Prazos para comunicar faturas de abril prorrogado até sexta-feira

  • Lusa
  • 10:05

Executivo decidiu ainda alargar até 26 de maio os prazos relativos à entrega das declarações do IVA, referentes ao mês de março, devido aos problemas no site após o apagão da semana passada.

O Governo prorrogou o prazo para a comunicação de faturas de abril até à próxima sexta-feira, depois da denúncia da Ordem dos Contabilistas relativamente a falhas persistentes no Portal das Finanças.

Numa resposta enviada à Lusa, o Ministério das Finanças reconhece as falhas. “Não obstante a reposição da operacionalidade do Portal ‘e-fatura’ (…), considerando que durante a manhã de segunda-feira ainda se verificaram algumas perturbações no funcionamento daquele Portal (…), entretanto solucionadas, o Governo decidiu prorrogar o prazo para a comunicação de faturas referentes ao mês de abril do corrente ano até à próxima sexta-feira (09 de maio)”, indica.

Adicionalmente, o Governo decidiu também “alargar até 26 de maio os prazos relativos à entrega das declarações do IVA, referentes ao mês de março, pelos sujeitos passivos integrados no regime mensal, e ao 1.º trimestre, pelos contribuintes do regime trimestral, e permitir que o pagamento do respetivo IVA possa ser efetuado até 30 de maio, sem quaisquer acréscimos ou penalidades”, refere a resposta do Ministério das Finanças.

A Ordem dos Contabilistas Certificados tinha denunciado na segunda-feira falhas no Portal das Finanças, uma semana após o apagão do sistema elétrico, alertando para os impactos no cumprimento fiscal e exigindo compensação de prazos.

Em declarações à Lusa, a bastonária Paula Franco alertou que, durante a última semana, “o sistema esteve constantemente a ir abaixo”, com especial incidência no ‘e-fatura’ e nas entregas do SAF-T de faturação, cujo prazo terminou esta quarta-feira.

Paula Franco sublinhou que os contabilistas dependem fortemente da operacionalidade destes serviços para o cumprimento de diversas obrigações fiscais e que a instabilidade sentida tem tido um impacto direto na atividade dos profissionais, apelando à Autoridade Tributária e Aduaneira para que compense os dias em que não foi possível aceder aos serviços, prorrogando os prazos em conformidade.

Um corte generalizado no abastecimento elétrico afetou no dia 28 de abril, durante cerca de 10 a 11 horas, Portugal e Espanha, continuando sem ter explicação por parte das autoridades.

A Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade anunciou na semana passada a criação de um comité para investigar as causas do ‘apagão’ “excecional e grave” na Península Ibérica.

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Telles lança novo serviço CheckUp Laboral

A equipa de Trabalho e Segurança Social da TELLES, liderada pelo sócio Gonçalo Pinto Ferreira, acaba de lançar o novo serviço jurídico CheckUp Laboral para Empresas.

A equipa de Trabalho e Segurança Social da TELLES, liderada pelo sócio Gonçalo Pinto Ferreira, acaba de lançar o novo serviço jurídico CheckUp Laboral para Empresas.

“Um serviço que visa proporcionar às empresas uma avaliação detalhada do grau de conformidade com as principais exigências legais em matéria de direito do trabalho. Num cenário de constante evolução da legislação laboral em Portugal, o CheckUp Laboral surge como uma solução prática e célere, essencial para garantir que as empresas cumpram integralmente as suas obrigações legais“, segundo comunicado do escritório.

Com “um processo simplificado de recolha de informações e documentação, este novo serviço da TELLES inclui a entrega de um relatório, permitindo às empresas identificar eventuais contingências jurídico-laborais e tomar as medidas corretivas necessárias para mitigar riscos e assegurar o cumprimento das normas aplicáveis. A TELLES está ao lado dos seus Clientes, contribuindo para a otimização da gestão de Recursos Humanos, essencial para promover a sustentabilidade organizacional e fortalecer a reputação das empresas no mercado”, diz ainda o comunicado.

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Merz falha eleição para chanceler no Parlamento alemão

O bloco conservador CDU-CSU de Merz venceu as eleições nacionais de fevereiro com 28,5% dos votos, mas teve de se coligar com os social-democratas (16,4%) para ter maioria.

O líder dos conservadores alemães, Friedrich Merz, não conseguiu reunir a maioria parlamentar necessária para ser eleito chanceler esta terça-feira, numa reviravolta inesperada para a sua coligação com o Partido Social-Democrata (SPD, centro-esquerda).

A União Democrata-Cristã e a União Social-Cristã (CDU/CSU, centro-direita) venceram as eleições federais de fevereiro com 28,5% dos votos. Apesar da vitória, o resultado deixou o bloco conservador liderado por Merz, de 69 anos, longe da maioria necessária para formar Governo sozinho, o que o levou a assinar um acordo de coligação com os sociais-democratas (que nas eleições tiveram 16,4% dos votos) na segunda-feira.

Porém, na manhã desta terça-feira, a coligação entre a CDU/CSU e o SPD obteve apenas 310 votos no Bundestag, a câmara baixa do Parlamento alemão, quando eram precisos pelo menos 316 votos.

O Bundestag tem agora 14 dias para garantir a eleição de Friedrich Merz ou outro candidato a chanceler com uma maioria absoluta, sendo que poderá tentar uma nova ronda de votação ainda esta terça-feira.

(Notícia em atualização)

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Guerra comercial foi um “choque”, mas mercados já se estão a ajustar, defende Miguel Azevedo. Siga aqui

Adaptar, inovar e liderar na banca são alguns dos temas da conferência Banking on Change, organizada pelo ECO com a KPMG e a PLMJ esta manhã em Lisboa com a presença do ministro das Finanças.

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Hoje nas notícias: Jorge Mendes, sondagem e investidores chineses

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O empresário Jorge Mendes e a mulher foram acusados pelo Ministério Público por um crime de fraude fiscal, no âmbito da “Operação Fora de Jogo”. As intenções de voto na Aliança Democrática (35,8%) e na Iniciativa Liberal (7,5%), que, juntas, atingem os 43,3%, apontam para a possibilidade da maioria desejada por Luís Montenegro. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta terça-feira.

Jorge Mendes acusado de fraude fiscal

O empresário Jorge Mendes e a mulher foram acusados pelo Ministério Público por um crime de fraude fiscal, no âmbito da “Operação Fora de Jogo”. Em causa está uma doação a Sandra Mendes de quase metade do capital de uma empresa que, posteriormente, viria a ser comprada por outra sociedade ligada a Jorge Mendes. O Ministério Público alega que a doação foi fictícia, provocando um prejuízo ao Estado de 18 milhões em impostos. Apesar de discordar da acusação, dizendo que a doação foi real e não fictícia, por um preço justo e que, desde 2014, o Fisco tinha conhecimento do negócio, não tendo instaurado qualquer processo, Jorge Mendes vai pagar os impostos reclamados pelo Ministério Público.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago)

AD e IL à beira da maioria mas indecisos sobem para 20%

As intenções de voto na Aliança Democrática (35,8%) e na Iniciativa Liberal (7,5%), que, juntas, atingem os 43,3%, apontam para a possibilidade da maioria desejada por Luís Montenegro para as eleições legislativas de dia 18 de maio. É o melhor resultado dos quatro dias da sondagem da Pitagórica para o Jornal de Notícias, a TSF e a TVI/CNN, muito impulsionado pelos liberais, que são quem mais cresce. No entanto, o número de indecisos disparou e já está muito perto dos 20%. O PS (27,1%) mantém a distância de 8,7 pontos percentuais para a coligação formada pelo PSD e o CDS, enquanto o Chega (16,5%) está a recuperar terreno. À esquerda, o Livre (3,4%) regista uma queda de cinco décimas face ao dia anterior, o BE (1,8%) perde 0,3 pontos e a CDU (3,2%) sobe ligeiramente. O PAN está cada vez mais irrelevante, fixando-se nos 0,6%.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago)

China encaixa 300 milhões em dividendos de Lisboa

Os investidores chineses vão receber 300 milhões de euros em dividendos das cotadas do principal índice da bolsa de Lisboa referentes aos resultados do ano passado, nomeadamente do BCP, da EDP, da Mota-Engil e da REN. Também fora da Europa, as posições da Sonangol — na Galp, através da Amorim Energia, e diretamente no BCP — colocam Angola como a terceira geografia para onde vão mais dividendos, cerca de 219 milhões de euros. No total, para fora do país, irão mais de mil milhões de euros em dividendos, ou 39%, uma subida de sete pontos percentuais face aos 32% registados em 2024.

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Portugal está sem reserva estratégica de medicamentos

O setor farmacêutico esteve sempre a monitorizar o seu funcionamento durante o apagão, que durou mais de 11 horas em Portugal, no passado dia 28 de abril. Segundo o bastonário dos Farmacêuticos, Hélder Mota Filipe, “foi todo o circuito farmacêutico que esteve a ser monitorizado, da produção à distribuição, porque se não chegarem medicamentos às farmácias, mesmo que estas estejam a funcionar, não se consegue responder às necessidades dos utentes”. Mas, uma semana depois do apagão, há problemas que permanecem e que “devem ser levados muito a sério”, destaca o bastonário, que se queixa de o setor continuar isolado de qualquer plano de contingência nacional ou da área da Saúde para situações de emergência e da falta de “uma reserva estratégica nacional de medicamentos”.

Leia a notícia completa no Diário de Notícias (acesso pago)

Cartões sociais eletrónicos para ajuda alimentar já chegam a 39 mil pessoas

Foi em janeiro que os cartões sociais eletrónicos começaram finalmente a ser distribuídos, inicialmente nos concelhos de Setúbal, Alcácer do Sal, Grândola, Sines e Santiago do Cacém. Mas, de momento, já estão a ser entregues em todo o território nacional, abrangendo cerca de 39 mil pessoas. Os cartões substituem os cabazes de apoio alimentar e destinam-se a pessoas carenciadas, beneficiárias do Programa Pessoas (de apoio à distribuição direta às pessoas mais carenciadas), e podem ser utilizados em centenas de espaços aderentes. A medida permite aos portadores do cartão escolherem os produtos que querem adquirir (sujeitos a algumas restrições) em vez de ficarem cingidos ao que consta de um cabaz alimentar predefinido.

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Lucro do Novobanco cai 1,9% para 177,2 milhões no primeiro trimestre

Novobanco registou um lucro de 177,2 milhões de euros no primeiro trimestre, menos 3,4 milhões do que nos três primeiros meses de 2024. Margem financeira caiu 6,7% e comissões dispararam 12,3%.

O Novobanco registou um lucro de 177,2 milhões de euros no primeiro trimestre, o que representa uma queda de 1,9% em termos homólogos. A instituição liderada por Mark Bourke teve menos 3,4 milhões de euros de lucros, de acordo com os dados revelados esta terça-feira, um dia depois da aprovação da redução de capital, uma das medidas previstas para entrar em bolsa, que devera ser decidida em assembleia-geral a 4 de junho, tal como avança o ECO.

O banco considera que este resultado líquido está “em linha com as expectativas”, tendo sido “impulsionado por um modelo de negócio resiliente e diversificado, apoiado por uma forte franquia corporativa, carteira de hipotecas de baixo risco e elevada adoção digital”.

A margem financeira caiu 6,7% face ao mesmo período do ano passado, ascendendo a 279,1 milhões de euros, refletindo a descida da média da Euribor a seis meses, que passou de 3,9% no arranque de 2024 para 2,49%. Recorde-se que no conjunto de 2024, o banco conseguiu registar uma melhoria da margem financeira, em 3,2%, apesar da descida dos juros.

As comissões continuam em rota ascendente, registando um salto de 12,3% face ao primeiro trimestre de 2024. Os 75 milhões do ano passado subiram para 84,3 milhões no arranque deste ano, com o Novobanco a sublinhar que o crescimento se deu em todos os subsegmentos, incluindo serviços de pagamento, taxas relacionadas com empréstimos, garantias, gestão de ativos e banca-seguros”.

Por outro lado, o produto bancário comercial caiu 2,8%, fixando-se nos 363,4 milhões de euros (uma descida de 10,6 milhões). Já o produto bancário total, que inclui os resultados de operações financeiras e outros resultados de exploração, cresceu 0,4%, para 373,2 milhões.

O banco detido em 75% pelo fundo de investimento norte-americano Lone Star, sendo os restantes 25% detidos (direta e indiretamente) pelo Estado português, na vertente operacional viu os depósitos a crescerem 1,4%, com uma quota de mercado de 10%, e os depósitos também aumentaram com o crédito a empresas a subir 5%, para 16,4 mil milhões líquidos, o crédito a particulares a somar 24,6%, para 1,9 mil milhões e os empréstimos para a compra de habitação a aumentarem 3,1% e superando dez mil milhões.

O crédito malparado (NPL) teve uma redução de 1,5% nos primeiros três meses do ano para 851 milhões de euros, “com a entrada de novos NPL consistentemente baixa”, sublinha o banco. O rácio líquido NPL situou-se em 0,2% (contra os 0,1% do trimestre anterior e de 0,5% um ano antes) e o rácio de NPL bruto em 3,2% (menos 0,1 pontos percentuais face a dezembro de 2024 e menos um ponto face a março de 2024), com um nível de cobertura de 94,2% (dez/24: 96,6%).

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O dia em direto nos mercados e na economia – 6 de maio

Ao longo desta terça-feira, 6 de maio, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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“Se a ideia era afastar os eleitores da política, parabéns aos envolvidos. Missão cumprida com distinção”

O +M pediu a Edson Athayde e José Bourbon Ribeiro uma avaliação do debate "todos contra Montenegro" e, em simultâneo, uma antecipação do que será a campanha. As respostas são dadas na primeira pessoa.

A noite de domingo ficou marcada pelo frente a frente entre os líderes de todos os partidos com assento parlamentar. Transmitido pela RTP1, com um share de 13,8% e uma audiência de 6,9%, o debate foi acompanhado por cerca de 610 mil pessoas, sendo apenas o 11º programa mais visto do dia. Ao fim de quase duas horas e meia de discussão, no debate “todos contra Montenegro” e no qual a Spinumviva e a imigração transpiraram do arranque da campanha, só os liberais mostraram abertura para conferir estabilidade governativa à AD.

“O debate “todos contra todos” tem, por norma, um efeito quase ritualista para quem ocupa o cargo de primeiro-ministro ou lidera a governação: transforma-se numa espécie de “corredor polaco”, essa prática iniciática – usada em vários desportos, mas agressiva – em que o alvo atravessa duas fileiras de adversários que, a cada passo, o fustigam com ‘calduços’ ou pontapés”, descreve José Bourbon Ribeiro, managing partner da Wisdom.

O tempo foi quase todo gasto numa espécie de pingue-pongue mal jogado: “A culpa é tua”, “não, é tua”, “o teu amigo fez isto”, “e o teu fez aquilo”. Faltou só aparecerem com pastas de arquivo e dizerem: “Tenho aqui a prova de que em 2004 tu disseste que ias baixar o IVA e não baixaste”, acrescenta Edson Athayde, CEO e COO da FCB.

O certo é que está dado o arranque para a campanha, que já está na estrada, e no dia 18 os portugueses vão às urnas. Com este pano de fundo, o +M pediu aos dois especialistas em comunicação uma avaliação do debate e, em simultâneo, uma antecipação do que será a campanha. As respostas são dadas, na primeira pessoa, por Edson Athayde e José Bourbon Ribeiro.

“Se a ideia era afastar os eleitores da política, parabéns aos envolvidos. Missão cumprida com distinção”

Edson Athayde, CEO e CCO da FCB e Rodrigo Viana de Freitas, CEO da Central de Informação, em entrevista ao ECO/+M - 26FEV25
Edson Athayde, CEO e CCO da FCBHugo Amaral/ECO

Cansado e cansativo: eis o resumo possível daquilo a que assistimos domingo à noite, sob a alcunha de debate. Lamentável, sobretudo porque ainda há muita campanha pela frente e nós, teimosos cidadãos, ainda nutrimos a esperança ingénua de ouvir qualquer coisa parecida com ideias. De preferência novas. E boas. Mas não.

O tempo foi quase todo gasto numa espécie de pingue-pongue mal jogado: “A culpa é tua”, “não, é tua”, “o teu amigo fez isto”, “e o teu fez aquilo”. Faltou só aparecerem com pastas de arquivo e dizerem: “Tenho aqui a prova de que em 2004 tu disseste que ias baixar o IVA e não baixaste”.

Entre quem causou estas eleições e quem comprou o quê com o dinheiro de quem, ou quem gosta menos de imigrantes, houve pouco ou nenhum espaço para o que realmente importa: saúde, habitação, salários, educação, Europa, guerra, a economia mundial pós-Trump… Coisas assim sem importância.

Se a ideia era afastar os eleitores da política, parabéns aos envolvidos. Missão cumprida com distinção. Ficámos a saber tudo sobre as tricas, intrigas e pequenas mágoas da nossa elite política. Faltou só alguém dizer “vou-me embora, não estou para isto”.

Entre quem causou estas eleições e quem comprou o quê com o dinheiro de quem, ou quem gosta menos de imigrantes, houve pouco ou nenhum espaço para o que realmente importa: saúde, habitação, salários, educação, Europa, guerra, a economia mundial pós-Trump… Coisas assim sem importância.

Edson Athayde

CEO e CCO da FCB

No fundo, não foi um debate. Foi uma conversa de elevador em que ninguém carrega no botão do andar para que a coisa se mova dali. E nós lá dentro, com o oxigénio a acabar, à espera que alguém diga qualquer coisa que faça sentido.

Não parece que o resto da campanha vá ser diferente. Para que fosse, era preciso que eles quisessem pensar, fazer e falar de forma distinta. Mas não querem. Porque, no fundo, todos acham que já ganharam. Ou já perderam. Como uma vez disse Dilma Rousseff, ex-Presidente do Brasil, com a sua lucidez poética, numa língua muito parecida com o português: “Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder”.

Pela Negativa: Todos os participantes, incluindo o moderador que, ao optar abrir o debate com o tema da empresa de Montenegro, acabou por imprimir ao debate um tom caceteiro.

Pela Positiva: a equipa de produção da RTP. Conseguiram entregar boas imagens do grupo, nomeadamente quando deixavam vazar a imagem de algum candidato que não estava a falar. Jamais esquecei a cara de tédio da Mortágua ao ouvir os seus companheiros de show.

“Um debate menos sereno, mais caótico – e, por isso mesmo, mais confuso. Foi esse, aliás, o tom do debate deste ano”

José Bourbon Ribeiro, managing partner da Wisdom

O debate “todos contra todos” tem, por norma, um efeito quase ritualista para quem ocupa o cargo de primeiro-ministro ou lidera a governação: transforma-se numa espécie de “corredor polaco”, essa prática iniciática – usada em vários desportos, mas agressiva – em que o alvo atravessa duas fileiras de adversários que, a cada passo, o fustigam com calduços ou pontapés.

Nesse formato, os desafiantes, dos mais relevantes aos mais periféricos, procuram destacar-se através de intervenções mais enfáticas e incisivas, marcando terreno e procurando diferenciar-se. O resultado tende a ser um debate menos sereno, mais caótico – e, por isso mesmo, mais confuso. Foi esse, aliás, o tom do debate deste ano.

Luís Montenegro fez aquilo que, na sua posição, lhe era mais sensato: falou pouco, defendeu a governação dos últimos 12 meses e manteve-se impávido e sereno perante múltiplas provocações, oriundas de todos os seus oponentes. A postura contida que tanto o prejudicou na gestão do caso Spinumviva revelou-se, neste contexto, a sua maior aliada. A sua serenidade, num debate dominado pela agitação, acabou por se destacar.

Terá servido para mobilizar as hostes da AD, que, embaladas pelos sinais positivos das últimas sondagens, viram em Luís Montenegro um líder sereno, com domínio dos dossiers e, nesta noite, um vencedor.

José Bourbon Ribeiro

Managing partner da Wisdom

Outro vencedor da noite foi Paulo Raimundo. A sua prestação assentou numa intervenção clara, no respeito pelo tempo e pela vez dos outros, e numa linguagem acessível, dirigida a todos os que o viam e ouviam em casa. Reforçou, neste formato mais tumultuoso, a boa performance que já havia demonstrado nos debates a dois.

Pedro Nuno Santos, que revelara preparação e assertividade nos confrontos anteriores, viu-se encurralado pelo fardo que carrega: os anos de governação de António Costa. Da esquerda à direita, quase todos os adversários – Montenegro, Ventura, Raimundo, Mortágua e Rui Rocha – aproveitaram a oportunidade para o associar ao estado atual do SNS e à crise na Habitação. O líder socialista não escondeu a irritação e não apresentou uma resposta politicamente eficaz que pudesse ressoar junto do eleitorado.

É pouco provável que este debate em particular, pelo formato e duração, altere significativamente as escolhas dos eleitores. No entanto, terá servido para mobilizar as hostes da AD que, embaladas pelos sinais positivos das últimas sondagens, viram em Luís Montenegro um líder sereno, com domínio dos dossiers e, nesta noite, um vencedor.

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A medida do gestor Miguel Pinto para o próximo Governo

O ECO pediu a várias personalidades uma medida essencial para o próximo Governo. Esta é a proposta de Miguel Pinto, diretor geral da Continental Advanced Antenna, que se foca no investimento.

Portugal enfrenta uma oportunidade estratégica única de se posicionar como um centro europeu de indústria verde e digital. A atração de gigafactories de veículos elétricos e unidades de produção de semicondutores pode transformar a economia nacional, criando milhares de empregos qualificados e modernizando o tecido industrial.

Segundo o Relatório Draghi, é urgente reforçar a autonomia estratégica da Europa, investindo em tecnologias críticas e cadeias de valor sustentáveis. Portugal possui condições excecionais para desempenhar um papel central neste esforço: energia renovável a preços competitivos, localização geoestratégica privilegiada com acesso aos portos de Sines e Leixões, e uma cadeia de fornecimento para a indústria automóvel consolidada.

Com uma estratégia clara e bem implementada, Portugal pode afirmar-se como um hub tecnológico europeu.

Miguel Pinto

O país tem dado passos importantes na construção de uma cadeia de valor para baterias de veículos elétricos, desde a extração de lítio até à produção final de baterias. A instalação de uma fábrica de veículos elétricos seria a cereja no topo do bolo. A importância dos semicondutores na transição digital e na indústria da defesa, um setor estratégico para a Europa, não pode ser subestimada. Este é um domínio onde Portugal pode e deve afirmar-se.

Exemplos internacionais mostram o impacto de políticas públicas eficazes na atração de investimentos estruturantes: a gigafactory de um grande construtor automóvel em Berlim, impulsionada por incentivos fiscais e uma rede de infraestruturas robusta, ou o modelo de Taiwan, que consolidou a sua indústria de semicondutores com forte apoio governamental.

Com uma estratégia clara e bem implementada, Portugal pode afirmar-se como um hub tecnológico europeu, contribuindo para um futuro mais sustentável, competitivo e inovador.

Miguel Pinto
Engenheiro e Gestor

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5 coisas que vão marcar o dia

O Novobanco e a Nos vão divulgar as contas referentes ao primeiro trimestre deste ano. O Banco de Portugal vai apresentar os dados de março relativos às taxas de juro e montantes de novos empréstimos.

Esta terça-feira, o Novobanco e a Nos vão divulgar as contas referentes ao primeiro trimestre deste ano. O Banco de Portugal vai apresentar os dados de março relativos às taxas de juro e montantes de novos empréstimos e depósitos. A marcar o dia está ainda o início da reunião de dois dias dos governadores do Banco Central Europeu em Portugal e o início da reunião do Comité de Mercado Aberto da Reserva Federal (Fed) norte-americana.

Novobanco apresenta resultados

Em época de apresentação de resultados trimestrais, o Novobanco vai divulgar as contas referentes ao primeiro trimestre deste ano nesta terça-feira antes da abertura do mercado. Em 2024, os lucros do Novobanco totalizaram 744,6 milhões de euros, um resultado líquido recorde que superou por apenas 1,5 milhões de euros o alcançado em 2023. Os lucros do banco aumentaram, assim, apenas 0,2%.

Nos apresenta resultados

Esta terça-feira, a Nos vai divulgar os resultados do primeiro trimestre de 2025. Em 2024, a operadora lucrou 273,1 milhões de euros, um crescimento superior a 50%, se contabilizados os efeitos “não recorrentes”. A melhoria do resultado líquido consolidado prendeu-se principalmente com as mais-valias da venda de torres de telecomunicações, concluída pela Nos no ano passado, e com um efeito extraordinário referente a taxas de atividade, que lhe foram devolvidas pela Anacom, na sequência de decisões favoráveis e de “inconstitucionalidades” reconhecidas em processos judiciais movidos pela operadora.

Banco de Portugal revela taxas de juro

O Banco de Portugal vai apresentar os dados de março relativos às taxas de juro e montantes de novos empréstimos e depósitos. Em fevereiro, a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares diminuiu pelo 14.º mês consecutivo, para 1,83%. Já a taxa de juro média das novas operações de crédito à habitação foi de 3,17%, o valor mais baixo desde dezembro de 2022.

Governadores do BCE reúnem-se em Portugal

Esta terça-feira começa a reunião de dois dias dos governadores do Banco Central Europeu (BCE), organizada pelo Banco de Portugal. Neste conselho anual à porta fechada a presidente Christine Lagarde e os governadores dos bancos centrais nacionais irão discutir o curso da política monetária. Em abril, a presidente do BCE deixou o aviso de que a escalada das tensões comerciais está a lançar uma nuvem de incerteza sobre as perspetivas de inflação a nível mundial.

Começa reunião de política monetária da Fed norte-americana

Começa esta terça-feira a reunião de dois dias do Comité de Mercado Aberto da Reserva Federal (Fed) norte-americana. As perspetivas em torno da economia dos Estados Unidos pioraram, devido à crescente incerteza causada pelas tarifas anunciadas pela administração Trump. O mais recente inquérito do banco central sobre a economia mostra ainda que muitas empresas já foram avisadas pelos fornecedores que os preços vão subir, com os consumidores a comprarem mais carros antes das tarifas, ao passo que o turismo está a baixar.

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Auditora de Gaia entra como ‘listing sponsor’ na Euronext Dublin para fundos de investimento abertos

Consultora de auditoria e gestão Carmo e Cerqueira dá “salto para outro campeonato” com a credenciação como 'listing sponsor' na Euronext Dublin para cotar fundos de investimento abertos.

A portuguesa Carmo e Cerqueira (C.) foi confirmada oficialmente como tier 1 listing sponsor na Euronext Dublin, adiantou ao ECO o cofundador e presidente executivo, José Carmo. A consultora de auditoria e gestão avançou com esta acreditação com o objetivo de cotar fundos de investimento abertos — algo que só é possível fazer na Irlanda ou nos Países Baixos (Amesterdão). É que em Lisboa, onde nos últimos anos tem participado em várias operações nos mercados secundários (Access e Growth), só poderia cotar fundos de investimento fechados.

“Tivemos de demonstrar o nosso background e o conhecimento que temos do mercado de capitais e de fundos em Portugal. Facilitou o facto de já sermos listing sponsors da Euronext em Lisboa, no Access e no Growth. Mas tivemos de demonstrar também que cumprimos com algumas exigências, nomeadamente em termos de independência. Por exemplo, que não somos auditores dos fundos que estamos a apresentar, que há chinese walls entre a auditoria e o advisory, que não somos revisores e listing sponsors da mesma entidade”, resume.

Estamos a falar de outro campeonato. Já não são empresas de cinco ou dez milhões, mas fundos de 150 milhões. Do ponto de visto de remuneração também é outro nível.

José Carmo

CEO e cofundador da C. (Carmo e Cerqueira)

José Carmo destaca que a consultora de auditoria e gestão de Gaia fica “apta a prestar esse serviço também a empresas estrangeiras – e aí é competitiva do ponto de vista de preço” – e que esta acreditação será atrativa em termos de negócio, sendo que atualmente esta atividade como listing sponsor vale ‘apenas’ 7,5% da faturação. “Dando este salto e passando a listar fundos, estamos a falar de outro campeonato. Já não são empresas de cinco ou dez milhões, mas fundos de 150 milhões. Do ponto de visto de remuneração também é outro nível, nomeadamente no acompanhamento. E até do ponto de vista de cadência de faturação garante um nível de remuneração que é interessante”, aponta.

“Se quiser investir num fundo de investimento fechado, a pessoa tem de se registar em Portugal, ter um número de contribuinte português ou passar por todo o processo de KYC [Know Your Customer] dos bancos portugueses [para mitigar riscos nas operações financeiras]. Se tiver um fundo de investimento aberto que está cotado, a partir do broker lá fora pode comprar unidades de participação no fundo, sem ter de passar por todas as exigências de KYC e de branqueamento de capitais no país de destino, fazendo o investimento diretamente como faz em ações normais. Há fundos portugueses que têm esse interesse e vamos tentar fazer o listing desses fundos em Dublin”, acrescenta o gestor.

José Carmo, CEO e cofundador da consultora C. (antiga Carmo e Cerqueira)Ricardo Castelo/ECO

Qual o trabalho de um listing sponsor? Em resumo, numa primeira fase está responsável pelo processo de due diligence e em ajudar a reestruturar as empresas para que possam ser colocadas em bolsa, verificando se está ou não em condições de ser listada. Numa segunda fase, ajuda igualmente na elaboração do documento informativo – na maior parte dos casos não é preciso um prospeto porque o valor do investimento é baixo. Uma vez listada a empresa, compete-lhe depois fazer o papel do public relations, especificando, por exemplo, o que tem ou não de divulgar, quando é que deve publicar as contas e outras informações do género.

Nos últimos anos, a C. tem apostado nesta atividade como listing sponsor nos mercados secundários da Euronext Lisbon, com destaque para três operações que avançaram por motivos diferentes. No caso da Farminvest, o objetivo era facilitar as trocas de participações entre os proprietários das farmácias e foi criada uma classe específica de ações que está listada. Na Vila dos Números, organizar os investimentos do ponto de vista familiar e otimizá-los do ponto de vista fiscal: constituíram uma SIGI, que obriga a uma dispersão de capital num mercado e o Euronext Access serve esse propósito.

No caso mais recente da Samba Digital, que é neste momento a única empresa portuguesa no Euronext Growth, a startup de marketing desportivo quis listar-se para facilitar a entrada de investidores. No início deste ano, a empresa fundada em 2018 nos EUA anunciou um aumento de capital de quatro milhões de euros para financiar o desenvolvimento de uma plataforma de inteligência artificial para organizações desportivas.

Escritório da consultora C. no Candal Park, em Vila Nova de Gaia.Ricardo Castelo/ECO

Cofundada por José Carmo e David Cerqueira, ambos ex-quadros da PwC e que já se conheciam da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP), a C. tem também Bruno Neves como sócio desde o final de 2017: era senior manager no escritório da KPMG no Porto e foi convidado nessa altura para liderar o departamento de fiscalidade.

Com clientes nos setores da banca, indústria, farmacêutico, advocacia, hotelaria ou imobiliário, esta sociedade de revisores oficiais de contas e consultora especializada em corporate finance, fiscalidade e mercado de capitais emprega atualmente 27 pessoas e fechou o último exercício com uma faturação de dois milhões de euros, com a auditoria a equivaler a cerca de 45% do negócio.

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Apagão ibérico relança debate sobre ‘corredor elétrico’ na Europa

Especialistas consideram que o dia 28 de abril, quando Portugal e Espanha ficaram às escuras, pode dar ímpeto ao antigo apelo às interligações, mas depende da "vontade de Bruxelas de agir".

O apagão histórico que deixou Portugal e Espanha às escuras esta segunda-feira não só expôs as fragilidades do sistema elétrico como levantou questões sobre a autonomia das redes de eletricidade na Europa. O facto de a Península Ibérica funcionar como uma ‘ilha energética’ dentro da Europa tem sido questionado há mais de uma década – sem desenvolvimentos – e as opiniões continuam divididas sobre as vantagens de incluir mais países neste bloco de energia.

Miguel Moreira da Silva, antigo coordenador de gestão de ativos na REN e managing partner da consultora Wiimer, afirma que esta situação traz de volta o debate público sobre o reforço das interligações energéticas, mas alerta que as falhas ocorreriam mesmo se Portugal estivesse interligado a mais países.

“Não haja equívocos. Mesmo que a interligação entre Espanha e França estivesse em linha com a meta de 2030 (15% de capacidade de interligação), provavelmente esse corredor elétrico não seria suficiente para auxiliar a abrupta descida de produção em Espanha. O sistema espanhol perdeu cerca de metade da sua ponta máxima. Se estivessem disponíveis os 5GW -atualmente apenas estão disponíveis 2,8GW – de interligação nos Pirinéus, estaríamos muito distantes do colapso de 15GW”, explica Miguel Moreira da Silva ao ECO.

Enquanto Espanha tem algumas ligações com França, Portugal está exclusivamente conectado a nuestros hermanos, embora ambos estejam a tentar alterar esta situação e aumentar as interligações, pelo menos desde 2015, durante o Governo de Pedro Passos Coelho. Desde então, poucos avanços foram feitos nesse sentido.

Para o académico João Pedro Pereira, professor da Nova SBE, “seria bom haver mais linhas de transmissão elétrica” entre Espanha e França, desde que os custos fossem devidamente contabilizados. “Atualmente há cinco, de acordo com o mapa abaixo, mas é difícil – leia-se muito caro – construir mais linhas. É preciso analisar os benefícios de mais integração, quer ao nível dos preços da eletricidade no dia a dia, quer ao nível da segurança adicional contra eventos como o de segunda-feira”, sublinha o especialista em finanças energéticas, precificação de ativos e risco de crédito.

A Turbogás, concessionária da central da Tapada do Outeiro, declara que é “imperativo” avançar com mais investimentos em infraestruturas, incluindo novas interligações com o resto da Europa, apesar de a conexão ibérica permitir “manifestas vantagens económicas” para os consumidores ao dar acesso a energia mais barata em determinadas horas do dia.

“Contudo, a transição energética – marcada pela crescente incorporação de fontes renováveis – traz novos desafios à estabilidade e fiabilidade do sistema, exigindo decisões assentes em análises técnicas rigorosas e não em discursos simplistas ou apenas generalistas. A construção de uma Europa energética mais integrada deve ser feita de forma gradual, segura e tecnicamente sustentada”, esclarece fonte oficial da Turbogás, em declarações ao ECO.

Para acabar com esta ‘ilha energética’ luso-espanhola, a empresa de Gondomar diz que é preciso investir em infraestruturas de interligação além de França.

Na mesma linha de pensamento, a advogada Margarida Ramires Ramos, que foi adjunta do secretário de Estado da Energia e do ministro do Planeamento e das Infraestruturas no XXI Governo Constitucional, considera que “Portugal tem de estar ligado a Espanha e ao resto do continente europeu”. Contudo, essa ligação “depende da vontade política da Comissão Europeia em agir”.

A consorciada da Legal Joint Venture acredita que o dia 28 de abril de 2025 “poderá contribuir” para que os esforços dos últimos anos “sejam alcançados”, referindo-se à declaração conjunta de 2015, ao Grupo de Alto Nível criado por Bruxelas em junho desse ano após a cimeira de Madrid, em março, e ao memorando de entendimento de dezembro de 2023, no qual o grupo se comprometeu a cooperar em projetos estratégicos, entre os quais as interconexões transfronteiriças na eletricidade. “Diga-se que a ligação a Espanha também e benéfica para os consumidores, uma vez que permite comprar energia a um preço mais atrativo, uma vez que Espanha tem excesso de produção de energia de fonte solar”, ressalva Margarida Ramires Ramos, defensora da independência energética da Europa.

Ivone Rocha, fundadora da EFELA – European Federation of Energy Law Association e membro da direção da APDEN – Associação Portuguesa de Direito de Energia, diz que o apagão “é mais uma demonstração” da necessidade de fortalecer a ligação energética entre a Península Ibéria e o resto da Europa e defende a sinergia ibérica.

“Ao contrário do que tenho ouvido, é essencial a Portugal estar ligado a Espanha. Ainda bem que temos um mercado ibérico de energia, essencial a uma boa formulação de preços, bem como à própria segurança de abastecimento”, argumenta a sócia da Telles. “A questão está na pressão colocada na gestão da rede e no seu reforço, sobretudo na ligação da Península Ibérica com o resto da Europa. Ainda não temos dados concretos e conclusões concretas sobre o que se passou, mas tudo indica para uma oscilação súbita nos fluxos de potência, que provocou o isolamento da rede ibérica”, acrescenta Ivone Rocha.

Corredor elétrico, a “importante batalha” de Passos Coelho

A advogada especializada em energia reconhece que a interligação foi uma “importante batalha do XIX Governo” em conjunto com o Executivo de Espanha, embora admita que “os avanços estão abaixo do esperado”. “Impõe-se retomar e implementar, mas também se impõe olhar para a gestão de redes e de sistemas, com implementação de sistemas de backup, com por exemplo uso de baterias”, apela.

Já Miguel Moreira da Silva considera fundamental reforçar o investimento nas redes, na garantia de inércia mínima, na partilha de informação e no desenvolvimento de sistemas autónomos de gestão de incidentes através de Inteligência Artificial (IA) capaz de prever, detetar e atuar perante anomalias. “Será necessário investir em dispositivos para apoio à estabilidade das redes, como baterias, controlo de tensão, previsão de energia solar, gestão do risco, regras entre agentes do sistema e modelos para planeamento e operação do sistema elétrico utilizando IA”, defende.

Montenegro preocupado com dependência espanhola

Quando falou ao país, o primeiro-ministro alertou para a dependência de Portugal em relação a Espanha e garantiu que o país tem lutado, no contexto da União Europeia, pelo “reforço das interligações na Europa de forma a ter mais autonomia para receber e vender energia”.

“Ao contrário de Espanha, que teve a ajuda das outras ligações que tem, nomeadamente com França e Marrocos, nós estamos dependentes numa situação de constrangimentos da ligação que temos a Espanha. É verdade que a circunstância de Espanha ter, nomeadamente com a Europa, limitações de interligação também afeta a capacidade de fornecimento de Portugal”, referiu Luís Montenegro.

No momento da falha, o sistema elétrico nacional estava a importar eletricidade de Espanha. Trata-se de um procedimento comum – e que, segundo administrador da REN, “tem sido normal nestes últimos dias” – para utilizar energia mais barata produzida em Espanha, uma vez que há uma elevada penetração de centrais solares do outro lado da fronteira. Luís Montenegro desvalorizou o facto de estar a ocorrer importação de energia aquando do apagão, até porque teria ocorrido na mesma, diz.

“É verdade que, por razões financeiras, estávamos a importar energia de Espanha, porque estava a um preço mais competitivo, mas mesmo que assim não fosse, fruto dessa ligação, o apagão em Espanha teria provocado o mesmo apagão em Portugal”, defendeu o primeiro-ministro.

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