Pagamentos a agendas mobilizadoras do PRR começam esta semana

Empresas têm até 14 de fevereiro para entregar uma declaração de um ROC a atestar o seu estatuto de PME para não terem de devolver incentivos comunitários.

O ministro da Coesão garantiu que as primeiras 22 agendas mobilizadoras, que solicitaram o sexto pedido de pagamento, vão receber já esta semana. As restantes 26 serão pagas até 14 de fevereiro, acrescentou Manuel Castro Almeida, esta quarta-feira. O responsável reconheceu que os pagamentos ainda estão a ser feitos com duas a três semanas de atraso, mas disse esperar que os pagamentos referentes ao sétimo pedido já sejam feitos dentro dos prazos legais.

Durante a audição na comissão eventual de acompanhamento da execução do Plano de Recuperação e Resiliência, Castro Almeida disse aos deputados que houve 48 consórcios a solicitar o sexto pedido de pagamento – que nada tem a ver com o sexto pedido de pagamento que Portugal submeteu à Comissão Europeia, apenas uma “coincidência” – e que em causa estão 1.018 empresas.

Os pedidos de pagamento apresentados são “no valor de 206 milhões de euros, o equivalente a um valor de incentivo 108 milhões”, precisou.

Castro Almeida reconheceu que houve “um problema pontual de quebra de liquidez, que não é habitual e foi ultrapassado”, que esteve na origem dos atrasos nos pagamentos anteriores às agendas mobilizadoras, para além dos “atrasos na análise dos pedidos de pagamento” por parte do IAPMEI.

“Em dezembro estávamos a pagar pedidos de abril, ou seja, com um atraso de oito meses. Neste momento, o penúltimo pedido de pagamento está totalmente liquidado”. No entanto, o responsável reconheceu que há “2,6 milhões de euros por liquidar, porque não estão em condições de ser pagos”.

No dia 14 de fevereiro abre-se o período para o pedido de pagamento do sétimo pedido de pagamento, com o sexto todo liquidado”. “A perspetiva é que o sétimo pedido seja pago dentro do prazo legal”, acrescentou.

O ministro da Coesão reiterou que quer acabar com os atrasos nos pagamentos do PRR. “Existe uma prática reiterada de não cumprir os prazos. O Estado é capaz de se atrasar muitos meses a cumprir as suas obrigações. Queremos acabar com esta situação”.

Castro Almeida lamentou ainda o facto de a Administração Pública ter “muitas dificuldades em lidar com os sistemas informáticos”, com exceção da Autoridade Tributária.

Um dos objetivos do pedido de audição do ministro foi também o facto de várias PME terem sido notificadas para devolver os apoios que receberam, por não terem entregado a certificação que comprova serem PME, um requisito necessário para serem elegíveis para os apoios do Portugal 2020. E não o fizeram porque as plataformas não emitiram os certificados atempadamente, sendo que esta é uma informação que o Estado já tem do seu lado, através da Informação Empresarial Simplificada.

Para que as PME não tenham de proceder à devolução das verbas comunicadas, resolvendo o problema suscitado em sede de encerramento, o Compete 2030 criou uma solução: a certificação de PME poderá ser obtida através da verificação e parecer por parte de um revisor oficial de contas desse estatuto aquando da submissão da candidatura.

As empresas têm até dia 14 de fevereiro para submeter este atestado de estatuto de PME.

(Notícia atualizada com mais informação)

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Diretor clínico da ULS Viseu Dão-Lafões apresenta demissão

  • Lusa
  • 5 Fevereiro 2025

A administração da ULS refere que "irá agora iniciar as devidas diligências para a nomeação do novo diretor clínico para a área hospitalar".

O diretor clínico para a área dos Cuidados de Saúde da Unidade Local de Saúde Viseu Dão-Lafões (ULSVDL) apresentou a demissão do cargo, informou esta quarta-feira o conselho de administração daquela entidade.

“O Dr. Luís Nunes, em funções como Diretor Clínico para a área dos Cuidados de Saúde Hospitalares da ULSVDL desde agosto de 2024, apresentou um pedido de demissão para cessar a sua atividade enquanto Diretor Clínico”, afirma a administração hospitalar.

Em nota de imprensa, a administração da Unidade Local de Saúde (ULS), presidida por António Sequeira, sem esclarecer a razão do pedido de demissão, adianta que Luís Nunes regressa à coordenação em pleno do Laboratório de Hemodinâmica da ULS Viseu Dão Lafões.

“Função que acumulou durante os seis meses em que exerceu o cargo no conselho de administração e em que contribuiu para a realização de técnicas inovadoras na área cardíaca, num serviço que tem primado pela prestação de cuidados diferenciados à população”, sublinha o documento.

A administração da ULS refere que “irá agora iniciar as devidas diligências para a nomeação do novo diretor clínico para a área hospitalar”, uma vez que se mantém em funções a diretora clínica da área dos Cuidados de Saúde Primários, Rita Figueiredo.

“O conselho de administração manifesta publicamente o seu sentido agradecimento pela forma honesta, empenhada e transparente com que [Luís Nunes] desempenhou as suas funções públicas, convictos de que a ULS Viseu Dão-Lafões continuará a contar com a mesma dedicação, pessoal e profissional, que sempre lhe foi reconhecida”, destaca.

Um despacho da direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS), assinado em 1 de agosto de 2024, pelo então presidente, António Gandra D’Almeida, nomeou o atual conselho de administração da ULS Viseu Dão-Lafões, após o pedido de demissão em bloco da anterior administração, presidida por Nuno Duarte, em 13 de junho desse ano.

Do conselho de administração fazem ainda parte, como vogal executivo, Luís Manuel Chaves Soveral Botelho e, enquanto enfermeiro diretor, João António Dias Gabriel. O mesmo despacho autorizava Luís Nunes e Luís Soveral Botelho a exercer a atividade de docência em estabelecimentos de ensino superior público ou de interesse público, caso não colida com o exercício das funções para as quais estão a ser designados.

Assinado pelo então presidente do SNS, o despacho indicava a autorização de “os designados Luís Miguel Veiga Pais Nunes e Rita Maria Ferreira Figueiredo a optar pelo vencimento do lugar de origem”.

Luís Nunes formou-se na Faculdade de Medicina de Lisboa, com internato geral no Hospital de Santa Maria e internato complementar de cardiologia no Hospital de São Teotónio, em Viseu, local em que trabalha “em dedicação exclusiva de 42 horas, no Hospital de São Teotónio com períodos de consulta externa, enfermaria, Cuidados intensivos Cardíacos e Hemodinâmica”.

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Aon, Swiss Re e Floodbase lançam seguro que indemniza consoante nível da água

  • ECO Seguros
  • 5 Fevereiro 2025

Para calcular o montante a atribuir, a Floodbase recorre a bases de dados meteorológicos para avaliar a inundação provocada por tempestades relacionadas com furacões. 

A corretora Aon, a resseguradora Swiss Re e a empresa especialista em seguros paramétricos em inundações Floodbase unem forças e lançam um novo seguro paramétrico para cobrir os riscos de perdas financeiras causadas por inundações relacionadas com furacões ao longo da costa dos Estados Unidos da América (EUA).

Segundo um comunicado avançado pela corretora, o montante a ser indemnizado em caso de sinistros é acordado previamente. O cliente escolhe o pagamento que necessita para um determinado nível de inundação e o prémio será calculado em conformidade.

Deste modo, ao contrário de seguros tradicionais que atribuem indemnizações a partir da avaliação dos danos físicos, esta solução baseia a atribuição da indemnização no nível da água. Para calcular o montante, recorre a bases de dados meteorológicos para avaliar a inundação provocada por tempestades relacionadas com furacões.

De acordo com a corretora, as receitas provenientes deste produto podem ser utilizados para qualquer perda relacionado com o evento, “abrangendo um conjunto substancialmente mais alargado de exposições do que as coberturas de seguros tradicionais.”.

O seguro poderá ser comercializado autonomamente ou em conjugação com apólices de seguro tradicionais e não tradicionais, indica o diretor de soluções paramétricas da Aon. “Desenvolvemos esta solução paramétrica em colaboração para ajudar a reforçar os níveis de cobertura existentes”, afirmou Cole Mayer.

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Uría e PLMJ na assessoria para central fotovoltaica em Estremoz

A Hyperion Renewables é um grupo especializado em energias renováveis, focado na transição energética.

A Uría Menéndez assessorou a Hyperion Renewables no financiamento para a construção e desenvolvimento de uma central fotovoltaica com uma capacidade instalada prevista de 51,8 MW, localizada em Estremoz, concedido pelo Banco Santander Totta, S.A..

A Hyperion Renewables é um grupo especializado em energias renováveis, focado na transição energética através do desenvolvimento, operação e gestão de projetos sustentáveis de energia solar, eólica e outras fontes limpas. O fecho desta operação de financiamento ocorreu no passado dia 9 de janeiro de 2025.

A equipa da Uría Menéndez que assessorou a Hyperion Renewables nesta operação de financiamento foi liderada por José António Reymão Nogueira (associado principal, Bancário e Financeiro) e contou com o apoio dos advogados Diogo Zambujo (associado sénior, Bancário e Financeiro) e Francisca Costa (associada júnior, Bancário e Financeiro). Os aspetos regulatórios do projeto foram assumidos por Gonçalo Andrade e Sousa (associado principal, Energia e Infraestruturas).

A PLMJ esteve com o banco financiador da operação, o Santander Totta. A equipa foi liderada por Pedro Siza Vieira, sócio da área de Bancário e Financeiro e Mercado de Capitais e contou com os advogados João Terrinha e Marta Spínola, da mesma equipa. A operação contou ainda com o contributo do sócio responsável pela área de Energia da PLMJ, João Marques Mendes e da advogada Joana Campelo, que apoiaram na componente da due diligence do investimento.

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Centeno alerta para riscos sistémicos de fusão da CGD com o Novobanco

O governador do Banco de Portugal considera o IPO do Novobanco benéfico para o setor, embora defenda prudência em processos de fusão e se mostre reticente face a uma eventual compra pela Caixa.

O governador do Banco de Portugal considera que a potencial abertura do capital do Novobanco, através de uma oferta pública inicial (IPO) em bolsa, seria “um bom resultado para o funcionamento e a competitividade do setor bancário”.

Em entrevista à Reuters, Mário Centeno sublinhou que a operação, além de reforçar a solidez da instituição, poderá atrair novos investidores estratégicos, contribuindo para um ecossistema financeiro mais dinâmico. No entanto, Centeno mostrou-se pragmático numa eventual consolidação do setor. “A consolidação é um tema que o mercado, mais uma vez, tem de ditar”.

Apesar de reconhecer a tendência global de fusões e aquisições (M&A) na banca, alertou os bancos portugueses para a necessidade de “cautela e cuidado” em processos de M&A, evitando comprometer os “bons resultados” dos últimos anos em indicadores-chave como capitalização, liquidez e custo-eficácia.

“Temos de perceber o que cada parte pode alcançar e qual é o objetivo, porque a estabilidade do setor exige que as unidades que nele operam também sejam estáveis”, afirmou.

Em junho, Paulo Macedo, presidente da Caixa, afirmou que estava a considerar “todas as hipóteses” de compra de outro banco para preservar a sua liderança no mercado face à expansão de bancos estrangeiros.

A cautela de Centeno sobre uma eventual consolidação do setor esbate na visão do Governo, que há dias, pela voz do ministro das Finanças, admitiu que a Caixa Geral de Depósitos pode estudar e avançar para a aquisição do Novobanco. “Se a Caixa entender fazer essa avaliação face a situações que possam vir a ocorrer no futuro, o Governo depois tomará decisões com base nessa avaliação”, afirmou Joaquim Miranda Sarmento, notando, contudo, que o Governo não se envolve na gestão do banco público.

Sobre a possibilidade de o banco público adquirir o Novobanco, Centeno referiu que “a Caixa é um banco muito importante, mas isso traz também responsabilidade. É uma decisão de negócio com consequências sistémicas que têm de ser analisadas”.

Centeno defende cortes graduais nas taxas de juro do BCE

O governador do Banco de Portugal também alertou para a necessidade de uma resposta unificada da União Europeia perante a possibilidade de imposição de tarifas pelos EUA. “A Europa tem de estar unida face a potenciais tarifas”, referiu Mário Centeno em entrevista à Reuters, sublinhando ainda que antecipa “negociações pela frente”, mostrando com isso a importância de uma posição coordenada entre os Estados-membros para enfrentar medidas protecionistas por parte da administração de Donald Trump.

Centeno também abordou a trajetória da política monetária por parte do Banco Central Europeu (BCE), defendendo cortes graduais nas taxas de juro e admitindo a possibilidade de descer abaixo da taxa neutra para consolidar a inflação nos 2%, deixando claro que o ciclo de descida dos juros deverá manter-se.

“É bastante claro que precisamos de manter a trajetória descendente das taxas de juro”, referiu Centeno, mostrando-se confortável com a continuidade de futuras reduções graduais de 25 pontos base das taxas de juro, antecipando inclusive que a taxa de juro da facilidade permanente de depósito do BCE, atualmente em 2,75%, deve atingir 2% “o mais cedo possível” este ano.

Contudo, o governador do Banco de Portugal alertou para riscos de undershooting da meta inflacionária caso o investimento não recupere. “Se o investimento não aumentar, corre-se o risco de não se atingir uma inflação de 2%”, advoga, salientando ainda que para sustentar o objetivo seja necessário tomar medidas extraordinárias.

“Podemos precisar de ir abaixo da taxa neutra para sustentar a inflação em 2%”, numa referência a taxas diretoras inferiores ao nível estimado de equilíbrio (entre 1,5% e 2%). As declarações de Centeno reforçam o consenso nos mercados sobre o início do alívio monetário em junho, com o governador do Banco de Portugal a destacar a importância de uma transição suave que evite choques nos mercados financeiros.

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Europa “não consegue lidar” com os custos crescentes das catástrofes naturais, diz presidente da EIOPA

  • ECO Seguros
  • 5 Fevereiro 2025

Petra Hielkema expôs a sua visão sobre a capacidade das famílias, dos bancos e dos estados em lidar com os prejuízos das catástrofes climáticas e as respetivas respostas do regulador.

A presidente da Autoridade Europeia de Supervisão dos Seguros e Pensões Complementares (EIOPA), Petra Hielkema, garante que as famílias, os governos e os bancos vão ter cada vez mais dificuldade em enfrentar os custos das catástrofes naturais.

Petra Hielkema, presidente da EIOPA: “A velocidade a que os danos estão a ocorrer, a frequência e o impacto estão a aumentar de tal forma que se torna realmente preocupante a forma como podemos cobrir esses danos”.

Numa entrevista dada ao Financial Times (acesso pago), a presidente do órgão regulador europeu afirma que cada vez mais famílias não vão conseguir ter seguros para a sua própria habitação e que as perdas decorrentes de catástrofes climáticas poderão destabilizar o setor bancário. “Acho que é o maior risco que a sociedade enfrenta”, confessou Petra Hielkema.

Os desastres naturais provocaram prejuízos anuais na União Europeia (UE), em média, de 44,5 mil milhões de dólares nos três anos até 2023, valor que não só subiu acima da inflação como duplicou em relação à média anual de 17,8 mil milhões de euros registada na década anterior, explicou a líder da EIOPA. No entanto, apenas um quarto das perdas totais dos últimos 42 anos de 900 mil milhões de euros estavam cobertos por seguro e o nível de cobertura tem vindo a cair.

Em resposta ao aumento do risco de catástrofe natural, a EIOPA aumentou em 10% o montante de capital que as seguradoras da UE têm que ter de reserva para cobrir esses riscos, resultando num aumento de quase 1% nos requisitos globais de capital.

“A velocidade a que os danos estão a ocorrer, a frequência e o impacto estão a aumentar de tal forma que se torna realmente preocupante a forma como podemos cobrir esses danos”, afirmou a presidente, acrescentando: “Os Estados-membros não conseguem lidar com esta situação”.

“Está a começar a tornar-se um ponto de agenda para os banqueiros, uma vez que têm propriedades no balanço e as propriedades podem ser atingidas”, acrescentou.

Na mesma entrevista, a presidente do órgão regulador disse que está a pressionar a UE para que financie uma parceria público-privada de modo a fornecer resseguro para os riscos de catástrofes naturais e, deste modo, reduzir os custos e aumentar a disponibilidade da cobertura de sinistros na região.

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Primeiro-ministro francês sobrevive a moção de censura

  • ECO
  • 5 Fevereiro 2025

O primeiro-ministro francês, François Bayrou, conseguiu sobreviver a uma moção de censura no Parlamento, levantada pela ala mais à esquerda, que podia ditar a queda do Governo.

O primeiro-ministro francês, François Bayrou, conseguiu sobreviver a uma moção de censura no Parlamento, levantada pela ala mais à esquerda, avança a Reuters.

Esta votação surge dias depois de Bayrou ter aprovado, sem votação na assembleia, os orçamentos de Estado e da segurança social para 2025, tendo aberto uma porta a uma nova moção de censura, dois meses após a queda do anterior Governo.

O líder francês utilizou o artigo 49.3 da Constituição para fazer aprovar em bloco o seu projeto de lei das finanças, que só pode ser derrubado pelos deputados com uma moção de censura que, a ser aprovada, faria cair o Governo novamente, como aconteceu com o antecessor, Michel Barnier, no início de dezembro, derrubado pela esquerda e extrema-direita.

Confrontada com uma dívida pública recorde, a França navega em águas turbulentas desde a dissolução da Assembleia Nacional, no início de junho, decidida pelo Presidente Emmanuel Macron, na sequência da derrota do seu partido nas eleições europeias. Desde as eleições legislativas, não houve maioria no Parlamento, que está dividido em três blocos (esquerda, centro-direita e extrema-direita) e já existiram três primeiros-ministros.

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Rahim, o filho mais velho do Aga Khan IV, nomeado sucessor

Escolha consta do testamento de Aga Khan IV, que morreu terça-feira, em Lisboa. Documento foi aberto e o anúncio da sucessão é oficial.

Rahim Aga Khan foi o escolhido pelo príncipe Aga Khan IV, que morreu esta terça-feira, para lhe suceder à frente da comunidade ismaelita mundial, de acordo com comunicado oficial divulgado esta tarde.

Rahim é o filho mais velho de Shah Karim al Hussaini, príncipe Aga Khan, 49.º Imam hereditário dos muçulmanos ismaelitas, e da sua primeira mulher, a princesa Salimah. A partir de agora, passa a ser referido como príncipe Rahim Aga Khan V.

Nasceu a 12 de outubro de 1971, estudou na Philips Academy Andover, nos Estados Unidos, e formou-se em 1995 na Universidade Brown, do mesmo país, com um bacharelato em Literatura Comparada, antes de concluir um programa de desenvolvimento executivo em gestão e administração na IESE Business School da Universidade de Navarra, em Barcelona, Espanha.

Tem dois filhos da sua ex-mulher, a princesa Salwa: os príncipes Irfan e Sinan, nascidos em 2015 e 2017, respetivamente.

Está ativamente envolvido na gestão da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento há mais de 20 anos, na qual integra vários órgãos. É presidente do comité executivo do Fundo para o Desenvolvimento Económico (AKFED) e supervisiona o ciclo anual de planeamento orçamental da instituição.

Rahim Aga Khan preside também ao Comité para o Ambiente e o Clima, que lidera o trabalho da rede na proteção ambiental e mitigação dos efeitos das alterações climáticas, o que inclui um compromisso em garantir que as operações globais da rede atingem zero emissões líquidas de carbono até 2030.

Segundo um comunicado, tem dado também muita atenção ao trabalho das instituições da comunidade ismaelita dedicadas ao serviço social, nomeadamente no que respeita à melhoria de condições de vida dos mais pobres, através de educação e do empreendedorismo.

O Príncipe Rahim encontra-se regularmente com líderes de governos, organizações internacionais e com a sociedade civil para fortalecer as suas relações com o Imamat Ismaili e para fazer avançar os esforços da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento para melhorar a vida de comunidades vulneráveis e marginalizadas”, acrescenta o documento.

Rahim tem dois irmãos: Hussain e Aly Muhammad. Há ainda uma filha, Zahra Aga Khan, que é aliás a mais velha dos quatro filhos.

No entanto, de acordo com a tradição, a sucessão nunca passaria por Zahra. Normalmente, a liderança do Imamat Ismaili passa de pai para filho. A única exceção foi mesmo o Aga Khan IV, falecido esta semana, que em 1957 sucedeu ao seu avô, por decisão testamentária deste.

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Depois dos EUA, também a Argentina anuncia saída da OMS

  • Lusa
  • 5 Fevereiro 2025

"Os argentinos não vão permitir que uma organização internacional intervenha na nossa soberania e muito menos na nossa saúde", disse o porta-voz da presidência argentina.

O Governo argentino do Presidente ultraliberal, Javier Milei, anunciou esta quarta-feira que se vai retirar da Organização Mundial da Saúde (OMS) devido às “divergências profundas” relativamente à gestão da pandemia de covid-19 e em nome da soberania nacional.

“O Presidente deu instruções ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Gerardo Werthein, para que retirasse a Argentina da OMS. Esta decisão baseia-se nas divergências profundas no que diz respeito à gestão da saúde, especialmente durante a pandemia”, anunciou o porta-voz da presidência argentina, Manuel Adorni.

Segundo o porta-voz, a Argentina responsabiliza a agência da ONU e o anterior Governo, liderado por Alberto Fernández (2019-2023), pelo “confinamento mais longo da história da humanidade”, e acusou a OMS de se deixar contagiar pela “influência política de alguns Estados”.

Os argentinos não vão permitir que uma organização internacional intervenha na nossa soberania e muito menos na nossa saúde”, disse Adorni. O porta-voz argentino esclareceu que o país sul-americano não beneficia de financiamento da OMS para a gestão da saúde, “pelo que esta medida não representa uma perda de fundos para o país e não afetará a qualidade dos serviços”, acrescentou.

“Pelo contrário, dá ao país mais flexibilidade para implementar políticas adaptadas ao contexto e aos interesses que a Argentina exige, bem como maior disponibilidade de recursos e reafirma o nosso caminho para um país com soberania em matéria de saúde”, frisou Adorni.

A decisão da Argentina surge após o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter retomado o processo de retirada dos Estados Unidos da América (EUA) da OMS.

Durante o seu primeiro mandato presidencial, em 2020, Donald Trump já tinha tentado retirar o país da organização, que acusou de “má gestão” e de ser “controlada pela China”. No entanto, o sucessor, o democrata Joe Biden, cancelou a retirada antes de esta entrar em vigor, uma vez que era obrigatório um período de um ano entre o anúncio e a retirada efetiva.

Dois dias depois de ter tomado posse para um segundo mandato, no passado dia 20 de janeiro, Trump retomou o processo de retirar os EUA da OMS, justificando-o com a discrepância entre as contribuições financeiras norte-americanas e chinesas e acusou a OMS de “roubar” os EUA, o principal doador desta agência da ONU, que representa mais de 16% do orçamento da organização.

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Governo só baixa ISP se combustíveis subirem para níveis “insuportáveis”

Primeiro-ministro recusa tomar medidas "a correr" contra oscilações de preços a curto prazo. Mexidas fiscais só com aumentos permanentes e para níveis "insuportáveis".

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou esta quarta-feira que o Governo só irá baixar o ISP se os combustíveis subirem permanentemente para níveis “insuportáveis”, mas recusou fazê-lo como resposta a oscilações de preços de curto prazo.

“Se houver uma escalada do preço que antecipe uma subida permanente a níveis que sejam insuportáveis tomaremos as medidas, nomeadamente na área fiscal, para desagravar a situação e repor o equilíbrio no acesso aos combustíveis”, disse durante o debate quinzenal. Mas ressalvou: “Se o Governo tem já a possibilidade de intervir, tem. Mas não é adequada”.

No entanto, considerou “precipitado ir ao correr do vento” das subidas dos preços numa semana, argumentando “que muitas vezes como não tem consistência faz ricochete”.

O primeiro-ministro salientou ainda que o Executivo não aumentou nenhum imposto, em alusão ao ISP, cujo desconto foi reduzido.

O ministro das Finanças já tinha rejeitado na sexta-feira passada avançar com medidas fiscais sobre os combustíveis, apesar do aumento registado na semana de 20 de janeiro. Joaquim Miranda Sarmento garantiu que só avançará com mexidas na fiscalidade se o preço subir “muito significativamente”.

“Não podemos precipitar-nos só porque o preço sobe e ir a correr tomar medidas fiscais”, afirmou Miranda Sarmento em declarações aos jornalistas à margem do “Leader’s Agenda 2025”, encontro organizado pelo ISEG, em Lisboa.

Executivo anulou descida da taxa de carbono

O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, insiste que o Governo aumentou o ISP, anulando assim a descida da taxa de carbono que não depende de uma decisão do Executivo.

“O senhor primeiro-ministro está a confundir a taxa de carbono com a taxa de ISP. A taxa de carbono foi descongelada, o que acontece é que há um leilão das emissões e a taxa de carbono baixou para toda a Europa. Então, o Governo decidiu aumentar a taxa do ISP para compensar. E não voltou a reduzir”, salientou o líder socialista.

Montenegro acabou por “concordar com a exposição” de Pedro Nuno Santos “com exceção da sua conclusão”. O primeiro-ministro reconheceu que “houve uma diminuição da incidência da taxa de carbono no valor de três cêntimos”.

“E o que fizemos foi diminuir o desconto em vigor, que era transitório em cerca de três cêntimos. Parece-me um caminho equilibrado, que não tem intervenção nenhuma na formação de preços”, afirmou.

Então, “o que o Governo fez foi anular a descida da taxa de carbono”, conclui o secretário-geral do PS.

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IRS teve a maior queda de receita desde a troika

  • Lusa
  • 5 Fevereiro 2025

A receita do IRS chegou a dezembro de 2024 a totalizar 17.018,5 milhões de euros, recuando em cerca de 900 milhões de euros face ao valor registado um ano antes.

A receita do IRS registou uma quebra homóloga de 5,1% em 2024, a primeira desde 2016 e a maior desde a troika, com a queda a ser explicada pelas mudanças na retenção na fonte nos últimos meses do ano.

De acordo com os dados da execução orçamental, a receita do IRS chegou a dezembro de 2024 a totalizar 17.018,5 milhões de euros, recuando em cerca de 900 milhões de euros face ao valor registado um ano antes – em que os 17.932 milhões de euros então contabilizados correspondem a um máximo histórico da receita deste imposto.

A explicar esta quebra homóloga está a mudança nas tabelas de retenção na fonte que vigoraram nos últimos quatro meses de 2024 e que foram desenhadas de forma a acomodar o conjunto de alterações ao IRS aprovadas no início de verão pelo parlamento, nomeadamente a redução de taxas que incidem sobre os primeiros seis escalões de rendimento (entre 0,25 e 1,5 pontos percentuais), a subida da dedução específica sobre os rendimentos de trabalho e de pensões em linha com a atualização do Indexante de Apoios Sociais e a atualização do mínimo de existência (que corresponde à parcela de rendimento mínima líquida de imposto).

O modelo de retenção na fonte incorporou ainda um mecanismo, que vigorou nos meses de setembro e outubro, de compensação aos trabalhadores e pensionistas sobre o imposto retido a mais nos meses já decorridos, o que fez com que, por exemplo, salários e pensões até cerca de 1.175 euros brutos tenham retido 0% nestes dois meses.

O histórico do desempenho da receita do IRS ao longo da última década e meia mostra que apenas em 2012 o imposto que incide sobre os rendimentos dos particulares registou uma quebra homóloga superior à observada no final do ano passado, tendo sido, então, de 7,6%.

Nessa altura, porém, os motivos da quebra foram diferentes dos agora registados, com o país a cumprir um programa de ajustamento financeiro imposto pela troika, na sequência do pedido de ajuda à Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE)e Fundo Monetário Internacional (FMI).

Entre o final de 2011 e o final de 2012, a receita do IRS caiu cerca de 800 milhões de euros, para 9.084,3 de euros, sendo a queda explicada, segundo a síntese da execução orçamental, pela não cobrança da sobretaxa extraordinária – que, em 2011, ascendeu a 790 milhões de euros – e pela não cobrança de retenções na fonte sobre os subsídios de Natal dos funcionários públicos e dos pensionistas e reformados, porque os mesmos foram suspensos.

Desde 2012 e até 2024, a receita do IRS registou quebras homólogas em dois momentos: em 2015, quando diminuiu 1,3% devido, sobretudo, à “redução da receita proveniente de rendimentos de capitais”, e no ano seguinte, sendo que em 2016 o recuo se deveu essencialmente à diminuição da sobretaxa (que acabaria mais tarde por ser totalmente eliminada) e à subida dos reembolsos.

O IRS é o segundo imposto mais relevante em termos do conjunto das receitas fiscais do subsetor Estado, logo após o IVA. Em 2024, o IRC ultrapassou pela primeira vez a barreira dos 10 mil milhões de euros de receita.

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Medidas contra tecnológicas e frente anti-China. Como a UE planeia responder às tarifas de Trump

  • Joana Abrantes Gomes
  • 5 Fevereiro 2025

Instrumento anti-coerção pode ser usado contra gigantes de Silicon Valley, atualmente já “em guerra” com Bruxelas pela Lei dos Serviços Digitais. China pode ser o fator-chave para negociar com EUA.

Depois do Canadá, do México e da China, a União Europeia (UE) pode ser a próxima vítima da “guerra comercial” da nova Administração dos EUA. Apesar de não se conhecerem detalhes dos planos de Donald Trump, que no início desta semana garantiu que também irá impor tarifas aduaneiras aos produtos europeus, Bruxelas já está a pensar em como pode retaliar, estando em cima da mesa medidas que visem as gigantes tecnológicas de Silicon Valley. Mas o Executivo comunitário quer negociar com o Presidente norte-americano, o que pode passar por endurecer a postura em relação a Pequim.

De acordo com o Financial Times, a Comissão Europeia pretende recorrer ao “instrumento anti-coerção” (ACI, na sigla em inglês) na eventualidade de uma disputa comercial com Washington, visto como a resposta mais dura possível sem violar o direito internacional.

A ferramenta, que foi proposta em 2021 e entrou em vigor no final de 2023, permite ao braço executivo da UE adotar restrições ao comércio, investimento e financiamento de serviços, caso entenda que um país terceiro está a pressionar os Estados-membros a fazer uma determinada escolha, aplicando, ou ameaçando aplicar, medidas que afetam o comércio ou o investimento.

Entre as medidas que podem ser adotadas no âmbito deste instrumento constam a revogação da proteção dos direitos de propriedade intelectual ou a sua exploração comercial – como downloads de software e plataformas de streaming –, o bloqueio do investimento direto estrangeiro (IDE) e a restrição do acesso ao mercado por bancos, companhias de seguros e outros grupos de serviços financeiros do país em causa.

Ora, segundo dois funcionários citados pelo jornal britânico, a ameaça de Donald Trump de impor taxas aduaneiras aos produtos europeus para coagir a Dinamarca a entregar a Gronelândia aos EUA, e a pressão sobre a União Europeia para abandonar os processos que visam a aplicação da Lei dos Serviços Digitais pelas empresas tecnológicas norte-americanas, configura uma ação em que o Executivo comunitário pode recorrer ao instrumento anti-coerção.

A questão foi tema de debate na reunião de terça-feira dos ministros do Comércio dos 27 Estados-membros da UE, em Varsóvia, sendo que a maioria expressou apoio a uma ação punitiva contra os EUA, se necessário.

No entanto, qualquer medida de retaliação terá de ser proporcional e a Comissão tem de apresentar provas dos prejuízos causados às indústrias europeias. Além disso, os planos têm de obter a aprovação de, pelo menos, 15 dos 27 países do bloco — o que pode demorar várias semanas, tendo em conta que as últimas tarifas retaliatórias impostas pela UE aos EUA, em 2018, levaram três meses a ser aplicadas no terreno.

Prolongamento da trégua aduaneira de 2021 ou uma frente transatlântica contra a China

Ainda que em Bruxelas estejam a avançar os preparativos de uma resposta a uma possível guerra comercial transatlântica, a decisão do Presidente dos EUA de adiar em cerca de um mês a aplicação de taxas aduaneiras ao México e ao Canadá reforçou as esperanças dos 27 de que conseguirão negociar com Donald Trump de modo a evitar uma luta tarifária.

O facto de não ter bons contactos com a nova Administração norte-americana é um grande obstáculo para a Comissão Europeia. Mas, segundo a Bloomberg, é provável que a UE opte por prolongar a suspensão das tarifas aduaneiras sobre cerca de 3.000 milhões de dólares de produtos norte-americanos, que incluíam os motociclos da Harley-Davidson e as jeans da Levis.

As taxas em causa tinham sido aplicadas após os EUA, durante a primeira Presidência de Donald Trump, em 2018, terem imposto direitos aduaneiros a quase 7.000 milhões de dólares de importações europeias de aço e alumínio. Ambas as partes concordaram com uma trégua temporária em 2021, quando Washington retirou parcialmente as suas medidas e a UE congelou todas as restrições. Porém, o hiato está previsto terminar no final de março.

Outra hipótese em cima da mesa, avançada pelo Politico, é um endurecimento da posição da UE contra a China. Apesar das recentes decisões de Trump, Bruxelas continua a preferir manter a aliança com os Estados Unidos.

Tal ficou evidente nas palavras do comissário europeu com a pasta do Comércio, Maroš Šefčovič, que, na semana passada, lançou a ideia de os 27 se unirem a Washington para “lidar com os desafios conjuntos provenientes das políticas de não mercado da China”.

Já esta segunda-feira, a chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, afirmou: “Se os Estados Unidos iniciarem uma guerra comercial, quem se vai rir ao lado é a China. Estamos muito interligados, precisamos da América e a América também precisa de nós.”

No entanto, Agathe Demarais, do think tank European Council on Foreign Relations (ECFR), alerta que uma frente de ataque contra Pequim pode ser um erro de cálculo perigoso, uma vez que pode minar a credibilidade da Europa em futuras negociações e quebrar a unidade dos 27.

“Dado o elevado nível de divergência entre os Estados-membros da UE sobre a forma de abordar as relações com Pequim, é praticamente nula a possibilidade de o bloco comunitário adotar medidas suficientemente fortes para apaziguar Trump”, disse, acrescentando que as políticas europeias “não deverão impressionar muito” o líder da Casa Branca.

Na mesma linha, François Godement, do think tank Institut Montaigne, com sede em Paris, considera que a UE, em vez de se unir a Donald Trump para atacar a China, deve “manter-se em silêncio, mas criar contramedidas”, lembrando o poder que Elon Musk, próximo do Presidente dos EUA, tem como proprietário da rede social X para influenciar a opinião pública.

A abordagem em relação à China diverge entre os países da União Europeia. Por exemplo, enquanto a Lituânia anunciou, em junho de 2021, uma melhoria das suas relações comerciais com Taiwan, levando Pequim a impor restrições comerciais a Vilnius, a Alemanha partilha fortes laços industriais com o gigante asiático, o que a conduziu a um esforço (falhado) de impedir a Comissão de impor direitos aduaneiros aos veículos elétricos chineses.

Logo a seguir aos Estados Unidos, a China é o segundo maior parceiro comercial do bloco comunitário, com as trocas comerciais a atingirem os 739 mil milhões de euros em 2023 – sendo que só a Alemanha representou cerca de um terço desse valor.

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