que nunca esteve em causa a independência da sua equipa. “A KPMG não se deixa pressionar”, disse Inês Viegas hoje na sessão de julgamento.

A revisora oficial de contas tinha sido questionada pelo advogado Paulo Amil (advogado de Pedro Almeida e Costa) sobre uma carta enviada à KPMG pelo administrador do BES Rui Silveira em que este afirmava que “a conclusão da KPMG só pode ser a mesma” da do banco. Esta questão criou um momento mais emocional na sala, recuando Inês Viegas que tal significasse uma pressão.

Questionada pela juíza se havia algum constrangimento em responder a perguntas sobre essa carta, Inês Viegas recusou, afirmando que nunca a KPMG teve a sua independência em casa. “Eu não sei porque é que o Dr. Rui Silveira achar por bem escrever isto implica que a KPMG tenha perdido a sua independência”, disse.

“Mesmo que ele achasse que era um tipo de pressão, nós não nos sentimos pressionados”, acrescentou a revisora oficial de contas.

Já questionada pelo advogado Paulo Amil (advogado de Pedro Costa) sobre se era normal essa relação entre o banco e o auditor externo, Inês Viegas disse não compreender bem a pergunta e que o trabalho é sempre “feito com independência”. Em 2015, na comissão de inquérito ao BES, Inês Viegas disse no parlamento que não foram “claramente” os auditores a falhar e a levar ao desmoronamento do Banco Espírito Santo (BES) e do Grupo Espírito Santo (GES).

“O que falhou? O que posso dizer é que não foram os auditores, claramente”, afirmou então, considerando que a KPMG “teve um papel importante” ao alertar para problemas identificados no banco e no grupo.

Ainda hoje, na sessão de julgamento, foi ouvido Ricardo Pires, que foi chefe de gabinete de Pedro Queirós Pereira. Ricardo Pires fez parte da equipa montada por Pedro Queirós Pereira para analisar as contas de empresas do GES e em que concluíram que, tendo em conta a dívida, a Espírito Santo International e a ES Control estavam em situação deficitária.

Ricardo Pires disse ainda que Pedro Queirós Pereira foi ao Banco de Portugal dar conta do estudo, mas que aí não esteve presente, e sobre o que fez o BdP com essa informação disse ‘não sei’.

Ricardo Pires referiu que o objetivo era “haver um descruzar de participações” entre o grupo Queirós Pereira e o grupo GES, o que acabou por acontecer com a venda de participações entre os grupos deixando um de ter posições em empresas do outro.

A venda dessas posições levou, na sua inquirição, o advogado José António Barreiros (advogado de Manuel Fernando Espírito Santo, primo de Ricardo Salgado) a dizer que para o grupo Queirós Pereira as ações dessas empresas valiam zero e que isso foi dizer ao Banco de Portugal mas que quando foi para vender já valiam.

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BPP: Supremo rejeita recurso e ordena prisão de ex-administrador Fezas Vital

  • Lusa
  • 31 Outubro 2024

O Supremo "entendeu que a apresentação deste último requerimento pretendia apenas obstar ao trânsito em julgado da decisão", E por isso determinou o cumprimento da pena de prisão de Fezas Vital.

O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou o recurso de Salvador Fezas Vital, ex-administrador do BPP, ordenando o cumprimento da sentença e da pena de prisão decretada, adiantou o tribunal superior em comunicado.

De acordo com o STJ, este tribunal superior “rejeitou hoje o recurso interposto por Salvador Pizarro de Fezas Vital que alegava a nulidade da composição do coletivo de juízes que em junho de 2024 decidira rejeitar o recurso interposto pelo mesmo arguido”.

“O Supremo Tribunal de Justiça entendeu que a apresentação deste último requerimento pretendia apenas obstar ao trânsito em julgado da decisão, e por isso determinou a baixa imediata dos autos para execução da sentença, incluindo o cumprimento da pena de prisão aplicada, podendo eventuais requerimentos futuros correr termos no Supremo Tribunal de Justiça”, lê-se no comunicado.

O tribunal recorda que em junho deste ano rejeitou um recurso de Fezas Vital “quanto à matéria civil e não tomou conhecimento do recurso interposto quanto à matéria penal”, tendo o ex-administrador do BPP apresentado recurso destes acórdãos em setembro para o Tribunal Constitucional, que não aceitou o recurso, tendo a decisão transitado em julgado a 10 de outubro.

“Dias antes deste trânsito, e mais de um ano volvido sobre aquelas decisões, o recorrente veio arguir a nulidade da composição do coletivo do Supremo Tribunal de Justiça que decidiu o recurso em junho de 2024”, explica o STJ.

Em comunicado, o tribunal explica que “decidiu hoje, por acórdão, indeferir a pretensão do arguido, com fundamento em caso julgado anteriormente neste processo, onde se considerou que o coletivo teria de ser constituído de acordo com a lei em vigor no momento em que se realizou o ato processual de distribuição; isto é, distribuição por sorteio apenas quanto ao juiz relator, sendo os juízes adjuntos os que se lhe seguiriam segundo a ordem de antiguidade no tribunal”.

Em causa está o processo em que Fezas Vital, o antigo fundador e administrador João Rendeiro e o também ex-administrador Paulo Guichard foram condenados por burla qualificada no caso do embaixador jubilado Júlio Mascarenhas e obrigados a pagar 225 mil euros por danos patrimoniais e 10 mil euros por danos morais ao diplomata.

Na base deste processo esteve a queixa do embaixador jubilado Júlio Mascarenhas que, em 2008, investiu 250 mil euros em obrigações do Banco Privado Português (BPP), poucos meses antes de ser público que a instituição liderada por João Rendeiro estava numa situação grave e ter pedido um aval do Estado de 750 milhões de euros.

Neste processo, com decisão em setembro de 2021, Salvador Fezas Vital foi ainda condenado como coautor material, pela prática de um crime de burla qualificada a uma pena de prisão efetiva de dois anos e seis meses.

Paulo Guichard e Fezas Vital foram ainda condenados em maio de 2021, num outro processo, a nove anos e seis meses de prisão, por fraude fiscal, abuso de confiança e branqueamento de capitais. Neste processo foi também condenado João Rendeiro (10 anos), bem como o ex-administrador Fernando Lima, a seis anos de prisão.

Salvador Fezas Vital, à semelhança do fundador e administrador do Banco Privado Português (BPP) entretanto falecido, João Rendeiro, e outros ex-administradores do banco como Fernando Lima e Paulo Guichard – já a cumprir pena – foi condenado por crimes económico-financeiros ocorridos entre 2003 e 2008, na sequência de se terem atribuído prémios e apropriado de dinheiro do banco de forma indevida, num processo que levou à insolvência da instituição, a muitos lesados e à fuga à justiça de Rendeiro, que acabou por ser capturado pela Polícia Judiciária na África do Sul, onde acabou por morrer na prisão.

O tribunal deu como provado que os arguidos João Rendeiro, Fezas Vital, Paulo Guichard e Fernando Lima retiraram 31,28 milhões de euros para a sua esfera pessoal, dos quais mais de 28 milhões foram retirados entre 2005 e 2008: João Rendeiro retirou do banco para si próprio 13,61 milhões de euros, Salvador Fezas Vital 7,77 milhões de euros, António Paulo Guichard 7,70 milhões de euros e Fernando Lima 2,19 milhões de euros.

O colapso do BPP, banco vocacionado para a gestão de fortunas, verificou-se em 2010, já depois do caso BPN e antecedendo outros escândalos na banca portuguesa. Apesar da sua pequena dimensão, teve importantes repercussões devido a potenciais efeitos de contágio ao restante sistema quando se vivia uma crise financeira.

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Depois do Washington Post ter anunciado que não apoia nenhum candidato, britânica The Economist apoia Kamala

"O Sr. Trump representa um risco inaceitável para a América e o mundo. Se The Economist tivesse um voto, nós o daríamos à Sra. Harris", afirma o título.

Cerca de uma semana após o Washington Post ter anunciado que quebraria a tradição e não apoiaria nenhum candidato às eleições presidenciais dos EUA, o endorsement chegou do continente europeu, com a britânica The Economist a declarar o seu apoio à ainda vice presidente dos EUA. Se a The Economist tivesse direito a voto, votaríamos em Kamala Harris“, afirma o título.

Um segundo mandato de Trump acarreta riscos inaceitáveis”, escreve em título o jornal. E explica porque o faz. “Na próxima semana, dezenas de milhões de americanos votarão em Donald Trump. Alguns o farão por queixa, porque acham que Kamala Harris é uma marxista radical que destruirá o seu país. Alguns são incendiados pelo orgulho nacional, porque o Sr. Trump inspira neles a crença de que, com ele na Casa Branca, a América permanecerá firme. No entanto, alguns optarão friamente por votar em Trump como um risco calculado”.

Entre estes últimos, estarão muitos leitores da The Economist. “Este último grupo de eleitores, que inclui muitos leitores do The Economist , pode não ver o Sr. Trump como uma pessoa com quem eles gostariam de fazer negócios, ou qualquer tipo de modelo para seus filhos. Mas provavelmente acham que quando ele era Presidente, fez mais bem do que mal“.

Lembrando que “bons presidentes unem o país” e que “o génio político do Sr. Trump é colocar as pessoas umas contra as outras”, a The Economist afirma que, com todos os seus defeitos – entre os quais ser “uma máquina política dececionante”, “ao lado do Sr. Trump, Kamala Harris representa estabilidade”.

“Os presidentes não precisam de ser santos e esperamos que uma segunda presidência de Trump evite o desastre. Mas o Sr. Trump representa um risco inaceitável para a América e o mundo. Se The Economist tivesse um voto, nós o daríamos à Sra. Harris”, conclui o título.

Em sentido contrário, o Washington Post anunciou no dia 25 que não apoiará nenhum dos candidatos e que se absterá de o fazer em futuras eleições. “Estamos conscientes de que esta decisão dará origem a muitas interpretações, que será vista como um apoio implícito a um dos candidatos, ou a rejeição de outro, ou como uma evasão às nossas responsabilidades de opinião”, escreveu William Lewis, publisher do jornal.

Nas eleições de 2008, 2012, 2016 e 2020, recorde-se, o proprietário do jornal e fundador da Amazon, Jeff Bezos, apoiou os candidatos presidenciais democratas. Vários media locais avançaram na última semana que o colunista Robert Kagan se demitiu após a decisão do Washington Post e sugeriram, também, que terá existiu pressão de Bezos para o Washington Post se manter neutral.

Já esta segunda-feira, o dono do The Washington Post respondeu, num artigo de opinião publicado no jornal. “A dura verdade: os americanos não confiam nos media”, escreve em título. “Os endossos presidenciais não fazem nada para inclinar a balança de uma eleição. Nenhum eleitor indeciso na Pensilvânia vai dizer: “Vou com o endosso do Jornal A”. Nenhum. O que os endossos presidenciais realmente fazem é criar uma perceção de parcialidade. Uma perceção de não independência. Acabar com eles é uma decisão de princípios, e é a certa. Eugene Meyer, editor do The Washington Post de 1933 a 1946, pensou o mesmo, e ele estava certo”, defende Jeff Bezos.

Entretanto, e de acordo com a Associated Press, mais de 200 mil subscritores terão cancelado a assinatura do The Washington Post após o título ter anunciado que não apoiaria nenhum candidato, ou seja, que não declarava o apoio a Kamala Harris.

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Orçamento do Estado para 2025 foi aprovado na generalidade com abstenção do PS

O primeiro orçamento do Governo de Luís Montenegro foi aprovado. PSD e CDS votaram a favor, PS absteve-se e os restantes partidos votaram contra. Debate na especialidade arranca a 22 de novembro.

Ao fim de mais de dez horas de debate, o Orçamento do Estado para 2025 (OE 2025) foi aprovado na generalidade, esta quinta-feira, na Assembleia da República, com os votos a favor do PSD e CDS, a abstenção do PS e os votos contra dos restantes partidos com assento parlamentar.

Aprovada nesta fase a primeira proposta orçamental do Executivo liderado por Luís Montenegro, segue-se o debate na especialidade que irá decorrer entre 22 e 29 de novembro, dia em que está prevista a votação final global do documento.

A votação do OE2025 aconteceu ao fim do segundo dia de debate na Assembleia da República, tendo as últimas sete horas ficado marcadas por trocas de acusações entre os partidos e críticas à proposta orçamental do Governo.

Logo pela manhã, na primeira intervenção do Governo, o ministro das Finanças começou por afirmar que “a margem disponível para estímulos orçamentais se encontra condicionada” pela necessidade de “manter as contas equilibradas”, de modo a preparar o país para eventuais choques futuros. Ainda assim, garante que a “ação deste Governo não deixará de se pautar pelo reformismo”, e que o próximo ano será prova disso.

“Contas equilibradas” foi também o mote da intervenção do ministro da Presidência, da parte da tarde, que garantiu que para alcançar esse feito o país não deve ficar “condenado a excedentes asfixiantes”. Segundo António Leitão Amaro, o OE2025 “mostra que em vez desse excedente asfixiante” pode “ter um equilíbrio virtuoso”, permitindo uma redução da “carga fiscal, que baixa”.

O ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento (C), ladeado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro (E), e pelo ministro da Presidência, António Leitão Amaro (D), intervém durante a sessão plenária sobre o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), na Assembleia da República, em Lisboa, 31 de outubro de 2024. ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSAANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

A promessa não convenceu os partidos. Iniciativa Liberal, PS e Bloco de Esquerda pediram, por diversas vezes, esclarecimentos sobre as previsões de crescimento económico, uma vez que a proposta orçamental difere do documento entregue à Comissão Europeia.

No plano orçamental de médio prazo entregue a Bruxelas, o Ministério das Finanças prevê uma aceleração do crescimento para 2,1% em 2025 e de 2,2% em 2026 abrandando para 1,7% em 2027 e 1,8% em 2028, num cenário de políticas invariantes. As projeções, embora o cenário para Bruxelas sejam em políticas invariantes, fixam-se abaixo das inscritas no programa eleitoral da Aliança Democrática (AD): 2,5% em 2025; 2,7% em 2026, 3% em 2027 e 3,4% em 2028.

As discrepâncias também são avistadas a nível dos salários. Por cá, o Executivo comprometeu-se para os próximos quatro anos no acordo em sede de Concertação Social com um referencial de aumento médio de remunerações de 4,6% e em Bruxelas de 3,9%. Mas sobre as discrepâncias, o Governo optou por não se pronunciar.

No entanto, o Executivo fez diferente em relação ao IRC, um dos temas quentes do debate desta quinta-feira. Joaquim Miranda Sarmento reiterou que o objetivo do Governo é “continuar a deixar a taxa de IRC” e que esse será um “esforço” levado a cabo ao longo da legislatura. Depois de falhar o acordo entre o Governo e o PS, a proposta de orçamento prevê uma redução de 21% para 20% no próximo ano.

Tanto o Bloco como o PCP mantiveram o seu descontentamento em relação à baixa deste imposto, alertando que existe um número reduzido de empresas que pagam o IRC. Por seu turno, e já nas palavras do ministro Pedro Reis, foi dada a garantia de que pelo menos 270 mil empresas beneficiaram deste alívio fiscal. E, que se dependesse do Governo, seriam ainda mais.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro (C), no final da sessão plenária sobre o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), na Assembleia da República, em Lisboa, 30 de outubro de 2024. ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSAANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Se faltam empresas a quem se aplique? Por isso queremos baixá-lo, para haver mais empresas que paguem e sejam mais competitivas”, afirmou o ministro da Economia em resposta aos deputados.

Mas a proposta de baixa do IRC do Governo não deverá ser a única a ser debatida na especialidade. André Ventura voltou a insistir, esta quarta-feira, antes do início do debate, que o partido irá propor na especialidade a redução da taxa do IRC em dois pontos percentuais (pp.), tal como previsto no programa do Governo, pressionando o Executivo a acompanhar a proposta.

O tema da Função Pública também foi um dos temas quentes deste plenário. Tanto PS, como Bloco, PCP e Livre pediram, em diversas ocasiões, esclarecimentos em relação à regra “um por um” na contratação para a administração pública – isto é, por cada trabalhador que sai é contratado um em alternativa –, mas em momento algum a dúvida foi esclarecida pelo Governo.

Paralelamente, foi exigido ao Executivo esclarecimentos sobre as autorizações legislativas que deram entrada na Assembleia da República e que sugerem mexidas na legislação laboral (sobre o regime de greve, doença e férias). Um dia antes, Luís Montenegro disse que se tratavam apenas de alterações “administrativas”, mas evitou dar detalhes. E esta quinta-feira, os restantes ministros evitaram mesmo responder à questão.

Regressados da pausa, os partidos preparavam-se para as intervenções finais. Bloco, PCP, Livre e PAN votaram contra a proposta orçamental do Governo, sem surpresas, enquanto o PS manteve o seu sentido de abstenção – que não se deverá manter na próxima fase da discussão. Alexandra Leitão, líder parlamentar dos socialistas, já tinha alertado que o partido não passa “cheques em branco“, aludindo ao debate na especialidade.

A líder parlamentar do Partido Socialista Alexandra Leitão, intervém durante a sessão plenária sobre o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), na Assembleia da RepúblicaANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

 

A palavras da líder socialista não passaram despercebidas ao líder parlamentar do PSD que, na sua intervenção final, embora tenha saudado os socialistas por permitirem viabilização do documento, deixou um aviso: “Seria inadmissível que os mesmos que garantem viabilizar o orçamento aproveitassem a especialidade para o desvirtuar”, afirmou Hugo Soares.

Antes disso, Pedro Nuno Santos falava do púlpito para se demarcar da proposta do Orçamento. “Este não é e nem nunca será o Orçamento do PS. Não é o nosso orçamento, não tanto porque seja da responsabilidade do Governo da AD, mas porque traduz uma visão que não partilhamos do país e dos seus problemas e dos caminhos para o resolver”, afirmou o líder socialista.

Nuno Melo encerrou os discursos em nome do Governo para reiterar as palavras de Hugo Soares, dizendo que “seria completamente incompreensível que após a viabilização na generalidade” na fase de especialidade se assistisse a uma “espécie de conluio da oposição para aprovar medidas” que colocassem em causa os objetivos do documento.

“Seria muito estranho ver destruído na especialidade o que se construiu na generalidade. Esperamos do principal partido da oposição nada menos do que a mesma ética de responsabilidade“, disse o ministro da Defesa.

No final, e ao fim de longas horas de debate, o primeiro orçamento do Governo de Luís Montenegro foi mesmo viabilizado. Nas próximas semanas, os deputados darão início aos trabalhos no âmbito do debate da especialidade, seja elaborando contra propostas ou pedido esclarecimentos sobre aquelas que constam na proposta do Governo. A votação global final está agendada para o dia 29 de novembro.

Notícia atualizada às 18h15

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Radares apanharam quase 275 mil condutores em excesso de velocidade no primeiro semestre

  • Lusa
  • 31 Outubro 2024

O número de condutores fiscalizados no sistema de radares da responsabilidade da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária aumentou 83,8%, entre janeiro e junho

Quase 275 mil condutores foram apanhados em excesso de velocidade pelos radares geridos pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) no primeiro semestre do ano, um aumento de 47% face ao mesmo período de 2023.

Segundo o relatório da ANSR de sinistralidade a 24 horas e fiscalização rodoviária de junho de 2024, o número de condutores fiscalizados no sistema de radares da responsabilidade da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária aumentou 83,8%, entre janeiro e junho, face a período idêntico de 2023.

O relatório dá conta de que nos cinco primeiros meses do ano, foram fiscalizados 114.363.110 automóveis que passaram pelos radares do Sistema Nacional de Controlo de Velocidade (Sincro), enquanto em igual período do ano de 2023 foram 62.230.359. As multas que resultaram da fiscalização dos radares do Sincro aumentaram 47,3%, passando de 186.175 de janeiro a junho de 2023 para 274.257 no mesmo período deste ano.

“Em relação ao principal tipo de infração, o excesso de velocidade, assinalam-se os acréscimos de 47,3% no sistema SINCRO da ANSR, enquanto se registaram decréscimos de 54,6% na PSP e de 32,2% na GNR”, precisa o documento. O relatório destaca também que, entre janeiro e junho, as autoridades fiscalizaram 118,9 milhões de veículos e detetaram 453,6 mil infrações, o que representa um aumento de 3,4% face ao período homólogo do ano anterior.

De acordo com o documento, cerca de 70% do total de infrações registadas nos seis primeiros meses do ano foi referente a excesso de velocidade, que registou um aumento de 19,5%. Nas restantes tipologias de infrações verificaram-se decréscimos, destacando-se, para além das relativas ao cinto de segurança e da utilização do telemóvel (-46,1% e -32,7%, respetivamente), as relativas aos sistemas de retenção para crianças (-25,9%).

Relativamente à condução sob a influência de álcool, o número de infrações diminuiu 24,4% nos primeiros seis meses do ano, que totalizaram 12.896, enquanto no mesmo período do ano passado tinham totalizado 17.052. A ANSR indica também que a criminalidade rodoviária, medida em número total de detenções, diminuiu 40,2% por comparação ao período homólogo de 2023, atingindo 10,9 mil condutores.

Do total, 56,7% deveu-se à condução sob a influência de álcool (-38,5%), seguindo-se 33,4% por falta de habilitação legal para conduzir (-43,5%). Até junho de 2024, cerca de 708,6 mil condutores perderam pontos na carta de condução. Desde junho de 2016, data de entrada em vigor do sistema de carta por pontos, 3.257 condutores ficaram com o seu título de condução cassado, indica ainda a ANSR.

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Ambientalistas tentam travar Barragem do Pisão em tribunal

  • Lusa
  • 31 Outubro 2024

Sete organizações não-governamentais interpuseram um recurso em tribunal para travar a Barragem do Pisão. Alegam que o projeto "não tem interesse público" e envolve "graves impactos negativos".

Sete organizações não-governamentais de ambiente (ONGA) interpuseram um recurso em tribunal para procurar travar a obra da Barragem do Pisão, no concelho de Crato, argumentando que o projeto “não tem interesse público” e envolve “graves impactos negativos”.

Em comunicado enviado esta quinta-feira à agência Lusa, as ONGA que constituem a Coligação C7 referiram que “continuam a bater-se em tribunal contra a Barragem do Pisão”, que vai ‘nascer’ no distrito de Portalegre. As entidades, pode ler-se, contestam “o suposto interesse público da obra” e alertam para “os graves impactes ambientais negativos referidos no Estudo de Impacte Ambiental (EIA)”.

“No mais recente passo de um processo que dura desde 2022, as ONGA recorreram, a semana passada, da decisão do tribunal, que decidiu não decretar a providência cautelar que obrigaria à paragem da obra”, revelaram. A C7 defendeu que “a construção da Barragem do Pisão põe em causa os interesses da União Europeia, absorvendo fundos europeus num projeto que não respeita as suas estratégias e legislação”, pelo que esta obra “urge ser travada”.

“Estão em causa danos ambientais significativos e irreversíveis”, alegaram as sete ONGA. No comunicado, a C7 recordou que, em novembro de 2022, o Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), apoiado pela LPN, Quercus e ZERO, interpôs “uma ação administrativa para a anulabilidade ou anulação do Título Único Ambiental (TUA)” da barragem.

“O próprio Ministério Público acompanhou esta posição” e colocou “uma ação semelhante em 2023, reforçando os argumentos contra este projeto”, acrescentou. Como o projeto “não parou” e apesar de a ação administrativa ainda estar pendente, as ONGA colocaram em tribunal, a 30 de julho deste ano, uma providência cautelar, devido ao “fundado receio de constituição de uma situação de facto consumado, de prejuízos de difícil reparação”.

Mas, “apesar de toda a argumentação sobre os factos e riscos suscitados na ação administrativa e na providência cautelar, a sentença da primeira instância para a providência cautelar”, datada do dia 07 deste mês, foi contrária às pretensões das ONGA. O tribunal “não considera que se esteja numa situação de risco séria, atual e efetiva que faça perigar o efeito útil de uma eventual decisão de procedência da ação principal”, pode ler-se no comunicado.

Por discordar da sentença do tribunal, a C7 revelou hoje que apresentou, no passado dia 25, um recurso para o Tribunal Central Administrativo Sul, visando “acautelar o efeito útil” da ação administrativa principal, para “tentar que não se cometa mais este atentado contra o ambiente”.

A coligação C7, além do GEOTA, é constituída pelas associações Natureza Portugal em associação com WWF (ANP/WWF), Nacional de Conservação da Natureza (Quercus) e Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade (FAPAS), Liga para a Proteção da Natureza (LPN), Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e Associação Sistema Terrestre Sustentável (ZERO).

A Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA), responsável pela execução do projeto do Empreendimento de Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos (EAHFM) do Crato, também conhecido por Barragem do Pisão, prevê um investimento de 141 milhões de euros no projeto, inscritos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Segundo o cronograma submetido pela CIMAA à Comissão Europeia, as obras de construção da barragem estão previstas estar terminadas no final de 2026.

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