Euribor desce e a seis meses para um novo mínimo desde novembro de 2022

  • Lusa
  • 3 Abril 2025

Esta quinta-feira, a Euribor a três meses caiu para 2,349%, a seis meses desceu para 2,303% e a 12 meses recuou para 2,311%.

A Euribor desceu esta quinta-feira a três, a seis e a 12 meses face a quarta-feira, no prazo intermédio para um novo mínimo desde novembro de 2022. Com estas alterações, a taxa a três meses, que baixou para 2,349%, ficou acima da taxa a seis meses (2,303%) e da taxa a 12 meses (2,311%).

  • A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro de 2024 a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, caiu, ao ser fixada em 2,303%, menos 0,017 pontos e um novo mínimo desde 17 de novembro de 2022.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor também recuou, para 2,311%, menos 0,015 pontos.
  • No mesmo sentido, a Euribor a três meses, que está abaixo de 2,5% desde 14 de março, baixou, ao ser fixada em 2,349%, menos 0,007 pontos.

Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a janeiro indicam que a Euribor a seis meses representava 37,75% do stock de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que as Euribor a 12 e a três meses representavam 32,52% e 25,57%, respetivamente.

Em termos mensais, a média da Euribor em março voltou a descer a três, a seis e a 12 meses, mas menos intensamente do que nos meses anteriores. A média da Euribor a três, seis e a 12 meses em março desceu 0,083 pontos para 2,442% a três meses, 0,075 pontos para 2,385% a seis meses e 0,009 pontos para 2,398% a 12 meses.

Como antecipado pelos mercados, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu em março reduzir, pela quinta vez consecutiva em seis meses, as taxas de juro diretoras em um quarto de ponto, para 2,5%. A presidente do BCE, Christine Lagarde, deu a entender que a instituição está preparada para interromper os cortes das taxas de juro em abril. A próxima reunião de política monetária do BCE realiza-se em 16 e 17 de abril em Frankfurt.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Cheques para veículos elétricos e bicicletas já esgotaram. Governo avalia reforço do financiamento

Das 4500 candidaturas recebidas nas primeiras 24 horas do concurso para apoiar a compra de veículos verdes, 90% já foram aprovadas.

A ministra do ambiente, Maria da Graça Carvalho, indica que já estão esgotadas as verbas que estavam destinadas a veículos elétricos e bicicletas no âmbito do concurso para apoio à compra de veículos verdes. O Governo vai avaliar a capacidade para reforçar este programa.

Só nas primeiras 24 horas do concurso, foram recebidas cerca de 4.500 candidaturas e, dessas, foram aprovadas cerca de 90% em menos de duas horas graças a um novo processo mais simples e eficiente, indicou a ministra, à margem de uma cerimónia para a contratualização da compra de autocarros de baixas emissões, no âmbito de outro aviso.

O concurso para a compra de veículos verdes cujas verbas destinadas à compra de veículos elétricos e bicicletas já esgotaram abriu esta segunda-feira.

O aviso contava uma dotação total de 13,5 milhões de euros, dos quais 5,7 milhões se destinavam à compra de ligeiros de passageiros 100% elétricos por particulares e 3 milhões se destinavam à compra dos mesmos por instituições de cariz social.

Em paralelo, para compra de bicicletas convencionais estavam destinados 200.000 euros, acessíveis a particulares ou empresas.

A ministra afirma que, na avaliação de um eventual reforço de verbas para a compra de veículos verdes, vai ter em conta o interesse manifestado por estas categorias já esgotadas.

(Notícia atualizada às 12:03 com mais informação)

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Pinto Luz de “consciência tranquila”, diz que buscas em Cascais são justiça a funcionar

  • Lusa
  • 3 Abril 2025

A Polícia Judiciária (PJ) fez buscas na quarta-feira em Lisboa e Cascais por suspeitas de favorecimento no processo de venda de um terreno municipal destinado à construção de um hotel de luxo.

O ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, afirmou hoje ter “a consciência absolutamente tranquila” em relação às suas decisões enquanto vice-presidente na Câmara de Cascais e considerou que buscas feitas pela PJ na autarquia são a justiça a funcionar.

“Eu tenho a consciência absolutamente tranquila de que aquela equipa, a equipa de que fiz parte durante 20 anos no município de Cascais, teve como premissa principal o compromisso com os superiores interesses dos cascalenses e das populações de Cascais”, disse o ministro, que até há cerca de um ano era vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais (PSD).

O governante destacou que as buscas são o escrutínio e a justiça a funcionar e “uma oportunidade para esclarecer tudo”.

“São queixas que acontecem, é normal. Eu não sou apologista de cabalas ou de conluios. É normal que existam queixas. A justiça funciona assim e é normal que a justiça investigue a pura verdade até ao mais ínfimo pormenor, que nos dê oportunidade também de falarmos e que esclareça tudo o que houver para esclarecer”, afirmou.

O ministro afirmou ainda que não foi contactado nem teve buscas, mas está “convicto que a verdade virá à tona”.

Pinto Luz destacou que, pelo que soube pela comunicação social, trata-se de um terreno de 800 metros quadrados alienado pela Câmara de Cascais “por um valor muito superior às avaliações que existiam”, que é reserva ecológica nacional, onde não se pode construir. “O hotel que hoje está lá construído não tem um metro quadrado construído nesse terreno, e isso que fique muito claro”, disse. Segundo o governante, o terreno era um enclave dentro do terreno grande “que faz parte do jardim do hotel”.

“Era natural que a Câmara não tivesse interesse em ficar com um terreno no meio de um jardim do hotel e era natural que quem está a investir num hotel quisesse adquirir esse terreno”, explicou.

A Polícia Judiciária (PJ) fez buscas na quarta-feira em Lisboa e Cascais por suspeitas de favorecimento no processo de venda de um terreno municipal destinado à construção de um hotel de luxo.

Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, confirmou as buscas da PJ na autarquia, visando dois processos de urbanismo sobre os quais não foram mencionados suspeitos, mas em relação aos quais admitiu a intervenção do ex-vice-presidente Miguel Pinto Luz.

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Acionista da Inapa pede indemnização de 5 milhões a administradores

  • ECO
  • 3 Abril 2025

Nova Expressão justifica pedido de indemnização com a "apresentação prematura da insolvência" da Inapa, por considerar que "prejudicou objetivamente os interesses dos credores e acionistas”.

A Nova Expressão, o segundo maior acionista da Inapa, com 10,85% do capital, vai pedir uma indemnização “mais ou menos à volta de cinco milhões de euros” por “danos do que valeria a [sua] participação acionista e também por danos morais”, revelou o líder da empresa em entrevista ao Jornal de Negócios (acesso pago). O pedido decorre da ação movida pela Nova Expressão, que deu entrada no Juízo Central Cível de Sintra a 7 de março, juntando-se a outra da sociedade Carisvalor, que detinha 4,99% do grupo, que tinha dado entrado no mesmo tribunal.

Segundo Pedro Baltazar, os 5 milhões pedidos correspondem ao “investimento da Inapa desde 2010, sem os juros”, embora o investimento da Nova Expressão SGPS ao longo do tempo seja “muito maior do que aquilo que está a solicitar”. O líder da Nova Expressão justifica o pedido de indemnização com a “apresentação prematura da insolvência” da Inapa que “prejudicou objetivamente os interesses dos credores e acionistas”, os quais “o conselho de administração tinha como missão defender”.

“Embora nas declarações da comissão de inquérito recente na Assembleia da República quer o ex-presidente da Parpública, quer o atual secretário do Tesouro tenham referido em uníssono a perda de apenas 8,5 milhões de euros do erário público com o fim da companhia, a nossa estimativa aponta para mais de 55 milhões de euros sem aplicar custos monetários desde o início da Inapa“, aponta ainda Pedro Baltazar sobre a insolvência da empresa estatal.

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Mais 389 autocarros sem emissões vão ser financiados com 120 milhões do PRR

No conjunto de 2024 e 2025, Lisboa e Porto arrecadam 65 milhões de euros de financiamento e os restantes municípios captam 145 milhões de euros, num total de cerca de 210 milhões de euros.

O Governo assinou novos contratos para o financiamento da compra de autocarros sem emissões, tanto 100% elétricos como movidos a hidrogénio. Os novos acordos permitem a compra de 389 autocarros, que se juntam a 413 que foram financiados em 2024.

Os contratos agora celebrados contam com o financiamento de mais de 120 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência, que se somam aos quase 90 milhões que haviam sido destinados ao mesmo fim no âmbito de um aviso em 2024.

No total, nos dois anos são financiados 802 autocarros, dos quais 321 são destinados às zonas metropolitanas de Lisboa e do Porto, e os restantes 481 se dividem por municípios do resto do país. No total, Lisboa e Porto arrecadam 65 milhões de euros de financiamento e os restantes municípios captam 145 milhões de euros. Os autocarros são financiados a 100%, e deverão ser adquiridos até 2026.

Na cerimónia de assinatura dos contratos estiveram presentes a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz e o secretário de Estado do Planeamento e Desenvolvimento Regional, Hélder Reis.

O ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, considerou o número de autocarros financiados “impactante”, assim como os 72 municípios abrangidos. “Portugal não é só a área metropolitana de Lisboa e do Porto”, destacou o governante.

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Gestão do luxo, uma escola de paciência, visão e coragem

  • Mónica Seabra-Mendes
  • 3 Abril 2025

O luxo aprende-se. Mónica Seabra-Mendes, Diretora do Programa Executivo de Gestão do Luxo na Católica Lisbon Business & Economics explica a importância da formação para a excelência.

A gestão de marcas e empresas de luxo requer profissionais com perfis muito específicos, ao exigir que se equilibre negócio e arte, gestores e criativos e ao pressupor uma gestão contraintuitiva, muito diferente da tradicional lógica económica.

A importância de ensinar o luxo e a sua forma particular de gestão vai muito para além do mercado do luxo. No luxo transmite-se conceitos de excelência, criatividade, exclusividade e liderança num contexto de longo prazo. Na realidade, as ferramentas da gestão do luxo poderão, e deverão, servir para acrescentar valor a qualquer produto ou serviço, independentemente do setor e segmento em que atue. Marcas como a Apple, a Nespresso e a Tesla, são exemplos de marcas que não sendo do luxo, se apropriaram de muitas das suas ferramentas de gestão, o que muito contribuiu para o seu sucesso global.

Na formação de profissionais de luxo exige-se, num primeiro momento, uma contextualização nos domínios da psicologia e da sociologia, bem como uma compreensão dos conceitos de beleza, de arte e da estética em geral, elementos-chave na criação do desejo. Antes de se falar de luxo no contexto de negócio, é importante perceber que o luxo é uma necessidade humana. Num segundo momento, e porque os setores de atividade que o luxo compreende são muitos e variados, é necessário trabalhar os conceitos chave e os intangíveis transversais a todos os setores. No segmento do luxo, tanto podemos estar a falar do mercado da perfumaria que vende milhões de produtos, como do mercado da aviação privada em que os clientes se contam pelos dedos. É importante ainda salientar o papel fundamental da liderança, da capacidade de dizer frequentemente “não” e da coragem de assumir que nem sempre o objetivo de uma marca é vender mais ou, pelo menos, de servir na totalidade as necessidades do seu mercado. É importante perceber, por outro lado, que os negócios do luxo são de muito longo prazo, com retornos financeiros longos e que exigem, por isso, recursos económicos e capacidade de liderança para saber esperar, sem nunca comprometer a qualidade, a estratégia e os valores da marca.

Depois de estudadas as especificidades da gestão do luxo, de uma forma mais transversal, é importante compreender as particularidades dos seus diversos setores e as tendências particulares de cada mercado, quer se trate da moda, da joalharia, da relojoaria, da marroquinaria, dos vinhos e das bebidas espirituosas, da art de la table, da gastronomia, da hotelaria, dos automóveis, dos iates e da aviação privada, entre outros.

E em qualquer parte do percurso da formação é importante ouvir testemunhos inspiradores e conhecer os rostros por detrás das marcas, bem como os bastidores onde a magia acontece. É preciso viver o luxo na primeira pessoa, muito para além de o viver como eventual cliente. É preciso sentir a transcendência que os objetos de exceção e as experiências memoráveis trazem ao ser humano. É aqui que se sai da sala de aula. É aqui que os profissionais se envolvem e melhor entendem este mundo de privilégio e de privilegiados. Há executivos que afirmam que há um antes e um depois do Programa de Gestão do luxo, nas suas vidas. Eu acredito que sim. O luxo tem essa prerrogativa, a de nos levar por caminhos sem retorno.

A gestão do luxo ensina, em última instância, que o exercício do luxo é um ato de respeito máximo pelo “outro”, no sentido em que cada um dá o melhor de si, na esperança de provocar o melhor do outro.

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Empresas de informática e negócios de 17 milhões na mira da mega operação judicial. “Buscas não visam decisores políticos”, diz PGR

Em causa participação económica em negócio, abuso de poder, corrupção, fraude na obtenção de subsídio, falsidade informática, fraude fiscal qualificada, tráfico de influência e associação criminosa.

O Banco de Portugal foi alvo de buscas da Polícia Judiciária, que lançou esta quinta-feira uma operação que também envolveu ações na Secretaria-Geral do Ministério da Justiça e Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça (IGFEJ).

Na ‘Operação Pactum’, estão em causa condutas relacionadas com aquisições de serviços na área da Tecnologia de Informação, por várias entidades públicas e por uma entidade privada, entre os anos de 2017 e 2025. “No centro da investigação encontra-se um conjunto de indivíduos que, em conjugação de esforços e de forma premeditada, viciaram dezenas de procedimentos de contratação pública e privada, num valor total global não inferior a 17 milhões de euros)”, confirma o gabinete de Amadeu Guerra.

“A operação da Unidade Nacional Contra a Corrupção conta com cerca de 200 inspetores no terreno a realizar centenas de buscas a organismos público e empresas, acrescenta. Em causa estão suspeitas de conluio na compra de material informático, hardware e software”, explica comunicado do gabinete da Procuradoria-Geral da República.

As diligências decorrem na área da grande Lisboa, Porto e Braga, designadamente em domicílios, escritórios de contabilidade, sedes de sociedades, Institutos Públicos e outros serviços do Estado. “Estas buscas destinam-se à recolha de informação relacionada com funcionários desses serviços e não visavam decisores políticos”, acrescenta o comunicado.

“A Ministra da Justiça, surpreendida com as notícias desta manhã sobre buscas a organismos do Ministério, pediu às eventuais entidades visadas um reporte factual sobre as operações inspetivas, determinando que seja prestado todo o apoio necessário aos inspetores”, disse a ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice.

Bem como o Banco de Portugal que confirma que está em curso uma operação da Polícia Judiciária nas suas instalações, “que conta com a sua total colaboração”.

Os factos investigados são suscetíveis de, em abstrato, integrar os crimes de participação económica em negócio, acesso ilegítimo com violação de confidencialidade, de abuso de poder, corrupção ativa e passiva, falsificação de documentos, falsidade informática, fraude na obtenção de subsídio, fraude fiscal qualificada, tráfico de influência, associação criminosa e ainda do crime de branqueamento.

Nas buscas estão presentes dois juízes de instrução, três magistrados do Ministério Público e cerca de 250 inspetores da Polícia Judiciária e 50 especialistas da polícia científica.

A investigação prossegue sob direção do DCIAP, com a coadjuvação da Polícia Judiciária, estando o inquérito sujeito a segredo de justiça.

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WARC revê em baixa crescimento do mercado publicitário. Estima perda de quase 20 mil milhões

O risco de estagflação nas principais economias, agravado pela incerteza provocada pelos EUA, justificam a reavaliação mais pessimista, ainda que positiva, da WARC.

A WARC (World Advertising Research Center) reviu em baixa as suas previsões em relação à evolução do investimento publicitário a nível global para este ano. Espera agora que o crescimento global do investimento este ano seja de 6,7%, um recuo de quase um ponto percentual em relação às previsões que tinha avançado em novembro de 2024 (7,6%).

A nova análise, que ainda não acomoda as tarifas anunciadas na quarta-feira por Trump, evidencia que o mercado publicitário global possa crescer 6,7% este ano, — atingindo os 1,15 biliões — e 6,3% até 2026, o que representa, respetivamente, uma queda de 0,9 e 0,7 pontos percentuais em comparação com as previsões de há cinco meses e se traduz numa perda de quase 20 mil milhões de dólares em dois anos.

Em termos absolutos, o mercado global de publicidade vai assim assistir a um aumento de investimento na ordem dos 72,9 mil milhões de dólares este ano em comparação com o ano anterior, estima a WARC.

A justificação para uma reavaliação mais pessimista (ainda que positiva) do investimento em publicidade prende-se com o risco crescente de estagflação — ou mesmo de recessão — nas principais economias, agravado pela incerteza económica provocada pela imposição de tarifas por parte dos EUA, cujas consequências se antecipa que sejam sentidas a partir do segundo semestre deste ano e se tornem mais pronunciadas no próximo ano.

Também o aperto na regulamentação não incentiva o investimento publicitário, numa altura em que a União Europeia está a endurecer a sua posição em relação a players como a Google ou a Apple. A espera por decisões dos EUA em relação a processos de concorrência desleal contra plataformas como a Google ou o TikTok também aumentam o clima de incerteza.

O mercado publicitário global enfrenta uma incerteza crescente à medida que as tarifas comerciais, a estagnação económica e as regulamentações mais rigorosas afetam setores importantes, o que nos leva a cortar as perspetivas de crescimento em 20 mil milhões de dólares nos próximos dois anos”, diz James McDonald, diretor de dados, inteligência e previsão da WARC, citado em comunicado.

Os setores que poderão ser mais afetados pelas políticas de Donald Trump são também aqueles onde o recuo no investimento publicitário é mais evidente. A WARC prevê, por exemplo, que o investimento publicitário no setor automóvel sofra uma queda de 7,4% este ano, enquanto o retalho deve recuar 5,3%. Já a indústria de tecnologia deve registar um crescimento de 6,2% no investimento em publicidade este ano, o que representa uma queda significativa em comparação com a previsão de 13,9% avançada em novembro.

Em termos de meios, as novas previsões da WARC apontam para que o investimento em imprensa mantenha a queda de 4,5%, mas agravou a queda das receitas em premium video para 2,4% (que compara com a queda de 1,4% antecipada em novembro). Espera ainda agora que o investimento em áudio cresça 1,7% (quando antecipava um crescimento de 2,1% nas previsões de novembro), que em outdoor e cinema avance 5,9% (antes era 6,1%) e que em pure play internet cresça 10,1% (face aos 11,2% anteriores).

Além do cenário baseado nas suas próprias previsões, a WARC antecipa ainda outros dois cenários mais negativos, um baseado nas previsões da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que assume tarifas comerciais universais de 10%, cortes de 0,5 pontos percentuais no PIB das principais economias ao longo de três anos e um aumento de 0,4 pontos percentuais na taxa de inflação, e outro “severo”, que subtrai um ponto ao crescimento global e acrescenta 0,4 pontos percentuais à inflação nos próximos três anos.

Enquanto o cenário WARC antecipa um recuo 0,9 pontos percentuais no crescimento do investimento neste ano, o cenário da OCDE prevê um declínio de 1,2 pontos percentuais e o cenário severo implicaria uma queda de 1,7 pontos percentuais.

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PJ realiza buscas no Banco de Portugal. Mega operação com 250 inspetores no terreno

  • ECO
  • 3 Abril 2025

Além do Banco de Portugal, Unidade Nacional Contra a Corrupção também fez buscas no Ministério da Justiça. Em causa suspeitas de conluio na compra de material informático.

Banco de Portugal, Secretaria-Geral do Ministério da Justiça e outros organismos públicos e uma empresa privada na área da informática foram alvos de buscas da Polícia Judiciária, que lançou esta quinta-feira uma mega operação com 250 inspetores que investiga suspeitas crime na na compra de material informático.

No centro da investigação encontra-se um “conjunto de indivíduos que, em conjugação de esforços e de forma premeditada, viciaram dezenas de procedimentos de contratação pública e privada, num valor total global não inferior a 17 milhões de euros“, de acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR) em comunicado enviado às redações.

Os factos investigados ocorreram entre 2017 e 2025 e são suscetíveis de integrar os crimes de participação económica em negócio, acesso ilegítimo com violação de confidencialidade, de abuso de poder, corrupção ativa e passiva, falsificação de documentos, falsidade informática, fraude na obtenção de subsídio, fraude fiscal qualificada, tráfico de influência, associação criminosa e ainda do crime de branqueamento.

A operação da Unidade Nacional Contra a Corrupção conta dois juízes de instrução, três magistrados do Ministério Público e cerca de 250 inspetores da PJ e 50 especialistas da polícia científica que estão a realizar diligências na área da grande Lisboa, Porto e Braga, designadamente em domicílios, escritórios de contabilidade, sedes de sociedades, Institutos Públicos e outros serviços do Estado.

“Estas buscas destinam-se à recolha de informação relacionada com funcionários desses serviços e não visavam decisores políticos“, esclarece a PGR.

De acordo com o Jornal de Notícias, inquérito incide sobre o desvio de subsídios europeus que poderão ter beneficiado empresas da área informática que também estão a ser alvo de buscas.

O Banco de Portugal já confirmou “que está em curso uma operação da Polícia Judiciária nas suas instalações” e assegura “total colaboração” com as autoridades.

O processo corre no Departamento Central de Investigação e Ação Penal, estando o inquérito sujeito a segredo de justiça.

(Notícia atualizada às 11h29 com comunicado do Banco de Portugal)

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Dos EUA e Europa à Ásia, novas tarifas de Trump ditam maré vermelha nas bolsas

  • Joana Abrantes Gomes
  • 3 Abril 2025

A bolsa de Lisboa está a ser exceção ao sentimento negativo que se vive nos mercados financeiros após o anúncio do Presidente dos EUA. Fabricantes automóveis não escapam às perdas.

As novas tarifas alfandegárias anunciadas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, estão a provocar fortes reações nos mercados financeiros. Da Europa à Ásia, passando pelos EUA, os principais índices bolsistas caem a pique, com impacto, particularmente, em cotadas que dependem de cadeias de abastecimento globais.

O anúncio de Trump feito na quarta-feira na Casa Branca no dia em que o próprio intitulado de “Dia da Libertação” foi feito após o fecho dos mercados bolsistas norte-americanos, que encerraram em alta ligeira na quarta-feira. Mas o discurso desencadeou um sell-off nas negociações após o fecho do mercado, com os futuros do índice S&P 500 a inverterem os ganhos e caírem 1,7%, sugerindo que os investidores esperam perdas profundas quando Wall Street abrir esta quinta-feira.

Já esta manhã, os contratos de futuros agravam essas quedas, antevendo uma abertura do S&P 500 e do Nasdaq a cair 2,9% e 3,2%, respetivamente. O sell-off é particularmente visível nas ações das “Sete Magníficas”, com particular destaque para a Apple e a Amazon.com, que estão a negociar a poucas horas da abertura de Wall Street com quedas de 6,8% e 4,9%, respetivamente.

Na Bolsa de Tóquio, o sentimento também foi negativo. Após ter chegado a negociar com perdas de 4%, o índice de referência, Nikkei, terminou o dia com uma descida de 2,77%, nos 34.735,93 pontos, enquanto o índice mais alargado, Topix, fechou em queda de 3,08%, para 2.568,61 pontos.

As principais bolsas da Europa também não são exceção e abriram com fortes perdas, com os investidores a reagirem às tarifas globais de base de 10% e à taxa recíproca de 20% imposta à União Europeia pela Administração Trump.

O pan-europeu Stoxx Europe 600 — um cabaz das maiores empresas da Europa — está a cair cerca de 1,3% pouco depois da abertura, com praticamente todos os setores do índice a encontrarem-se no vermelho, com particular foco as atividades do consumo cíclico, financeiro e industrial, que acumulam perdas acima dos 2%.

Entre os principais índices europeus, destaque para o índice DAX da Alemanha que está a desvalorizar 1,3%. Em Espanha, o IBEX 35 recua 0,7%, mas é o francês CAC 40 e o neerlandês AEX que apresentam as maiores quedas, corrigindo 1,8% e 1,7%, respetivamente.

As ações de empresas como a Adidas e a Puma estão a tombar perto de 10%, mas é na indústria pesada que as empresas europeias sentirão as piores consequências. A Siemens desvaloriza 4%, enquanto fabricantes de automóveis alemães — também sujeitos a novas tarifas enormes sobre as importações pelos EUA — estão igualmente em queda.

Já o principal índice do Reino Unido, o FTSE 100, está a desvalorizar cerca de 1%. Com Trump a impor apenas a tarifa base de 10% à economia britânica, o primeiro-ministro Keir Starmer disse que “ninguém ganha numa guerra comercial, que não é do interesse nacional”. “Temos uma relação comercial justa e equilibrada com os EUA”, reforçou.

Em Lisboa, o índice PSI abriu em queda de cerca de 0,1%, mas está neste momento a valorizar 0,8%, impulsionado pelos ganhos de mais de 6% da EDP Renováveis, sendo também de destacar a subida de mais de 4% da ‘casa-mãe’ EDP.

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Hoje nas notícias: falência da Inapa, impostos e eleições

  • ECO
  • 3 Abril 2025

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A Nova Expressão vai pedir uma indemnização de cerca de cinco milhões de euros à administração da Inapa. Um acórdão do Supremo Tribunal Administrativo veio confirmar o IRS mais baixo para doentes com redução da incapacidade. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta quinta-feira.

Acionista da Inapa pede indemnização de 5 milhões a administradores

A Nova Expressão, uma das acionistas da Inapa, vai pedir uma indemnização “mais ou menos à volta de cinco milhões de euros” por “danos do que valeria a [sua] participação acionista e também por danos morais”. Corresponde, segundo o líder da empresa, Pedro Baltazar, ao “investimento da Inapa desde 2010, sem os juros”. Ainda assim, “o investimento da Nova Expressão SGPS ao longo do tempo é muito maior do que aquilo que estamos a solicitar”, ressalva Pedro Baltazar.

Leia a entrevista completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Supremo confirma IRS mais baixo para doentes com redução da incapacidade

Um acórdão do Supremo Tribunal Administrativo, datado de 12 de março, confirma que as pessoas que beneficiaram de um atestado multiusos que lhes conferiu uma incapacidade igual ou superior a 60% não podem perder os benefícios daí decorrentes, mesmo que a reavaliação de uma junta médica venha a determinar uma incapacidade inferior a esse valor. Esta decisão tem implicações no IRS dos doentes, porque lhes permite manter o IRS mais baixo não apenas no ano em que se realiza a junta médica, mas também nos anos seguintes.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago)

Governo atento a surpresas negativas no IRS mesmo em cima da campanha

Há contribuintes surpreendidos com o acerto final do IRS referente a 2024, por estar a trazer menores reembolsos ou a obrigatoriedade de pagar ao Estado, ou até por estar a receber uma quantia menos generosa do que em anos anteriores. Como isto está a acontecer em véspera de eleições legislativas, o Governo em funções considera que é preciso conter qualquer dúvida que possa existir em relação ao que efetivamente aconteceu: uma redução dos impostos e não um aumento. “Não estamos preocupados. Só não queremos desinformação”, garante um dirigente do PSD.

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Sondagem: Eleitorado PS a favor das PPP, restrições à imigração e baixa do IRC

A mais recente sondagem da Pitagórica mostra que 63% dos inquiridos (inclusive alguns socialistas) percecionam a AD como a vencedora das eleições. A coligação também é vista como aquela que merece ganhar (43%) e que tem a equipa “mais preparada e competente” (43%), quadros políticos “mais sérios” (31%) e, na questão sobre a liderança, Luís Montenegro é visto como “mais eficaz e inspirador” por 30% enquanto Pedro Nuno Santos fica com quase metade: 14%. O secretário-geral do PS é, aliás, ligeiramente ultrapassado neste tópico por André Ventura (15%), com destaque para o voto masculino. Na opinião dos inquiridos, o PS é ultrapassado pelo Chega em temas como a imigração e a segurança e, em alguns segmentos, pela Iniciativa Liberal na estratégia para a economia.

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Recorde de acidentes e trânsito na VCI do Porto

Em 2024, houve 133 mil carros por dia a circular e registaram-se, só até outubro, 608 sinistros na Via de Cintura Interna (VCI). A tendência de acidentes nesta estrada nos últimos anos tem sido crescente: 417 em 2000, 482 em 2021 e 524 em 2023. “A capacidade de escoamento da VCI está esgotada. Cada vez que há uma interrupção na VCI, seja um acidente ou uma avaria, a cidade entra em trombose”, diagnostica o presidente da Câmara do Porto.

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“Não há saída para o protecionismo”. Da China ao Canadá, potências mundiais reagem às tarifas dos EUA

  • ECO e Lusa
  • 3 Abril 2025

Da União Europeia à China, passando pelo Reino Unido e pela Austrália, sucedem-se as reações às novas taxas anunciadas por Trump, entre novos apelos à negociação e ao recuo por parte da Casa Branca.

Da União Europeia à China, passando pelo Reino Unido e pela Austrália, vários países e blocos políticos já reagiram em tom crítico às novas taxas alfandegárias anunciadas pelo Presidente Donald Trump, deixando novos apelos à negociação e ao recuo por parte da Administração norte-americana.

Logo de madrugada, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, avisou que o bloco está “pronto para responder” à imposição de tarifas por parte dos Estados Unidos e está a trabalhar em novas medidas de retaliação.

A China instou os EUA a “cancelarem imediatamente as taxas unilaterais e a resolverem adequadamente as disputas com os seus parceiros comerciais através de um diálogo justo”. Em comunicado, o Ministério do Comércio chinês frisa que esta ofensiva protecionista da Casa Branca, sem precedentes desde os anos 1930, “põe em risco o desenvolvimento económico global” e ameaça as cadeias de abastecimento internacionais, afetando também os interesses norte-americanos.

Pequim opõe-se “de forma firme” às novas taxas alfandegárias, que são particularmente pesadas para os seus produtos, e prometeu lutar para defender os “direitos e interesses” da China. “Não há vencedores numa guerra comercial e não há saída para o protecionismo”, declarou o ministério.

As taxas de 34% impostas pelos Estados Unidos sobre as importações da China “não respeitam as regras do comércio internacional e prejudicam gravemente os direitos e interesses das partes envolvidas”, declarou na mesma nota.

Canadá vai lutar contra tarifas sobre aço, alumínio e automóveis

O primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, garantiu logo na quarta-feira que o seu país vai lutar contra as tarifas nos setores do aço, alumínio e automóvel anunciadas por Trump e que terão impacto direto em “milhões de canadianos”, isto apesar de quererem preservar “elementos importantes” da relação bilateral.

O governante garantiu que o Canadá vai “combater estas tarifas com contramedidas”. “Vamos proteger os nossos trabalhadores e construir a economia mais forte do G7”, frisou.

O Canadá e o México, os dois países que juntamente com os EUA formam o acordo de comércio livre USMCA, evitaram a nova vaga de tarifas. No entanto, as tarifas de 25% que Trump impôs anteriormente sobre o aço, o alumínio e os automóveis canadianos continuam em vigor.

A Administração Trump justificou estes impostos citando o fluxo de migrantes e fentanil do Canadá, embora as quantidades em ambos os casos sejam quase insignificantes. Carney disse que as tarifas globais anunciadas na quarta-feira são “uma série de medidas que vão mudar fundamentalmente o sistema de comércio internacional”.

O líder canadiano acrescentou que a manutenção das “tarifas sobre o fentanil” no Canadá e no México terá um impacto negativo na economia dos EUA, o que, por sua vez, afetará a sociedade canadiana.

Austrália fala em tarifas “totalmente injustificadas”

Já o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, defendeu serem “totalmente injustificadas” as tarifas anunciadas pelos Estados Unidos sobre importações dos principais parceiros comerciais, considerando-as negativas para as relações bilaterais.

“Estas tarifas não são inesperadas, mas sejamos claros: são totalmente injustificadas”, afirmou Albanese numa conferência de imprensa após o anúncio das tarifas de 10%. “Isto terá um impacto na perceção que os australianos têm desta relação”, acrescentou.

Reino Unido descarta retaliação e procura acordo

Em Londres, o secretário britânico do Comércio, Jonathan Reynolds, rejeitou retaliar imediatamente, afirmando pretender um acordo. “Como os Estados Unidos são o nosso aliado mais próximo, a nossa abordagem é mantermo-nos calmos e empenhados em chegar a este acordo, que esperamos que mitigue o impacto do que foi anunciado”, afirmou.

O Reino Unido foi relativamente poupado por Donald Trump, com tarifas de 10%, o nível mínimo anunciado. Contudo, Reynolds destacou o impacto potencial sobre o setor automóvel. “A nossa principal preocupação é o impacto no setor automóvel. Pelo que entendo, os 10% de tarifas não se somam aos 25% já impostos sobre os carros”, referiu o governante britânico.

Meloni fala numa “má medida” que enfraquece o Ocidente

Uma das líderes europeias mais próximas de Trump, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, sublinhou que as novas tarifas dos EUA sobre as importações da União Europeia (UE) são uma “má jogada” que apenas enfraquece o Ocidente.

“A introdução de tarifas por parte dos Estados Unidos contra a UE é uma medida que considero errada e que não convém a nenhum dos lados. Faremos tudo o que for possível para chegar a um acordo com os Estados Unidos para evitar uma guerra comercial que inevitavelmente enfraqueceria o Ocidente em benefício de outros atores globais”, destacou, citada num comunicado.

Irlanda pede “resposta proporcional”

Também o primeiro-ministro irlandês, Michael Martin, “lamentou profundamente” as tarifas de 20% impostas à UE pelos Estados Unidos, pedindo aos 27 Estados-membros da UE que respondam de forma proporcional.

“Qualquer ação deve ser proporcional e visar defender os interesses das nossas empresas, dos nossos trabalhadores e dos nossos cidadãos”, destacou, citado num comunicado.

A Irlanda, que alberga as sedes europeias de grandes empresas farmacêuticas e tecnológicas norte-americanas, tem o maior excedente com os Estados Unidos entre os membros da UE.

França fala em “catástrofe para o mundo económico

O primeiro-ministro francês, François Bayrou, referiu já esta manhã que o aumento dos direitos aduaneiros anunciado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, representa uma dificuldade para a Europa e uma catástrofe para os Estados Unidos.

“Esta decisão é uma catástrofe para o mundo económico. É uma dificuldade imensa para a Europa. Penso que é também uma catástrofe para os Estados Unidos e para os cidadãos norte-americanos”, declarou o chefe do governo de França à margem de uma conferência no Senado, em Paris.

Espanha mobiliza 14.100 milhões para “mitigar a guerra comercial”

Em Espanha, o Executivo anunciou o recurso aos instrumentos comerciais e financeiros de que o Estado dispõe para implementar uma rede de proteção imediata e uma estratégia de relançamento dos setores afetados pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos. “Consideramos a decisão dos EUA injusta e injustificada. Se não houver margem para negociação, teremos de agir”, afirmou Carlos Cuerpo, ministro da Economia de Espanha.

Entretanto, o primeiro-ministro espanhol já especificou o plano de contingência de Madrid. Pedro Sánchez garante que já existe um pacote de “contra-tarifas” para responder aos EUA, mas, para já, a Espanha “responderá antecipadamente” com um Plano de Resposta e Relançamento Comercial de 14,1 mil milhões de euros para “mitigar a guerra comercial” com um “escudo para proteger” as empresas e os trabalhadores. Deste montante, 7,4 mil milhões correspondem a novos financiamentos e outros 6 mil milhões provêm de outros instrumentos.

Os fundos serão articulados em dois pilares: proteção das empresas e do emprego. “Vamos disponibilizar duas linhas de garantias com 6 mil milhões de euros para responder às suas necessidades. Disponibilizaremos também um fundo de apoio de 200 milhões de euros para a criação de novas fábricas ou a sua modernização. Vamos pôr em prática o novo plano Moves, que servirá para dinamizar o setor da cogeração elétrica”, disse, citado pelo jornal El Español.

Fontes do Executivo espanhol disseram à agência de notícias EFE que o bloco europeu dispõe das ferramentas necessárias para proteger os interesses dos cidadãos e empresas, caso não haja espaço para negociação com Washington.

Alemanha, Polónia e Dinamarca

Berlim também já declarou apoio à União Europeia na procura de uma solução negociada com Washington sobre as novas tarifas anunciadas por Donald Trump, reiterando que a Europa está pronta para retaliar. O vice-chanceler alemão, Robert Habeck, alertou que os novos impostos norte-americanos podem arrastar países para a recessão e causar danos consideráveis em todo o mundo.

Na Polónia, o primeiro-ministro, Donald Tusk, afirmou que são necessárias decisões adequadas. Numa mensagem difundida através das redes sociais, Tusk não especificou o tipo de medidas.

A Dinamarca criticou também as novas tarifas. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Lars Lokke Rasmussen, disse que a Europa deve permanecer unida e preparar respostas “sólidas” e proporcionais.

Vice-presidente do BCE pede prudência

A incerteza gerada pelas tarifas de Trump também levou o Banco Central Europeu (BCE) a adotar um tom cauteloso. Luis de Guindos, vice-presidente do BCE, esta manhã no decorrer do Fórum dos Diretores Executivos da Federação Internacional de Contabilistas afirmou que “esta incerteza significa que precisamos de ser extremamente prudentes ao determinar a postura apropriada em termos de política monetária”.

A prudência parece ser agora palavra de ordem entre os bancos centrais e investidores. “Uma escalada das tensões comerciais poderia levar à depreciação do euro e ao aumento dos custos das importações, enquanto as despesas muito necessárias com a defesa e as infra-estruturas poderiam aumentar a inflação através da procura agregada”, referiu Guindos.

O responsável do BCE alertou também para o facto de as tensões geopolíticas poderem também conduzir a uma inflação mais elevada devido a perturbações no comércio, ao aumento dos preços das matérias-primas e dos custos da energia. “Simultaneamente, uma menor procura de exportações da área do euro e um menor crescimento resultantes do impacto de direitos aduaneiros mais elevados ou de tensões geopolíticas podem constituir uma ameaça para a economia, deprimir a procura e fazer descer a inflação”, disse.

Secretário das Finanças dos EUA aconselha países a não retaliarem

A partir de Washington, o secretário das Finanças dos EUA, Scott Bessent, aconselhou todos os países “a não responderem” às taxas alfandegárias anunciadas na quarta-feira por Donald Trump, sob pena de “escalada” da situação.

“Acalmem-se. Encaixem o golpe. Esperem para ver como a situação evolui. Se ripostarem, vai haver uma escalada”, assegurou Bessent.

Trump apresentou a medida sobretudo como um indutor de investimento estrangeiro em fábricas nos Estados Unidos e de crescimento económico, perdido para outros países nas últimas décadas.

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