Espanha e Irlanda “cada vez mais perto” de reconhecerem Palestina

  • Lusa
  • 12 Abril 2024

O objetivo de dar uma "mensagem de esperança" aos palestinianos e "mostrar ao mundo" que na Europa há atores que respeitam a ordem internacional "em todos os casos",

Os primeiros-ministros de Espanha e da Irlanda, Pedro Sánchez e Simon Harris, reiteraram esta sexta-feira que os dois países estão prontos para reconhecer a Palestina como Estado e garantiram que esse momento está “cada vez mais próximo”.

“O momento está cada vez mais próximo. A vontade que manifesto, como presidente do Governo de Espanha, é que possamos tomar essa decisão de forma coordenada [com outros países]”, disse Sánchez, que já assumiu o compromisso de reconhecer o estado palestiniano até julho, mas hoje não foi mais concreto em termos de datas.

“Estamos prontos para reconhecer o Estado da Palestina. Pensamos ser importante fazê-lo no momento adequado e esse momento está cada vez mais perto. Pensamos também que é importante avançar em conjunto com outros países e queremos fazê-lo com Espanha e com outros no momento adequado”, disse, por seu turno, Simon Harris. Sánchez e Harris falavam em Dublin, no final de um encontro entre os dois dedicado ao tema do Médio Oriente.

Ambos voltaram a condenar os ataques a Israel do grupo islamita radical Hamas de 7 de outubro, mas também a resposta de Telavive, com bombardeamentos e operações terrestres na Faixa de Gaza que mataram dezenas de milhares de civis, destruíram as infraestruturas do território e têm impedido a entrada de ajuda humanitária. “É possível fazer as duas coisas”, sublinhou Simon Harris, em resposta a críticas de Israel sobre a postura assumida pela Irlanda.

Sánchez e Harris consideraram que a paz no Médio Oriente só é possível com a solução dos dois estados (israelita e palestiniano) e o primeiro-ministro de Espanha reiterou que “a comunidade internacional só pode ajudar a Palestina se reconhecer a sua existência”. Para Espanha, este é um ponto de partida necessário para tentar abrir um processo de paz, para pôr em pé de igualdade as duas partes numa negociação.

Sánchez afirmou que o reconhecimento do estado da Palestina, além de querer contribuir para pôr em marcha um processo de paz, tem também o objetivo de dar uma “mensagem de esperança” aos palestinianos e “mostrar ao mundo” que na Europa há atores que respeitam a ordem internacional “em todos os casos”, afirmando que salvar vidas é tão importante na Ucrânia como em Gaza.

“Olhar para o lado não é aceitável” e não agir, em busca de uma solução para o Médio Oriente, “só trará mais sofrimento, mais mortos, mais rancor e mais conflitos à região e, por consequência, ao mundo”, acrescentou, depois de ter alertado para o cada vez maior risco de escalada do conflito. Sánchez e Harris manifestaram também apoio ao reconhecimento da Palestina como membro de pleno direito das Nações Unidas.

Para o governo de Espanha, como reiterou o próprio Sánchez, este debate em curso na ONU e a situação humanitária e de destruição na Faixa de Gaza fazem deste momento “um ponto chave” para avançar nas posições perante o conflito israelo-palestiniano, nomeadamente, com o reconhecimento do estado da Palestina. Sánchez iniciou esta sexta uma ronda de contactos com cinco homólogos europeus para tentar reunir apoios ao reconhecimento do estado palestiniano.

Além da Irlanda, esteve de manhã na Noruega. Na próxima semana, vai abordar o assunto com o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, em Madrid, antes de, na terça-feira, viajar para a Eslovénia e Bélgica. Este périplo europeu segue-se a outro, no início deste mês, pela Jordânia, Arábia Saudita e Qatar, onde defendeu mais pontes entre a União Europeia (UE) e os países árabes.

No final de março, assinou com outros três primeiros-ministros europeus (da Irlanda, Eslovénia e Malta) uma declaração a comprometer-se com o reconhecimento do Estado da Palestina. A Noruega não faz parte da União Europeia. Já dentro da UE, nove Estados-membros reconhecem já a Palestina: Bulgária, Chipre, República Checa, Hungria, Malta, Polónia, Roménia e Eslováquia deram o passo em 1988, antes de aderirem ao bloco europeu, enquanto a Suécia o fez sozinha em 2014, cumprindo uma promessa eleitoral dos sociais-democratas então no poder.

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Nos paga dividendo de 0,35 euros a 24 de abril

  • Joana Abrantes Gomes
  • 12 Abril 2024

A empresa liderada por Miguel Almeida vai distribuir aos acionistas praticamente a totalidade dos lucros obtidos em 2023.

A Nos anunciou que vai remunerar os seus acionistas sob a forma de dividendos no valor de 35 cêntimos por ação no dia 24 de abril. A proposta da administração da operadora foi aprovada esta sexta-feira na assembleia geral de acionistas.

O dividendo de 0,35 euros traduz um aumento de 25,9% face aos 0,278 euros pagos em 2023, segundo um comunicado da empresa liderada por Miguel Almeida.

No entanto, a Nos pagou um dividendo extraordinário de 0,152 euros referente ao exercício de 2022, pelo que o total da remuneração aos acionistas no ano passado ascendeu a 0,43 euros.

A partir de 22 de abril (inclusive), as ações da Nos na bolsa passam a negociar sem direito a dividendo.

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Fenprof quer recuperação mais rápida do tempo de serviço e propõe 33% ao ano

  • Lusa
  • 12 Abril 2024

A Fenprof quer garantias de que, no final do processo, todos os professores veem recuperados os nove anos, quatro meses e dois dias independentemente de se encontrarem no ativo ou aposentados.

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) discorda da proposta do Governo para a recuperação do tempo de serviço e anunciou esta sexta-feira que vai propor que, em vez de 20%, sejam devolvidos 33% a cada ano. “A recuperação dos seis anos, seis meses e 23 dias deve ocorrer à razão de 33% ao ano, como é nossa proposta, e não à razão de 20% ao ano”, disse Francisco Gonçalves, secretário-geral adjunto da Fenprof, em conferência de imprensa.

O Programa do XXIV Governo Constitucional prevê a recuperação do tempo de serviço dos professores ao longo de cinco anos, sendo contabilizados anualmente 20%. A proposta deverá começar a ser discutida a partir do final da próxima semana, nas primeiras reuniões já agendadas pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) com as organizações sindicais.

Além de querer uma recuperação mais rápida, a Fenprof quer garantias de que, no final do processo, todos os professores veem recuperados os nove anos, quatro meses e dois dias – total do tempo em que a carreira esteve congelada –, independentemente de se encontrarem no ativo ou já estarem aposentados.

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31 startups nacionais carimbam passaporte para a Web Summit Rio

Das mais de 30 startups nacionais presentes na segunda edição da cimeira tecnológica no Rio de Janeiro, 12 participam no âmbito do programa Business Abroad da Startup Portugal.

Ambi.careers, Biometrid, InfiniteFoundry ou MyCareForce são algumas das 31 startups portuguesas que marcam presença na segunda edição da Web Summit Rio, das quais 12 carimbam passaporte na cimeira tecnológica, a decorrer de 15 a 18 de abril, no âmbito do programa “Business Abroad” da Startup Portugal.

“No primeiro dia da conferência, 15 de abril, a delegação portuguesa vai reunir-se com os stakeholders locais, num evento organizado pela Câmara Portuguesa de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro, em colaboração com a Startup Portugal, com a Lisboa Unicorn Capital, numa manhã com várias sessões sobre processos legais, fiscais e oportunidades de negócio no país”, informa a Startup Portugal, em comunicado.

Eduardo Paes (prefeito do Rio de Janeiro), Gabriela Soares (cônsul-geral de Portugal no Rio de Janeiro), António Dias Martins (diretor executivo da Startup Portugal), Luís Rebelo de Sousa (administrador executivo da AICEP), Artur Pereira (VP e country manager Portugal & Brasil na Web Summit) e Isabel Advirta, responsável pelo departamento de Emprego, Empreendedorismo e Empresas, são alguns dos presentes nesta sessão “Doing Businesse in Brazil”, entre outras entidades locais ligadas ao empreendedorismo e à inovação.

No âmbito do programa “Business Abroad” – que, desde o seu início, já levou mais de 270 startups portuguesas a eventos tecnológicos internacionais –, 12 startups marcam presença na cimeira e já levantaram mais de 13 milhões de investimento junto a venture capital e a business angels, empregando, em conjunto, mais de 260 trabalhadores.

Participantes “Business Abroad”

  • Ambi.careers – Simplifica o processo de recrutamento, ligando talentos não tecnológicos às principais tecnológicas;
  • Biometrid – Desenvolveu “centro de low-code para verificação de ID, integração de clientes e autenticação a ser utilizado em todas as indústrias”;
  • Frontfiles – “Marketplace B2B que liga diretamente os compradores de conteúdos aos criadores de conteúdos em todo o mundo”;
  • Greenmetrics.ai – Recorre a “sensores inteligentes e análise avançada de dados para a adaptação às alterações climáticas”;
  • InAppStory – “Plataforma de engagement do cliente através de stories e gamificação in-app“;
  • Infinite Foundry – “Plataforma de metaverso industrial que combina gémeo digital 3D e sensores virtuais para rastrear e otimizar operações em tempo-real”;
  • Interpretica – “Análise de programas que compreende a arquitetura do software e a cadeia de fornecimento do cliente e encontra problemas que podem transformar-se em vulnerabilidades”;
  • Marvin AI – Plataforma de IA para gerar “apresentações e relatórios automaticamente com base na IA generativa e large language models“;
  • Modatta – mercado descentralizado em que as empresas podem pagar diretamente aos utilizadores pelo consentimento de utilização dos seus dados;
  • Naoris Protocol – “Através de blockchain e swarm AI, transforma dispositivos vulneráveis em pontos de defesa confiáveis”;
  • Surf Eye – “Disponibiliza rede de câmaras alimentada por IA que regista automaticamente todas as ondas nos melhores locais de surf e piscinas de ondas de todo o mundo”;
  • uBits Capital – Plataforma “para tokenização de ativos, com foco em investimentos em criptografia e soluções DeFi em mercados internacionais.”

Além destas startups, há cerca de vinte que marcam presença na cimeira de forma independente, algumas das quais já com operação no mercado brasileiro, como é o caso da sheerMe, da Hoopers ou da MyCareForce.

Dizconto; Enline; Health4All, Hortee; iTRecruiter; Keeptip; Mediaprobe; My Data Manager; Networkme; Propel; Splink; SpotGames; Tokenwised; Vawlt; Wiseworld e Zizu estarão igualmente presentes.

(artigo atualizado pela última vez às 19h22, com correção na lista do Programa Business Abroad)

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Polémica sobre mudança de logótipo salta fronteiras

Apolémica sobre a decisão de mudança de logótipo por parte do novo Governo foi notícia em meios como a Reuters, o The Guardian ou O Globo.

A decisão do novo Governo de regressar ao anterior logótipo, em detrimento da imagem criada pelo Studio Eduardo Aires e adotada pelo Governo de António Costa, causou alvoroço nas redes sociais, gerou polémica, e fez correr tinta nos jornais portugueses. Mas a polémica parece ter também escalado fronteiras, sendo notícia no estrangeiro.

A discordância sobre o assunto em Portugal parece assim ter escalado de tal forma que o assunto “saltou” para a imprensa estrangeira, desde logo marcando presença na Reuters, onde se dá conta da alteração dos símbolos. “Enquanto alguns portugueses aplaudiram o regresso dos antigos símbolos nas redes sociais, outros lamentaram as prioridades trocadas do Governo numa altura de crise“, refere a agência de notícias.

À esquerda, “novo” logótipo entretanto metido na gaveta por Montenegro. À direita, antigo logótipo agora recuperado.

Já o britânico The Guardian dá ênfase ao uso da imagem enquanto “arma de arremesso” por parte da direita e às palavras do designer Eduardo Aires, que se queixou de ter recebido ameaças de morte pela sua criação.

No outro lado do Atlântico, o jornal brasileiro O Globo também destacou as ameaças de morte recebidas pelo designer, referindo que a polémica sobre as imagens nacionais são um “reflexo de polarização política crescente no país europeu”.

A norte-americana Fast Company também noticiou a troca de logótipos, referindo que a alteração “não foi bem recebida por muita gente”, onde se incluem “milhares de pessoas que assinaram uma petição online“. Esta petição conta com cerca de 7.500 assinantes.

Segundo refere este meio, “em momentos políticos tensos, o design pode servir como uma extensão tangível da ideologia”, fazendo uma analogia com outros casos semelhantes que ocorreram nos EUA.

Recorde-se que os especialistas em comunicação ouvidos logo no primeiro momento pelo +M aplaudiram a decisão do Governo de recuar na alteração ao logótipo feita durante o Governo de António Costa.

A polémica foi também aproveitada pela Ikea para comunicar e marcar pontos nas redes sociais, naquele que foi mais um exemplo de publicidade adaptada ao contexto político desenvolvida pela marca de mobiliário e decoração.

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Montenegro contra consagração de aborto como direito fundamental na UE

  • Lusa
  • 12 Abril 2024

"Há dois direitos que conflituam: o direito à autodeterminação da mulher e o direito à proteção da vida do nascituro", defende o primeiro-ministro.

O primeiro-ministro e líder do PSD afirmou-se esta sexta-feira contra a consagração do aborto como direito fundamental, como recomendou o Parlamento Europeu na quinta-feira, por causar um “desequilíbrio jurídico” ao prevalecer apenas o direito à autodeterminação da mulher.

A consagração como direito fundamental do direito à interrupção voluntária da gravidez traz um desequilíbrio no ordenamento jurídico, porque significa que dos dois direitos que estavam em conflito [direito à autodeterminação da mulher e o direito à proteção da vida do nascituro], no fim, vai prevalecer integralmente apenas um, o que significa o desaparecimento do outro”, disse hoje Luís Montenegro, no parlamento, durante o debate de preparação do Conselho Europeu de quarta e quinta-feira da próxima semana.

O chefe do Governo respondia a uma pergunta da deputada do PAN, Inês Sousa Real, a propósito da votação ocorrida no Parlamento Europeu que na quinta-feira aprovou uma recomendação histórica de incluir todos os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, incluindo o direito ao aborto, na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia (UE), com estatuto de tratado.

“Eu e o meu partido não defendemos isso”, referiu Montenegro. O primeiro-ministro salientou que esta matéria “não é uma questão de Governo, é uma questão individual”.

Há dois direitos que conflituam: o direito à autodeterminação da mulher e o direito à proteção da vida do nascituro. O processo da interrupção voluntária da gravidez é a forma, o compromisso jurídico de resolver esse conflito. Nos ordenamentos jurídicos existem condições, requisitos, para a adoção dos procedimentos da interrupção voluntária da gravidez: circunstância, previsão fáctica ou até de prazo”, afirmou.

A resolução do Parlamento Europeu foi aprovada com 336 votos a favor, 163 contra e 39 abstenções e no documento os eurodeputados exigem que seja consagrado o direito ao aborto na Carta de Direitos Fundamentais da UE, uma exigência que é feita há muito tempo. O Parlamento Europeu condenou o retrocesso nos direitos das mulheres em vários países, incluindo nos 27 Estados-membros do bloco comunitário, nomeadamente a imposição de restrições ao aborto e cuidados de saúde sexuais e reprodutivos.

Os eurodeputados querem que seja alterado o Artigo 3.º da Carta dos Direitos Fundamentais do bloco comunitário para incluir que “todas as pessoas têm o direito à autonomia sobre o corpo, o acesso gratuito, informado, pleno e universal à saúde e aos direitos sexuais e reprodutivos, e a todos os serviços de saúde conexos, sem discriminação, incluindo no acesso ao aborto seguro e legal”.

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Governo supera primeiro debate mas com alertas de “arrogância”

Governo quis mostrar abertura mas foi acusado de falta de diálogo. Enfrentando críticas da direita à esquerda, Montenegro "sobreviveu" ao primeiro debate face a um Parlamento fragmentado.

O Executivo de Luís Montenegro conseguiu ultrapassar o primeiro debate parlamentar com o Programa do Governo viabilizado, mas não escapou a críticas e ameaças da oposição, que recordou a maioria relativa que vai obrigar ao diálogo. Foram mais de oito horas de debate no primeiro dia, marcado pelo anúncio de nove medidas prioritárias por Montenegro, e duas moções de rejeição no segundo, onde o PS e o Chega deixaram o trabalho prosseguir mas não sem avisos de que não iam ser muletas ou apoios.

Na primeira intervenção de Montenegro, que fez questão de recordar que não é um estranho às andanças do Parlamento, onde foi deputado 16 anos, o grande destaque foram as medidas que o Governo escolheu para serem as primeiras a avançar. São no total nove medidas, arrancando com a descida de IRS, que foi a grande bandeira da campanha social-democrata.

Apresentação e debate do programa do XXIV Governo Constitucional na Assembleia da República - 11ABR24

Entre as primeiras decisões do Governo encontram-se também os professores e polícias, propostas para o Fisco e para os jovens, como a isenção de IMT, bem como para acelerar os fundos europeus e revogar medidas de António Costa na habitação.

Oposição nega apoio com viabilização do programa do Governo

O discurso foi também marcado pela forma como Montenegro enquadrou a viabilização do programa do Governo. Disse que permitir a viabilização do Programa do Governo “significa permitir a sua execução até ao final do mandato ou, no limite, até à aprovação de uma moção de censura”.

Perante estas afirmações, o PS acusou o Governo de estar a fazer “chantagem” e, por isso, o secretário-geral socialista desafiou Montenegro a avançar com uma moção de confiança. Depois de no Parlamento terem feito acusações mútuas de “arrogância”, Pedro Nuno Santos salientou que Montenegro, “em vez de se congratular pela decisão do PS de se abster na votação das moções de rejeição da esquerda, decide exigir ao PS que, inviabilizando a moção, tem de suportar o Governo”.

André Ventura também não gostou das declarações do primeiro-ministro e disse esperar a clarificação de Luís Montenegro de que “os partidos que não obstaculizem o programa não se tornaram apoiantes”, numa espécie de ultimato.

Montenegro pouco clarificou a questão mas reiterou que não queria o apoio do Partido Socialista. “Respeitamos o papel de oposição e de escrutínio do Partido Socialista e o papel de construção de uma alternativa política”, assumiu o primeiro-ministro.

Mesmo com 60 medidas de outros partidos, Governo acusado de falta de diálogo

O Executivo quis dar um sinal de abertura ao anunciar, no Conselho de Ministros de quinta-feira, que tinha incluído 60 medidas dos outros partidos no programa de Governo. Mas os partidos desvalorizaram o gesto, já que não existiu diálogo nem aviso de que tal ia ser feito, pelo que tiveram de andar à procura dos “ovos da Páscoa”, como caracterizou Inês Sousa Real.

Os partidos reiteraram que não existiu diálogo, nem a comunicação de quais foram as medidas incluídas: Isabel Mendes Lopes, do Livre, diz que puseram o país a fazer um “peddy paper” à procura das propostas.

A lista chegou apenas ao final do dia e mostrou que mais de metade das medidas escolhidas são do PS, que viu incluídas 32 propostas. Segue-se o Chega, com 13 propostas plasmadas no Programa de Governo, e a Iniciativa Liberal, com seis. Já o Livre e Bloco tiveram três medidas cada, enquanto o PAN viu incluídas duas e o PCP — que já tinha anunciado uma moção de rejeição — apenas uma.

O Governo disse não compreender estas críticas e Paulo Rangel, que fechou o debate em nome do Governo, reiterou que “não é suposto nem desejável que programa do Governo seja negociado com oposições”. O programa “será sim a base da negociação”, defendeu, apontando que foi um sinal de “abertura”.

Ministros começam a dar primeiros passos

À tarde do primeiro dia de debate surgiu a primeira oportunidade para os ministros se pronunciarem na Assembleia da República, no confronto direto com os partidos. Ainda que muitos já estivessem habituados às andanças parlamentares, vestem agora uma nova pele, num contexto de maioria relativa em que o consenso é necessário.

Do lado do ministro das Finanças, veio o aviso de que o excedente não significava que era possível resolver todos os problemas. “A forma como chegámos ao excedente de 2023 não é saudável”, porque é o resultado de “elevada inflação, carga fiscal máxima, serviços públicos e investimento público no mínimo e de juros, desde 2015, a beneficiarem da política monetária do BCE até 2022 que deu quase três mil milhões de euros”, explicou.

Além disso, Miranda Sarmento deixou também registada a sua “surpresa” face aos prejuízos operacionais do Banco de Portugal, revelados no mesmo dia numa notícia do Jornal de Negócios. O ministro disse que o Governo iria “avaliar os impactos ao nível das contas deste ano desse prejuízo”, mas é de salientar que no Orçamento do Estado para 2024 já não estava previsto qualquer dividendo da instituição liderada por Mário Centeno.

Já Castro Almeida, que já tem bastante experiência governativa, explicou os planos do Governo para acelerar a execução dos fundos europeus, uma das prioridades anunciadas por Montenegro. O ministro considerou ser “incompreensível” que a execução do Plano de Recuperação e Resiliência continue na ordem dos 20% numa altura em que estão em Bruxelas detidos 713 milhões de euros relativos ao terceiro cheque.

Destaque também para Fernando Alexandre, ministro da Educação, Ciência e Inovação, que anunciou o arranque das negociações com os professores na próxima semana. Isto depois de o primeiro-ministro também ter indicado que as negociações com as forças de segurança iam arrancar já esta sexta-feira, sendo estes os dois grupos da Função Pública que o Governo identificou como prioritários para o início de negociações.

Esquerda rejeita programa, PS apresenta medidas e direita testa relação

No encerramento do debate, na manhã desta sexta-feira, cada líder parlamentar subiu ao palanque para fazer um discurso final. Pedro Nuno Santos não quis ficar de fora dos anúncios e revelou as cinco iniciativas que o grupo parlamentar do PS vai entregar, que incluem o fim das portagens nas ex-Scut, descida do IVA da eletricidade para 6% e aumentar as deduções com arrendamentos.

O PSD apelidou de hipocrisia a bancada socialista aplaudir de pé estes anúncios quando estiveram no Governo oito anos e não avançaram com as medidas que agora propõem.

Apresentação e debate do programa do XXIV Governo Constitucional na Assembleia da República - 12ABR24

Nas bancadas mais à direita, Ventura apontou a mira à esquerda e ao PS, que criticou pelo estado como deixaram o país. Já para Montenegro, lançou um repto para que faça um Orçamento retificativo, recordando que o próprio, há meses, classificava o atual Orçamento desenhado pelo PS como “betinho e pipi”.

A Iniciativa Liberal apontou falhas no programa do Governo mas também mostrou concordância com alguns pontos, sendo que do lado do Governo sinalizou-se que esta seria uma das bancadas com quem existia mais convergência. “Ainda vai concordar muitas vezes”, disse Joaquim Miranda Sarmento a Bernardo Blanco.

À esquerda surgiram críticas pela posição face às empresas e a proposta para descer o IRS, com Mortágua a declarar aberta a “happy hour das empresas”. Tanto o PCP como o Bloco apresentaram moções de rejeição, mas foram ambas chumbadas com cerca de 138 votos contra – da direita. O PS absteve-se, tal como já tinha anunciado que faria.

Apresentação e debate do programa do XXIV Governo Constitucional na Assembleia da República - 11ABR24

De Saramago a Ricardo Reis, políticos citam autores portugueses

Os deputados e ministros continuam a ser fãs de citações e as intervenções deste debate tiveram “contributos” de autores portugueses como Saramago, Camões e Ricardo Reis. Mas há ainda espaço para cantores – depois de nos debates do anterior Governo serem comuns as citações de Jorge Palma – desta vez com Mariza.

Montenegro terminou a sua primeira intervenção com Saramago: “Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo”, disse o primeiro-ministro, depois de anunciar as nove medidas que iam avançar no imediato.

Já André Ventura fez questão de dizer que iria “corrigir” o discurso de Montenegro e em vez de Saramago, terminou com uma citação de Camões: “Cesse tudo o que a Musa antiga canta, que outro valor mais alto se alevanta”.

O líder parlamentar do PSD optou por citar uma letra de Mariza: “Algo me diz que a tormenta passará/ É preciso perder para depois se ganhar/ E mesmo sem ver, acreditar”.

Apresentação e debate do programa do XXIV Governo Constitucional na Assembleia da República - 12ABR24

Paulo Rangel, responsável por encerrar o debate do lado do Governo, escolheu por sua vez Ricardo Reis, heterónimo de Fernando Pessoa. No final da intervenção, citou o poema que diz: “Uns, com os olhos postos no passado, veem o que não veem. Outros, fitos, os mesmos olhos no futuro, veem o que não pode ver-se”. Acrescentou ainda: “Este é o dia, esta é a hora, este o momento, isto é quem somos, e é tudo.”

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Comercial com emissão especial a partir do Quartel do Carmo para assinalar 25 de abril

  • + M
  • 12 Abril 2024

A Comercial realiza uma emissão especial a partir do Quartel do Carmo para assinalar o 25 de abril. Sara Correia, uma das convidadas, vai cantar “E Depois do Adeus” com um quarteto de cordas da GNR.

De forma a assinalar os 50 anos do 25 de Abril, a Rádio Comercial realiza uma emissão especial em direto a partir do Quartel do Carmo, em Lisboa, palco principal da Revolução de 1974. A transmissão acontece na véspera, no dia 24, a partir das sete da manhã.

Pedro Ribeiro, Nuno Markl, Vasco Palmeirim e Vera Fernandes vão assim estar em direto a partir do Quartel do Carmo, em conjunto com Mafalda Gomes de Almeida, tenente-coronel, chefe da divisão de comunicação e relações-públicas da GNR, e o historiador chefe do museu do Carmo, para contarem a História da Revolução de 74.

“50 anos depois de uma Revolução que está tão ligada à Rádio, a Comercial não podia deixar de assinalar os 50 anos do 25 de Abril. Quisemos fazê-lo de uma forma simbólica e, por isso, nada melhor do que estar onde tudo aconteceu, o Quartel do Carmo. Optamos por fazer a emissão no dia 24 para garantir que temos o número habitual de ouvintes, sendo um normal dia de trabalho, e não a audiência tipicamente menos ampla de uma manhã de feriado”, diz Pedro Ribeiro, diretor da Rádio Comercial, citado em comunicado.

Contando com vários convidados, reportagens de exterior e visitas ao Museu da Guarda, as Manhãs da Comercial vão estar em direto a partir da sala General Affonso Botelho. A fadista Sara Correia, uma das convidadas, vai cantar “E Depois do Adeus” com um quarteto de cordas da GNR.

As emissões de trânsito serão feitas, como habitualmente, por Paulo Miranda, mas a partir do Centro Integrado Nacional de Gestão Operacional, também no Quartel do Carmo.

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Após “breve troca de impressões”, negociações com os polícias arrancam a 22 de abril

Ministra da Administração Interna explica que primeira reunião com os sindicatos serviu de "apresentação" do programa do Governo. Negociações para o suplemento arrancam a 22 de abril.

A ministra da Administração Interna anunciou que as negociações com os 16 sindicatos dos polícias irão começar no próximo dia 22 de abril. Margarida Blasco falava aos jornalistas esta sexta-feira, dando nota que o encontro marcado para esta tarde serviu apenas de “apresentação” dos pontos que constam no programa do Governo apresentado esta quarta-feira.

“Tivemos uma breve troca de impressões”, afirmou a nova ministra da Administração Interna. A reunião desta sexta-feira durou cerca de hora e meia, entre as 16:00 e as 16:30. “Serviu sobretudo para nos conhecermos e tomarmos nota e compromisso de iniciar negociações no próximo dia 22 [de abril]”, anunciou. “Apresentámos as medidas que estão anotadas, do ponto de vista do programa do Governo, que têm a ver com a progressão das carreiras e atratividade das carreiras, a formação e a capacitação em termos de equipamentos”, explicou.

A governante frisou que a prioridade nas negociações prende-se com a atribuição dos suplementos da PSP e da GNR, tal como tem sido reivindicado por estes setores profissionais, incluindo, simultaneamente, mais equipamentos, formações e melhores instalações. No entanto, quando questionada sobre se o excedente orçamental terá capacidade de dar resposta a todas as exigências, Blasco apenas garantiu que as opções estão a ser estudadas.

“Estamos a estudar. Queremos fazer e cumprir [com o programa do Governo]”, respondeu aos jornalistas. “A negociação vai iniciar-se, vamos ver todos os pontos e analisá-los. É para resolver os problemas“, sublinhou.

“Nós não vamos pensar em novas formas de luta enquanto não nos concentrarmos no que verdadeiramente é importante: discutir e resolver de uma vez por todas este assunto que já leva com quatro meses de discussão”, afirmou o líder deste sindicato.

O porta-voz da plataforma que junta as estruturas da PSP e GNR manifestou esta sexta-feira reservas sobre a reunião com a ministra da Administração Interna, uma vez que foram convidados todos os sindicatos sem direito de negociação com o Governo. À saída da reunião, Bruno Pereira afirmou que é necessário terminar com “este assunto que já leva com quatro meses de discussão”.

O encontro com os sindicatos da PSP e associações da GNR foi anunciado na quinta-feira pelo primeiro-ministro, na Assembleia da República, no debate sobre o programa do XXIV Governo Constitucional.

Luís Montenegro afirmou então que serão iniciadas conversações com representantes das forças de segurança “com vista a tratar de assuntos relacionados com as carreiras e estatuto remuneratório“, estando a primeira reunião com as forças representativas das polícias marcada para esta sexta-feira.

Na convocatória enviada aos sindicatos da PSP e associações socioprofissionais da GNR, o MAI não indicava qual o motivo da reunião. O programa do Governo refere que será iniciado “com caráter prioritário” um processo para “dignificação das carreiras” e “valorização profissional e remuneratória” dos polícias, sem mencionar o suplemento de missão.

A atribuição de um suplemento de missão aos polícias, idêntico ao que foi atribuído pelo anterior Governo aos elementos da Polícia Judiciária, é a principal reivindicação dos elementos da PSP e da GNR, que protagonizaram vários protestos nos primeiros dois meses do ano.

A plataforma, que no caso da PSP é composta pelos sete sindicatos com direito de negociação, foi criada para exigir revisão dos suplementos remuneratórios nas forças de segurança, nomeadamente o suplemento de missão. Além da ministra, estão presentes na reunião o secretário de Estado da Administração Interna, Telmo Correia, e a secretária de Estado da Administração Pública, Marisa Garrido.

Notícia atualizada às 18h12

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André Ventura foi quem mais apareceu nas notícias em março

Pedro Nuno Santos surge na segunda posição. Já o atual primeiro-ministro, Luís Montenegro, que liderou a exposição mediática em fevereiro, caiu para o terceiro lugar do ranking.

André Ventura foi quem mais apareceu nas notícias transmitidas em televisão no mês passado. O presidente do Chega liderou a exposição mediática em março ao protagonizar 175 notícias com 9 horas e 41 minutos de duração. Recorde-se que foi durante o mês de março que decorreram as eleições legislativas.

Na segunda posição surge o secretário-geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, com 153 notícias de 7 horas e 55 minutos de duração. Já Luís Montenegro, líder do PSD e atual primeiro-ministro, que liderou a exposição mediática em fevereiro, caiu para o terceiro lugar do ranking, depois de protagonizar 136 notícias, com 7 horas e 3 minutos de duração. Os dados são do serviço Telenews, da MediaMonitor (Grupo Marktest).

Depois de ausente no mês anterior, o ex-primeiro-ministro António Costa voltou a integrar o ranking de exposição mediática, na quarta posição, ao intervir na primeira pessoa em 130 notícias com 6 horas e 3 minutos de duração. O top cinco fica completo com Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, com 137 notícias, com 5 horas e 16 minutos de duração.

Na lista dos dez nomes que mais figuraram nas notícias em março segue-se Mariana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda (5 horas e 1 minutos), Rui Rocha, presidente da Iniciativa Liberal, (4 horas e 18 minutos), Rui Tavares, líder do Livre (4 horas e 1 minuto), Inês de Sousa Real, líder do PAN, (3 horas e 40 minutos) e Roger Schmidt, treinador de futebol do SL Benfica (2 horas e 17 minutos).

A análise foi feita, de acordo com dados da Telenews, aos principais noticiários dos canais generalistas e excluiu programas, debates ou entrevistas. A contabilização do tempo refere-se ao tempo total de duração da notícia em causa.

Também segundo a Marktest, durante o mês de março, os três principais canais da televisão portuguesa – RTP1, SIC e TVI – emitiram 243 horas de informação regular, numa subida mensal de 7,4% e uma descida homóloga de 7,1%.

No terceiro mês do ano foram emitidas 7.132 notícias, mais 6,5% face ao mês anterior. No entanto este número representa uma descida de 3,4% em relação a março de 2023. A duração média das notícias emitidas foi de 2 minutos e 3 segundos, mais 1 segundo do que a duração registada em fevereiro.

A RTP1 voltou, uma vez mais, a ser a estação que mais notícias emitiu, com um total de 2.615 peças (mais 247 que em fevereiro). Foi também a estação que dedicou mais tempo em grelha à informação regular, com 90 horas de duração (mais oito que no mês passado).

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ERC investiga “cumprimento das obrigações legais de transparência” pela dona dos jornais Sol e i

  • Lusa
  • 12 Abril 2024

A posição surge depois da notícia de que Pedro Vargas David, dono da empresa que detém 91% da dona do i e do Sol, recebeu 45 milhões de euros do Estado húngaro para comprar a Euronews.

A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) disse estar “a verificar o cumprimento das obrigações legais de transparência” pela Newsplex, proprietária dos jornais Nascer do Sol e i Inevitável e detida pela Alpac, de Pedro Vargas David.

“No quadro da Lei n.º 78/2015, de 29 de julho, que regula a promoção da transparência da titularidade, da gestão e dos meios de financiamento das entidades que prosseguem atividades de comunicação social sob jurisdição do Estado português, a ERC está a verificar o cumprimento das obrigações legais de transparência pela Newsplex, S.A., proprietária das publicações Nascer do Sol e I Inevitável”, referiu o regulador numa declaração escrita enviada à Lusa.

A ERC promoverá as necessárias diligências caso detete inconformidades no cumprimento destas obrigações legais“, acrescenta.

A declaração enviada pelo regulador surge na sequência de uma notícia divulgada esta sexta-feira pelo Expresso, segundo a qual Pedro Vargas David – filho do antigo eurodeputado do PSD Mário David, conselheiro político do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán – “recebeu 45 milhões de euros do Estado húngaro” para comprar a cadeia europeia de televisão Euronews, da qual é atualmente chairman.

O objetivo seria permitir que o partido nacional-conservador de Fidesz, liderado por Orbán, passasse “a influenciar a cobertura feita pela cadeia de televisão mais europeia da Europa“.

De acordo com o semanário, “documentos obtidos pelo projeto jornalístico húngaro Direkt36, partilhados com o Expresso e o jornal francês Le Monde, numa investigação conjunta desenvolvida ao longo dos últimos meses, revelam que um fundo detido a 100% pelo Estado húngaro e com ligações ao Fidesz investiu 45 milhões de euros no EFMI [European Future Media Investment Fund] para que, por sua vez, este fundo gerido pela Alpac Capital, de Pedro Vargas David, comprasse formalmente a Euronews em julho de 2022“.

“Os documentos mostram ainda que a empresa do principal produtor de propaganda para o governo de Orbán, a New Land Media, de Gyula Balasy, emprestou 12,5 milhões de euros a uma subsidiária húngara da Alpac Capital para que esta investisse ela própria no EFMI, significando que pelo menos 57,5 milhões de euros com ligações claras ao primeiro-ministro foram injetados na Euronews“, acrescenta.

O Expresso refere que “a tomada de controlo da cadeia de televisão coincidiu com a compra em Portugal do semanário Nascer do Sol e do jornal i‘” por parte de Vargas David, e do seu sócio minoritário na Alpac, Luís Santos, filho do treinador de futebol Fernando Santos.

Ambos os jornais são controlados pela mesma empresa que detém atualmente a posição da Euronews, uma holding da Alpac Capital no Dubai.

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Portugal vê “com bons olhos” Palestina como membro pleno na ONU

  • Lusa
  • 12 Abril 2024

"Nós vemos com bons olhos a pretensão da Palestina em adquirir o estatuto de membro pleno nas Nações Unidas, que ultrapassa o de observador que tem neste momento", disse o primeiro-ministro.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse esta sexta-feira ver “com bons olhos” que a Palestina adquira o estatuto de membro pleno nas Nações Unidas, reiterando a defesa da solução dos dois Estados, Israel e Palestina, para o conflito no Médio Oriente.

Os sucessivos governos de Portugal têm sustentado nas organizações internacionais, em particular na Nações Unidas, a adoção da solução dos dois Estados. Queria acrescentar que o Governo português mantém esta posição e acrescentar, mesmo, que nós vemos com bons olhos a pretensão da Palestina em adquirir o estatuto de membro pleno nas Nações Unidas, que ultrapassa o de observador que tem neste momento”, declarou o chefe do executivo, num debate na Assembleia da República sobre o Conselho Europeu extraordinário da próxima semana.

“É uma forma de sinalizarmos que vale a pena promover o entendimento, a negociação, conjugar, no âmbito de todas as organizações internacionais, os interesses para termos uma paz duradoura”, afirmou Luís Montenegro, respondendo a uma pergunta do Bloco de Esquerda sobre se Portugal irá reconhecer o Estado da Palestina.

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