IP passa de prejuízos a lucros de 124 milhões em 2024

Investimento nas redes ferroviária e rodoviária subiu 25% para 776 milhões de euros, o que representa o valor mais elevado desde 2010.

A Infraestruturas de Portugal (IP) fechou o ano de 2024 com um resultado líquido de 124 milhões de euros, o que compara com um prejuízo de 19 milhões de euros no ano anterior, revelou a empresa em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Empresa justifica melhoria dos resultados com o aumento dos rendimentos e com o facto de “o resultado de 2023 ter sido fortemente impactado ao nível do gasto com imposto por via de alterações fiscais introduzidas nesse ano”.

A empresa responsável pela gestão da infraestrutura rodoviária e ferroviária nacional registou rendimentos operacionais de 1.554 milhões de euros, mais 199 milhões que o valor apresentado um ano antes.

Segundo o mesmo comunicado, “as variações com impacto no resultado estão ligadas ao aumento do rendimento com as principais receitas, designadamente, da Consignação do Serviço Rodoviário (49 milhões de euros) e da Tarifa de Utilização da Infraestrutura Ferroviária (+15 milhões de euros), parcialmente compensadas pela redução do rendimento com as Portagens das Vias IP (-14 milhões de euros)“.

Os gastos operacionais fixaram-se em 1.223 milhões de euros, o que representa um crescimento de 6% face ao ano anterior, “essencialmente justificado pelo crescimento dos custos sem impacto no resultado por serem compensados por variação de idêntico montante nos rendimentos operacionais”.

2024 ficou ainda marcado por “um forte crescimento do investimento nas redes ferroviária e rodoviária”, que ascendeu a 776 milhões de euros. Trata-se de um crescimento de 25% face a 2023 e o valor mais alto realizado desde 2010. Deste montante, 625 milhões foram dirigidos ao investimento na requalificação e modernização da Rede Ferroviária Nacional, dos quais 472 milhões estão enquadrados no Programa de Investimentos Ferrovia 2020.

Já a Rede Rodoviária Nacional captou um investimento total de 108 milhões de euros, destacando-se a execução de 93 milhões de projetos enquadrados na componente C7 do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

O stock de dívida financeira da IP diminuiu 573 milhões de euros, para 3.284 milhões, sendo que as amortizações realizadas dizem respeito ao Eurobond 09/24, no valor de 500 milhões de euros, e de empréstimos contraídos junto do BEI, no montante de 73 milhões.

(Notícia atualizada às 17h37)

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Luís Montenegro é o político com mais exposição televisiva em mês de queda do Governo

  • + M
  • 24 Abril 2025

Recorde-se que foi em março que a rejeição de uma moção de confiança levou à queda do Governo, após a polémica em torno da empresa Spinumviva.

Luís Montenegro reconquistou a liderança da exposição mediática no mês de março, a qual tinha perdido em novembro. Ao protagonizar 250 notícias com um total de 13 horas e 19 minutos de duração, o primeiro-ministro e líder da AD conquistou, por uma margem significativa, a posição cimeira do ranking, que foi ocupada por Pedro Nuno Santos no mês anterior. Recorde-se que foi em março que a rejeição de uma moção de confiança levou à queda do Governo, após a polémica à volta da empresa Spinumviva.

Caído para a segunda posição, o secretário-geral do PS protagonizou 162 notícias de 8 horas e 25 minutos de duração, enquanto André Ventura, líder do Chega, registou a terceira posição, depois de intervir na primeira pessoa em 110 notícias de 5 horas e 34 minutos de duração. Os dados são do serviço Telenews, da MediaMonitor (Grupo Marktest).

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manteve a quarta posição, com 84 notícias de 4 horas e 8 minutos de duração. Já a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, ocupou a quinta posição, ao intervir na primeira pessoa em 82 notícias com 3 horas e 37 minutos de duração.

Entre os dez nomes que mais figuraram nas notícias televisivas em março, segue-se Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP (3 horas e 31 minutos), Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira (2 horas e 59 minutos), Rui Tavares, líder do Livre (2 horas e 31 minutos), Rui Rocha, presidente da Iniciativa Liberal (2 horas e 30 minutos) e Inês Sousa Real, porta-voz do PAN (2 horas e 26 minutos).

A análise foi feita, de acordo com dados da Telenews, aos principais noticiários dos canais generalistas e excluiu programas, debates ou entrevistas. A contabilização do tempo refere-se ao tempo total de duração da notícia em causa.

Também segundo a Marktest, durante o mês de março, os três principais canais da televisão portuguesa — RTP1, SIC e TVI — emitiram 234 horas de informação regular, o que representa uma subida mensal de 11,8% mas uma quebra homóloga de 3,5%.

No terceiro mês do ano foram para o ar 6.608 peças, mais 12% do que no mês anterior e menos 7,3% em relação a março de 2024. A duração média das reportagens emitidas foi de 2 minutos e 8 segundos, precisamente a mesma duração que a registada em fevereiro.

A RTP1 voltou a ser a estação que emitiu mais notícias, com 2.521 peças, bem como a que dedicou mais tempo em grelha à informação regular, com um total de 90 horas de duração (mais sete horas que no mês anterior).

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Ações de cooperação do Banco de Portugal aumentam para 157 em 2024

  • Lusa
  • 24 Abril 2025

Nas iniciativas bilaterais, o destaque foi para Cabo Verde (25 ações), Angola (23 ações) e São Tomé e Príncipe (10 ações).

O número de ações de cooperação do Banco de Portugal (BdP) subiu em 2024 para 157, mais sete que no ano anterior, tendo os países de língua portuguesa voltado a ser os mais abrangidos por estas iniciativas.

Os dados constam do relatório anual da atividade de cooperação referente a 2024, divulgado esta quinta-feira, e abordam um “ganho de eficiência”, uma vez que, apesar do aumento do número de ações, o número de dias afetos à atividade desceu – de 1.591 para 1.536.

A percentagem de ações multilaterais subiu quatro pontos percentuais, representando 40% das ações de cooperação em 2024. Também o número de ações presenciais aumentou para 62%, contra 53% em 2023.

Os bancos centrais de língua portuguesa foram os principais parceiros das ações, com 76% das ações, seguindo-se países vizinhos da União Europeia, com 23 ações, África subsaariana sem países de língua portuguesa (sete), América Latina e Caraíbas sem Brasil (cinco) e Ásia e Pacífico sem Timor Leste (duas).

Nas iniciativas bilaterais, o destaque foi para Cabo Verde (25 ações), Angola (23 ações) e São Tomé e Príncipe (10 ações). Uma grande parte das ações (44%) são referentes a assistência técnica, quase o dobro dos estágios e visitas de trabalho (35 ações), e o triplo dos encontros e conferências (23).

Governação e suporte (45 ações) foi o tema mais abordado, seguindo-se supervisão e estabilidade financeira (31), análise económica e estatística (29), representação e relações internacionais (27) e operações de mercado, sistemas de pagamentos e emissão de tesouraria (25).

As iniciativas de cooperação em 2024 envolveram 45 entidades parceiras, 25 departamentos estruturais, 1.452 participantes e 751 trabalhadores.

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Cerca de 80,6 mil pessoas assistiram ao frente a frente entre Paulo Raimundo e Inês Sousa Real

  • + M
  • 24 Abril 2025

Na noite desta quinta-feira, Luís Montenegro regressa aos debates, tendo agendado o frente a frente com André Ventura às 21h, na SIC.

O frente a frente entre Paulo Raimundo e e Inês Sousa Real, mais uma vez o único debate do dia, foi acompanhado esta quarta-feira por cerca de 71,2 mil telespectadores na CNN Portugal. Aos espectadores que assistiram em direto às 18h30, juntam-se cerca de 8,9 mil, em diferido, na RTP3.

Na noite desta quinta-feira, Luís Montenegro regressa aos debates, tendo agendado o frente a frente com André Ventura às 21h, na SIC.

O debate mais visto destas duas semanas, recorde-se, continua a ser o que colocou frente a frente Pedro Nuno Santos e André Ventura, seguido por quase 1,094 milhões de telespectadores, mais cerca de 36 mil do que os que assistiram ao frente a frente entre Mariana Mortágua e Pedro Nuno Santos.

Veja aqui o calendário de todos os debates.

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CNA alerta para crise no vinho no Douro devido a baixos preços

  • Lusa
  • 24 Abril 2025

"Adensam-se as preocupações dos agricultores quanto à sua capacidade de resistir a mais um ano de dificuldades, com falta de escoamento e baixos preços pagos pelas uvas", avisa a confederação.

Os agricultores do Douro estão preocupados quanto à sua capacidade de resistir a mais um ano de dificuldades, com baixos preços pagos à produção e dificuldades no escoamento, alertou a Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

Depois de um ano em que muitas uvas ficaram por vindimar por não haver a quem as vender, adensam-se as preocupações dos agricultores quanto à sua capacidade de resistir a mais um ano de dificuldades, com falta de escoamento e baixos preços pagos pelas uvas (preços que se mantêm nos mesmos valores de há 25 anos e até inferiores), aumentos brutais dos custos de produção e, sobretudo, um forte desequilíbrio do poder entre a produção, a transformação e o grande comércio exportador”, indicou, em comunicado, a CNA.

Por outro lado, sublinhou que, perante a aplicação de tarifas sobre as exportações de vinho, nomeadamente para os EUA, “é imperioso” pôr fim às exportações desnecessárias. A CNA denunciou ainda a insuficiência de medidas de apoio, criticando o que disse ser a propaganda do Governo.

“O Ministério da Agricultura não adotou uma única medida para acudir, diretamente, à situação desesperada dos pequenos viticultores durienses que os pudesse compensar pelas enormes perdas de rendimento”, apontou.

De acordo com os agricultores, as regiões vitivinícolas, em particular o Douro, precisam de atenção por parte do Governo, com medidas imediatas e estruturantes, nomeadamente “o fim da liberalização dos direitos de plantação da vinha na União Europeia” e a promoção das exportações.

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Sonae Sierra destaca a importância das redes de apoio à maternidade em campanha

  • + M
  • 24 Abril 2025

Com o claim “Somos mais que as mães”, a campanha é assinada pela Born. Ana Galvão, Catarina Raminhos e Sónia Morais Santos partilham as suas experiências sobre a maternidade.

A Sonae Sierra inspira-se na ideia de “é preciso uma aldeia para criar uma criança” para a sua nova campanha, na qual reconhece não só as mães, como também todas as pessoas que as apoiam. “Dos avós aos amigos, dos tios aos vizinhos que ajudam a cuidar dos filhos, existe uma rede por trás que tantas vezes parece invisível, mas que faz toda a diferença no bem-estar das mães e das famílias“, justifica a empresa que gere o NorteShopping no Porto e o Centro Colombo, em Lisboa.

Com o claim “Somos mais que as mães” e o subheadline “Celebramos as mães e todos aqueles que as apoiam”, a mensagem estará presente nos canais digitais dos centros e será reforçada por uma estratégia de marketing de influência, com Ana Galvão, Catarina Raminhos e Sónia Morais Santos a partilharem as suas experiências sobre a maternidade.

Com esta campanha, quisemos celebrar não só as mães, mas algo que sempre existiu e que raramente celebramos: as suas redes de apoio. São estas pessoas que fazem a diferença todos os dias, tornando a maternidade mais leve e partilhada”, afirma Mariana Quelhas, coordenadora de marca e marketing Ibéria da Sonae Sierra.

“Esta iniciativa está alinhada com a nossa estratégia omnicanal e aposta na comunicação digital, que assume um papel central na forma como queremos chegar às pessoas”, prossegue, citada em comunicado.

A criatividade é da agência Born.

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Saída de Baleiras deixa unidade que apoia os deputados em matéria orçamental sem coordenador até às eleições

"Atendendo à dissolução da Assembleia da República, a nomeação deverá transitar para a nova legislatura", segundo fonte oficial do Parlamento. Mas os trabalhos da entidade estão assegurados, garante.

Com a saída de Rui Nuno Baleiras para a vice-presidência do regulador dos seguros, a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) do Parlamento ficou sem coordenador e assim se irá manter até às eleições legislativas de 18 de maio, revelou ao ECO fonte oficial do gabinete da secretária-geral da Assembleia da República, Anabela Leitão Ferreira. No entanto, os trabalhos da entidade que ajuda os deputados na análise das propostas do Orçamento do Estado, da execução orçamental e dos gastos com parcerias público-privadas estão assegurados, garante.

“Atendendo à dissolução da Assembleia da República e à redução do papel do Parlamento, a nomeação deverá transitar para a nova legislatura, prosseguindo a UTAO a sua atividade, ainda que temporariamente sem coordenador”, segundo a resposta enviada ao ECO.

Ainda que a UTAO não tenha estatutos, que definam as regras para a designação do seu presidente e colaboradores, o conselho de administração do Parlamento refere que, como “a nomeação do professor Rui Baleiras foi feita em articulação com a Comissão de Orçamento e Finanças, deverá ser assumido idêntico procedimento para a nomeação do novo coordenador”.

Rui Nuno Baleiras foi designado pelo atual Governo em gestão para vice-presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) e assumiu funções a 21 de abril, segundo o despacho publicado em Diário da República. Desde então, a UTAO ficou sem coordenador, o qual só deverá ser designado daqui por dois meses, em junho, pela nova Comissão de Orçamento e Finanças (COF) da Assembleia da República, que sair das eleições legislativas.

A falta de um coordenador não é inédita. Antes do professor de Economia da Universidade do Minho, aquela entidade esteve cinco meses sem liderança, após a saída de João Miguel Coelho, em fevereiro de 2018, do cargo de coordenador. Em julho do mesmo ano, Baleiras ficou aos comandos da UTAO, por convite da então presidente da COF, Teresa Leal Coelho, à época deputada do PSD. E sai agora, em abril de 2025, ao fim de cerca de sete anos.

Atendendo à dissolução da Assembleia da República e à redução do papel do Parlamento, a nomeação deverá transitar para a nova legislatura, prosseguindo a UTAO a sua atividade, ainda que temporariamente sem coordenador.

Secretaria-geral da Assembleia da República

A equipa atual tem quatro analistas, dois dos quais não são trabalhadores parlamentares, mas exercem funções ao abrigo do regime de cedência de interesse público, previsto no Estatuto dos Funcionários Parlamentares. Também Rui Baleiras não era funcionário da Assembleia da República, mas sim docente da Universidade do Minho.

Uma vez que a UTAO não tem enquadramento numa lei orgânica, a escolha e nomeação dos seus membros e a sua relação jurídica de trabalho não se encontram balizados, o que permite que possam ser designados ou “despedidos” de forma discricionária. “De acordo com a lei que se nos aplica, podemos ser despedidos quando a legislatura acaba e também nos podem despedir a qualquer momento, dando apenas um pré-aviso de 30 dias, sem direito a indemnização”, como já tinha alertado Rui Baleiras em entrevista ao ECO.

“Poderão alegar que, na prática, nunca estas normas serviram para sanear um coordenador ou um analista. Poderão não ter servido, mas podem vir a servir. A verdade é que a mera existência das normas dá cobertura legal à Assembleia da República para poder dispensar discricionariamente pessoal da UTAO se discordar do conteúdo dos seus textos. Ora esta é, objetivamente, uma ameaça séria à independência da UTAO e não deixa de condicionar quem nela trabalha”, conclui um relatório produzido pela equipa que apoia os deputados e que foi publicado em março de 2022.

A nomeação do professor Rui Baleiras foi feita em articulação com a Comissão de Orçamento e Finanças. Deverá ser assumido idêntico procedimento para a nomeação do novo coordenador.

Secretaria-geral da Assembleia da República

A Unidade Técnica de Apoio Orçamental foi criada em 2006, no início da crise de défices excessivos do primeiro Governo socialista de maioria absoluta de José Sócrates, através de uma resolução da Assembleia da República, por proposta de um conjunto de deputados de diversos partidos.

De recordar que, em 2005, na elaboração do Orçamento de Estado para 2006, Sócrates propôs reduzir o saldo negativo de 6,2% do PIB para 4,8%, uma operação que, na altura, classificou de “muito exigente”. Neste momento, vamos com um excedente previsto de 0,7% do PIB, relativo ao ano passado. Para 2025, o Governo projeta um saldo positivo de 0,3%.

Na altura, e rendo em conta a situação de défice excessivo, a oposição acusou o Ministério das Finanças, tutelado por Fernando Teixeira dos Santos, de falta de transparência, porque dava pouca informação. Por isso, decidiram pedir apoio técnico para ajudar a analisar as contas públicas e assim foi criada a UTAO.

Além de Portugal, mais 10 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), incluindo Brasil, têm uma entidade semelhante, como EUA, Grécia, Irlanda, Itália, Brasil, Áustria ou Austrália, segundo o relatório da UTAO que identifica as fragilidades institucionais desta entidade.

A resolução de 2006 que criou a unidade técnica ditou que, no prazo de três anos, isto é, em 2009, o Parlamento deveria reavaliar a sua continuidade. Naquele ano e com o fim da legislatura, a manutenção desta entidade chegou a estar em risco, mas o presidente da Assembleia da República de então, Jaime Gama (PS), impôs a sua manutenção.

No ano seguinte, a resolução da Assembleia da República n.º 57/2010, de 23 de junho, tornou-a numa unidade parlamentar permanente, fixou limites mínimos e máximos para o número de analistas, entre oito a 10, e alargou as suas competências a todos os subsetores na monitorização periódica da dívida pública e especificou algumas variáveis a incluir no acompanhamento regular da execução orçamental. De salientar que a equipa atual, de cinco elementos, incluindo o coordenador, está longe do limite máximo de 10 elementos, como dita o diploma legal.

Em 2014, as competências da UTAO foram novamente reforçadas, através de um novo diploma, que aditou competências referentes à avaliação e ao acompanhamento de parcerias público-privadas (PPP). Em 2018, o Parlamento procedeu à sexta alteração. E a UTAO passou a ser uma unidade orgânica integrada na direção de apoio parlamentar, embora mantendo o reporte direto à comissão parlamentar de orçamento e finanças.

Novo Governo pode afastar Baleiras da ASF

A nomeação de Baleiras para a vice-presidência da ASF foi contestada pelo PS pelo facto do Executivo demissionário de Luís Montenegro se encontrar em gestão e, por isso, limitado nos seus poderes.

Aliás a lei-quadro das entidades administrativas independentes com funções de regulação da atividade económica dos setores privado, público e cooperativo determina que: “Não pode ocorrer a designação ou proposta de designação entre a convocação de eleições para a Assembleia da República ou a demissão do Governo e a investidura parlamentar do Governo recém-designado, salvo se se verificar a vacatura dos cargos em causa e a urgência da designação, caso em que as referidas designação ou proposta de designação de que não tenha ainda resultado designação dependem de confirmação pelo Governo recém-designado”.

No entanto, o Governo invocou o risco de falta de quórum para designar Baleiras para a vice-presidência da ASF, cargo que se encontrava vago há mais de dois anos. “Cessou, em dezembro de 2024, o mandato de Manuel de Herédia Caldeira Cabral. […] Por conseguinte, torna-se indispensável e urgente proceder à designação de, pelo menos, um vice-presidente e um vogal, sob pena de aquele órgão poder vir a ficar, em breve, sem quórum para assegurar a gestão da entidade”, lê-se no diploma de nomeação, assinado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro.

O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, já tinha apresentado o mesmo argumento, em entrevista ao ECO: “Corríamos o sério risco da Autoridade de Seguros ficar, durante algum tempo, sem quórum. Não estou a ver como é que o regulador, ainda por ser uma área tão sensível, pode funcionar sem quórum”.

Permanecem, contudo, dúvidas se a nomeação cumpriu as condições exigidas por lei: existência de “vacatura do cargo e urgência da designação”. Independentemente da interpretação, o próximo Governo, que sair das eleições, terá de confirmar a indicação de Rui Nuno Baleiras, podendo, se assim o entender, afastá-lo das funções de vice-presidente e designar outra personalidade.

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Torre de Belém encerra para obras com prazo de um ano

  • Lusa
  • 24 Abril 2025

A Torre de Belém é um dos monumentos públicos mais visitados em Portugal, tendo recebido mais de 377 mil pessoas em 2023.

A Torre de Belém, em Lisboa, encerrou para obras de conservação e restauro, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que têm a duração prevista de um ano, embora sejam possíveis reaberturas intermitentes, anunciou a empresa responsável.

De acordo com um comunicado da empresa pública Museus e Monumentos de Portugal (MMP), que gere a Torre de Belém, “a cada nova fase do progresso das obras, que decorrerão ao longo dos próximos meses, será avaliada a possibilidade de a Torre de Belém estar aberta ao público, tendo sempre em conta a segurança dos visitantes e dos seus trabalhadores”.

Questionada pela Lusa, fonte oficial do instituto público Património Cultural, entidade que tem a seu cargo a implementação do PRR no património, explicou que se trata de uma empreitada de conservação e restauro da Torre de Belém adjudicada por 1,05 milhões de euros com um prazo de execução de um ano.

A Torre de Belém é um dos monumentos públicos mais visitados em Portugal, tendo recebido mais de 377 mil pessoas em 2023.

Classificada Património Mundial desde 1983 e construída entre 1514 e 1520, “a sua decoração ostenta a simbologia própria do Manuelino – calabres que envolvem o edifício, rematando-o com elegantes nós, esferas armilares, cruzes da Ordem Militar de Cristo e elementos naturalistas”, como se pode ler na informação disponível na página da Comissão Nacional da UNESCO.

No final do ano passado, o presidente da MMP mostrou-se preocupado com o facto de vários equipamentos tutelados pela empresa pública em Lisboa estarem fechados para obras em 2025, coincidindo com uma campanha turística focada no património.

O presidente da MMP sublinhou, na altura, que “o panorama para o ano não é muito animador em relação aos equipamentos [sob alçada da empresa]”, pelo que estavam “a tentar traçar aqui estratégias de comunicação que permitam levar pessoas a outros locais para tentar suprir esta questão”.

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Nos Publicidade assume comercialização do Cinema City

  • + M
  • 24 Abril 2025

Com 38 salas, repartidas por Lisboa, Leiria, Setúbal e Carnaxide, as salas Cinema City receberam 655.788 espectadores em 2024.

A Nos Publicidade vai integrar, já a partir de 1 de maio, a rede de salas Cinema City no seu portfolio. Com 38 salas, repartidas por Lisboa (Alvalade e Campo Pequeno), Leiria, Setúbal e Carnaxide (Alegro), as salas Cinema City receberam 655.788 espectadores em 2024, sendo responsáveis por cerca de 6% de attendance, refere a Nos, que aumenta assim os espaços nos quais comercializa publicidade.

“Esta integração do Cinema City na nossa oferta permite-nos reforçar a presença na publicidade no cinema em Portugal e oferecer aos anunciantes mais oportunidades para levar as suas marcas a um meio único, em termos de atenção das pessoas”, comenta Miguel Raposo Magalhães, diretor da Nos Publicidade,.

“Estudos recentes mostram que o foco no ecrã do cinema é bastante superior a outros meios: em nenhum outro meio, as pessoas têm a mesma disponibilidade para apreciar spots de 60 segundos. Isso permite aos anunciantes contar histórias com outra liberdade de formato”, prossegue citado em comunicado.

Em 2024, a Nos representou 68,2% da quota do mercado da exibição em Portugal, seguindo-se a UCI com 10,7% e a Cineplace com 6,7%.

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Cascais e Oeiras desenham eixo alternativo à A5

Fazer fletir o perfil de via rápida a EN117 para leste até ao Autódromo do Estoril é um plano de Oeiras. Cascais projeta via que entrelaça com esta, a partir de Tires.

Isaltino Morais, presidente da CM Oeiras e Carlos Carreiras, presidente da CM Cascais, têm projetos geograficamente confluentes para dar às populações e empresas uma verdadeira alternativa de mobilidade à A5

Os autarcas de Oeiras e de Cascais pretendem implementar um eixo que acompanhe a A5 a norte e proporcione uma alternativa de mobilidade a esta via concessionada à Brisa e atualmente com volumes de tráfego que provocam congestionamento do trio de vias ao longo de quilómetros durante as horas de ponta. A posição da Brisa merece críticas veementes de Isaltino Morais, conforme ficou patente na conferência Smart Mobility, organizada pelo ECO e pela Parques Tejo.

O troço nascente da nova via alternativa à A5 inicia-se na EN117, via rápida também designada de “Cabos d’Ávila” (em alusão à antiga fábrica existente no concelho da Amadora). Sempre dentro do território de Oeiras, a partir dali a estrada segue para oeste por Carnaxide, Queijas e Barcarena, até Trajouce, com a auto-estrada concessionada à Brisa a sul e o IC19 a norte, explicou Isaltino Morais durante o debate com Carlos Carreiras, moderado pelo ECO/Local Online.

No lado de Cascais, Carlos Carreiras já tem pronto o projeto, assegurando estar consensualizado com a Brisa entroncar a nova via rápida na A5 na zona do aeródromo de Tires, para onde está projetado um novo nó desta autoestrada. Dali, uma variante seguirá para norte em direção à zona da Tabaqueira, onde necessitará da colaboração de Sintra para chegar ao IC16, e outra chegará ao Autódromo do Estoril, entrando pela autoestrada A16.

“As variáveis estão todas negociadas. Estamos à espera do BRT [Bus Rapid Transit, transporte rápido por autocarro em via dedicada], porque se o BRT vier, a Brisa faz o investimento todo, se não vier, nós temos que fazer parte do investimento e a Brisa faz a outra parte do investimento. Já estão negociados a percentagem e incumbências para a câmara municipal e para a Brisa”, assegura Carreiras.

O autarca admite que a implementação do BRT implicará o aumento do prazo de concessão da Brisa, tema que terá de ser analisado entre a empresa e a comissão criada em dezembro pelo Governo para efetuar a renegociação das concessões.

As variáveis estão todas negociadas. Estamos à espera do BRT [Bus Rapid Transit, transporte rápido por autocarro em via dedicada], porque se o BRT vier, a Brisa faz o investimento todo, se não vier, nós temos que fazer parte do investimento e a Brisa faz a outra parte do investimento. Já estão negociados a percentagem e incumbências para a câmara municipal e para a Brisa.

Carlos Carreiras

Presidente da Câmara Municipal de Cascais

Já Isaltino Morais, que não se coibiu de fortes críticas à Brisa apesar da presença na conferência do administrador executivo da Brisa e CEO da divisão de concessões, Manuel Melo Ramos, admitiu que a via a construir por Oeiras é mesmo para avançar. “Será paralela à autoestrada, e, por acaso, até estamos a pensar portajá-la para fazer alguma concorrência à Brisa, que é para ver se a Brisa… eles não acreditam no que estou a dizer, mas vamos fazer mesmo. Ainda tenho tempo de a fazer, até porque o projeto está muito avançado”.

Isaltino Morais acrescenta que “é indiscutível que, no caso de Oeiras, o desenvolvimento do concelho em termos de ordenamento do território, de atração de empresas, vai ser feito nesse eixo”.

[A nova via rápida a norte da A5] será paralela à autoestrada, e, por acaso, até estamos a pensar portajá-la para fazer alguma concorrência à Brisa, que é para ver se a Brisa… eles não acreditam no que estou a dizer, mas vamos fazer mesmo. Ainda tenho tempo de a fazer, até porque o projeto está muito avançado

Isaltino Morais

Presidente da Câmara Municipal de Oeiras

A partir de Trajouce, a entrada no concelho de Cascais retira o poder de decisão ao autarca que há quatro décadas governa Oeiras (quase ininterruptamente), mas Isaltino Morais assegura que tomou a liberdade de pensar o trajeto para lá da sua fronteira, tendo já um projeto até ao Autódromo do Estoril.

A um par de quilómetros da linha de divisão intermunicipal, um outro projeto, este da câmara de Cascais, prevê também uma via alternativa à A5, revelou, por sua vez, Carlos Carreiras. Iniciando-se junto ao aeródromo de Tires, esta estrada seguirá também a norte da A5 e igualmente até à zona do Autódromo do Estoril, onde já passa a autoestrada A16.

Assim, para fechar o eixo EN117-A16, paralelo à A5 e ao IC19, seria necessária apenas uma consensualização de traçado numa extensão entre algumas centenas de metros e um ou dois quilómetros.

Oeiras e Brisa em contramão

Muito crítico da Brisa, Isaltino aponta críticas à concessionária da autoestrada que o autarca considera determinante para o desenvolvimento de toda a área empresarial de Oeiras, permitindo nestas quase quatro décadas elevar o concelho a segundo mais rico do país – o projeto de construção desta autoestrada passou pelo seu gabinete em 1987, era primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva, e a A5 ainda só ligava o Estádio Nacional ao Viaduto Duarte Pacheco.

Exemplo da relação difícil, a intransigência na construção de um nó no sentido Cascais-Lisboa junto ao Lagoas Park, apesar de a autarquia se ter disponibilizado para assumir o custo de construção de 20 milhões de euros, aponta Isaltino Morais. Referindo-se à nova via rápida paralela à A5, o autarca mostra-se resoluto na afronta à concessionária: “pomos uma portagem [que será] metade da da Brisa. Já vi na legislação e isso é possível. Estamos numa fase de desenvolvimento deste território que necessita de uma nova via estruturante a norte da A5. Quando eu digo, com alguma ironia, que queremos fazer concorrência à A5, obviamente que não é uma questão de concorrência, é uma necessidade vital”.

Estamos numa fase de desenvolvimento deste território que necessita de uma nova via estruturante a norte da A5. Quando eu digo, com alguma ironia, que queremos fazer concorrência à A5, obviamente que não é uma questão de concorrência, é uma necessidade vital.

Isaltino Morais

Presidente da Câmara Municipal de Oeiras

Manuel Melo Ramos, administrador executivo da Brisa e CEO da Brisa Concessão Rodoviária responde ao autarca de Oeiras ressalvando que o planeamento no que concerne às autoestradas é responsabilidade do Estado central, cabendo à empresa gerir as vias de acordo com os termos acordados.

O presidente Isaltino falou muito em planeamento e eu queria aqui lembrar que não compete à Brisa fazer planeamento. À Brisa compete gerir uma infraestrutura, ao concedente compete fazer esse planeamento. Estamos disponíveis para nos sentarmos com o concedente, com as autarquias, e encontrarmos em conjunto uma solução para aquilo que é a evolução das infraestruturas face àquilo que é a evolução do território.

Estado e Brisa já estão a renegociar concessão das autoestradas

A renegociação da concessão da A5 e das restantes autoestradas foi um dos temas referidos nesta conferência realizada em Oeiras.

Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e Habitação, acusou o anterior Governo de não ter dado início à renegociação da concessão das autoestradas com a Brisa, situação que impossibilita a criação de novos nós, a retirada de alguns veículos da classe 2 nas portagens e o estabelecimento de um serviço BRT (Bus Rapid Transit) na A5, por exemplo.

A lei é objetiva, obriga à constituição de uma comissão de negociação nomeada pela UTAP [Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos], em acompanhamento estreito pelas infraestruturas. Essa comissão nunca foi nomeada em oito anos, agora já está nomeada, [mas] entretanto o Governo entrou em gestão”, explicou o governante na conferência Smart Mobilty, aludindo à comissão criada em dezembro.

O nosso maior interlocutor é a Brisa, temos outros, mas a Brisa sabe que nós queremos negociar e queremos rapidamente pôr no terreno não só os investimentos que temos na A5, mas que temos nas outras [concessões de autoestradas] todas.

Miguel Pinto Luz

Ministro das Infraestruturas e Habitação

Em rigor, desde 2018 que existia formalmente uma comissão de negociação, a qual, inclusive, teve nomeações feitas. Em dezembro de 2024, um Despacho do Governo de Luís Montenegro refere a dissolução dessa comissão designada pelo Executivo de António Costa, e a “constituição de uma nova comissão de negociação com referência ao Contrato de Concessão Brisa”.

A necessidade de substituição prendeu-se, explica o Despacho de dezembro, com uma proposta do Instituto da Mobilidade e dos Transportes datada de 23 de outubro de 2024, na qual a entidade apresentou “uma proposta fundamentada para a dissolução da comissão de negociação suprarreferida, acompanhada da constituição de uma nova comissão de negociação”.

Manuel Melo Ramos assegura já ter existido uma comissão anterior à criada pelo atual Governo em dezembro, mas deixa uma ressalva: “havia, mas nunca reuniu e, portanto, ela foi dissolvida”. Confirmando as palavras de Pinto Luz, Melo Ramos diz que “foi nomeada agora uma comissão de negociação, onde estes temas serão abordados e desenvolvidos e essa comissão de negociação está já a trabalhar. As coisas estão a andar”.

Foi nomeada agora uma comissão de negociação, onde estes temas serão abordados e desenvolvidos e essa comissão de negociação está já a trabalhar. As coisas estão a andar

Manuel Melo Ramos

Administrador executivo da Brisa

Por curiosidade, recuando na linha do tempo, aquando da constituição dessa comissão de 2018, o Despacho do Governo de António Costa apontava o dedo à inação da comissão nomeada pelo Governo de Pedro Passos Coelho: “Não obstante a constituição da referida comissão de negociação, o processo de negociação não teve desenvolvimentos, encontrando-se por executar alargamentos previstos no Contrato de Concessão”.

Na conferência do ECO e da Parques Tejo, realizada nesta quarta-feira, Pinto Luz deixou a nota da pretensão de se redefinir “rapidamente” os termos da concessão. “O nosso maior interlocutor é a Brisa, temos outros, mas a Brisa sabe que nós queremos negociar e queremos rapidamente pôr no terreno não só os investimentos que temos na A5, mas que temos nas outras [concessões de autoestradas] todas”.

Entre as novidades desta renegociação espera-se a introdução do BRT, cuja negociação está presa pelo entendimento entre o Estado e a concessionária. “Trata-se de uma questão de lei. Ou seja, há um contrato de concessão. Alterações a esse contrato de concessão, seja a introdução de novos nós com portagem, seja alterações substanciais àquilo que é o objeto do contrato de concessão, obrigam a uma comissão de negociação, é o que está estabelecido na lei”, afirmou Manuel Melo Ramos. Acresce, segundo o responsável da Brisa, que a via dedicada ao BRT não deverá ser retirada às atualmente existentes, mas sim adicionada, o que só pode ser desenvolvido no âmbito do novo contrato. O sistema BRT é a dedicação exclusiva de uma faixa para transporte através de autocarro, podendo ou não admitir também a circulação de veículos que seja ocupados por mais de uma pessoa, para incentivar a redução do número de automóveis na estrada.

A este propósito, Carlos Carreiras não dispensa a construção de uma via em cada sentido, ao invés de uma eventual solução de via única bidirecional que, como, diz, já foi equacionada para o separador central da A5.

Numa conferência dedicada à mobilidade, falou-se também, do lado de Oeiras, do LIOS, via dedicada a transportes que ligará Algés à Amadora, com conclusão prevista para 2030, e da conclusão do projeto SATU . Este veículo monocarril não tripulado, idealizado pelo autarca de Oeiras para ligar as linhas ferroviárias do Estoril e de Sintra, nunca passou de 1200 metros entre a estação de Paço de Arcos e o centro comercial Oeiras Parque. Com a regra da “troika” de encerramento das empresas públicas que dessem prejuízo durante três anos, o SATU foi encerrado por decisão do Governo de Pedro Passos Coelho em maio de 2015, há uma década, apesar de, destaca Isaltino Morais, todo o prejuízo (e eventuais lucros) ser assumido pela empresa concessionária, a construtora Teixeira Duarte, no âmbito do contrato de concessão então em vigor.

Agora, o monocarril será substituído por um veículo articulado elétrico que ligará Paços de Arcos à estação de Barcarena, na raia do concelho de Oeiras, tendo sido descartada a ligação inicialmente prevista, à estação do Cacém, por indisponibilidade da câmara de Sintra em se juntar a este projeto, apontou por seu lado o presidente da Parques Tejo, Rui Rei. Esta nova ligação sobre boa parte do traçado inicial do SATU estará concluída em 2028 ou 2029, prometem os responsáveis de Oeiras, fechando, finalmente, a ligação entre as duas linhas ferroviárias de ligação de Lisboa a Sintra e Cascais, e também à Linha do Oeste, que serve o país junto ao mar, para norte.

Isaltino quer gerir a Marginal

Isaltino Morais defendeu ainda que a gestão da Avenida Marginal, que liga Lisboa a Cascais, deveria ficar a cargo da de Oeiras, em vez de ser a Infraestruturas de Portugal (IP) a responsável. O responsável disse que em termos institucionais as relações entre a autarquia e a IP “são ótimas”, reconhecendo, no entanto, problemas a nível de gestão daquela via.

“A Câmara de Oeiras quer a [gestão da Avenida] Marginal, porque é a câmara que cuida da Marginal. Quando há chuvas fortes, marés vivas, remoção de areias, quando é preciso fechar estradas, somos nós, a IP não faz nada”, salientou. Segundo Isaltino Morais, a Infraestruturas de Portugal “está de acordo em passar a Marginal para a câmara”, bem como o ministro das Infraestruturas e da Habitação, lembrando que “agora começa o planeamento” e que a “vontade política é determinante”.

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CP alerta para fortes perturbações na segunda-feira devido a greve dos revisores

  • Lusa
  • 24 Abril 2025

A greve dos revisores da CP pode causar "fortes perturbações na circulação no dia 28 de abril de 2025, com impacto nos dias anterior e seguinte", prevê a empresa.

A CP – Comboios de Portugal alertou para a possibilidade de “fortes perturbações na circulação” devido a uma greve do SFRCI – Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante, de acordo com um aviso publicado pela operadora.

“Por motivo de greve convocada pelo sindicato SFRCI, preveem-se fortes perturbações na circulação no dia 28 de abril de 2025, com impacto nos dias anterior e seguinte”, indicou a CP. A operadora disse que poderá atualizar a informação “caso venham a ser definidos serviços mínimos”.

A CP lembra, “aos clientes que já tenham bilhetes adquiridos para viajar em comboios dos serviços Alfa Pendular, Intercidades, Internacional, InterRegional e Regional” que permitirá “o reembolso, no valor total do bilhete adquirido, ou a sua troca gratuita para outro comboio da mesma categoria e na mesma classe”.

Este reembolso ou troca podem ser efetuados online “até aos 15 minutos que antecedem a partida do comboio da estação de origem do cliente, ou nas bilheteiras”.

Passado este prazo, e até 10 dias após terminada a greve, indicou, “pode ser pedido o reembolso através do preenchimento do formulário de contacto online ‘reembolso por atraso ou supressão’, com o envio da digitalização do original do bilhete”.

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Sindicato dos pilotos diz existirem “falhas graves” na operação da Azores Airlines

O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil aponta falhas com "impacto direto na segurança operacional" e que representam um desperdício de recursos públicos.

O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) divulgou esta quinta-feira um comunicado onde afirma existirem “falhas graves e recorrentes na operação da SATA Azores Airlines”, considerando que têm “impacto direto na segurança operacional, no desperdício de recursos públicos e na confiança dos trabalhadores e passageiros”.

A estrutura sindical aponta como exemplos dessas falhas a “desorganização no planeamento de tripulações, a gestão deficiente de slots e a crescente dependência de aeronaves e tripulações ACMI [em regime de aluguer externo à companhia]”.

Refere também a “ausência de capacidade técnica e logística adequada para a realização de ações de manutenção, em tempo útil, às aeronaves”, no aeroporto de Ponta Delgada, a principal infraestrutura das ilhas.

O SPAC critica ainda “a nomeação para cargos de chefia e outras funções técnicas, nas Operações de Voo e Direção de Treino e Formação, sem critérios objetivos e transparentes”, que dão lugar “a perceções de favorecimento e nepotismo que minam a confiança na liderança interna”.

O sindicato dos pilotos afirma que estes alertas têm sido “exaustivamente repetidos ao longo dos últimos 9 meses” junto da administração da Azores Airlines, que faz os voos internacionais e entre o continente e as ilhas. O ECO questionou a SATA sobre as acusações do SPAC e aguarda uma resposta.

O processo de privatização da Azores Airlines continua a decorrer, tendo sido ‘ressuscitado’ em março com a entrada de Carlos Tavares, antigo CEO do grupo Stellantis, e do empresário Paulo Pereira da Silva no único agrupamento selecionado pelo júri, o Newtour/MS Aviation, embora com reservas. O preço oferecido foi também revisto em alta para 15,2 milhões.

“Num momento em que decorre o processo de privatização da Azores Airlines, o Sindicato espera, também, que o Governo Regional dos Açores, verifique e valide, como anunciou, as idoneidades técnica, financeira e laboral do consórcio Newtour/MS Aviation”, afirma o SPAC no comunicado.

A ausência, até ao momento, da publicação das contas consolidadas de 2024 apenas adensa as dúvidas sobre a real situação financeira da empresa e fragiliza a transparência do processo, com consequências imprevisíveis e indesejáveis”, acrescenta.

(Notícia atualizada pela última vez às 16h12)

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