Ventura volta a sentir-se mal depois de regressar à campanha

Líder do Chega voltou a sentir-se mal durante uma arruada no regresso à campanha. André Ventura foi transferido entretanto para o hospital de Setúbal, onde irá fazer um cateterismo.

O líder do Chega, André Ventura, voltou a sentir-se mal durante uma arruada esta quinta-feira de manhã, em Odemira, e foi retirado do local. O episódio ocorreu no dia em que regressou à campanha, depois de ter sido assistido no hospital de Faro na terça-feira à noite.

André Ventura chegou cerca de quinze minutos após o início da arruada em Odemira, prestou declarações aos jornalistas e percorreu alguns metros durante aquela ação de campanha. Poucos minutos depois de chegar, demonstrou estar a sentir-se mal e foi retirado da ação por elementos da equipa do partido para dentro do carro que tem usado nesta campanha eleitoral para as eleições legislativas antecipadas de 18 de maio.

Cerca das 12:06 André Ventura foi assistido no local por uma ambulância do INEM, estando também presente uma ambulância dos bombeiros voluntários, que rapidamente chegaram ao local. Foi primeiro atendido no centro de saúde de Odemira e seguiu, depois, para o hospital de Santiago do Cacém.

André Ventura está estável, mas vai ser encaminhado para o hospital de Setúbal para fazer um cateterismo”, disse o diretor clínico do Hospital de Santiago do Cacém, em declarações aos jornalistas. Este exame serve para descartar uma doença cardíaca.

O diretor clínico assegura que os exames que foram realizados não mostram “nenhum problema cardíaco”, mas que é necessário fazer um cateterismo. “Sendo um segundo episódio optamos por contactar o hospital de Setúbal para fazer um cateterismo, que é um exame que vai observar se tem lesões a nível das artérias coronárias”, explica o diretor clínico, referindo que no hospital de Santiago do Cacém “não há serviço de cardiologia, apenas um médico cardiologista para realização de consultas”.

Depois, também o diretor de cardiologia do Hospital de Setúbal, Filipe Freixo, disse que, após o cateterismo, não encontraram nada mais e que o líder do Chega irá fazer mais exames complementares nas próximas “três-quatro horas”. O responsável acredita que André Ventura deverá ter alta ainda esta quinta-feira.

O líder do Chega, André Ventura, sente-se mal, durante uma arruada no âmbito da campanha eleitoral para as eleições legislativas, em Odemira, 15 de maio de 2025. NUNO VEIGA/LUSANUNO VEIGA/LUSA

O líder do Chega esteve ausente da campanha eleitoral na quarta-feira, dia em que tinha uma ação agendada para a tarde em Vila Nova de Milfontes, depois de se ter sentido mal enquanto discursava num jantar comício em Tavira. Num vídeo publicado na quarta-feira na rede social Instagram, gravado num hotel, o líder do Chega descreveu um “episódio muito assustador que [teve] pela primeira vez na vida” e agradeceu “de coração” o apoio recebido e o tratamento dos profissionais de saúde.

“Ainda não vou poder estar hoje na campanha, não me sinto ainda capaz disso. Estou a fazer essa recuperação por indicação dos médicos. Não devo fazê-lo, mas a campanha tem de continuar, temos de continuar a chegar às pessoas. Não estou ainda de regresso, mas é como se tivesse. Temos de continuar na luta”, referiu.

O presidente do Chega sentiu-me mal enquanto discursava num jantar comício em Tavira, no distrito de Faro, na terça-feira à noite, tendo sido retirado do palco e assistido no local. Depois, foi transportado para o Hospital de Faro, onde passou a noite em observação. Em causa esteve um espasmo esofágico resultante de problemas de refluxo gástrico, associado a um pico de tensão.

Marcelo recomenda “juízo” a Ventura para recuperar

O Presidente da República realçou que a campanha para as legislativas tem sido longa e intensa, aumentando o cansaço dos líderes partidários. Marcelo Rebelo de Sousa considerou que André Ventura deveria ter aguardado para retomar a campanha, desejando “juízo” para uma recuperação mais célere.

A minha experiência é que devia ter precauções e não lançar-se imediatamente, não se expondo muito num dia que ia ser logo a seguir muito quente, muito intensa. Como sabem na política, as pessoas abraçam, apertam, beijam. Isso já motivou noutro líder partidário um problema de tensão, de arritmia, é frequente”, afirmou o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas no Palácio de Belém.

Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que “uma campanha como esta, muito longa e muito intensa na rua, aumenta a probabilidade da pessoa se sentir menos bem”. “Espero que recupere e tenha juízo“, desejou o Presidente da República.

(Notícia atualizada às 19h04)

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Rúben Dias chega ao YouTube e “acelera” com a Lamborghini

  • + M
  • 15 Maio 2025

O jogador do Manchester City, que lançou há dias um canal no YouTube, publicou um vídeo onde oficializa a relação com a marca automóvel italiana, mostrando o modelo Lamborghini Revuelto.

O internacional português Rúben Dias anunciou uma parceria com a Lamborghini. O jogador da Seleção Nacional e do Manchester City, que lançou um canal no YouTube, publicou um vídeo onde oficializa a relação com a marca automóvel italiana e, mais em concreto, sobre o modelo Revuelto.

Para mim, o Lamborghini foi sempre um carro de sonho, algo a que se aspira e que se transforma num objetivo alcançável. Quando olho para ele, vejo poder — aquela força interior. Tem as qualidades que procuro transmitir dentro de campo, onde cada segundo conta e cada decisão tem de ser precisa“, diz o jogador citado em comunicado.

Sobre o Revuelto, Rúben Dias diz que o carro “é lindíssimo” e “representa a nova geração”. “Quando terminar a minha carreira no futebol, quero poder dizer que nunca parei, nem por um segundo. Para mim, Lamborghini, numa só palavra, significa ‘futuro’“, acrescenta.

Com uma potência de 1015cv, o modelo custa em Portugal mais de 535 mil euros, segundo o Guia do Automóvel. A sua velocidade máxima supera os 350 km/hora, acelerando em 2,5 segundos dos zero aos 100 km/hora.

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Em campanha no Porto, Pedro Nuno Santos promete avançar com a regionalização

Líder do PS assume compromisso de atribuir competências e responsabilidade política às regiões, concordando com Elisa Ferreira que "matar a regionalização foi um mau serviço prestado" pelos partidos.

Elisa Ferreira denunciou que “matar a regionalização foi um mau serviço prestado pelos principais partidos ao país”, com a ex-comissária europeia para a Coesão e Reformas a considerar, em entrevista ao Porto Canal, que Portugal está muito fragmentado e que o governo central não consegue dar respostas eficazes por não perceber o território.

Esta manhã, questionado sobre estas declarações à margem de uma ação de campanha na feira de Gondomar, Pedro Nuno Santos referiu que “a posição do PS sobre essa matéria é conhecida e [está] muito arrumada e consolidada: as regiões com competências e responsabilizadas politicamente funcionam melhor, gerem melhor os seus recursos”. “Concordo com Elisa Ferreira”, acrescentou.

Esta quinta-feira, penúltimo dia de campanha, cinco das oito forças políticas com representação parlamentar vão concentrar as ações na Área Metropolitana do Porto. Após sair de Gondomar, a caravana socialista almoça em Paços de Ferreira e às 17h desce Santa Catarina. Uma hora depois é a vez de a AD cumprir a mesma tradicional arruada na rua mais comercial da Invicta. De manhã, Luís Montenegro visita a exposição “Francisco Sá Carneiro e a Construção da Democracia” na Câmara do Porto e almoça em Gondomar.

No programa eleitoral, o PS assume que “a gestão de maior proximidade, com coordenação à escala regional e supramunicipal está em curso com a consolidação do processo de descentralização de competências, mas a sua eficiência pode ser aprofundada, também, com o arranque do processo de regionalização, assegurando maior proximidade dos cidadãos, maior responsabilidade dos eleitos e a eficiência dos serviços públicos”.

Para o Partido Socialista, “a regionalização, prevista na lei constitucional, ancorada num amplo consenso político e social, e a descentralização, como forma de gestão que reforça os níveis intermédios da administração (regionais, intermunicipais e locais), legitimados democraticamente e que prossigam os interesses das populações e dos territórios que representam, são processos a implementar e aprofundar de forma contínua”.

Eleitores “irritados” com legislativas antecipadas

Na feira de Gondomar, Pedro Nuno Santos voltou a atirar ao rival da AD, sublinhando que “quem provocou estas eleições porque se sentiu apertado e não quis dar explicações não merece ser reeleito” e reconhecendo ser “natural que as pessoas estejam irritadas” com estas legislativas antecipadas.

Pedro Nuno Santos durante uma ação de campanha do PS para as eleições legislativas, na feira de GondomarLusa 15 maio, 2025

“O meu principal adversário não pode falar em estabilidade quando foi ele o causador dessa instabilidade que nos trouxe a eleições. Deve-se premiar quem atirou o país para eleições só porque não quis dar explicações?”, questionou o secretário-geral do PS.

Já sobre os possíveis entendimentos pós-eleitorais à esquerda, o líder socialista começou por dizer que “primeiro [tem] de ganhar as eleições e depois, com o Parlamento que sair, [conseguirá] com certeza, como no passado o PS fez várias vezes e [ele] próprio com um papel importante nisso, garantir as condições para ter um Governo para quatro anos”.

Da “almofada orçamental” do Livre à proposta liberal na educação

Também esta manhã, Rui Tavares, porta-voz do Livre, acusou Luís Montenegro de “gastar a almofada do excedente orçamental” e ter andado “um ano em campanha eleitoral sem se preocupar se a seguir vinha uma crise económica, comercial e tarifária, que muito provavelmente vem e que apanha Portugal com menos dinheiro na caixa do que aquele que deveria ter”.

“As pessoas têm ainda uma grande frustração por terem visto que a política geriu mal as contas públicas, em várias fases da nossa história, e depois pagaram os pequenos pelos grandes. A banca foi salva e muitas pessoas sentem que ainda não foi reposto o que lhes foi tirado durante o tempo da troika“, assinalou Tavares durante uma visita ao mercado de Benfica, em Lisboa.

A crise económica, comercial e tarifária, que muito provavelmente vem, apanha Portugal com menos dinheiro na caixa do que aquele que deveria ter.

Rui Tavares

Porta-voz do Livre

Da economia para educação, a Iniciativa Liberal visitou esta manhã o Externato de Vila Meã, em Amarante, onde defendeu “um sistema em que as escolas públicas têm um papel determinante, mas os privados e o setor social contribuem em áreas onde não há escola pública ou noutras em que a oferta é escassa e não é suficiente e de qualidade”.

“Porque não podemos aproveitar as potencialidades, juntar todos – unir privados, setor social e setor público – para ter uma escola de qualidade? Porque é que desde a governação do PS houve um enviesamento ideológico que aniquilou boa parte dos contratos de associação que traziam ensino de qualidade e oportunidades, sobretudo aos mais desfavorecidos?”, questionou Rui Rocha.

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Três em cada quatro grandes empresas querem “selo de qualidade” na sustentabilidade

  • Rita Atalaia
  • 15 Maio 2025

73% das grandes empresas globais procuraram, em 2023, apoio das auditoras e consultoras para validarem as suas informações sobre sustentabilidade. Há cinco anos, esta percentagem era de 51%.

Quase todas as grandes empresas globais reportam informações sobre sustentabilidade e são cada vez mais aquelas que recorrem a entidades, como as auditoras e as consultoras, para as ajudarem a validar os relatórios que apresentam. Um passo que se torna inevitável de forma a irem ao encontro das exigências dos investidores, uma vez que as empresas que não alinharem a sua estratégia com os critérios de ESG podem enfrentar riscos financeiros e de reputação.

Um relatório divulgado esta semana pela International Federation of Accountants (IFAC) e pela AICPA & CIMA, a associação internacional de contabilistas certificados, revela que “73% das grandes empresas dos países do G-20 obtiveram validação para os seus reportes de sustentabilidade em 2023, acima dos 69% observados no ano anterior”. Há cinco anos, esta percentagem era de apenas 51%.

Esta análise mostra que Hong Kong, Indonésia, México, Rússia e Arábia Saudita foram os países onde esta procura por validação foi mais significativa em 2023, registando-se mesmo crescimentos de dois dígitos.

Auditoras lideram na validação de dados

As auditoras – em oposição a consultoras ou outros prestadores destes serviços – continuam a liderar (55%) nesta validação dos relatórios de sustentabilidade de grandes empresas globais. O relatório mostra também que houve um maior recurso a auditoras nos vários mercados, em 2023 face ao ano anterior, nomeadamente em Singapura, África do Sul, Reino Unido e EUA.

As auditoras têm de cumprir “regras rígidas de independência e têm uma visão profunda e holística dos negócios, processos e perfil de risco das empresas”, afirma Susan Coffey, responsável da AICPA & CIMA. São, por isso, as entidades “ideais” para fazer este trabalho de validação das informações associadas à sustentabilidade, acrescenta.

Esta análise revela ainda que a “utilização de informação sobre sustentabilidade em relatórios anuais continua a crescer”, revelando que “44% das empresas incluíram esta informação nos seus relatórios anuais [em 2023], acima de 18% há cinco anos”. As empresas que ainda apresentam relatórios de sustentabilidade autónomos situam-se sobretudo na China, Coreia do Sul e nos EUA.

“As maiores empresas globais responderam bem aos sistemas voluntários de reporte e de validação de informações associadas à sustentabilidade, perante as exigências dos investidores”, diz Lee White, CEO da IFAC. “Com a implementação de novos padrões globais, os reguladores têm agora as ferramentas para passarem de reportes voluntários para obrigatórios ao longo do tempo, o que esperamos que traga informações sobre sustentabilidade com mais qualidade, mais consistentes e comparáveis”, remata.

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Autarca de Gaia renuncia a mandato em junho após decisão de perda de mandato proferida pelo Tribunal Constitucional

Eduardo Vítor Rodrigues considera decisão injusta e errada. Sairá a três meses das eleições autárquicas.

O presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, anunciou nesta quinta-feira que vai renunciar, em meados de junho, ao mandato à frente da autarquia, na sequência do despacho do Tribunal Constitucional (TC) que veio confirmar a sua perda de mandato pelo crime de peculato. Nesse mesmo mês vai apresentar as contas consolidadas municipais.

Numa conferência de imprensa no salão nobre da câmara, o autarca socialista garantiu que vai recorrer da decisão judicial e “lutar até ao fim” e diz-se “convencido que [tal] acabará numa remissão”. Até porque, entende ser descabido e “ridículo” ter sido condenado por utilizar o carro municipal numa ida à padaria. “Vejo-me agora a discutir a perda de mandato por uma ida à padaria com o carro da câmara”, lamentou.

Eduardo Vítor Rodrigues considerou, por isso, “injusto, errado” e “humilhante” o despacho do TC, assegurando que, em 12 anos como autarca, “nunca teve processos de desvio de dinheiro” ou sequer “suspeições por fraude ou corrupção”.

Presidente da Câmara Municipal de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues.José Coelho/Lusa 12 Abril, 2017

“Nesta semana de eleições legislativas, o Tribunal Constitucional (TC) tornou público um primeiro despacho, mantendo a multa de 140 euros e a perda de mandato do presidente da câmara de Gaia pelo alegado, e falso, uso pessoal de um carro municipal“, assinalou o autarca inconformado com a deliberação.

Ainda assim, o edil vai renunciar ao mandato no município que preside desde 2013. “Tenho o sentimento da missão cumprida e a minha consciência tranquila. Por isso, comunico que apresentarei a minha renúncia ao mandato, juntamente com a entrega do relatório de contas consolidadas, em meados de junho”, anunciou o autarca socialista que garantiu não regressar à vida política.

Para que não restem dúvidas sobre esta decisão, o edil foi perentório: “Não há garantidamente nenhuma outra autarquia que me possa seduzir nem nenhuma outra função nacional que no nosso ciclo me seduza”. Mais, reiterou: “Desde o início que disse que está posto de parte, porque não sou um saltimbanco, não ando a saltar de concelho em concelho. Vamos ver o futuro.”

Igualmente certo é o apoio de Eduardo Vítor Rodrigues ao candidato socialista João Paulo Correia, ex-secretário de Estado da Juventude e do Desporto, às próximas eleições autárquicas que deverão acontecer entre setembro e outubro deste ano. “João Paulo Correia vai ter a sorte de ter os cofres cheios e desejo-lhe a maior sorte. Estarei empenhado no trabalho político pelo João Paulo e pelas freguesias.”

Desde o início que disse que está posto de parte, porque não sou um saltimbanco, não ando a saltar de concelho em concelho. Vamos ver o futuro.

Eduardo Vítor Rodrigues

Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia

Até meados de junho, aquando da renúncia do cargo de presidente de câmara, Eduardo Vítor Rodrigues vai apresentar o relatório e contas do município. “Concluirei assim com o reporte financeiro municipal completo, o meu trabalho e o trabalho da minha equipa, deixando o documento de contas consolidadas municipais para se comparar com o estado lastimável em que recebi a câmara e o erário público municipal“, assegurou o autarca que vai regressar à vida académica como professor universitário.

“Nestes quase 12 anos foram geridos cerca de três mil milhões de euros, foram tomadas milhares de decisões”, detalhou em jeito de balanço, sublinhando que deixa a vida política “muito honrado” e convicto da sua seriedade como autarca, sendo substituído pela atual vice-presidente do município, Marina Mendes.

A renúncia à autarquia implicará também a saída da presidência do Conselho Metropolitano do Porto (CMP), devendo Eduardo Vítor Rodrigues ser substituído pelo primeiro vice-presidente, o autarca de S. João da Madeira, Jorge Vultos Sequeira. A decisão compete, contudo, ao CMP, que pode optar por eleger um novo presidente.

Por fim, Eduardo Vítor Rodrigues deixou um alerta: “Acredito que há um conjunto de abates políticos que o poder judicial está a fazer”; exemplificando com a demissão de António Costa do cargo de primeiro-ministro, em 2023, e a prisão preventiva do seu antigo vice-presidente, Patrocínio Azevedo, no âmbito da operação Babel.

O TC confirmou a perda de mandato do autarca socialista condenado pelo crime de peculato, por uso indevido de um carro deste município. Esta deliberação surge na sequência do recurso interposto por Eduardo Vítor Rodrigues para o TC, depois de, em outubro de 2024, o Tribunal da Relação do Porto (TRP) ter mantido a condenação de perda de mandato.

Decisão que foi tomada em novembro de 2023 pelo Tribunal de Vila Nova de Gaia que o condenou a um crime de peculato de uso, à perda de mandato e ao pagamento de uma multa de 8.400 euros por usar, de forma pessoal, um veículo elétrico do município.

O tribunal condenou igualmente a mulher do autarca pelo mesmo crime ao pagamento de uma multa no mesmo valor. Recorreram para o TRP que a absolveu da prática do crime e da multa aplicada, mas manteve a condenação quanto à perda da vantagem obtida.

A acusação do Ministério Público (MP) sustentava que os arguidos “decidiram usar, como se fosse seu”, um veículo elétrico adquirido em regime de locação financeira por empresa municipal, na sequência de contrato de ajuste direto celebrado em 13 de outubro de 2017, “mediante o pagamento de uma renda mensal” de 614 euros.

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Corretora do grupo Luís Simões reforça no Oeste com compra da Bring Insurance

A Diagonal, empresa de corretagem do grupo logístico, foi às compras nas Caldas da Rainha para reforçar a presença na zona Oeste do país. Novos donos esperam "crescimento imediato” nas vendas.

A Diagonal, corretora de seguros do grupo Luís Simões, anunciou esta quinta-feira a aquisição da totalidade do capital da Bring Insurance – Sociedade de Mediação de Seguros, que tem sede nas Caldas da Rainha.

O objetivo deste negócio, cujo valor não foi publicado, é reforçar a presença da empresa liderada por Nuno Santos na região Oeste do país. A transação foi concluída a 9 de maio de 2025 e antecipa-se “um crescimento imediato” no volume de vendas do proprietário, embora não sejam apresentados detalhes quantitativos do impacto desta operação.

“A integração da Bring permitirá potenciar sinergias comerciais e operacionais entre as duas empresas, explorando o elevado potencial da região das Caldas da Rainha e zonas envolventes”, esclarece a Diagonal, em comunicado divulgado aos meios de comunicação social.

No âmbito esta aquisição, a sociedade de corretagem pertencente ao grupo logístico de Loures incorpora também a equipa da Bring, composta por seis colaboradores, incluindo o seu anterior acionista e administrador, Eládio Barreto. Segundo os novos donos da empresa, Eládio Barreto, “continuará a desempenhar um papel ativo na operação”.

Fundada a 11 de abril de 2011, a Bring Insurance tem uma carteira de clientes no segmento empresarial e no particular e um volume de negócios de aproximadamente 430 mil euros.

Esta aquisição representa mais um passo no nosso plano de crescimento e afirmação como um dos principais players do setor da mediação de seguros em Portugal, mantendo o nosso compromisso com a qualidade de serviço e a proximidade ao cliente”, afirma a administração da Diagonal, citada na mesma nota de imprensa.

A história do grupo Luís Simões na corretagem de seguros começou em 1972, quando o fundador se iniciou na atividade de mediação. Em 1989, a empresa quis gerir a sua carteira de seguros, que estava a tornar-se cada vez maior, e constituiu a LusiSeg. Mais de 20 anos depois, em 2013, adquiriu a carteira da Diagonal – Corretor de Seguros e da SPM – Mediador de Seguros e acabou por adotar a marca Diagonal como nova designação desta unidade de negócio ligada aos seguros.

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Tema da corrupção e conflitos éticos perde relevância na discussão para as legislativas no X e notícias online, revela análise da LLYC

A conversa sobre as eleições, no X e nas notícias online, apresenta-se menos intensa do que em 2024, mas mais diversa. Descubra sobre o que mais falam os portugueses, de acordo com a LLYC.

Apesar de estar diretamente ligado à queda do Governo e de ter marcado o início da atual campanha eleitoral, o tema da corrupção e dos conflitos éticos foi menos discutido pelos portugueses no X e nas notícias online do que nas legislativas do ano passado.

Num recuo expressivo, o tema que representou 8,18% das menções nos dois meses que antecederam as eleições de 2024, e que foi o quarto mais discutido, desce agora para 3,99%, passando para o 11º lugar. Os temas relacionados com corrupção e conflitos éticos ficaram fora dos 10 assuntos que mais mobilizaram os portugueses, o que revela um enfraquecimento da sua centralidade no debate público.

Por outro lado, economia e impostos são o território com maior relevância nas discussões no X e nas notícias online sendo que, com 23,75% do total de publicações, este tema reforçou a sua centralidade no debate público, destacando-se como picos de conversa os reembolsos do IRS inferiores ao esperado e as mexidas no IRC. Este já tinha sido também o tema mais relevante na análise realizada no contexto das eleições legislativas de 2024.

As conclusões são do estudo “Eleições Legislativas 2025 — Análise da Conversação Social”, da LLYC, que incidiu sobre a conversação social no X (ex-Twitter) e nos meios de comunicação social online. O estudo considerou 18 territórios de conversa e analisou 184 mil publicações e 19,3 mil perfis ao longo de cerca de dois meses (14 de março de 2025 a 9 de maio de 2025).

A área da saúde subiu um degrau face a 2024, apresentando-se agora como o segundo tema mais discutido pelos portugueses no X e notícias online, para o que ajudou a discussão de temas como o encerramento das urgências dos hospitais do SNS, a falta de profissionais de saúde, o regresso das Parcerias Público-Privadas ou a saúde obstétrica.

O tema dos debates e eventos políticos foi o terceiro assunto mais relevante nos dois meses que antecederam as eleições, ocupando 10,8% de toda a conversação. Desta vez, a conversação esteve mais dispersa nos temas e manteve-se estável ao longo dos últimos dois meses, embora os principais picos de conversa tenham surgido durante os debates — em particular nos debates entre Pedro Nuno Santos e André Ventura, entre o líder do PS e Luís Montenegro e durante o debate televisivo com os oito partidos com assento parlamentar.

Também novo, o tema da defesa nacional ganhou relevância, surgindo em quarto lugar, registando 10,3% das menções e estando presente em 7,8% dos perfis, numa ativação que revela uma “preocupação crescente com a soberania do país e o papel de Portugal nas alianças militares internacionais, introduzindo uma dimensão geopolítica até agora pouco presente no debate eleitoral”.

Este ano o tema das tarifas impostas pelos EUA é novo no ranking, ocupando o quinto lugar e destacando-se sobretudo nos perfis de jornalistas e media, onde representa 20,4% da conversa.

Do total de 18 territórios de interesse abarcados no estudo, surgem depois, entre os mais discutidos, outras eleições, justiça, ambiente, habitação, migração, corrupção e conflitos éticos, regionalização, forças de segurança, equilíbrio orçamental, educação, privatização de empresas, TGV/LAV e Aeroporto de Lisboa.

O estudo mostra assim uma “reconfiguração das prioridades no debate público face aos dois meses que antecederam as eleições anteriores, tendo temas como justiça, defesa nacional e migração assumido um peso significativamente maior, passando de questões marginais a tópicos com forte presença na conversa social”, refere a LLYC.

A análise evidencia também desde logo que, este ano, a conversa sobre as eleições apresenta-se menos intensa do que em 2024, com uma quebra no volume total de publicações no X e notícias online — de cerca de 200 mil para 184 mil. Mas, por outro lado, verifica-se uma maior diversidade temática, com o número de territórios de conversa relevantes a aumentar de 15 para 18, o que evidencia uma dispersão dos focos de atenção no debate público.

Este ano foi também registada uma menor ativação dos políticos. Em comparação com as eleições de 2024, a atividade média dos candidatos e partidos políticos no X caiu cerca de 28% (de 268 para 195 tweets por perfil). No entanto, e apesar da descida, os políticos continuam a ser 2,2 vezes mais ativos do que os jornalistas e cerca de 19,1 vezes mais ativos do que os opinion makers.

Os opinion makers também reduziram a média de publicações por perfil (14,7 para 10,2). Por outro lado, a sociedade civil apresenta uma leve subida (de 8,7 para 9,4), assim como os jornalistas/media (78,4 para 89,2).

Analisando por comunidades políticas, a comunidade política de Centro-Esquerda, Esquerda e Esquerda Radical concentra grande parte da sua conversa no Serviço Nacional de Saúde e em debates e eventos políticos, sendo a que mais aborda estes temas. Economia e impostos é a temática com maior peso interno, mas com menor destaque face à comunidade de centro-direita e direita. A habitação também assume um papel relevante, embora com um peso ligeiramente inferior à comunidade de direita. É importante destacar ainda o maior envolvimento nas eleições autárquicas e presidenciais.

Já a comunidade de centro-direita e direita dá clara prioridade à economia e impostos, temática com maior peso relativo na sua conversa. Habitação e defesa nacional também se destacam como áreas relevantes, refletindo preocupações com segurança e estabilidade económica. Em menor escala, observa-se também uma maior atenção à privatização de empresas, tema este que está pouco presente nas restantes comunidades.

Por seu turno, a comunidade de extrema-direita fala sobretudo sobre economia e impostos, tal como as restantes, mas diferencia-se claramente pelo forte foco em migração, corrupção e justiça. Estes temas assumem um peso muito superior face às outras comunidades, “refletindo uma agenda marcada por preocupações com segurança, integridade institucional e controlo migratório”, lê-se no estudo.

Presença dos líderes e partidos nas redes

O estudo da LLYC sobre as Eleições Legislativas 2025 incluiu também uma análise à presença e alcance dos partidos com assento parlamentar e dos seus líderes nas diferentes redes sociais e plataformas como X, Facebook, Instagram, LinkedIn, TikTok e Threads.

A análise constatou desde logo que o PCP lidera em volume de publicações no Facebook, X e Instagram. Por outro lado, AD e Chega destacam-se pelo engagement no Facebook, mas apresentam menos publicações que os partidos de esquerda nesta rede. No X, AD e CDS-PP apresentam níveis de engagement altos, mas baixo volume de publicações, descreve o estudo.

“O LinkedIn é a maior aposta da IL, com um volume expressivo. No Threads, o PS destaca-se com a melhor performance: não só é quem publica mais como quem tem a melhor taxa de engagement. No TikTok, Chega e IL lideram com as taxas de engagement mais estáveis. AD e CDS-PP têm taxas mais elevadas unicamente por terem um volume de seguidores muito inferior aos dos dois primeiros partidos mencionados”, prossegue.

Entre os candidatos, no Facebook, Pedro Nuno Santos e Mortágua publicam mais, mas Inês Sousa Real tem a taxa de engagement superior, “graças a um alto de interações vs. total de seguidores”. No Instagram, André Ventura destaca-se como o candidato com mais publicações, mas isso não se traduz numa taxa de engagement superior. No X, Mortágua é a mais ativa, mas Rui Rocha e Luís Montenegro apresentam os melhores níveis de engagement.

O LinkedIn tem baixo volume, mas Rui Rocha destaca-se em engagement. No Threads, Pedro Nuno Santos segue a tendência do PS e lidera em performance. No TikTok, Ventura publica mais, mas é Montenegro quem gera mais engagement.

 

Este estudo, que abarca um total de 18 territórios de interesse e foi construído através da análise de tweets e notícias online sobre os temas-chave das eleições legislativas, entre os dias 14 de março e 9 de maio de 2025. Os dados foram obtidos com recurso à ferramenta da Brandwatch, que detém mais de 1,3 mil milhões de posts disponíveis.

A análise foi conduzida pela LLYC, através de uma equipa multidisciplinar de consultores de assuntos públicos, data scientists e especialistas em comunicação digital. Foram utilizadas plataformas como a Brandwatch e a Welov, bem como tecnologias de Inteligência Artificial (IA), Processamento de Linguagem Natural (NLP) e Análise de Redes Sociais (SNA), com o objetivo de estruturar, interpretar e visualizar grandes volumes de dados não estruturados, como as conversas nas redes sociais, descreve a consultora.

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Só quatro países da UE desceram emissões e aumentaram riqueza no final de 2024

Portugal fica sensivelmente a meio da tabela, registando uma subida das emissões no trimestre (2,36%), que foi contudo superada pela aumento do PIB.

As emissões de gases com efeito de estufa geradas pela economia da União Europeia atingiram as 897 milhões de toneladas de equivalente de dióxido de carbono (CO2) no quarto trimestre de 2024, uma subida de 2,2 % face ao período homólogo.

A subida, divulgada esta quinta-feira pelo Eurostat, verificou-se ao mesmo tempo que o produto interno bruto (PIB) da UE registou um aumento de 1,5% no trimestre, em comparação com o mesmo período de 2023.

Os dois setores económicos responsáveis pelo aumento de emissões entre os trimestres foram os agregados familiares, que aumentaram o respetivo contributo em 5,2%, e o fornecimento de eletricidade, gás, vapor e ar condicionado, que subiu 4,6%.

Seis países contrariam a tendência

No quarto trimestre de 2024, registou-se uma diminuição das emissões de gases com efeito de estufa em seis países da UE. As maiores reduções de gases com efeito de estufa foram estimadas para a Estónia (-11,3 %), Finlândia (-6,1 %) e Suécia (-2,3 %). Luxemburgo, Áustria e Letónia fecham o grupo das descidas. Nestes dois últimos países a quebra de emissões foi acompanhada de quebras na riqueza.

Portugal fica sensivelmente a meio da tabela, registando uma subida das emissões no trimestre (2,36%), que foi contudo superada pela subida do PIB.

 

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Algarve lança debate estratégico sobre o futuro digital

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  • 15 Maio 2025

O Congresso de Segurança & Integridade Digital assinalou, para muitos, o início de uma nova etapa para o Algarve, em que a região assume a ambição de estar na linha da frente da transição digital.

No Algarve, como em qualquer outra região do país, a transformação digital já deixou de ser uma hipótese distante. Está a acontecer nos serviços públicos, nas empresas, nas escolas e no quotidiano das pessoas. Esse o ponto de partida do Congresso de Segurança & Integridade Digital, que decorreu no dia 12 de maio, no Hotel Tivoli Marina Vilamoura.

Organizado pela Associação dos Empresários do Algarve (AEA), o congresso trouxe à região um debate urgente: como é que protegemos os nossos dados, os nossos negócios e os nossos serviços num mundo cada vez mais digital? E como é que fazemos isso com responsabilidade, sem perder de vista o lado humano e ético da inovação?

O encontro também mostrou as oportunidades que o digital pode trazer à região. Os Bairros Comerciais Digitais são um bom exemplo: um projeto pensado para dar nova vida ao comércio local, com ferramentas modernas que ajudam as lojas a vender mais, a comunicar melhor e a fidelizar os seus clientes. Mais do que uma digitalização apressada, trata-se de repensar os negócios com tempo, apoio e segurança.

Olhar sobre o futuro

Ao todo, foram quatro painéis que abordaram os temas centrais da nova era digital: a transição tecnológica no território, o futuro da segurança, o impacto da inteligência artificial e os caminhos para um desenvolvimento mais justo e equilibrado.

A inteligência artificial, concretamente, foi abordada, de uma maneira geral, como uma ferramenta poderosa que pode — se bem utilizada — melhorar a gestão pública, reforçar os cuidados de saúde, dar apoio ao setor turístico ou até proteger o ambiente. A condição? Que seja usada com ética, com debate público e com visão. O futuro é digital, sim, no entanto o digital só vale a pena se for seguro, ético e inclusivo.

João Guerreiro, presidente da Associação dos Empresários do Algarve (AEA), sublinhou a importância de um evento como este para “elevar o país” na transição digital — um esforço que, segundo o responsável, deve ir além da política e do imediato, mobilizando energias para um objetivo comum: preparar melhor o presente e o futuro digital de Portugal. “A digitalização da economia e da vida social traz inúmeras vantagens, da eficiência à criação de novas oportunidades de negócio. Mas também impõe desafios sérios: desde a segurança dos dados à privacidade dos utilizadores, passando pela resiliência dos sistemas”, complementou Susana Silva, da organização.

Digitalizar para incluir e cidades mais seguras

O dia começou com o painel “A Transição Digital no Território”, moderado por Francisca Sousa, gestora da Aceleradora do Comércio Digital do Algarve. A conversa centrou-se na forma como a digitalização está a moldar — e a equilibrar — o desenvolvimento regional.

Francisco Sousa, diretor do Departamento de Administração e Sistemas da Câmara de Loulé, adiantou que o município tem apostado em soluções digitais para combater as desigualdades internas: “Dois terços do nosso concelho são zonas de baixa densidade, com má cobertura móvel. Era preciso fazer mais”. A resposta veio com o Programa Digital para o Interior de Loulé, um projeto estruturante que já está a expandir a cobertura de comunicações móveis para 98% do território, incluindo freguesias como Alte, Ameixial ou Salir. “Queremos atrair investimento, fixar pessoas, apoiar a população local e preservar o nosso património ambiental.”

A perspetiva de Marlene Guerreiro, vice-presidente da Câmara de São Brás de Alportel, mostrou como o digital pode ser uma ferramenta de proximidade. “A digitalização foi um processo natural. O comércio local precisava de se dar a conhecer e chegar aos clientes.” O segredo, diz, está em adaptar a tecnologia à identidade de cada território. A responsável acredita que “quanto mais o digital for ao encontro da essência das coisas, mais sucesso terá”.

Fernanda Ferreira Dias, diretora-geral das Atividades Económicas do Ministério da Economia, apresentou o novo Mapa do Comércio, Serviços e Restauração, uma plataforma pública com informação georreferenciada sobre os estabelecimentos comerciais do país: “É uma espécie de Google Maps do comércio, útil para planeamento urbano, políticas públicas ou investimento privado”. A ferramenta foi lançada oficialmente a 23 de abril.

Nuno Gonçalves, vice-presidente do IAPMEI, o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação, reforçou que não faltam fundos para a transição digital, mas sim capacidade para os aplicar eficazmente. “Temos mais de 40 programas ativos para capacitar empresas, municípios e cidadãos. Mas os desafios são reais: baixa literacia digital, exigência de resultados rápidos e mais recursos financeiros”. Apesar disso, deixou uma nota de otimismo: “Projetos como os de Loulé e São Brás mostram que é possível construir soluções que respondam às necessidades locais”.

A sessão da manhã encerrou com o tema “Cidades Seguras – o futuro da segurança no território”, moderado por Cláudio Martins, administrador de uma empresa tecnológica, que destacou o impacto da segurança urbana na atratividade da região e a sua relevância ao nível nacional: “A segurança das nossas cidades não é apenas um tema regional, é uma preocupação nacional e cada vez mais urgente”.

Ricardo Mendes, da Bosch, destacou os avanços tecnológicos na vigilância urbana, especialmente no uso de análise preditiva e sensores inteligentes: “Hoje, já não falamos apenas de câmaras de videovigilância, mas de sensores de vídeo capazes de detetar comportamentos anómalos e reagir automaticamente”. Explicou também que os sistemas mais avançados conseguem detetar armas, reconhecer padrões de movimento e identificar pessoas ou objetos com base em atributos como a cor da roupa ou a presença de óculos: “A nossa missão é que o sistema reaja sem depender do operador. A predição é o futuro da segurança”. Os desafios legais e éticos, a importância da proteção de dados e da cibersegurança são pontos essenciais deste novo paradigma.

Hernâni Borges, coordenador de projetos na SystemsIT, centrou-se no processo de implementação destas tecnologias nas cidades. Destacou que, até há poucos anos, estes projetos eram difíceis de concretizar: “Há quatro ou cinco anos era praticamente impossível implementar este tipo de soluções. Hoje, com enquadramento legal e projetos técnicos rigorosos, é uma realidade”. Sublinhou a importância de uma abordagem técnica criteriosa, ajustando os sistemas às necessidades específicas de cada local: “Não se trata de pôr câmaras ao acaso. É um investimento de milhões e tem de ser planeado com critérios técnicos e legais muito claros”. O especialista referiu ainda a colaboração com a Polícia de Segurança Pública (PSP) para mapear zonas e tipologias de crime, otimizando a eficácia da vigilância.

Mónica Rocha, diretora da área de Administração Pública Local na Altice Portugal, falou sobre o papel da conectividade 5G na transformação das cidades seguras. Salientou que esta tecnologia permite viabilizar projetos de segurança em zonas remotas, com mobilidade, fiabilidade e segurança superiores às soluções tradicionais: “O 5G permite fazer em zonas remotas o que antes só era possível com fibra”. Isto tem especial relevância para o território algarvio, marcado por uma grande dispersão populacional e zonas rurais ou de baixa densidade onde soluções fixas são caras ou impraticáveis. A mobilidade e autonomia do 5G reduzem custos e aceleram implementações, assegurou.

João Gabriel, especialista em cibersegurança da BPO Consulting, reforçou que a proteção das cidades não se esgota na vigilância física: a componente digital é fundamental. Alertou para o risco crescente de ataques a infraestruturas críticas e à manipulação de dados sensíveis: “Não adianta termos a melhor infraestrutura física se os dados estão vulneráveis”, destacando a importância de políticas de segurança integradas, desde o dispositivo até à cloud, com formação de utilizadores, segmentação de redes e resposta a incidentes em tempo real. “A segurança é um processo contínuo. É preciso preparar as pessoas, os sistemas e os processos”, rematou.

Inteligência artificial e o seu impacto na sociedade e digitalização e planeamento territorial

A tarde arrancou com um debate animado sobre os efeitos da IA nos vários setores. O painel contou com intervenções de Alexandre Pereira, administrador da Tecnovia Indústria, e Ricardo Raimundo, professor universitário especializado em gestão e marketing.

Alexandre Pereira, com décadas de experiência no setor da construção, sublinhou o papel da IA na segurança, eficiência e sustentabilidade das obras: “A inteligência artificial já nos ajuda na monitorização de máquinas, previsão de atrasos e até na segurança dos trabalhadores, identificando comportamentos inseguros em tempo real”.

Por sua vez, Ricardo Raimundo destacou o impacto da IA na personalização e na gestão empresarial, mas também alertou para a sua integração consciente: “A inteligência artificial permite uma hiperpersonalização do produto, conhecendo padrões e comportamentos. Mas temos de garantir que ela amplifica, e não substitui, a inteligência humana”.

O painel foi unânime na conclusão: a IA não deve ser temida, mas sim compreendida e usada como ferramenta estratégica — um amplificador da capacidade humana, não o seu substituto.

O quarto e último painel do congresso foi dedicado à reflexão sobre o futuro do desenvolvimento territorial, com particular enfoque no Algarve. Moderado por André Telheiro Santos, empresário e dirigente associativo, o debate contou com a participação do professor universitário Fernando Seara, do comentador Pedro Costa e do ex-ministro Rui Gomes da Silva.

Pedro Costa abordou a transição digital como uma “verdadeira revolução industrial” e destacou que, pela primeira vez, Portugal pode entrar entre os primeiros na corrida global. No entanto, alertou para os riscos de concentração em gigantes tecnológicos e defendeu que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) oferece uma oportunidade para reequilibrar o mercado, promovendo a digitalização do comércio local e reforçando o planeamento estratégico, especialmente em regiões com desafios estruturais como o Algarve. Costa realçou que a gestão de dados deve ser colocada ao serviço do ordenamento do território, permitindo decisões mais informadas, eficazes e adaptadas às realidades locais.

Rui Gomes da Silva, por sua vez, foi mais incisivo quanto às desigualdades estruturais e à lentidão do Estado em adaptar-se aos desafios contemporâneos. Ironizou que vivemos com “uma administração do século XIX, leis do século XX e tecnologia do século XXI”, o que gera fricções graves na capacidade de resposta pública e de atração de investimento. Gomes da Silva alertou que 40% das empresas existentes hoje poderão desaparecer em 10 anos se não se adaptarem tecnologicamente. E reforçou que a justiça e o sistema fiscal continuam a ser os dois principais bloqueios à competitividade do país. Concluiu com uma reflexão política, apelando à coragem dos decisores para “inventar o futuro”, num tempo em que o poder formal nem sempre coincide com o poder real.

A fechar o painel, Fernando Seara trouxe uma visão crítica ao debate, assumindo-se como cético face ao entusiasmo generalizado com a inteligência artificial. Afirmou, sem rodeios, que a IA será “o maior fator de desigualdade social da história do planeta”, considerando que a sua massificação poderá agravar clivagens existentes e marginalizar ainda mais os territórios e cidadãos que não acompanharem esta transformação. O professor alertou que, apesar de inevitável, a inteligência artificial coloca desafios profundos ao nível jurídico, ético e político, que ainda estão longe de estar resolvidos — quer em Portugal, quer ao nível internacional.

Do ponto de vista territorial, Seara defendeu que os municípios devem assumir um papel proativo na digitalização, não apenas como utilizadores de tecnologia, mas como motores de inovação social e agentes de mitigação das desigualdades. Concluiu com um apelo à ação prática e corajosa por parte dos líderes locais, defendendo que “não basta falar do futuro — é preciso construí-lo com decisões concretas, centradas nas pessoas e não apenas nos sistemas”.

Um Algarve com uma voz forte

A sessão de encerramento ficou a cargo de Diogo Agostinho, Chief Operating Officer do ECO que apelou “a um Algarve capaz de unir esforços e encontrar uma voz que tenha peso em Lisboa”. Numa intervenção sobre a importância da segurança digital e na criação de condições para atrair talento para a região, não deixou de destacar a necessidade de uma cultura de ambição do Algarve. Na mesma linha, João Guerreiro, presidente da AEA rematou: “O futuro constrói-se com ambição, mas também com capacidade de execução partilhada“.

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Portugal regista quarta maior queda na produção industrial na UE em março

Atividade industrial contraiu 4%, em março, face ao mês anterior, contrariando o movimento de recuperação registado no contexto europeu, revela o Eurostat.

A produção industrial em Portugal desceu 4% em março, face ao mês anterior. Trata-se da quarta maior quebra entre os países da União Europeia e contrariou o movimento de subida da região, revelam os números do Eurostat.

O indicador vinha de dois meses de crescimento, após dois anos de abrandamento. No entanto, março ficou marcado por uma forte contração, que compara com subidas mensais de 4,8% e 4,7% em janeiro e fevereiro, respetivamente.

Apenas Luxemburgo (-6.3%), Dinamarca e Grécia, ambos com quedas de 4,6%, registaram quebras mensais mais pronunciadas do que Portugal. Já a União Europeia marcou um crescimento de 1,9%, enquanto a Zona Euro viu a atividade industrial acelerar 2,6%.

Em termos homólogos, a descida é ainda mais expressiva. A produção industrial nacional registou um travão de 5,6% face a março de 2024, enquanto os países da União Europeia registaram um crescimento homólogo de 2,7%.

O mês de março ficou marcado pelo anúncio de novas tarifas aduaneiras por parte da nova administração republicana nos EUA, com impacto na indústria. Os primeiros anúncios feitos por Trump foram, porém, muito vagos, deixando dúvidas sobre o real impacto das medidas.

Enquanto a procura de carros, por exemplo, acelerou, com os consumidores a anteciparem a entrada em vigor das novas taxas e a consequente subida de preços, outros setores sentiram os efeitos causados, com clientes norte-americanos a colocarem algumas encomendas em pausa, à espera de maior visibilidade sobre as tarifas.

Segundo os dados do Eurostat, os maiores aumentos mensais na União Europeia foram registados pelos bens de capital (3%) e pelos bens de consumo duradouro (2,8%) e não duradouro (1,3%).

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Ações da Benfica SAD disparam 7,8% para máximos de três anos

Os títulos da SAD benfiquista voltam a subir e já acumulam ganhos de 22% apenas em maio, superando largamente o desempenho em bolsa dos seus rivais do Sporting e do FC Porto.

As ações da Benfica SAD estão a negociar esta quinta-feira com uma valorização 7,8%, cotando atualmente nos 4,7 euros, o valor mais elevado desde janeiro de 2022.

Este comportamento de subida dos títulos foi acompanhado por um volume de negociação significativamente acima da média, com cerca de 4.830 ações a mudarem de mãos, num montante global superior a 22 mil euros – um valor que supera em 35% o volume médio diário dos últimos três meses.

O desempenho das ações da Benfica SAD durante esta manhã reforça a tendência de forte valorização dos títulos da sociedade desportiva encarnada desde o arranque do ano, mas sobretudo durante o mês de maio, após a compra de uma participação de 3,28% na SAD benfiquista por 7,07 euros por ação por parte dos norte-americanos da Lenore Sports Partners.

Desde o início de maio que as ações da Benfica SAD já acumulam uma subida de 27%, enquanto no acumulado do ano os ganhos ascendem a 44,6%. Estes números destacam o crescente interesse dos investidores e a dinâmica positiva que se instalou na bolsa de Lisboa em torno do clube da Luz.

O catalisador deste rally bolsista tem sido, em grande medida, a entrada da Lenore Sports Partners, um grupo de investidores norte-americanos liderado por Jean-Marc Chapus e Elliot Holton Hayes, no capital da Benfica SAD.

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Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

A operação ficou marcada pela aquisição, em leilão, de mais de 753 mil ações que pertenciam a Luís Filipe Vieira, antigo presidente do clube, representando 3,28% do capital social da SAD. Com esta compra, os norte-americanos passaram a deter uma participação qualificada de 5,24% na sociedade, tornando-se um dos principais acionistas da Benfica SAD.

A valorização das ações da Benfica SAD contrasta com o desempenho das restantes sociedades desportivas portuguesas cotadas em bolsa, como a Sporting SAD e a FC Porto SAD, cujos títulos registaram quedas nas últimas sessões, com as ações da SAD leonina a contabilizaram uma valorização de apenas 2,4% este ano enquanto os títulos da SAD do dragão afundam mais de 15,6% em 2025.

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Metablue procura capital para termómetro que usa IA para detetar otites

As oitites são infecções comuns na infância e quando não tratadas podem dar origem a doenças mais graves. A Metablue quer entrar com o dispositivo de deteção precoce no mercado europeu e americano.

Depois de um piloto na Guarda, a Metablue está a levantar 200 mil euros de capital para concluir o processo de certificação médica do termómetro que usa inteligência artificial (IA) para detetar otites e prosseguir com a aprovação junto da Food and Drug Administration (FDA), para entrada do Otitest na Europa e Estados Unidos.

“Já levantámos 400 mil euros em capital privado. Estamos agora a angariar mais 200 mil euros, até setembro, com o objetivo principal de concluir o processo de certificação médica e prosseguir com o processo de aprovação junto da FDA, para entrada nos mercados europeu e americano”, revela Raul Almeida, CEO da Metablue, ao ECO. “Já realizámos a pré-submissão à FDA e estamos em contacto com um organismo notificado europeu. Já temos o orçamento dos testes necessários para cumprir a legislação europeia e americana. Idealmente, cumpriríamos com o timing em oito a 12 meses”, precisa.

Parte na Agenda Mobilizadora Health from Portugal (HfPT), integrada no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), liderada pela Prologica e dinamizada pelo Health Cluster Portugal, o Otitest já teve um piloto na ULS da Guarda, entre entre 2021 e 2022, junto a 60 doentes — estando, nesta fase a recrutar 500 participantes (entre doentes e não doentes) para testes, através do 2CA-Braga e da ULS Braga, para um novo piloto.

Mas foi a sua inclusão no PRR que “transformou o projeto por completo”, não só “pelo investimento, mas pelo acesso a uma rede de parceiros robusta, com diferentes valências, como o INL, a Everythink, o 2CA Braga, o IPCA, e a Wiselife”, aponta o CEO. Não só permitiu “uma evolução do protótipo”, como foi criada uma “gaming app que permite avaliar o impacto da otite na audição da criança e acompanhar a sua evolução”. Neste momento, o Otitest encontra-se “em fase de novos ensaios clínicos” e em preparação para a certificação médica junto dos reguladores europeus e americanos.

O que faz o termómetro?

O aparelho desenvolvido pela Metablue Solution, um spin-off da Universidade do Porto, é um dispositivo médico, conectado, semelhante a um termómetro de ouvido que permite a deteção precoce de infeções no ouvido em crianças e bebés.

“A tecnologia combina sensores térmicos e óticos com Inteligência Artificial para interpretar sinais clínicos de otite média e indicar a sua probabilidade. O dispositivo é acompanhado de uma aplicação que permite aos pais visualizarem os resultados e acompanharem a evolução da saúde auditiva ao longo do tempo, com especial atenção às fases do ano em que as otites são mais prevalentes”, descreve o CEO.

“Há ainda a possibilidade de aceder a jogos interativos e didáticos, dedicados às crianças, sobre cuidados básicos de higiene para proteção dos ouvidos, e que integram audiometria para monitorizar possíveis impactos auditivos das otites”, refere ainda Raul Almeida.

A otite é uma infeção muito comum em bebés e crianças, “afetando cerca de 90% das crianças até aos sete anos, com grande impacto, provocando uma elevada taxa de idas à urgência, absentismo escolar e laboral por parte dos pais”, destaca. E se recorrentes ou não tratadas, são infeções que podem provocar perda auditiva, mastoidite, meningite ou labirintite.

“É crucial estar atento aos primeiros sintomas da otite, como dor de ouvido, febre, irritabilidade, e perda de apetite. Se existirem sinais é importante que a criança seja observada pelo médico. Ao primeiro sinal, pais e cuidadores poderão realizar sucessivas medições com o Otitest de forma acessível, fiável e remota, e enviar cada resultado ao seu médico de família ou pediatra”, explica Raul Almeida.

Objetivos para a injeção de capital

O novo capital que pretendem angariar tem objetivos claros: “Finalizar os testes clínicos, executar testes de segurança elétrica e compatibilidade eletromagnética (EMC), testes de biocompatibilidade, e implementação de um sistema de gestão da qualidade (QMS) de acordo com os requisitos regulamentares para, assim, assegurar a certificação CE e aprovação pela FDA”, elenca o CEO.

Mas também “reforçar a equipa, sobretudo data scientists e business developers, com o propósito de melhorar os modelos de IA do Otitest, consolidar o plano de comercialização, e preparar a próxima ronda de investimento, centrada na entrada no mercado”, explica.

Da esquerda para a direita, Faustino Pinto, Nayara Hernandez e Raul Almeida.

Hoje a equipa é formada por três elementos — “um engenheiro biomédico [Raul Almeida] que, em criança, sofreu múltiplos episódios de otite, tendo inclusive sido sujeito a cirurgia auditiva, e que pretende que outras famílias ajam rápido e não enfrentem complicações; um software developer [Faustino Pinto] que, prestes a ser pai, assume com humor o seu lado ‘hipocondríaco’ e deseja que o bebé não enfrente dificuldades auditivas; e uma designer de produto [Nayara Hernandez] cuja missão é empoderar mães e famílias migrantes que nem sempre são incluídos na inovação feita em Portugal” —, contando ainda com “um grupo sólido de advisors clínicos e tecnológicos”.

Mas com a futura ronda, um dos objetivos é “reforçar a equipa com perfis nas áreas de data science e business development, fundamentais para escalar a tecnologia e estruturar um plano de comercialização robusto. Queremos ainda envolver mais famílias, garantindo que o Otitest evolui a partir das suas realidades e necessidades concretas”, diz.

Uma “parte adicional do financiamento” será dedicada à “adaptação da tecnologia ao segmento veterinário, através do desenvolvimento do OtiVet respondendo, assim, a uma necessidade semelhante no cuidado auditivo de cães e gatos”, revela o responsável.

(notícia atualizada precisando os números do piloto na Guarda e da existência de um segundo em Braga)

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