Arábia Saudita reforça projeção internacional da língua árabe através da King Salman Global Academy

  • Servimedia
  • 29 Abril 2025

A instituição está a liderar iniciativas educativas, culturais e tecnológicas para impulsionar a utilização do árabe no mundo e reforçar a sua presença em fóruns internacionais.

A Arábia Saudita desempenha um papel fundamental no apoio e promoção da língua árabe a nível internacional, com base no seu reconhecimento como língua oficial do país e uma das seis línguas oficiais do mundo. Para reforçar ainda mais o seu empenhamento na promoção da língua árabe, o país criou a King Salman Global Arabic Language Academy. Esta instituição científica e cultural tem por objetivo consolidar a presença do árabe na política educativa, na tecnologia e nos fóruns internacionais.

A Academia, concebida como uma plataforma global de referência, dedica-se ao desenvolvimento de projetos estratégicos, ao estabelecimento de parcerias duradouras e à promoção do ensino do árabe entre falantes não nativos. Desde a sua criação, tem promovido programas educativos, culturais e tecnológicos em colaboração com universidades e instituições internacionais.

Uma das suas iniciativas internacionais mais destacadas é o Mês da Língua Árabe, celebrado em vários países do mundo – incluindo Espanha – em colaboração com embaixadas, universidades, institutos culturais e centros educativos da Arábia Saudita. Este mês representa uma oportunidade para celebrar a riqueza da língua árabe, promover o seu ensino, formar os seus professores e abrir espaços de diálogo sobre o seu papel no mundo contemporâneo.

No domínio da educação, a instituição implementa programas de ensino da língua árabe para falantes não nativos, incluindo o desenvolvimento de currículos educativos modernos, a criação de centros de ensino internacionais, a formação de professores especializados em língua árabe, bem como o reforço das oportunidades de aprendizagem e a integração linguística.

Além disso, a Academia organiza a Conferência Anual sobre a Língua Árabe, que se estabeleceu como um fórum internacional de diálogo entre peritos, académicos e responsáveis pelas políticas linguísticas. Este ponto de encontro permite debater os principais desafios, partilhar experiências e propor soluções inovadoras para garantir a sustentabilidade e o desenvolvimento da língua.

No domínio tecnológico, o centro deu passos importantes com a criação do Centro de Inteligência da Língua Árabe, uma plataforma pioneira dedicada ao processamento tecnológico da língua. O seu objetivo é desenvolver ferramentas digitais e inteligentes que facilitem a utilização do árabe em ambientes ligados à inteligência artificial, às tecnologias da linguagem e à automatização. Neste sentido, organiza também eventos como o Arabic Hackathon, que reúne programadores, linguistas e criativos para conceber soluções inovadoras a favor da língua.

Com o objetivo de promover o árabe nas organizações internacionais, a entidade lançou iniciativas que visam o seu reconhecimento como língua oficial de trabalho e de comunicação nos organismos regionais e mundiais. Promove também a sua utilização em conferências e sistemas tecnológicos, em reconhecimento da sua relevância histórica e do seu papel na cooperação internacional.

A Arábia Saudita procura assim reforçar a sua liderança na promoção do árabe como língua de conhecimento, cultura e comunicação global. A King Salman Global Arabic Language Academy posiciona-se como uma referência na projeção internacional da língua, alinhando o seu trabalho com os objetivos estratégicos da Visão 2030 do país.

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Como evitar apagões no futuro? Digitalização, interligações e salvaguardas

Especialistas do setor da energia apontam algumas medidas que podem ajudar a prevenir e a colmatar situações de apagão semelhantes à que afetou todo o país esta segunda-feira.

Portugal viveu uma situação inédita: Um “apagão” que ditou que o país ficasse sem acesso à eletricidade desde a manhã de segunda-feira, exatamente às 11h33, até praticamente pela noite dentro. A resolução do problema esteve essencialmente a cargo da REN — Redes Energéticas Nacionais que, em coordenação com a congénere espanhola, produtores de eletricidade e a operadora das redes de distribuição, a E-redes, dedicou todos os esforços para resolver o problema.

Apesar de pela meia-noite cerca de 80% da população já ter acesso a energia elétrica, ainda falta apurar a causa específica deste “apagão” e, à luz da dimensão do problema, fazer uma avaliação das medidas a tomar para prevenir situações futuras. “Vamos serenamente avaliar com as autoridades espanholas aquilo que aconteceu e tentarmos projetar no futuro melhores instrumentos de resposta para evitar a repetição desta ocorrência“, garantiu o primeiro-ministro, Luís Montenegro, na noite de segunda-feira.

O administrador da REN com o pelouro das operações, João Conceição, explicou em declarações aos jornalistas, ao final da tarde, que após ultrapassada a situação de apagão, será necessário avaliar os mecanismos de recuperação existentes, para perceber se se devem fazer “alterações ou algumas melhorias”.

“Hoje, todos vão dizer que é mais do que justificado. Mas daqui a uns tempos, estaremos mais preocupados com o custo da conta de eletricidade”, refere João Conceição, administrador da REN, sobre a necessidade de haver mais sistemas de recuperação no quadro energético nacional.

Uma das medidas a considerar, defende Nuno Ribeiro da Silva, atual consultor na área de energia e ex-CEO da Endesa em Portugal, é o reforço das interligações com o resto da Europa. Estas ligações, admite, facilitam a existência destes problemas, dado que o país está mais exposto a falhas noutras localizações. Contudo, justificam-se do ponto de vista económico e de concorrência, permitindo solicitar a energia mais barata produzida a cada momento e, em caso de apagão (verificado ou iminente), podem também ajudar a suprir o problema.

Mais linhas podem criar mais redundância, evitando a saturação e a sobrecarga do sistema que leva ao “apagão”, ao mesmo tempo que são mais uma via para trazer eletricidade quando esta falha.

Esta tese foi veiculada também pelo primeiro-ministro português, que considerou que “a circunstância de Espanha ter, nomeadamente com a Europa, limitações de interligação também afeta a capacidade de fornecimento de Portugal”. Em paralelo, relembrou que “há muito tempo” que Portugal “luta na União europeia pelo reforço das interligações com a Europa”.

Há também a possibilidade de reforçar a capacidade de resposta das centrais geradoras de eletricidade, criando os chamados “serviço de sistema”, que consistem em pagar para existirem centrais sempre prontas a serem ativadas para evitar uma quebra no sistema, por exemplo, centrais a gás. Mediante determinado valor, assegura-se que estas tenham gás, pessoal e condições adequadas para reagir rapidamente em situações de emergência.

No caso de se registar um “apagão”, uma forma de recuperar mais rapidamente é reforçar a capacidade de “reiniciar” o sistema, afirma João Serra, presidente da ACEMEL — Associação de Comercializadores de Energia no Mercado Liberalizado. “Não se investiu o suficiente nas chamadas centrais de reposição“, acusa, referindo-se a centrais que têm a capacidade de recomeçar a geração do zero, como duas que foram chamadas a atuar hoje: a central a gás da Tapada do Outeiro e a central hídrica de Castelo de Bode.

Ribeiro da Silva alerta ainda que é necessário perceber se foi adequada a ação dos operadores de rede, também o espanhol e o francês e, eventualmente, criar redundâncias e mecanismos de proteção, também a este nível, da gestão das redes.

Soluções implicam custos, mas apagão também fere

Em declarações à CNN Portugal, Jorge Vasconcelos, ex-presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, defendeu a necessidade de investir na modernização dos equipamentos do sistema e na respetiva digitalização, para torná-los mais inteligentes. Em jeito de crítica, relembrou que está em vigor uma lei aprovada por unanimidade que proíbe os consumidores de eletricidade de pagar a instalação de contadores inteligentes. “Temos de aprovar leis que facilitem o investimento“, entende.

Uma solução mais convencional, mas que João Serra vê como importante, é o aumento da penetração de renováveis e de armazenamento, em particular deste lado da fronteira. O líder da ACEMEL aponta que, proporcionalmente, Portugal compara mal com Espanha no que diz respeito à capacidade fotovoltaica e armazenamento que tem e pretende ter.

Sobre o papel que poderiam ter as centrais a carvão para a resposta a situações de emergência semelhantes, João Nuno Serra afirma que estas são dispensáveis. Por seu lado, Jorge Vasconcelos reforça que devem ser adotadas soluções técnicas que permitam substituir as centrais a carvão. “Não queremos colapso do sistema, nem o colapso do planeta”, rematou.

Há que haver a consciência que “mais sistemas de recuperação significam mais custos”, alertou ainda o administrador da REN. Na sua ótica, é importante perceber se faz sentido aumentar capacidade de resposta ou se o custo que isso acarreta não se justifica. “Hoje, todos vão dizer que é mais do que justificado. Mas daqui a uns tempos, estaremos mais preocupados com o custo da conta de eletricidade”, rematou.

A energia mais cara é a que não existe“, ironiza Ribeiro da Silva. Quanto aos custos, depende de que medidas deem resposta às debilidades detetadas, “mas pode ser uma coisa tão simples e barata como haver uma maior ou mais eficiente comunicação entre operadores de sistema”.

Também Jorge Vasconcelos defende que é preciso olhar aos custos do apagão antes de pesar os custos de o prevenir. No entanto, independentemente disso, sublinha que o investimento em modernização e digitalização do sistema é “indispensável” e, no que toca à digitalização, trata-se de valores “relativamente modestos”, sem precisar os números.

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AstraZeneca cresce 10% no primeiro trimestre e reforça o seu plano para 2030

  • Servimedia
  • 29 Abril 2025

Este crescimento foi impulsionado por fortes desempenhos nas áreas de Oncologia e Biofarmacêutica, bem como pela expansão sustentada em todas as principais regiões geográficas.

A AstraZeneca iniciou 2025 numa trajetória ascendente, com as receitas totais a aumentarem 10% no primeiro trimestre para 13.588 milhões de dólares.

Este início de ano foi apoiado por avanços clínicos significativos. Desde o seu último relatório, a empresa obteve cinco resultados positivos em estudos de Fase III e recebeu 13 aprovações regulamentares em mercados estratégicos. Os destaques incluem os resultados do estudo DESTINY-Breast09 para Enhertu, bem como o ensaio SERENA-6 para camizestrant e MATTERHORN para Imfinzi, os dois últimos selecionados para sessões plenárias na ASCO 2025, destacando o seu impacto na oncologia.

Pascal Soriot, Diretor Executivo da AstraZeneca, afirmou: “A nossa forte dinâmica de crescimento continuou em 2025 e entrámos agora num período sem precedentes, repleto de catalisadores para a nossa empresa. Este ano, anunciámos cinco resultados positivos de estudos de Fase III. No geral, estamos a fazer excelentes progressos em direção à nossa ambição de atingir 80 mil milhões de dólares em receitas totais até 2030.”

Com um portefólio sólido, uma procura crescente de tratamentos inovadores e uma estratégia centrada na ciência transformadora, a AstraZeneca afirmou que continua a fazer progressos no sentido da sua “Ambição 2030”. A empresa continua a investir em tecnologias que têm como objetivo redefinir o futuro dos cuidados de saúde e assegurar um crescimento sustentável para além da próxima década.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 29 de abril

  • ECO
  • 29 Abril 2025

Ao longo desta terça-feira, 29 de abril, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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Professores Nick Macklon e Johan Smitz e a jornalista Mayte Rius, galardoados pelas suas contribuições para a medicina reprodutiva

  • Servimedia
  • 29 Abril 2025

A décima primeira edição do congresso que o IVI organiza, chega ao fim, e fá-lo reconhecendo o trabalho científico e jornalístico de profissionais que marcaram a evolução da medicina reprodutiva.

Na área científica, a Fundação IVI premiou os investigadores internacionais Johan Smitz e Nick Macklon. Na área jornalística, foi reconhecido o trabalho de Mayte Rius, jornalista do jornal “La Vanguardia” com uma longa carreira na área da saúde e da sociedade. Todos os prémios foram atribuídos no âmbito do 11º Congresso Internacional da IVI RMA por representantes da IVI.

O prémio científico atribuído pela Fundação IVI é composto por duas categorias: investigação fundamental e investigação clínica em medicina reprodutiva. O objetivo do prémio é realçar a importância da contribuição científica para a reprodução assistida, reconhecendo os investigadores e as suas equipas pela sua ajuda no alargamento dos horizontes científicos e clínicos para melhorar no futuro os tratamentos e as técnicas utilizadas no setor da reprodução. O prémio é também um reconhecimento da carreira dos médicos e da sua contribuição para a investigação.

Neste contexto, o Professor Nick Macklon foi galardoado com o prémio para a melhor carreira de investigação clínica em grupos de excelência em medicina reprodutiva, enquanto o Professor Johan Smitz recebeu o prémio para a melhor carreira de investigação científica básica de excelência em medicina reprodutiva.

Para a ocasião, o júri dos prémios foi constituído por personalidades proeminentes da investigação e da medicina, como o Professor Antonio Pellicer, Presidente do IVI RMA e da Fundação IVI, e co-editor da revista “Fertility & Sterility”; o Professor Emre Seli, Diretor da Research USA e Professor de Obstetrícia, Ginecologia e Ciências da Reprodução na Yale University School of Medicine; e o Professor Tom Molinaro, Diretor do IVI RMA e da Fundação IVI; Tom Molinaro, Diretor do IVI America e Professor da Rutgers Robert Wood Johnson Medical School; Professor Dagan Wells, Diretor da Juno UK e Professor de Genética Reprodutiva na Universidade de Oxford; Chaim Jalas, Chief Operating Officer e Diretor de Desenvolvimento e Tecnologia da Juno Genetics USA; Nicolás Garrido, Diretor de Investigação da Fundação IVI, e Professor Juan Antonio García Velasco, Diretor Científico do IVI RMA.

Por seu lado, a jornalista de saúde Mayte Rius recebeu um prémio honorário pela sua longa carreira e dedicação ao jornalismo científico, social e de saúde no histórico jornal La Vanguardia durante quase 30 anos. Os seus trabalhos sobre a infertilidade, as mudanças na reprodução humana e as novas formas de família valeram-lhe este ano o IVI RMA Media Award pela sua contribuição para o debate sobre a fertilidade e a reprodução assistida na sociedade.

O IVI RMA, o maior grupo de medicina reprodutiva do mundo, reuniu durante 3 dias mais de 1400 especialistas de 58 países para debater o futuro da fertilidade, a inovação e a sustentabilidade demográfica. “Temos a honra de acolher este Congresso em Espanha, um país que se tornou uma referência mundial em medicina reprodutiva”, afirmou o Prof. Antonio Pellicer, Presidente Executivo do IVI RMA e Professor de Obstetrícia e Ginecologia. “Trata-se de um encontro verdadeiramente internacional, que reúne cientistas, clínicos e personalidades empenhadas na inovação baseada na ciência e centrada nos doentes. “De Boston a Bolonha, de Londres ao Chile, a nossa missão é a mesma: tornar a paternidade possível para mais pessoas, em mais locais, com maior segurança e dignidade”, acrescentou.

Com mais de 200 clínicas em 15 países, a transformação da IVI RMA numa organização global reúne décadas de investigação, inovação clínica e cuidados compassivos. A IVI RMA é agora uma rede de líderes de pensamento que trabalham além-fronteiras para melhorar os resultados reprodutivos e influenciar a política de saúde.

“A medicina reprodutiva não é mais apenas uma disciplina clínica – é uma questão de resiliência social e demográfica”, disse Javier Sanchez-Prieto, CEO da IVI RMA Global. “Este Congresso marca a nossa emergência não apenas como o maior grupo de fertilidade do mundo, mas como uma empresa unificada com uma voz e um objetivo claros: ajudar a realizar um milhão de sonhos.

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Liberais vencem eleições no Canadá. Mark Carney fala em “traição” dos EUA

  • Lusa
  • 29 Abril 2025

"A nossa antiga relação com os EUA acabou", declarou Mark Carney, acusando o presidente norte-americano Donald Trump de estar "a tentar destruir para controlar" o país vizinho.

O Partido Liberal, do atual primeiro-ministro Mark Carney, venceu as eleições legislativas do Canadá, de acordo com projeções dos meios de comunicação locais, após uma campanha centrada nas ameaças feitas pelos Estados Unidos.

As projeções da votação de segunda-feira apontam para que o chefe do Governo obtenha uma maior fatia dos 343 lugares do parlamento do que os conservadores.

Mas ainda não é claro se os liberais irão conseguir uma maioria, o que lhes permitiria aprovar legislação sem precisar de ajuda.

As projeções dão ao Partido Liberal pelo menos 155 lugares, contra 119 do Partido Conservador, seguido pelo Bloco do Quebeque (21 lugares) e pelo Novo Partido Democrático, com apenas sete lugares.

No entanto, à medida que a contagem dos votos avança lentamente num vasto país, que abrange seis fusos horários, até agora só foram formalmente atribuídos 40 deputados para os liberais contra 39 para os conservadores.

Quase 29 milhões dos 41 milhões de habitantes do Canadá foram chamados às urnas neste vasto país do bloco G7. Um recorde de 7,3 milhões de pessoas votaram antecipadamente.

Há apenas alguns meses, o caminho parecia claro para o rival Pierre Poilievre conduzir o Partido Conservador de volta ao poder após dez anos sob o comando do liberal Justin Trudeau.

Mas o regresso de Donald Trump à Casa Branca e a sua ofensiva sem precedentes contra o Canadá, com tarifas e ameaças de anexação, mudaram a situação.

Na segunda-feira, numa mensagem publicada na sua rede social Truth Social, Trump fez votos de “boa sorte ao grande povo do Canadá”. Dando a entender que os eleitores canadianos o deveriam estar a escolher a si, apelou à eleição do “homem que tem força e sabedoria” para “cortar os impostos para metade”, no caso de o Canadá se tornar “o 51º estado dos Estados Unidos da América”.

“Apenas coisas positivas, sem coisas negativas”, acrescentou Trump, defendendo que os canadianos devem optar por ser anexados por Washington. “Os EUA não podem continuar a subsidiar o Canadá com centenas de milhares de milhões de dólares por ano, como os que gastámos no passado”, escreveu Trump.

Desde que assumiu o cargo, em janeiro deste ano, Trump tem declarado repetidamente o seu interesse em anexar o Canadá, utilizando inclusive a “força económica” dos EUA.

Em resposta, tanto Carney como Poilievre rejeitaram a intromissão de Trump nas legislativas e frisaram que a decisão cabe aos eleitores. “Isto é o Canadá e nós decidimos o que cá se passa”, afirmou Carney, numa mensagem divulgada nas redes sociais em que pediu aos cidadãos para se apresentarem “unidos e fortes”.

Poilievre também se dirigiu a Trump nas redes sociais: “Não se meta nas nossas eleições”, exigiu. “As únicas pessoas que decidirão sobre o futuro do Canadá são os canadianos quando votarem”, salientou.

“Canadá nunca deve esquecer traição” dos EUA, diz vencedor das legislativas

Entretanto, o primeiro-ministro canadiano e vencedor das eleições afirmou que o país nunca deve esquecer o que descreveu como uma traição dos Estados Unidos, durante o discurso de vitória nas eleições legislativas, perante apoiantes, na capital Otava.

“A nossa antiga relação com os Estados Unidos acabou”, porque o Presidente norte-americano Donald Trump “está a tentar destruir-nos para nos controlar”, declarou ainda Mark Carney, pedindo que o Canadá se una para os “meses difíceis que se avizinham, que exigirão sacrifícios”.

Trump “quer separar-nos, mas isso nunca vai acontecer”, proclamou Carney. “Os Estados Unidos querem a nossa terra, os nossos recursos, a nossa água, o nosso país, e estas não são ameaças ocas”, acrescentou.

“Estamos perante uma nova realidade; superámos o choque da traição norte-americana. Mas nunca devemos esquecer a lição: precisamos de cuidar de nós e, acima de tudo, de cuidar uns dos outros”, disse Carney.

O político anunciou que se sentará para negociar com Trump como fazem “duas nações soberanas”, mas acrescentou que o Canadá “tem muitas, muitas outras opções para além dos EUA para alcançar a prosperidade”.

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Temporais de 2025 já custaram 8 milhões de euros à Ageas

  • ECO Seguros
  • 29 Abril 2025

As depressões Hermínia, Ivo, Jana e Martinho, ocorridas entre janeiro de março deste ano causaram 8 milhões de prejuízos só ao grupo segurador Ageas.

No total dos eventos meteorológicos Hermínia, Ivo, Jana e Martinho, o grupo segurador Ageas recebeu quase 6.000 ocorrências, com um custo total de sinistros de aproximadamente oito milhões de euros.

Fonte da empresa refere que estes números refletem “o aumento, tanto do número de tempestades, como de danos causados pelas mesmas”. Segundo José Luis Leão, diretor de Corretores e Parcerias do Grupo Ageas Portugal, afirmou em artigo recente publicado em ECOseguros, “estes fenómenos cada vez mais frequentes no nosso país que devem levar-nos a uma reflexão profunda sobre a forma como estamos seguros nas nossas casas, nos escritórios ou até nos veículos”.

A Associação Portuguesa de Seguradores (APS), já tinha divulgado que só os prejuízos provocados pela depressão Martinho se tinham elevado aos 50 milhões de euros após ter inquirido as seguradoras portuguesas sobre os sinistros declarados e valor previsto para indemnizações.

Cerca de 98% dos sinistros declarados às seguradoras após a Martinho são relativos a danos em habitações e em atividades comerciais, mas também foram reportados danos em bens seguráveis, mas não cobertos, como estradas, pontes e redes elétricas, em viaturas sem apólice de danos próprios, bem como em explorações agrícolas.

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Tarifas. China diz que ceder fará com que Washington “queira tirar mais partido”

  • Lusa
  • 29 Abril 2025

Ministro dos Negócios Estrangeiros chinês diz que "ficar em silêncio, ceder e recuar" só fará com que "o rufia queira tirar mais partido", referindo-se aos Estados Unidos.

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, advertiu no Rio de Janeiro que “ficar em silêncio, ceder e recuar” só fará com que “o rufia queira tirar mais partido”, referindo-se aos Estados Unidos.

Wang afirmou na segunda-feira, durante uma reunião entre os chefes da diplomacia dos países membros do bloco de economias emergentes BRICS, que “os Estados Unidos beneficiaram muito com o comércio livre durante muito tempo, mas agora estão a usar as tarifas como moeda de troca para exigir preços exorbitantes a outros países”, segundo um comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

O diplomata sublinhou a “urgência de defender as regras do comércio multilateral”, explicando que “a essência do comércio é o benefício mútuo” para as duas partes.

Wang defendeu que o comércio “não deve ser uma ferramenta para ganhos individuais” e lamentou que os EUA “persigam o unilateralismo, coloquem os seus próprios interesses em primeiro lugar e os coloquem acima dos interesses públicos internacionais”.

“Os países BRICS devem opor-se conjuntamente a todas as formas de protecionismo, proteger firmemente o sistema de comércio multilateral baseado em regras, com a Organização Mundial do Comércio no seu núcleo, defender os seus valores fundamentais e princípios básicos e promover a facilitação do comércio”, acrescentou o ministro chinês.

Desde o início deste mês que a China e os Estados Unidos mantêm tarifas superiores a 100% sobre os produtos um do outro. Embora as autoridades norte-americanas tenham afirmado que estão em curso negociações com os seus homólogos chineses para chegar a um acordo comercial, Pequim negou-o repetidamente, assegurando que “não tem medo” de uma guerra comercial.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos BRICS debatem, no Rio de Janeiro, o papel do Sul Global na promoção do multilateralismo, face às políticas do líder norte-americano, Donald Trump.

As discussões servirão para redigir uma declaração que, em princípio, será apresentada ainda na segunda-feira e aprovada na cimeira de chefes de Estado dos BRICS, um fórum de dez países emergentes, que também se realizará no Rio de Janeiro, nos dias 06 e 07 de julho.

Diplomacia chinesa publica vídeo “Não nos ajoelhamos”

Esta terça-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China publicou um vídeo intitulado “No Kneeling” (“Não nos ajoelhamos”), no qual reafirma a recusa em ceder às pressões decorrentes da guerra comercial com os Estados Unidos.

No vídeo, publicado na conta oficial do ministério na rede social WeChat – semelhante ao WhatsApp –, a diplomacia chinesa argumenta que ceder ao que descreve como “hegemonia” norte-americana não conduziria à resolução das tensões, mas sim ao seu agravamento.

O ministério acusou os EUA de desencadearem uma “tempestade tarifária” global e criticou o facto de Washington não ter feito concessões à China, como a suspensão de 90 dias das tarifas decretada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, para os restantes países.

As autoridades compararam esta dinâmica ao “olho de um furacão”, alertando para o facto de a aparente calma ser, na realidade, uma “armadilha mortal” que precede novas turbulências.

“O registo histórico mostra que as concessões não garantem um desanuviamento nas disputas comerciais e, em vez disso, acabam por alimentar o aumento da pressão”, afirmou a diplomacia do país asiático. “Ceder ao agressor é como beber veneno quando se tem sede”, descreveu.

Com um fundo musical de intensidade crescente, o vídeo declara que “a China não se ajoelha” e argumenta que “lutar pela cooperação permite que a cooperação exista, enquanto procurá-la através de concessões leva ao seu desaparecimento”.

O vídeo acrescenta ainda que uma atitude assertiva permitiria que os países mais pequenos fossem ouvidos, travaria potenciais abusos de poder e defenderia os princípios internacionais.

O vídeo também descreve os opositores a esta posição como “tigres de papel” e salienta que o comércio dos EUA representa menos de um quinto do comércio mundial, pelo que Washington poderá ficar isolado se outros países aderirem à posição da China.

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BCE prepara cortes abaixo da taxa neutra com “total liberdade de ação”, avisa Olli Rehn

O governador do banco central da Finlândia defende uma política "ágil" do BCE face às tarifas comerciais e ao euro forte, mantendo portas abertas para medidas mais ousadas caso inflação acuse desvios.

O Banco Central Europeu (BCE) poderá vir a surpreender os mercados ao cortar as taxas de juro para níveis abaixo do chamado “nível neutral” — patamar que não estimula nem trava a economia —, mantendo, ao mesmo tempo, maior flexibilidade possível na condução da política monetária.

O cenário foi admitido por Olli Rehn, governador do Banco Central da Finlândia e membro do Conselho do BCE, no decorrer de um evento na segunda-feira, numa altura em que a inflação na Zona Euro dá sinais de abrandamento e os riscos para o crescimento económico se intensificam.

Segundo Olli Rehn, “não devemos descartar cortes de taxas abaixo do nível neutro”. Esta declaração surge num contexto de incerteza sobre a evolução da economia europeia, marcada por uma conjuntura de concessão crédito mais restritivo e de riscos crescentes para as projeções de inflação. “Há algum aperto nas condições de crédito, mas pode ser de curto prazo, o júri ainda está fora”, referiu o governador.

“A força do euro está a adicionar complexidade à perspetiva de preços”, explicou Olli Rehn, sublinhando a necessidade de uma abordagem flexível por parte do Banco Central Europeu para lidar com esta situação.

Olli Rehn sublinha que a evolução da inflação continua a ser monitorizada de perto pelo BCE, numa altura em que os mercados já antecipam novos cortes. “Se as perspetivas mostrarem uma queda abaixo dos 2%, mais cortes são corretos”, admitiu, referindo-se ao objetivo de inflação do banco central.

O contexto externo também pesa nas decisões do BCE, sobretudo devido ao impacto das tarifas comerciais. “Concordo com os mercados de que as tarifas vão abrandar a inflação” e que “há sobretudo riscos descendentes para as projeções”, afirmou Olli Rehn, acrescentando que “há riscos descendentes para as perspetivas de inflação de março” e que “os efeitos das tarifas na Zona Euro são de duas vias”.

A força do euro é outro fator que “complica” o cenário para a política monetária. “A força do euro está a adicionar complexidade à perspetiva de preços”, explicou o governador finlandês, sublinhando a necessidade de uma abordagem flexível. “A taxa do euro é importante na avaliação do rumo da política”, acrescentou.

O BCE, garante Rehn, está atento à evolução dos mercados para garantir a estabilidade dos preços e do sistema financeiro. “Estamos a monitorizar os mercados para garantir a estabilidade dos preços e financeira”, destacou.

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Franceses ‘amarram’ produção de barcos de luxo no Alto Minho com 200 trabalhadores

Depois da "explosão de pedidos e encomendas” no pós-Covid, em que chegou a empregar 700 pessoas em Portugal, o grupo Beneteau produz agora 80 barcos de luxo ao ano com um efetivo de 200 trabalhadores.

Chegou a Portugal com a promessa de criar 700 empregos no Alto Minho, no polo industrial que criou no país através da fusão da antiga fábrica Rodman, em Valença, e Starfisher, em Vila Nova de Cerveira, ambas compradas pelo Grupo Beneteau, no final de 2021, em pleno período pós-pandemia.

Após um “crescimento muito rápido” nos dois primeiros anos, período no qual a multinacional francesa chegou a empregar as sete centenas de pessoas prometidas, o grupo estabilizou a atividade – e os postos de trabalho – com cerca de 200 trabalhadores. E voltar a contratar não está nos planos, apesar de garantir que Portugal é uma aposta do grupo e merece um “investimento forte” na inovação e melhoria das instalações.

Após “um crescimento muito grande”, no período pós-pandemia de Covid-19, em que “o setor náutico teve uma explosão dos pedidos e das encomendas” e originou “um crescimento muito rápido nos dois primeiros anos” da empresa no país, o Grupo Beneteau Portugal regressou a níveis de produção considerados normais – fabrica atualmente 80 barcos por ano – e emprega agora cerca de 200 trabalhadores, refere ao ECO o diretor-geral, Filipe Gaspar.

 

Com o novo padrão e a produção mais calma, e também com níveis de eficiência e de produtividade muito melhores – o que também é necessário –, [a empresa] estabilizou por volta de 200 colaboradores”, justifica, relatando que o grupo chegou a ter os 700 funcionários prometidos aquando do anúncio do investimento no Alto Minho. Os planos atuais pressupõem uma manutenção da equipa.

Ao dia de hoje e para este ano, contratar não está nos planos. [A intenção] é realmente manter” o número de colaboradores, aponta o gestor, destacando que a empresa continua a apostar no know-how e formação das equipas.

Aquando das aquisições no Norte do País, o grupo francês adiantou que estes investimentos permitiriam “consolidar a presença em Portugal para servir o mercado muito dinâmico dos pequenos barcos a motor (menos de 40 pés) para a vela local, ou dayboating“, falando no mercado nacional como um complemento às fábricas polacas e americanas dedicadas a estes mercados, as quais careciam de capacidade de produção, segundo explicou à data Jérôme de Metz, CEO do Groupe Beneteau.

Apesar de ter um número mais reduzido de colaboradores, o responsável pelo grupo em Portugal garante que a empresa está a fazer um forte investimento no “desenvolvimento de novos modelos e em restyling de modelos que já são um bocadinho mais velhos”. Destaca, por outro lado, o trabalho na área da pesquisa e da inovação em Portugal, já que, além de um centro de produção, tem também um centro de desenvolvimento no país.

Em três anos, [a operação em Portugal] demonstrou que era capaz de alcançar níveis de segurança, de qualidade e de produtividade do mesmo nível que as outras fábricas no grupo. Por isso, definitivamente, é uma aposta para o futuro.

Filipe Gaspar

Diretor-geral do Grupo Beneteau Portugal

Em declarações ao ECO, Filipe Gaspar sublinha que o grupo está a fazer “muito investimento na área do desenvolvimento, mas também nas instalações”. “Nós procuramos sempre crescer, melhorar as instalações”, acrescenta.

Sem querer avançar com números, o responsável garante que o mercado nacional é “definitivamente” uma aposta para a empresa. “Em pouco tempo, em três anos, [a operação em em Portugal] demonstrou que era capaz de alcançar níveis de segurança, de qualidade e de produtividade do mesmo nível que as outras fábricas no grupo. Por isso, definitivamente, Portugal é uma aposta para o futuro”, remata.

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Novobanco devia adiar IPO por causa das tarifas?

Novobanco aponta operação para o próximo mês, mas analistas consideram que seria "aconselhável" ajustar calendário até haver uma maior visibilidade sobre a guerra comercial.

O Novobanco devia adiar a ida para a bolsa por causa da elevada instabilidade e volatilidade que varreu os mercados financeiros nas últimas semanas devido à guerra comercial? Os analistas consideram que seria “aconselhável” ajustar o calendário da oferta pública inicial (IPO) até os investidores terem uma maior visibilidade sobre o que vai acontecer às tarifas. Até porque, se avançar a operação agora, vão exigir um prémio de risco superior. O que significa que os acionistas do banco vão embolsar menos.

“O atual ambiente nos mercados financeiros é de forte queda dos preços, afetando também os bancos, dado serem instituições muito dependentes do ciclo económico e da política monetária”, afirma Sérgio Lagoa, professor de banca e mercados no ISCTE.

“A incerteza criada pela política comercial dos EUA é elevada e prejudicial para as valorizações acionistas. Daí que fosse aconselhável aguardar uma clarificação de como a guerra das tarifas irá evoluir antes de se iniciar o IPO”, defende o docente.

António Nogueira Leite, professor da Nova SBE e ex-administrador da Caixa, concorda que “ainda não se percebeu exatamente como a guerra comercial vai evoluir”, o que torna o IPO “mais imprevisível”.

Donald Trump deixou as bolsas do avesso depois de no dia 2 de abril ter anunciado “tarifas recíprocas” globais, com a guerra comercial a escalar com a pronta resposta dos outros países, incluindo China e União Europeia.

Uma semana depois, e pressionado pela forte reação adversa dos mercados, Presidente norte-americano deu um passo atrás e decretou uma pausa de 90 dias para negociar com os parceiros comerciais. Embora tenha ajudado a colocar água na fervura, a volatilidade persistente das bolsas mostra que a incerteza continua a tomar as rédeas dos mercados e do sentimento dos investidores e instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) estão a rever em baixa as perspetivas para a economia mundial.

"O atual ambiente nos mercados financeiros é de forte queda dos preços, afetando também os bancos, dado serem instituições muito dependentes do ciclo económico e da política monetária. A incerteza criada pela política comercial dos EUA é elevada e prejudicial para as valorizações acionistas. Daí que fosse aconselhável aguardar uma clarificação de como a guerra das tarifas irá evoluir antes de se iniciar o IPO.”

Sérgio Lagoa

Professor Associado do ISCTE

Pelo meio, o Novobanco adiantou que os planos do IPO se mantinham, mas sublinhou que o exato momento continuava a “depender das condições de mercado”, o que deixa a porta aberta a esperar pela janela de setembro para avançar com a operação, em vez de maio.

A expectativa é que por essa altura a nuvem de imprevisibilidade da guerra comercial — e que está a afetar o mercado nacional de M&A, com as operações mais de 30% a afundarem no primeiro trimestre — já se tenha dissipado. Para o bem ou para o mal.

“Até pode suceder que esteja para ficar, mas só essa clarificação será importante para reduzir o nível de incerteza e de aversão ao risco, levando o mercado a ajustar-se a uma nova realidade”, considera Sérgio Lagoa.

Eleições é “elemento a ter em conta”

António Nogueira Leite lembra ainda outro pormenor: não haverá Governo até ao dia 18 de maio. “É um elemento a ter em conta”, frisa.

O ECO avançou na semana passada que o Estado ficará de fora do IPO na medida em que o Governo se encontra em modo de gestão e o Ministério das Finanças não dispõe das condições para decidir sobre a participação detida pela Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF), conforme concluiu um parecer que foi pedido ao Centro Jurídico do Estado (CEJURE).

De qualquer forma, nem a guerra comercial nem as eleições em Portugal “invalidam o trabalho preparatório” do Novobanco rumo ao IPO, “uma vez que ele é condição sine qua non para que se possa avançar para os passos finais”, assume Nogueira Leite.

“Investidores vão exigir prémio de risco maior”

Se o IPO avançar em maio, Sérgio Lagoa e António Nogueira Leite não duvidam que os investidores vão exigir um prémio de risco superior, traduzindo-se num menor valor encaixado pelos vendedores Lone Star e Fundo de Resolução.

“O risco para o IPO é de que, face à incerteza, o preço obtido seja inferior ao que seria obtido noutra situação de maior certeza face ao que o futuro nos reserva. Num contexto de incerteza, os investidores podem reduzir a procura de ações, preferindo ativos de refúgio”, explica Sérgio Lagoa.

“Há sempre um risco e um acréscimo do mesmo se o ambiente político geral for mais incerto”, sintetiza Nogueira Leite.

"Há sempre um risco e um acréscimo do mesmo se o ambiente político geral for mais incerto.”

António Nogueira Leita

Professor Catedrático da Nova SBE

O professor do ISCTE destaca que a própria valorização fundamental do Novobanco – que vem de um bom momento, potenciado pela recuperação da rentabilidade e subida dos juros — pode ser prejudicada devido à deterioração das perspéticas económicas e ao clima de incerteza.

O FMI acabou de cortar a previsão para o crescimento de Portugal para 2% este ano e para 1,7% no próximo, três décimas abaixo das anteriores projeções para os dois anos.

Um contexto que leva Nogueira Leite a deixar uma recomendação importante para evitar percalços num ano completamente volátil: “Como tudo em 2025, há que ir monitorizando a evolução”.

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O que devemos ter num kit de emergência?

Um mês antes do 'apagão', a Comissão Europeia propôs aos Estados-membros que garantam que as populações tenham um "armazenamento de bens essenciais" para, pelo menos, 72 horas. Saiba o que contemplar.

A Comissão Europeia quer incentivar os cidadãos a terem kits de emergência com artigos essenciais para situações extremas, como a que aconteceu em Portugal e Espanha esta segunda-feiraPixabay

Lanternas, rádios a pilhas e garrafões de água foram alguns dos artigos mais procurados pelos portugueses nesta segunda-feira, 28 de abril, depois de uma falha no fornecimento de eletricidade ter ‘desligado‘ Portugal e Espanha durante praticamente todo o dia útil. O problema foi tal que muitas famílias foram apanhadas totalmente desprevenidas e sem forma de responder às necessidades mais básicas. Em várias lojas, estes produtos simplesmente esgotaram, trazendo ecos do início da pandemia de Covid-19.

Um ‘apagão’ como o que se registou na Península Ibérica causaria sempre constrangimentos, qualquer que fosse o nível de preparação das populações: houve cortes no abastecimento residencial de água e os semáforos apagados espalharam o caos nas estradas. Mas algumas medidas simples poderiam ter mitigado o impacto da falha no dia-a-dia das famílias. Sobretudo se o problema se tivesse prolongado ainda mais tempo, ao invés de ficar praticamente resolvido ao início da madrugada.

Uma das medidas mais recomendadas é a criação do chamado “kit de emergência”. Há pouco mais de um mês, a Comissão Europeia publicou uma estratégia para “melhorar a capacidade da Europa de prevenir e responder a ameaças emergentes”, em conjunto com os Estados-membros. Além de propor “integrar cursos sobre preparação nos currículos escolares”, Bruxelas assume que irá realizar esforços para “encorajar o público a adotar medidas práticas, como o armazenamento de bens essenciais, para um período mínimo de 72 horas em caso de emergência”.

Nessa estratégia, a Comissão Europeia não especifica quais os bens essenciais que devem ser armazenados pelas pessoas, apontando como “calendário indicativo” da medida o ano de 2026. No entanto, alguns países têm apelado à população para terem em casa um kit com vários artigos úteis para situações críticas. Assim, com base nas recomendações já emitidas por diversas autoridades europeias, incluindo França, Bélgica, Noruega e até Portugal, o ECO compilou uma lista de itens que as famílias devem ter em conta na hora de criar um kit de emergência:

  • Estojo de primeiros socorros, com pensos, ligaduras, compressas, fita adesiva, tesoura, pinça, alfinetes de segurança, analgésicos e desinfetantes, por exemplo;
  • Medicação essencial, incluindo medicação habitual;
  • Alimentos não perecíveis, como alimentos secos ou em conserva e boiões de comida para bebé;
  • Água engarrafada (França recomenda seis litros por pessoa);
  • Dinheiro em numerário, para quando não for possível fazer pagamentos digitais;
  • Carregador de telemóvel e powerbank (carregada);
  • Lanternas, preferivelmente recarregáveis à manivela ou a pilhas, sem esquecer pilhas de reserva;
  • Um rádio a pilhas, com pilhas de reserva, para obter informações em caso de falha na rede elétrica;
  • Fósforos ou isqueiro e velas;
  • Canivete suíço;
  • Apito para chamar a atenção em caso de emergência;
  • Manta térmica, cobertor e roupa quente;
  • Artigos de higiene pessoal;
  • Óculos suplentes;
  • Ração para os animais de estimação;
  • Checklist de evacuação, com todos os itens pessoais a levar;
  • Lista telefónica com contactos de familiares, amigos, vizinhos e outros números importantes.

Estes artigos, que podem ser guardados numa mochila, são apenas alguns exemplos do que deve conter um kit de emergência, mas o trabalho não acaba aqui. “Verifique regularmente a validade dos diversos itens”, recomenda o Serviço de Proteção Civil de Lisboa, acrescentando: “Ao seu kit poderá adicionar outros elementos que considere essenciais.”

Apesar de ainda não existir uma explicação oficial para o que originou o ‘apagão’ desta segunda-feira, há muitos perigos à espreita que poderão requerer o uso do kit de emergência. A Comissão Europeia assume que a estratégia de preparação onde se inclui o armazenamento de produtos essenciais para viver durante 72 horas torna-se necessária numa altura em que “a União Europeia se depara com crises cada vez mais complexas e desafios que não podem ser ignorados”.

“Desde o aumento das tensões geopolíticas e dos conflitos, passando pelas ameaças híbridas e de cibersegurança, pela manipulação e interferência de informação por entidades estrangeiras, até às alterações climáticas e ao aumento de desastres naturais, a UE precisa de estar preparada para proteger os seus cidadãos e as funções sociais essenciais que são cruciais para a democracia e para a vida quotidiana”, rematava a Comissão, um mês antes do ‘apagão’ ibérico na rede elétrica.

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