Tarifas. Trump chama UE a comprar energia em quantidades que ameaçam soberania energética

Apesar de ser possível que a UE compre mais energia, nomeadamente gás, aos EUA, Trump propõe que o bloco compre quantidades que deixariam a UE dependente, alertam alguns especialistas.

No meio do frenesim que são os avanços e recuos do presidente norte-americano no que toca à política comercial, Donald Trump afirmou que poderia baixar as tarifas impostas à União Europeia caso o bloco comprasse 350 mil milhões de dólares (312 mil milhões de euros) em energia aos Estados Unidos. “Temos um défice com a União Europeia de 350 mil milhões de dólares e vai desaparecer rapidamente”, assegurou o presidente norte-americano no final de segunda-feira, cita o Politico.

A resposta não tardou. Na terça-feira, o comissário europeu da Energia, Dan Jorgensen, afirmou que o aumento das importações norte-americanas de gás é “claramente, uma possibilidade”, declarações feitas no âmbito do evento Energy Summit, que decorreu em Bruxelas.

É juntar a fome à vontade de comer”, resume Nuno Ribeiro da Silva, consultor na área de energia, relembrando que “uma das máximas do presidente norte-americano é estimular a exploração de hidrocarbonetos, o drill baby drill”, e que o consumo de gás na Europa tem tendência a aumentar, sendo que este combustível fóssil fará parte do cabaz energético “durante muito tempo”.

Neste sentido, o consultor considera que “o gás natural pode ser uma excelente ferramenta para equilibrar a balança comercial que é atualmente desfavorável aos Estados Unidos face à Europa”, o que é uma preocupação de Trump.

Gonçalo Aguiar, engenheiro eletrotécnico, aponta ainda que “existe margem para os EUA exportarem mais quantidade para a UE”, pois o volume de gás natural liquefeito (GNL), atualmente entregue, ao Velho Continente representa apenas 42% das suas exportações deste gás.

Contudo, os 350 mil milhões de dólares – cerca de 312 mil milhões de euros – que estão em cima da mesa são exigentes, na medida em que a Europa importou, em 2024, um total de 375,9 mil milhões de euros em produtos energéticos – gás e petróleo – com origem em diferentes partes do mundo. Ribeiro da Silva é perentório: “Trump não sabe fazer contas”.

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“Os Estados Unidos foram os principais substitutos do aprovisionamento de gás à Europa após a diminuição das compras à Rússia”, na sequência da guerra na Ucrânia, relembra o consultor. Os Estados Unidos eram em 2024 a principal origem de gás natural liquefeito, sendo responsáveis por 45,3% do valor destas importações, seguidos da Rússia e Algéria.

No que toca ao petróleo, os Estados Unidos também são o principal país de origem das importações europeias, embora a quota seja de apenas 16,1%.

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Já no que diz respeito ao gás natural em estado gasoso, que chega por gasoduto, o mapa é naturalmente diferente, com a Noruega a encabeçar a lista – 45,6% –, seguida da Argélia e Rússia, e sem lugar para os Estados Unidos, que não têm ligação à Europa por esta via.

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Trump sugere que a Europa se torne praticamente dependente dos EUA em termos energéticos, o que não só é fisicamente impossível, pois não existe capacidade de importação de gás natural via navio a esta escala, como também seria um erro estratégico para o continente europeu”, defende Gonçalo Aguiar.

Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, concorda que “esta dinâmica levanta questões sobre a soberania energética europeia” e entende que “uma expansão ilimitada não é desejável, pois pode criar uma nova dependência estratégica, sobrecarregar infraestruturas e comprometer os objetivos climáticos da UE”.

Dan Jorgensen, comissário europeu com a pasta da EnergiaEPA/RONALD WITTEK

Apesar da anuência face à sugestão de Trump, o próprio comissário europeus ressalvou que a Europa não quer colocar-se numa nova situação de dependência em termos energéticos, como aconteceu no passado em relação à Rússia. “Não queremos estar nas mãos de ninguém que nos possa fechar o acesso à energia”, rematou.

Desde que a guerra na Ucrânia teve início, as importações de gás russo reduziram-se de 45% para 13%, mas o comissário europeu com a pasta da energia defende que “é preciso fazer mais”.

Alguns países europeus, enumera o Politico, contrariam contudo a hipótese de aumentar as importações na medida em que, esta terça-feira, advocaram que se deveriam baixar as metas definidas na UE para o armazenamento de gás. Foi o caso da Alemanha, França, Itália, Áustria, Hungria, Eslováquia e Países Baixos.

Todos querem que a meta desça do preenchimento obrigatório em 90% das reservas para 80%. O argumento? Os 90% estão a “condenar” os Estados-membros a comprar volumes de gás muito elevados, numa altura em que esta compra sai cara.

Para Nuno Ribeiro da Silva, esta posição não colhe: “Ter reservas custa caro. Mas são absolutamente necessárias”, na medida em que dão a segurança à indústria para que esta não pare, ao sistema elétrico quando as renováveis falham, e garantem o aquecimento de muitas casas no inverno. Com a instabilidade internacional, “a Europa tem mesmo de ter reservas“.

Apesar de a Europa precisar de gás nos próximos tempos, o caminho de longo prazo é a aposta nas energias renováveis e na melhoria da eficiência energética das redes, relembrou Jorgensen.

Paulo Rosa acredita que “a proposta mais sensata” seria a UE garantir contratos flexíveis com parceiros relativamente confiáveis no curto prazo, incluindo os Estados Unidos, enquanto acelera o investimento em renováveis, hidrogénio verde e interligações energéticas para reforçar a autonomia a longo prazo, devendo também ponderar novamente o investimento na energia nuclear como fonte estável e de baixo carbono no mix energético futuro.

Compensa importar mais?

“O gás liquefeito [que os Estados Unidos exportam] é sempre mais caro do que gás na forma gasosa”, reconhece Nuno Ribeiro da Silva.

Paulo Rosa, do Banco Carregosa, indica que o fornecimento norte-americano de GNL tem-se revelado competitivo, sobretudo em contratos de médio a longo prazo. Contudo, se o aumento das importações for feito com base em compras no mercado spot, sujeito a flutuações e tensões geopolíticas, os preços podem manter-se voláteis.

Para a importação de gás natural liquefeito ser benéfica para a UE, na visão de Gonçalo Aguiar, o preço a ser acordado teria de ser muito inferior ao preço praticado hoje em dia nos mercados spot e inferior, também, ao preço médio exportado dos Estados Unidos, que em 2024 marcou em média nos 37 euros por megawatt-hora.

Isto porque o custo de extração e transporte do GNL americano entregue na Europa marca, em média, os 28 euros por MWh e o gás por gasoduto vindo, por exemplo, da Noruega tem um custo abaixo de 10 euros por MWh. Neste sentido, “contratualizar a importação de mais gás natural liquefeito iria aumentar os custos médios do gás europeu”.

“O gás canalizado de países vizinhos (como a Noruega ou Argélia por gasoduto) pode ser mais barato, devido a custos logísticos mais baixos. Ainda assim, a capacidade desses fornecedores é limitada, o que torna o GNL americano uma alternativa relevante“, considera Paulo Rosa. “Como a Rússia está sujeita a sanções, temos mesmo que ir buscar gás sob a forma líquida”, indica Ribeiro da Silva.

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Lidl chama clientes à cozinha para testar 200 produtos por ano

Portugal é o único país onde o Lidl tem dois centros de inovação, onde os clientes participam no desenvolvimento e melhoria de produtos de marca própria. Investiu meio milhão nesta aposta.

Dos 32 países onde o Lidl está presente, Portugal é o único com dois centros de inovação e cooperação (Lidlab). A cadeia investiu meio milhão de euros nos dois novos espaços em Agramonte (Porto) e em Linda-a-Velha (Oeiras) para chamar os clientes a dar o seu contributo no desenvolvimento e melhoria dos produtos de marca própria, alimentares e não alimentares, que representam 80% do sortido em loja.

Sermos o primeiro país a ter esta experiência é para nós um orgulho“, diz Pedro Franco, diretor do departamento de qualidade do Lidl, durante a inauguração do Lidlab a Norte. “Este centro vai permitir uma maior proximidade com o cliente final, maior interatividade e representatividade e feedback dos clientes para criarmos novos artigos e melhorar os existentes”, resume.

A meta está definida: “melhorar 200 produtos por ano”. Como? Os clientes são chamados à cozinha do Lidlab para partilhar a sua experiência e opinião. Vão também provar receitas em desenvolvimento e selecionar as que mais vão ao encontro das suas expectativas. Participam ainda em provas cegas de produtos Lidl e de outras marcas concorrentes, avaliando-as de acordo com um conjunto de critérios como sabor, aroma, textura, aspeto, teor de sal e açúcar, gordura e suculência.

A ideia de envolver o consumidor no processo de desenvolvimento não é de agora. Em 2018, o grupo alemão criou o laboratório Lidl Sense, tendo em sete anos realizado 915 provas, de 906 produtos, envolvendo quase cinco mil participantes. Mas agora a experiência neste novo espaço será diferente, destaca o diretor do departamento de qualidade do Lidl: “As pessoas vão sentir-se em casa”, pois estar numa cozinha é diferente de um laboratório.

A ideia de criar o Lidlab partiu da equipa portuguesa, ora não fosse “o cliente a razão do Lidl existir”, assegura Ana Soares, chefe do departamento da área de qualidade alimentar do Lidl.

Marca própria: 80% do sortido em loja

O Centro de Inovação e Cooperação em Portugal tem como objetivo dar continuidade ao reforço das marcas próprias do Lidl, que já representam cerca de 80% do sortido do grupo alemão, num esforço para responder aos interesses do consumidor, mas também dar força a uma das fontes de receita da cadeia, com impacto na economia nacional.

Os dados dos Estudo de Impacto Socioeconómico, realizado pela consultora Forvis Mazars, conhecido em setembro no ano passado, são claros. Em 2023, cerca de metade dos produtos de marca própria do sortido permanente do Lidl em Portugal tinham origem em fornecedores portugueses. Tendo a marca própria um peso significativo ao nível do impacto económico da cadeia no país: dos 3.078 milhões de euros, representando 1,2% do PIB português, estimados no estudo, cerca de um terço resultam dos produtos de marca própria.

Desenvolvemos produtos que vão de encontro às expectativas dos clientes e que estejam adaptadas ao estilo de vida dos nossos consumidores.

Pedro Franco

Diretor do departamento de qualidade do Lidl

“Desenvolvemos produtos que vão ao encontro das expectativas dos clientes e que estejam adaptadas ao estilo de vida dos nossos consumidores”, realça Pedro Franco. No “Lidlab criam os produtos que os nossos clientes querem”, acrescenta o diretor do departamento de qualidade do retalhista.

“A inovação é muito importante para melhorarmos e evoluirmos”, reforça Ana Soares, chefe do departamento da área de qualidade alimentar da cadeia alemã.

O objetivo é consultar o cliente antes da criação ou do melhoramento do artigo, desenvolver os produtos considerando as sugestões, voltar a consultar o consumidor e reavaliar o produto em provas cegas com o produto Lidl e o da concorrência.

Os clientes terão também oportunidade de participar em estudos de mercado, que permitem recolher informações sobre o público-alvo, o mercado, o comportamento dos consumidores e as tendências, sendo esta uma ferramenta fundamental na tomada de decisões.

Os clientes próximos das lojas de Linda-a-Velha e de Agramonte, no Porto, podem inscrever-se através da aplicação do Lidl e após preencher um formulário de registo, onde são questionados sobre as preferências alimentares, alergias e intolerâncias, serão convidados a participar nas diferentes atividades, de acordo com a sua disponibilidade e preferências de consumo.

A opinião do cliente nas redes sociais também é monitorizada e, semanalmente, feito um apanhado de tudo o que é dito e escrito nessas plataformas digitais. “É mais um canal de informação”, afiança o diretor de qualidade do Lidl.

Em Portugal desde 1995, o Lidl tem mais 280 lojas de Norte a Sul do país e quatro centros logísticos — Santo Tirso (Norte), Torres Novas (Oeste), Loures (Centro) e Palmela (Sul) —, dando emprego a cerca de nove mil colaboradores.

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PSD promete nova descida de impostos para famílias e empresas. Programa eleitoral é apresentado hoje

O ainda ministro das Finanças já tinha adiantado que há "margem" para continuar com o alívio da carga fiscal. Para este ano, o Governo conseguiu baixar o IRS e o IRC com a viabilização do OE pelo PS.

O PSD vai avançar com uma nova descida de imposto para famílias, em IRS, e empresas, em IRC, no programa eleitoral para as legislativas antecipadas de 18 de maio, que vai ser apresentado esta sexta-feira, a partir da 17h no Centro de Congressos de Lisboa.

O compromisso já tinha sido assumido por Joaquim Miranda Sarmento, ainda ministro das Finanças, membro da comissão política nacional do PSD e cabeça de lista por Lisboa, quando o Instituto Nacional de Estatística (INE) reviu em alta o excedente orçamental para 2024, de 0,4% do PIB para 0,7%.

Face aos “resultados robustos das contas nacionais”, com um excedente orçamental de 0,7%, acima do estimado de 0,4%, e com uma dívida a recuar para 94,9%, quando a projeção era de 95,9%, Miranda Sarmento já tinha sinalizado que haveria “margem” para o PSD propor “novas medidas que, há um ano, não eram possíveis”.

“Portugal apresenta um superávite de 0,7% do PIB, cerca de dois mil milhões de euros, que compara com a previsão no Orçamento do Estado para 2024 (OE2024) de 0,2% e no Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) de 0,4%. Isto resulta de um maior crescimento económico. Portugal cresceu 1,9% em 2024, o que compara com a previsão de 1,5% no OE2024 e de 1,8% no OE2025″, argumentou, na altura.

Por isso, “na revisão do programa do programa eleitoral”, o partido vai “olhar para a carga fiscal com o objetivo de manter cada vez mais uma redução da carga fiscal sobretudo sobre as famílias, mas também sobre as empresas, e, nesse sentido, faremos uma atualização das medidas do ponto de vista fiscal”, afirmou a 26 de março.

Miranda Sarmento assinalou ainda que “as boas notícias ocorrem na dívida pública, que desceu para 94,9%, quando a previsão no OE2024 era de 98,4% e no OE2025 era de 95,9%”. Assim, a evolução do saldo orçamental e da dívida pública, divulgada pelo INE, “mostra um superávite robusto que permite continuar a reduzir a dívida de forma consistente, projetando contas públicas robustas em 2025 e um crescimento acima de 2%”, sublinhou.

De lembrar que, para as eleições legislativas de há um ano, o PSD comprometia-se com uma redução do IRC em seis pontos percentuais ao longo da legislatura, entre 2024 e 2027, de 21% para 15%. No Orçamento do Estado de Estado para 2025 (OE2025), conseguiu reduzir o imposto sobre as empresas em um ponto com o aval do PS, passando a taxa nominal de 21% para 20% do PIB.

Houve também uma baixa no IRS, por propostas conjugadas do PSD, PS e BE. E um aprofundamento do regime do IRS Jovem, que alargou a isenção faseada do imposto para 10 anos, dispensando a exigência de licenciatura, por iniciativa do Governo e que acabou por ser viabilizada pelos socialistas. Mas a proposta original dos sociais-democratas era mais ambiciosa e estabelecia uma taxa máxima de 15% para os jovens, exceto os do último escalão, redação que teve logo o chumbo anunciado do PS, daí o recuo do Governo de Montenegro.

Apesar da “margem” advogada por Miranda Sarmento, o Conselho de Finanças Públicas (CFP) já veio alertar que não há folga para acomodar novas medidas, tendo em conta que projeta o regresso aos défices já a partir de 2026.

“Não há mesmo margem para fazer mais medidas de política sem medidas de compensação”, afirmou a presidente da CFP, Nazaré Costa Cabral, esta quinta-feira, durante a apresentação do relatório sobre as perspetivas económicas e orçamentais para 2025-2029.

“Está nas mãos dos decisores políticos as decisões que queiram tomar para uma eventual melhoria da situação”, disse, alertando que o país tem, assim, “menos margem orçamental para fazer face a uma inversão do ciclo económico”. Neste sentido, pediu prudência “daqui para a frente com as medidas que se anunciam”, nomeadamente no impacto orçamental.

Face a este novo cenário, resta saber qual a dimensão da redução de impostos em IRC e IRC que a AD – coligação de PSD/CDS vai apresentar no programa com que concorre às eleições legislativas deste ano.

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PPR, donativos ou declaração conjunta aumentam reembolso do IRS. Saiba como

Planos poupança reforma dão um benefício até 400 euros. Doações, entrega da declaração conjunta com o parceiro ou englobar menos-valias também podem elevar o montante a devolver pelo Fisco.

Planos poupança reforma (PPR), donativos, entregar a declaração conjunta com o cônjuge (casado ou unido de facto), englobar outros rendimentos e menos-valias ou corrigir as despesas apuradas pelo Fisco para dedução à coleta podem gerar um reembolso maior no IRS ou uma redução do imposto a pagar.

Vários fiscalistas, consultados pelo ECO, explicam como é que os contribuintes podem ter um benefício maior, sobretudo numa altura em que muitos estão a ser confrontados com reembolsos mas magros e outros até têm de pagar, não porque a tributação aumentou, mas porque as tabelas de retenção na fonte, isto é, os adiantamentos mensais ao Estado, baixaram significativamente, no ano passado. Aliás, a bastonária da Ordem dos Contabilistas (OCC), Paula Franco, até já reconheceu que essa descida terá sido “um bocadinho excessiva”, em entrevista ao ECO.

“O reembolso do IRS acontece quando as retenções na fonte por conta são superiores ao imposto que é apurado a final”, começa por explicar o fiscalista Ricardo Reis, da Deloitte. Ou seja, quem descontou mais, ao longo do ano passado, terá agora uma devolução maior do imposto pago em excesso. Neste momento, “em que o ano de 2024 já passou e não há ações que se possam empreender para aproveitamento de deduções ou benefícios fiscais adicionais”, como subscrever um PPR ou pedir fatura com contribuinte, “o aumento do reembolso do IRS apenas poderá acontecer através de uma cuidada preparação e submissão da declaração anual de rendimentos”, salienta o perito em Direito Fiscal.

No ano passado, ainda era possível subscrever um PPR de modo a ter agora um benefício que pode chegar aos 400 euros, desde que o contribuinte mantenha o produto durante pelo menos cinco anos. O valor máximo da borla fiscal varia em função da idade, segundo a Deco Proteste:

  • menos de 35 anos, pode deduzir, no máximo, 400 euros, desde que aplique 2.000 euros no PPR;
  • entre 35 e 50 anos, pode deduzir até 350 euros, desde que aplique 1.750 euros;
  • a partir dos 50 anos, pode deduzir até 300 euros, desde que aplique 1.500 euros.

Este ano, essa opção já não se coloca. Se subscreveu ou reforçou um PPR este ano, só terá o benefício na declaração de IRS do próximo ano. Assim, e para a campanha que está a decorrer, Ricardo Reis aconselha os contribuintes a focar-se noutras questões, que podem ditar um reembolso maior. “Devem verificar se todas as deduções, abatimentos, benefícios fiscais ou regimes de desagravamento são devidamente aproveitados, mediante a correta aplicação das opções ainda disponíveis, nomeadamente as seguintes:

  • opção por declaração das despesas familiares em substituição dos valores constantes do e-Fatura (caso existam diferenças que prejudicam o contribuinte e se encontre disponível o respetivo suporte documental);
  • opção pela tributação conjunta, por oposição à tributação separada, no caso de contribuintes casados ou em união de facto;
  • opção pela tributação fora do agregado de filhos maiores que tenham auferido rendimentos;
  • opção pelo englobamento de rendimentos de mais-valias, rendimentos de capitais, ou rendimentos prediais;
  • correta aplicação de regimes de reinvestimento de mais-valias resultantes de alienação de imóveis”.

No caso da tributação conjunta, isto é, da entrega da declaração com o companheiro (casado ou unido de facto), a bastonária da OCC já tinha alertado que esta é, à partida, a melhor solução, em entrevista ao ECO: “Em regra, de todas as simulações que eu fiz, ainda nunca consegui encontrar alguma com vantagens em entregar em separado. Mas admito que existam situações limite em que possa acontecer. Portanto, na maioria dos casos, compensa entregar a declaração conjunta”.

Também é possível ter um benefício maior “no caso de contribuintes que tenham efetuado donativos para, por exemplo, instituições particulares de solidariedade social ou pessoas coletivas legalmente equiparadas“, aponta Maria Nunes da Fonseca, da J+Legal. Estas famílias devem então “confirmar se o montante do donativo se encontra registado no anexo H, campo 6, quadro B. De notar que apenas são aceites os donativos que se enquadrem no estatuto do mecenato, ao abrigo dos artigos 61.º e seguintes do Estatuto dos Benefícios Fiscais (EBF)”, salienta.

Para além disso, contribuintes com “incapacidade igual ou superior a 60% poderão, munidos de um Atestado Multiuso, ter acesso a alguns benefícios”, segundo a mesma fiscalista. “Caso o contribuinte aufira rendimentos do trabalho dependente ou independente, os mesmos serão apenas considerados em 85% e, no caso dos pensionistas, em 90%. Isto é, o imposto incidirá apenas no valor correspondente a 85% ou 90% dos rendimentos anuais brutos obtidos. Não obstante, a fatia do rendimento isento não poderá exceder, por categoria de rendimentos, 2.500 euros”, esclarece.

Relativamente às deduções à coleta, Maria Nunes da Fonseca lembra que será aplicável um benefício para estas situações:

  • 4 vezes o valor do IAS (Indexante dos Apoios Sociais) relativamente ao contribuinte com deficiência, o que corresponde a 2.037,04 euros;
  • 2,5 vezes o valor do IAS relativamente ao dependente com deficiência, o que significa que é possível abater despesas até 1.273,15 euros;
  • e também 2,5 vezes o valor do IAS ou 1.273,15 euros relativamente ao ascendente com deficiência (desde que não receba um rendimento superior à pensão mínima do regime geral).

Há ainda outros encargos, cuja dedução pode ser majorada: “30% das despesas de educação e reabilitação do contribuinte ou dependentes com deficiência, sem limite; e 25% da totalidade dos prémios de seguro de vida ou contribuições pagas a associações mutualistas que garantam exclusivamente os riscos de morte, invalidez ou reforma por velhice, sem limite”, assinala Maria Nunes da Fonseca.

Para obter um reembolso maior, “os contribuintes também devem fazer uma simulação de entrega da declaração em conjunto ou em separado”, defende a fiscalistas. “A regra que consta da legislação define que a tributação se efetua de forma separada. Não obstante, caso seja mais vantajoso para o casal (incluindo unidos de facto), é possível optar pela tributação conjunta aquando da entrega da declaração de IRS”, aponta,

E, “geralmente, a entrega em conjunto é mais benéfica nos cenários em que um dos membros do casal aufere rendimentos mais elevados do que o outro (ou quando um dos elementos não aufere qualquer tipo de rendimento)”, frisa Maria Nunes da Fonseca. “Adicionalmente, será aplicado o quociente familiar, isto é, “haverá uma divisão do rendimento coletável por dois, ou seja, o escalão de IRS irá diminuir e, por sua vez, a taxa a aplicar aos rendimentos deverá ser mais baixa”, esclarece.

Pela primeira vez, este ano, vai ser possível deduzir “5% do valor suportado por qualquer membro do agregado familiar a título de retribuição pela prestação de trabalho doméstico, com um limite global de 200 euros”, lembra a advogada da J+Legal. “Caso as despesas não constem do e-Fatura, os contribuintes deverão inseri-las manualmente no quadro 6-C do anexo H”, aconselha.

Francisco Furtado, fiscalista da Broseta, deixa ainda um aviso aos trabalhadores a recibos verdes, isto é, que têm rendimentos da categoria B. Estes contribuintes devem “fazer uma análise cuidada sobre as vantagens do regime simplificado ou da contabilidade organizada“, sinaliza. Assim, quem “tem poucas despesas (ou pelo menos despesas inferiores ao coeficiente aplicável), o regime simplificado será uma vantagem, já para os que têm muitas despesas a contabilidade organizada poderá permitir ganhos fiscais”, explica o fiscalista.

Relativamente “às mais-valias, os contribuintes devem considerar que a tributação é feita sobre um saldo”. Francisco Frutado sugere que, quando “existam ganhos significativos com a venda de ações, o contribuinte deverá analisar o seu portfólio e, se existirem ações com perda, poderá ponderar vendê-las para anular o saldo positivo” e assim evitar a tributação.

“De igual modo, se o contribuinte realizar menos-valias mobiliárias deverá englobar tais rendimentos para que, no futuro, as possa deduzir às mais-valias (mobiliárias) realizadas”, acrescenta. Quanto aos rendimentos prediais, isto é de rendas recebidas por inquilinos, “a celebração de contratos de arrendamento mais longos permite beneficiar de taxas reduzidas“, sublinha.

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Cumprir meta de investimento em defesa leva défice a subir para 0,9% em 2027

Adicional de despesa levaria défice a subir para 1,1% do PIB em 2026 e 0,9% em 2027, estima o CFP. Montenegro quer antecipar cumprimento da meta. Eurogrupo reúne-se com defesa na agenda.

O Governo quer antecipar a meta de investimento de 2% em defesa, mas o défice orçamental arrisca disparar. As contas do Conselho das Finanças Públicas (CFP) apontam para, se o país seguisse o compromisso previsto com a NATO em quatro anos, o saldo orçamental negativo iria deteriorar-se, subindo, por exemplo, para 0,9% do PIB em 2027. Uma concentração de despesa mais cedo do que o previsto colocará assim desafios orçamentais acrescidos.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou esta quinta-feira que o Governo vai “antecipar a meta de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) de investimento em Defesa, que estava previsto até 2029″, através de um “amplo consenso político”, e “sem por em causa o Estado social e estabilidade das contas públicas”. No entanto, o Executivo não se comprometeu com prazos.

A intenção do Executivo de Luís Montenegro ocorre numa altura em que Bruxelas apelou aos Estados-membros a um aumento do investimento em defesa em 1,5% do PIB e propôs uma flexibilização das regras orçamentais, decorrendo as negociações sobre o tema.

O Conselho das Finanças Públicas (CFP) avançou esta quinta-feira com as previsões do impacto do aumento da despesa militar nas contas públicas portuguesas. No cenário divulgado antes das declarações do primeiro-ministro, a instituição liderada por Nazaré da Costa Cabral utilizou como hipótese uma convergência linear do investimento em quatro anos, considerando um acréscimo anual de 0,125 pontos percentuais (pp.) do PIB até atingir 2% em 2029, assumidos no compromisso com a NATO.

O efeito faz-se sentir inteiramente na despesa primária, com consequências para o saldo orçamental e para o rácio da dívida pública. Nas estimativas do CFP, o adicional de despesa com defesa levaria o défice de 1%, previsto pela instituição, para 2026 a subir para 1,1% do PIB.

O impacto no saldo agravar-se-ia todos os anos. Assim, o impacto seria de 0,3% em 2027, de 0,4% em 2028 e de 0,6% em 2029. Desta forma, num cenário de políticas invariantes, o défice orçamental aumentaria dos 0,6% (previstos no cenário base) para 0,9% em 2027, para 1% em 2028 e para 1,2%.

Na dívida pública, o adicional de despesa com defesa levaria o rácio a subir 0,4 pontos percentuais face ao cenário base em 2027, para 89,3% do PIB, e 1,3 pontos em 2028 para 86,8%.

A flexibilização das regras orçamentais proposta por Bruxelas para o aumento do investimento em defesa prevê um período de quatro anos e o executivo apelou a que todos os países ativem a cláusula nacional de escape até ao final de abril. O objetivo é que, deste modo, os Estados-membros libertem financiamento público para esta despesa. O CFP recordou, contudo, que o impacto continuará a fazer-se sentir na evolução das contas públicas, “afetando a sua sustentabilidade”.

Portugal é dos países da UE com gastos mais baixos em defesa

O Conselho das Finanças Públicas destacou também que Portugal é dos países da União Europeia (UE) com gastos relativos em defesa mais baixos. Em 2024, corresponderam a 1,5% do PIB, aquém dos compromissos assumidos com a NATO em 2014. Contudo, a meta de 2% da organização poderá ser revista em alta na cimeira em junho em Haia.

O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, incentivou no final de março Portugal e os Estados-membros ainda abaixo dos 2% do PIB nos seus gastos em defesa a ultrapassar esta fasquia no próximo verão, avisando que a organização precisa coletivamente de muito mais.

No retrato da execução do investimento para atingir a meta da NATO, a instituição liderada por Nazaré da Costa Cabral destacou que para o conjunto dos países da UE, “a distância face ao compromisso de 2% do PIB totalizava aproximadamente 55 mil milhões de euros, o equivalente a 0,3% do PIB da UE” em 2023 e estimou que a distância se tenha reduzido para cerca de 31 mil milhões de euros, com um total de sete países em incumprimento, incluindo Portugal.

Apesar da vontade manifestada pelo primeiro-ministro, não são conhecidas alterações à Lei de Programação Militar, que estabelece o investimento público em meios e equipamentos para as Forças Armadas. O documento prevê que entre 2023 e 2026 o investimento público seja de 1.908 milhões de euros e entre 2027 e 2030 de 1.842 milhões de euros.

Para o CFP, “do que decorre da Lei, e apenas no que respeita ao investimento, ao ser nulo, o impulso entre quadriénios não contribui para colmatar a insuficiência observada face aos compromissos internacionais“.

Ministros das Finanças debatem defesa em Varsóvia (além das tarifas)

A defesa continua em destaque na política europeia, embora ofuscada pela guerra comercial nas últimas semanas. Esta sexta-feira, os ministros das Finanças da Zona Euro reúnem-se em Varsóvia com o tema na agenda. O encontro é depois alargado aos representantes dos outros países da União Europeia (UE).

O aumento do investimento em defesa estava previsto, desde o final de abril, como sendo o epicentro do programa, mas o impacto das políticas tarifárias poderá centrar atenções. Ainda assim, está prevista a discussão de um relatório do Bruegel, pedido pela presidência polaca do Conselho da UE.

Os economistas do conhecido think-tank económico propõem a criação de um mecanismo europeu comum de defesa, semelhante ao Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), criado durante a crise financeira, de acordo com a Lusa. O Bruegel estima que a UE precise de investir 250 mil milhões de euros por ano, o equivalente a 3,5% do PIB, para segurança.

Portugal tem vindo ainda a defender uma nova emissão de dívida conjunta europeia para financiar a aposta em defesa, mas a hipótese não está prevista no Livro Branco de Defesa apresentado por Bruxelas.

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Donos do Natixis avaliam compra do Novobanco

O Groupe BPCE tem negócios de retalho em França e está a explorar a oportunidade avançar para a aquisição do Novobanco. Instabilidade dos mercados reforça via da venda direta a outro banco.

O grupo francês BPCE, ao qual pertence o banco de investimento Natixis, está a avaliar a compra do Novobanco, apurou o ECO junto de duas fontes que conhecem o dossiê. O Groupe BPCE tem negócios de retalho em França e tem estado a explorar a oportunidade de investir em Portugal através da aquisição do Novobanco. Contactada, fonte oficial do Groupe BPCE responde que “não comenta rumores de mercado“.

Apesar de o fundo Lone Star garantir que continua a preparar a entrada do Novobanco em bolsa, tem suscitado interesse de investidores internacionais que acreditam que o atual contexto dos mercados financeiros, marcado por instabilidade, reabre a porta a um processo de venda a outro banco, ou seja, está a trabalhar no chamado ‘dual track’, a dispersão em bolsa e uma operação de Mergers and Acquisitions (M&A) na instituição bancária.

Fundado em 2009, o Groupe BPCE é composto pelo Natixis – que em Portugal opera através de um centro de inovação tecnológica – e outros bancos, como Banque Palatine, Caissed’Épargne, Banque Populairee LeCréditCoopératif.

O ECO apurou que existe pelo menos mais um grupo financeiro internacional interessado, não espanhol, que contratou advogados em Portugal para explorar este negócio, embora o seu nome se mantenha em segredo. Mas também é público e notório que o Caixabank, dono do BPI, o BCP e a CGD, não excluem a possibilidade de entrarem nesta corrida. “Estamos a analisar essa hipótese”. Paulo Macedo, presidente da CGD, foi o mais claro dos banqueiros quando questionados sobre o Novobanco, o que motivou até uma declaração de “estranheza” do presidente do Santander Portugal, Pedro Castro e Almeida.

Na segunda-feira, o Novobanco confirmou que mantém o plano de avançar com uma oferta pública inicial (IPO – Initial Public Offering), ainda que a definição do momento exato para a operação continue “a depender das condições de mercado”. No entanto, os analistas de mercados consideram que é imprudente que o banco liderado por Mark Bourke avance para um IPO perante a volatilidade das bolsas.

Para o responsável de Trading do Banco Carregosa, “colocar em pausa uma operação de IPO não seria sinal de fragilidade, mas antes uma decisão de prudência estratégica”, até por causa do historial de reestruturação e recapitalização, que “continua a ser um elemento sensível em qualquer operação de colocação no mercado”, especialmente “num ambiente onde os investidores privilegiam previsibilidade e estabilidade regulatória”.

“A instabilidade dos mercados, as possíveis descidas das taxas de juro reais, por estagnação ou recessão económica, e as tensões comerciais globais — como a recente vaga de tarifas que ameaça travar o investimento — criam um ecossistema onde o custo de oportunidade de ‘esperar por melhor janela’ pode compensar largamente o risco de avançar num momento desfavorável”, defende João Queiroz, em declarações ao ECO.

"O custo de oportunidade de ‘esperar por melhor janela’ pode compensar largamente o risco de avançar num momento desfavorável”

João Queiroz

Head of Trading do Banco Carregosa

Na perspetiva do analista Henrique Silva, da ActivTrades Portugal, os planos do Novobanco de entrar em bolsa no segundo ou terceiro trimestre “podem ser postos em causa” se houver um “agravamento adicional dos fundamentos de mercado”.

“O sucesso de uma entrada em bolsa depende não só dos fundamentos da empresa, mas também do apetite dos investidores pelo risco, que, no atual contexto de incerteza, será bastante reduzido. Os investidores estão hoje focados na preservação de capital, não na tomada de novas posições com risco acrescido”, diz o trader da ActivTrades Portugal, admitindo que possa fazer sentido “adiar até que haja maior estabilidade e maior previsibilidade sobre o impacto da atual guerra de tarifas”.

"O sucesso de uma entrada em bolsa depende não só dos fundamentos da empresa, mas também do apetite dos investidores pelo risco, que, no atual contexto de incerteza, será bastante reduzido.”

Henrique Silva

Analista da ActivTrades

A opinião é partilhada por Henrique Tomé da XTB: “Face ao atual enquadramento de mercado, é expectável que algumas empresas optem por adiar ou suspender os IPO previstos, uma vez que as condições de mercado não se afiguram particularmente favoráveis à maximização do interesse dos investidores, sobretudo no que diz respeito ao apetite pelo risco”.

O analista da XTB acrescenta que a a bolsa portuguesa tem demonstrado um comportamento lateralizado nos últimos 12 meses, apesar de uma tentativa recente de atingir novos máximos relativos a 7 de abril.

"As condições de mercado não se afiguram particularmente favoráveis à maximização do interesse dos investidores, sobretudo no que diz respeito ao apetite pelo risco”

Henrique Tomé

Analista da XTB

Certo é que o Novobanco tem tido um “percurso recente de recuperação sustentada e resultados robustos”, tendo em conta que em 2024 registou lucros recorde de 744,6 milhões de euros, um crescimento expressivo da rentabilidade (RoTE de 17,4%) e consolidou a sua posição de capital, destacou o analista do Banco Carregosa.

Maio era o mês previsto para a Lone Star lançar processo de venda do Novobanco, caso tudo corresse como planeado: publicar o relatório financeiro anual e garantir a autorização do Banco Central Europeu (BCE) para distribuir dividendos de 224,6 milhões de euros, dos quais 30,4 milhões de euros revertem para o Fundo de Resolução e 25,7 milhões de euros para o Estado português.

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Manifesto da associação BRP pede isenção de IRS até 1,5 salários

A associação de grandes empresas em Portugal lançou esta sexta-feira um manifesto com nove medidas, incluindo a descida da carga fiscal sobre os salários e uma taxa única de IRC.

Com novas eleições legislativas à porta, a Associação Business Roundtable, que reúne 43 grandes empresas, lançou esta sexta-feira um novo manifesto com nove medidas em três grandes áreas para “pôr Portugal a crescer”.

Com o título “Manifesto BRP 2025: Três mudanças e 10 anos para mudar Portugal”, o documento assinala que “no primeiro quarto deste século crescemos menos de metade do que os nossos concorrentes — uma média de apenas 1,1% por ano”.

Tal como o manifesto lançado em janeiro de 2024, este também propõe medidas para valorizar o sucesso dos trabalhadores e empresas. Uma delas é “a isenção de IRS até 1,5 vezes o valor do salário médio e a diminuição do número de escalões de 11 para seis no imediato e para três até 2030″. O que contribuiria, segundo a associação, para “quebrar a armadilha de pobreza dos baixos salários”.

A redução do peso dos impostos e contribuições para a Segurança Social sobre os rendimentos do trabalho — o tax wedge, ou “garrote fiscal” — é outra medida em que a BRP tem insistido. Desta vez, apela a uma descida de 42,3% para 37,2%, regressando ao nível de 2012, anterior à crise da dívida.

Para os negócios, o manifesto propõe “incentivar o crescimento das empresas, eliminando a progressividade do IRC e os incentivos à microescala”. Para a BRP, o país devia ter uma taxa única no imposto sobre os lucros.

O novo manifesto também volta a apontar a burocracia, a justiça e o investimento como áreas-chave para a criação de riqueza. Desta vez, a BRP insta o próximo executivo a aproveitar os bom exemplos na restauração e turismo e alargá-los ao resto da economia, no caso da burocracia, e a melhorar “o contencioso administrativo e fiscal ‘copiando’ a evolução da justiça cível e comercial.

A terceira e nova área de propostas está voltada para a Europa, defendendo a criação de campeões europeus. “Precisamos de empresas de referência europeias com dimensão global, focando numa agenda própria, mas que tenha em conta custos de contexto racionais e competitivos – os campeões europeus”, refere o manifesto.

Neste âmbito, a associação defende ainda que se aprofunde o mercado interno e se “ajuste o prazo da neutralidade carbónica para a frente”, para permitir a reindustrialização da Europa, com esse novo prazo sujeito a avaliarmos se estamos a conseguir trazer outros países para esta causa”.

“Estas são as três áreas que acreditamos que fazem a diferença para destravar o crescimento de Portugal e que gostaríamos que fossem discutidas por todos neste momento em que vamos escolher a próxima Assembleia da República e o próximo Governo. Em apenas dez anos podemos aspirar a ser um dos países mais ricos da Europa“, afirma Pedro Ginjeira do Nascimento, secretário-geral do BRP.

Veja as nove medidas propostas no manifesto:

Criar riqueza é do interesse público, diminuindo os custos de contexto

  • Burocracia – alargar e aprofundar o bom exemplo da restauração e turismo ao resto da economia.
  • Justiça – melhorar o contencioso administrativo e fiscal “copiando” a evolução da justiça cível e comercial.
  • Investimento – incentivar o acréscimo de capital investido.

Devemos encorajar e celebrar o sucesso das pessoas e das empresas

  • Tax Wedge (“Garrote Fiscal”) – regressar ao nível em que estávamos em 2012, passando de 42,3% para 37,6%.
  • Quebrar a armadilha de pobreza dos baixos salários – isenção de IRS até 1,5 vezes o valor do salário médio e diminuição do número de escalões de 11 para seis no imediato e para três até 2030.
  • Incentivar o crescimento das empresas, eliminando a progressividade do IRC e dos incentivos à microescala – empresas mais abertas ao mundo e com maior capacidade para atrair os nossos jovens de volta.

Devemos incentivar e tirar partido de uma Europa que exista e se afirme no mundo

  • Aprofundar o mercado único – a União Europeia (UE) tem de existir para tirar partido da sua dimensão e afirmar-se no mundo, o que exige uma política e prática europeia de concorrência que estimule a afirmação de campeões europeus, criando as condições para o aumento da escala e do investimento.
  • Portugal deve transpor as diretivas comunitárias e outra legislação aplicável sem mais complexidade e sem um maior nível de exigência – “no more gold plating”.
  • Liderar a neutralidade carbónica não é estar sozinho – se não conseguimos trazer outros connosco, devemos dar-nos mais tempo para convencer os outros e permitir a
    reindustrialização europeia.

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Quase metade das construtoras portuguesas faturam abaixo dos 20 milhões por ano

Baixo crescimento global, guerras e inflação são as maiores preocupações dos CEO das empresas do setor, que antecipam valorizar este ano à boleia de privados, conclui Fundação Mestre Casais e AICCOPN.

Construtoras com volumes de negócio acima dos 500 milhões de euros por ano, como têm Mota-Engil, Grupo Casais ou Teixeira Duarte, representam apenas 9% do setor em Portugal. A percentagem mais expressiva do mercado (43%) fatura abaixo dos 20 milhões, de acordo com um barómetro divulgado esta sexta-feira pela Fundação Mestre Casais em parceria com a Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN).

Cerca de quatro em cada dez (39%) têm um volume de negócios anual entre os 20 milhões e os 100 milhões de euros por ano, segundo o Barómetro da Indústria da Construção em Portugal, referente a 2024. A análise concluiu ainda que a maioria das construtoras nacionais (78%) têm menos de 250 trabalhadores e que é na região Norte onde se localizam as sedes de 43% das empresas, seguindo-se a Área Metropolitana de Lisboa (30%).

“Portugal é um país onde a indústria da construção civil continua a ser um motor económico, mas que vive um momento decisivo de transformação, para o qual necessita de mais ajuda do Estado, de forma a acelerar as sementes de inovação e sustentabilidade que o barómetro detetou e, finalmente, melhorar a produtividade e o seu valor acrescentado”, afirmou o coordenador do estudo, José Gomes Mendes, presidente-executivo da Fundação Mestre Casais e professor catedrático de Engenharia Civil da Universidade do Minho.

Portugal é um país onde a indústria da construção civil continua a ser um motor económico, mas que vive um momento decisivo de transformação, para o qual necessita de mais ajuda do Estado

José Gomes Mendes

Presidente da Fundação Mestre Casais

O inquérito foi realizado através de entrevistas a 46 presidentes executivos (CEO) de empresas detentoras de alvarás das classes mais altas (7, 8 e 9, cujos valores máximos de obra são 12,5 milhões de euros, 19 milhões de euros e acima de 19 milhões, respetivamente) sobre três temas: contexto económico e as políticas nacionais, evolução do setor e práticas de inovação e sustentabilidade.

Desafiado a comentar os resultados desta análise, Carlos Mota Santos, CEO da Mota-Engil, a maior construtora nacional, defende que o setor será “crítico para a criação de valor económico e para a afirmação de Portugal no mundo” nos próximos anos.

No entanto, acredita que o caminho de desenvolvimento passa também por “os poderes públicos” atuarem como “facilitadores na desburocratização, na atração de mão-de-obra e no apoio à inovação e à internacionalização”.

Baixo crescimento global, guerras e inflação preocupam CEO

Questionados sobre a confiança na economia portuguesa, as respostas dos gestores deram uma média de 6,6 (numa escala até 10), até porque vislumbram como principais ameaças externas o baixo crescimento global (37%), as guerras (29%), a inflação (19%). Sobre o nível de investimento público em infraestruturas, metade (52%) vê de forma positiva e 46% têm uma visão negativa das políticas de habitação.

Na opinião do presidente da AICCOPN, Manuel Reis Campos, o barómetro “reflete alguns dos problemas prevalentes no setor da construção, mas também a vontade das empresas do setor de contribuir para o crescimento económico e de conquistar novos mercados, gerando emprego e valor importantíssimo para o país”.

Os resultados mostram ainda que 70% das empresas acreditam que cumprirão os seus objetivos de negócio em 2024, só 2% esperam quedas e 63% projetam subidas de até 15%. Em termos de segmentos, sobressaem outros edifícios (37%), residencial (34%), infraestruturas (28%) à boleia de privados (45%), Estado e (31%) e autarquias (24%).

Os clientes devem estar disponíveis para adaptar as suas políticas de investimento e os seus cadernos de encargos, sob pena de um tão importante setor ficar estagnado

António Carlos Rodrigues

CEO do Grupo Casais

Já o CEO do grupo Casais, António Carlos Rodrigues, optou por deixar um alerta: tanto os clientes públicos como os privados devem ser ter planos de investimento mais flexíveis para não penalizarem a indústria.

António Carlos Rodrigues defende que os contratantes estejam mais “disponíveis para adaptar as suas políticas de investimento e os seus cadernos de encargos”, para que o setor não estagne, apesar de estar a esforçar-se em melhorar a produtividade através da descarbonização e transformação digital.

IA ainda por construir

A dar os primeiros passos de forma generalizada está a adoção de novas tecnologias, nomeadamente a Inteligência Artificial (IA). O processo digital mais utilizado – ou de forma mais completa – é o BIM – Building Information Modeling, que consiste na criação e gestão de representações virtuais dos edifícios ou outros ativos físicos.

Mais de metade dos inquiridos (54%) usam BIM de forma total ou parcial, enquanto 24% planeiam adotar em breve. Por outro lado, nenhuma construtora está a utilizar IA “de forma plena”, embora 24% a tenha instalado parcialmente e 43% estude implementar nos próximos dois anos.

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Ressaca atinge Wall Street depois da euforia. Nasdaq perde mais de 4%

  • ECO
  • 10 Abril 2025

Investidores voltam a ser atirados ao tapete quando, após o entusiasmo pela pausa nas tarifas recíprocas, assistiram ao agravar da guerra comercial sino-americana. S&P 500 perde mais de 3%.

A semana tem sido imprópria para cardíacos entre os investidores de Wall Street (e de outras praças do mundo). Um dia depois das principais bolsas nova-iorquinas terem disparado, em resposta à pausa de 90 dias nas tarifas recíprocas dos EUA, esta quinta-feira voltou o desânimo e o vermelho tingiu os quadros das ações. A euforia durou pouco.

O índice de referência S&P 500 caiu 3,46%, para os 5.268,05 pontos, e o industrial Dow Jones cedeu 2,5%, para os 39.593,66 pontos. Já o Nasdaq, que na sessão anterior teve a melhor sessão desde 2001, perdeu 4,31%, para os 16.397,31 pontos.

Os investidores, depois do fumo dos foguetes, perceberam que a guerra comercial entre os EUA e a China – as duas maiores economia do mundo – segue em crescendo, com a Casa Branca a explicar que as taxas sobre as importações de bens chineses estão agora em 145%, mais 20 pontos que no dia anterior, devido à falta de progresso no combate ao fentanil.

E as outras guerras de tarifas também continuam em vigor, como a taxa de 10% para maioria dos países enquanto vigorar a trégua de três meses, ou os direitos aduaneiros de 25% sobre as importações de alumínio e aço, que afeta os europeus, ou os 25% sobre as importações automóveis.

A guerra comercial tem potencial para aumentar os preços ou travar a fundo o crescimento na maior economia dos EUA. Por agora, na frente inflacionista, os sinais são positivos. Em março, segundo dados divulgados esta quinta-feira pelo Bureau of Labor Statistics, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) registou uma taxa homóloga de 2,4%, abaixo da previsão de 2,5% dos analistas e significativamente inferior ao valor anterior de 2,8%.

Já o CPI mensal teve uma variação negativa de 0,1%, contrariando a estimativa de aumento de 0,1%, e a subida de duas décimas registada no mês anterior.

As grandes tecnológicas voltaram às quedas significativas, a contrastar com as valorizações na ordem dos dois dígitos na sessão anterior. As ações da Tesla, por exemplo, caíram 7,27%, as da dona do facebook (Meta), mais 6,74%, e a Apple, com forte produção na China, mais 4,24%. Nvidia, Microsoft e Amazon perderam 5,91%, 2,34% e 5,17%, respetivamente. Também a Alphabet (dona do Google) cedeu 3,53%.

E a empresa do presidente dos EUA, DJT, também quebrou 7,3%.

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Governo em gestão nomeia Rui Baleiras para vice-presidente da ASF

  • Lusa
  • 10 Abril 2025

A escolha de Nuno Baleiras para vice-presidente da ASF já tinha sido anunciada no final de 2024.

O Conselho de Ministros aprovou, esta quinta-feira, a escolha de Nuno Baleiras como vice-presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) e Paula Vaz Freire como vogal.

Foi aprovada uma resolução “que designa Rui Nuno Baleiras e Paula Vaz Freire para vice-presidente e vogal da ASF, respetivamente”, lê-se no comunicado do Conselho de Ministros.

Esta decisão foi tomada na sequência da audição da Assembleia da República e do parecer positivo da CReSAP – Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública.

No final do ano passado, foi anunciada a escolha do então presidente da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) para vice-presidente da ASF.

Já a 27 de março, o Governo disse estar a avaliar se podia concretizar a sua nomeação dentro dos poderes em gestão. “Estamos a fazer as verificações para assegurar que há um cabimento inequívoco dentro dos poderes de um Governo de gestão”, indicou, na altura, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro.

O ministro admitiu a existência de cabimento para a nomeação ser feita mesmo em gestão, recordando que o processo começou antes de o Governo ter sido demitido pelo chumbo da moção de confiança.

Paula Vaz Freire, professora da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL), vai para o lugar do administrador Manuel Caldeira Cabral, que terminou o mandato no final de 2024.

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Proposta alternativa para o TGV aprovada em Gaia com votos contra do PSD

  • Lusa
  • 10 Abril 2025

Maioria socialista da Câmara de Gaia aprovou solução de duas pontes sobre o Douro em vez de uma rodoferroviária para a linha de alta velocidade com os votos contra dos dois vereadores do PSD.

As propostas não vinculativas do consórcio LusoLav para alterar o traçado da linha de alta velocidade em Vila Nova de Gaia foram esta quinta-feira aprovadas pela maioria socialista na Câmara Municipal de Gaia, com votos contra dos dois vereadores do PSD.

Foram votados três pontos separados: um dizendo respeito à solução de duas pontes, outro à alteração de traçado e outro referente à mudança de local da estação, todos aprovados pela maioria do PS, sob presidência de Eduardo Vítor Rodrigues, e voto contra do PSD.

Em causa esteve uma proposta de alteração do consórcio LusoLav (Mota-Engil, Teixeira Duarte, Alves Ribeiro, Casais, Conduril e Gabriel Couto), responsável pela linha de alta velocidade entre Porto e Oiã, para mudar em dois quilómetros a localização da estação de Gaia e fazer duas pontes sobre o Douro em vez de uma rodoferroviária.

A proposta foi apresentada esta quinta-feira em reunião do Executivo e será votada na Assembleia Municipal.

O presidente da Câmara, Eduardo Vítor Rodrigues, disse que a solução proposta não anula a solução anterior, referindo que “a estação de Santo Ovídio será sempre uma alternativa viável até decisão por parte da tutela” e que “em nenhuma circunstância, poderá estar em causa a estação de Gaia ou o projeto nacional, elemento central para o projeto e para a região”.

“A solução proposta não exclui a hipótese original; antes avaliza uma hipótese alternativa que se enquadra na zona delimitada como corredor de Alta Velocidade pelo concurso internacional lançado pelo Estado”, disse também.

O Governo informou esta quinta-feira estar em diálogo com a Infraestruturas de Portugal (IP) sobre a proposta, desconhecida por esta, para mudar o local da estação de alta velocidade em Gaia e a ponte sobre o Rio Douro.

“O Ministério das Infraestruturas e Habitação está em diálogo com a IP sobre esta matéria. A resposta que a Lusa recebeu ontem [quarta-feira] da IP é o único ponto de situação para já”, pode ler-se numa resposta de fonte oficial do ministério enviada à Lusa.

A IP disse na quarta-feira que “não foi informada pelo Consórcio Adjudicatário da intenção de introduzir quaisquer alterações à proposta que apresentou ao concurso”, relembrando que o contrato de concessão ainda não foi assinado.

A Câmara Municipal do Porto também não tinha conhecimento da proposta de abandonar a solução de uma ponte rodoferroviária sobre o Douro para a linha de alta velocidade e passar para duas, apresentada pelo consórcio LusoLav, disse fonte oficial à Lusa.

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ERSE dá luz verde a plano de investimento da E-Redes mas aponta melhorias

  • Lusa
  • 10 Abril 2025

A proposta da E-Redes apresenta um investimento total de 1.607,6 milhões de euros. Proposta pode ser melhorada para “tornar mais clara a adoção de algumas opções tecnológicas".

A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) considerou, esta quinta-feira, “adequada” a proposta do Plano de Desenvolvimento e Investimento da Rede Nacional de Distribuição do setor Elétrico (PDIRD-E), mas apontou melhorias. “No global, a ERSE considera adequada a proposta do PDIRD-E 2024”, lê-se no parecer do regulador da energia.

A proposta em causa apresenta, para o período entre 2026-2030, um investimento total de 1.607,6 milhões de euros, tendo em vista a necessidade de responder aos desafios impostos às redes de distribuição com a descarbonização e eletrificação. Contudo, a ERSE identificou alguns aspetos em que a proposta pode ser melhorada para “tornar mais clara a adoção de algumas opções tecnológicas”.

O regulador recomenda, assim, que seja realçado o nível em que se prevê recorrer a modelos dinâmicos de gestão inteligente das redes e que o operador da Rede Nacional de Distribuição apresente uma estimativa anual da extensão da rede que prevê operar. Por outro lado, sugere que o operador identifique novos casos de “potencial recurso” a soluções de flexibilidade e que aprofunde o seu conhecimento sobre metodologias de planeamento baseadas em critérios probabilísticos.

Já sobre o investimento na renovação de ativos, a ERSE considerou ser adequada a opção em adotar uma metodologia assente na condição física dos ativos em detrimento da sua idade. Ainda assim, defendeu que a resposta às necessidades de investimento deve ser desfasada no tempo, permitindo “alisar o impacto desse investimento em sede tarifária”.

Relativamente aos investimentos para dar resposta aos problemas na rede, que exigem uma solução imediata, a ERSE entendeu que esta decisão pode beneficiar da “adoção de uma gestão preditiva de incidentes e da condição dos ativos”. Para isso, a versão final da proposta do PDIRD-E 2024 deve refletir ganhos de eficiência e um aperfeiçoamento dos montantes inscritos.

“Sobre as necessidades de investimento com foco na qualidade de serviço técnica, não obstante o caminho já percorrido nesse domínio, a ERSE recomenda que, na versão final da proposta de PDIRD-E 2024, sejam identificadas situações de alimentação às redes de BT [baixa tensão] em que possa ser necessário proceder ao reforço da alimentação a partir da rede MT [média tensão]”, acrescentado.

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