Centeno avisa que “sem imigração a economia portuguesa não cresce”

Governador do Banco de Portugal considera que parar o ciclo de imigração significa estagnar o crescimento económico e que o mercado de trabalho tem conseguido absorver estes trabalhadores.

O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, defendeu esta sexta-feira a importância dos trabalhadores imigrantes para a economia portuguesa, alertando que estancar a imigração porá em causa o crescimento.

“Parar o ciclo de imigração significa parar o ciclo de crescimento económico em Portugal, que ninguém tenha dúvidas sobre isto”, afirmou Mário Centeno durante a apresentação do Boletim Económico de junho, no Museu do Dinheiro, em Lisboa.

O responsável do supervisor bancário português, que apresentou aquele que poderá ser o seu último Boletim Económico, uma vez que o mandato está a chegar ao fim, sublinhou que “sem imigração a economia portuguesa não cresce”.

“O crescimento não aconteceria se não fosse o inestimável contributo da imigração para a nossa sociedade. É muito importante compreender isto, porque é muito importante compreender as razões pelas quais a nossa economia cresce”, disse, acrescentando que o país tem “mantido a capacidade de atrair e criar condições para que o mercado de trabalho absorva estes imigrantes”.

O governador sublinhou ainda que estes trabalhadores “têm uma distribuição de qualificações muito vastas”, que se adequa às necessidades dos setores.

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“Applus pode libertar o potencial da Riportico”

  • ECO
  • 6 Junho 2025

Ricardo Campos transformou uma start-up criada há 20 anos para o seu próprio posto de trabalho numa empresa com mais de 200 engenheiros e explica porque decidiu vendê-la agora.

Ricardo Campos: ” Um dos dramas da economia portuguesa é termos demasiadas micro e pequenas empresas, sem escala e com dificuldade em subir na cadeia de valor”.

A Riportico Engenharia, uma das maiores empresas de engenharia de infraestruturas em Portugal, seguirá agora o seu caminho sem o seu fundador e CEO, Ricardo Campos. A empresa foi adquirida em janeiro de 2023 por um dos maiores grupos mundiais de consultoria técnica — o grupo espanhol Applus+ presente em mais de 70 países e com mais de 25 mil colaboradores, e que foi, em outubro de 2024, adquirida pela Amber EquityCo.

Após mais de duas décadas à frente da empresa, Ricardo Campos transformou uma start-up criada para o seu próprio posto de trabalho numa organização de referência, com mais de 200 engenheiros. Com a saída formal no final deste mês de Maio, o ECO entrevistou o engenheiro civil e gestor que, a par de uma cidadania ativa na ação climática, construiu um projeto empresarial reconhecido pelo mercado.

Em 2023, a Riportico vivia os seus melhores anos quando foi vendida. O que o levou a avançar com a venda nesse momento?

Por dois motivos. O primeiro era racional, a Riportico tinha como objetivo tornar-se uma grande consultora de engenharia de infraestruturas com impacto internacional, e só o conseguiria se entrassem novos acionistas com know-how, network e investimento. A segunda razão era pessoal, ou se quiser, mais emocional: eu e a minha mulher éramos os únicos acionistas da empresa, e ambos queríamos mais tempo na nossa vida profissional para abraçar outros projetos. Para isso acontecer, a empresa teria de tornar-se menos dependente de nós, e a melhor forma de o garantir era deixar entrar novos acionistas ou integrar uma grande multinacional que viabilizasse esse caminho de crescimento.

Vender um projeto ao qual dedicou praticamente vinte anos da sua vida não terá sido uma decisão difícil do ponto de vista emocional?

É sempre doloroso, porque a empresa faz também parte da tua identidade, torna-se também naquilo que és. Não é emocionalmente neutro, mas também não é caso para luto. Será mais ou menos como um filho que, quando chega ao chegar aos dezoito anos, sai de casa e vai para a Universidade. A vida pertence-lhe. A venda foi esse momento, o momento em que o filho saiu de casa para continuar o seu percurso embora com desafios e dificuldades de todo inesperadas. Não foi uma decisão tática para aproveitar o momento, tinha chegado a hora de dar esse passo. Começámos a conversar com a Euronext sobre uma possível entrada em bolsa, depois com a Deloitte e os advogados da PRA, procurámos investidores com o suporte técnico e legal adequados. Durante esse processo surgiu a Applus, com uma proposta que decidimos aceitar.

Durante o processo equacionou abrir o capital em bolsa. Em Portugal esse é ainda um caminho raro. O que o fez optar por um comprador estratégico e não pela dispersão de capital?

A Euronext é extremamente disponível e organiza várias sessões de informação com regularidade, e há cada vez mais capital disponível, poderia ter sido uma opção, mas na altura optámos por outro caminho. A Applus, sendo uma das maiores empresas de consultoria do mundo, pareceu-nos que seria uma excelente opção para libertar o grande potencial da Riportico, e automaticamente, nos permitiria aproveitar as oportunidades do mercado aqui ao lado em Espanha.

A integração num grupo como a Applus visava abrir novos mercados à Riportico. O que esperava dessa entrada num grupo multinacional?

Aceder a projetos de maior escala, mais desafiantes para os técnicos, e continuar o crescimento. Muitas empresas deviam também pensar nesse passo. Um dos dramas da economia portuguesa é termos demasiadas micro e pequenas empresas, sem escala e com dificuldade em subir na cadeia de valor ou produzir em quantidade para competir nos mercados internacionais.

um dos dramas da economia portuguesa é termos demasiadas micro e pequenas empresas, sem escala e com dificuldade em subir na escala de valor ou produzir em quantidade para competir nos mercados internacionais

A falta de escala continua a ser um dos principais bloqueios ao crescimento de muitas empresas portuguesas?

Sem dúvida. Devia haver um estímulo, até ao nível dos CAE, para encorajar fusões ou a abertura do capital a parceiros estratégicos que tragam ferramentas de gestão e investimento para uma maior capacidade de escalar. Temos de nos libertar das razões históricas que incentivaram os negócios familiares e libertar o potencial que existe. Os países da frente da Europa têm todos grandes marcas mundiais, nós temos felizmente o turismo mas em potencial temos muito mais. O setor têxtil é um bom exemplo: temos empresas que produzem para marcas globais, mas ainda não temos uma Zara ou uma Nike portuguesas.

Na sua opinião o que é que pode contribuir mais para o sucesso de um projeto empresarial?

São vários fatores ao mesmo tempo, mas o mais importante é a cultura. A cultura é como um bulldozer, tem muita força e leva tudo à frente. Sempre vi uma empresa como um organismo vivo, tal como nós tem os seus órgãos vitais, como liderança, pessoas, produto, contas, estratégia. Se um falha, o todo sofre. A liderança é o cérebro – define a cultura e o ambiente. Para mim foi um laboratório onde aprendi muito sobre a natureza humana. Empresas construídas apenas sobre o interesse individual acabam por ser capturadas por lógicas de conveniência. As organizações com futuro são as que mobilizam as pessoas pela importância do que fazem, e não pelo medo de perderem o emprego.

Na sua trajetória, qual foi a fase mais marcante – a do crescimento inicial, ou esta última, já em integração?

Todas foram marcantes. Eu costumo brincar que tenho o currículo mais pobre de Portugal: uma linha só – CEO da Riportico, de 2004 a 2025. Mas a verdade é que essa linha cobre muitas fases que vivi na Riportico, a de nano-empresa onde estava sozinho depois de ter criado o meu próprio posto de trabalho onde eu era o comercial, o engenheiro, o financeiro e o diretor de recursos humanos; depois de micro empresa, pequena e média empresa, foi sempre difícil mas mais no inicio, lembro-me de em 2006 no segundo ano da vida da empresa, que já tinha esgotado todas as fontes de financiamento e tinha atraso de pagamento de clientes e estava numa bomba de gasolina em Salvaterra de Magos a ver o saldo na conta para ver se conseguia cinquenta euros para regressar a casa. Felizmente no dia seguinte entrou dinheiro de clientes. São momentos que nos marcam mas sobretudo que nos fazem ter empatia e respeito por quem arrisca, pelos empresários, que são a tropa de elite da nossa economia.

Os empresários são pouco reconhecidos?

Sim, os empreendedores e os empresários deviam ser mais reconhecidos. É muito difícil viver com uma folha de salários para pagar no fim do mês, e com a responsabilidade de assegurar não só o seu sustento, mas também o de muitas famílias. Quando a empresa cresce, a responsabilidade é maior, mas também se navega melhor. Um barco maior é menos ágil, mas aguenta melhor as tempestades.

Sempre conduzi a empresa como uma companhia de teatro – quem devia brilhar eram os atores. Eu fui apenas o encenador ou o treinador, se quisermos usar outra metáfora

De todas as experiências e dimensões de empresa, qual foi aquela que gostou mais?

Gostei de todas. Como escreveu Gabriel García Márquez, a felicidade não está em chegar ao cume da montanha, mas em subi-la. Esta é, aliás, a primeira entrevista que dou em vinte anos. Sempre conduzi a empresa como uma companhia de teatro – quem devia brilhar eram os atores. Eu fui apenas o encenador, ou o treinador, se quisermos usar outra metáfora. O segredo do que foi bem feito esteve sempre nas pessoas: a Alcina, o Davide, o Nuno, o Zé, o Abel, o Mário, a Maria, a Helena, a Rita – e tantos outros que eram mais capazes do que eu e sabiam muito mais de engenharia. Se tivesse de escolher, talvez a fase inicial de conquista seja a que recordo com mais saudade. Ou então esta última, já depois da venda à Applus – porque foi quando mais aprendi, por ser uma realidade completamente nova para mim.

Como foi a fase de integração da Riportico na Applus? Considera que foi um processo bem-sucedido?

Foram dois anos importantes. Já não tive responsabilidades executivas, mas tentei contribuir com a minha experiência e conhecimento do mercado para que a integração fosse a melhor possível. Costumava dizer na empresa que esta era a experiência que me faltava: fui, pela primeira vez, trabalhador por conta de outrem e conheci por dentro a realidade de uma grande multinacional. Nem tudo foi como o imaginado, há lições que marcaram profundamente, mas também tenho orgulho de que, neste período após a venda, a Riportico tenha continuado a crescer, batido recordes de faturação, de resultados operacionais e número de trabalhadores. As integrações têm sempre os seus desafios – são duas culturas que se fundem, como dois rios que se juntam num só leito. A empresa fica diferente, mas o que desejo é que consiga manter o essencial: colocar o cliente no centro, ser um local de realização para cada pessoa e continuar a apresentar excelentes resultados financeiros.

O que vai fazer agora com a saída da Riportico?

Agora com mais tempo vou terminar de escrever um livro que irei publicar. Desde 2021 que tenho registado num caderno os momentos mais importantes do processo da venda e integração da empresa. Uma coisa é a teoria e o que se aprende nas escolas de gestão, outra é viveres na primeira pessoa essa experiência. Todos os processos bem-sucedidos têm momentos muito críticos e ao reler as reflexões que fui fazendo ao longo do tempo vi que estava lá uma história com lições importantes que precisam de ser partilhadas não só com todos que estão a passar ou virão a passar pela mesma experiência pessoal, mas que podem contribuir para melhorar a arte de comprar e vender empresas.

A vida profissional vai acabar aqui?

Não. Vai continuar. Irei continuar a trabalhar. Tenho vários projetos abertos no computador e algumas propostas e conversas que adiei para o pós-Riportico. O que aí vem será diferente, talvez maior, talvez mais simples.

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Nova administração do Banco CTT aprovada com novo CEO

Francisco Barbeira, ex-administrador do BPI, é o novo líder do banco que os CTT lançaram há 10 anos. Instituição quer atingir um volume de negócios de sete mil milhões este ano.

O Banco CTT tem um novo conselho de administração com um novo CEO. Francisco Barbeira, ex-administrador do BPI, foi oficialmente confirmado na liderança da instituição financeira, substituindo Luís Pereira Coutinho (que ajudou a fundar o banco há dez anos e se prepara agora para ingressar na próxima administração da Caixa Geral de Depósitos).

A equipa executiva de Francisco Barbeira — cujo mandato irá até 2027 — conta com mais quatro membros: Pedro Coimbra (CFO), João Mello Franco (CCO), Nuno Fórneas (CIO) e a novidade Inês Maia Santos (CRO). O conselho de administração continua a ser presidido por João Castello Branco.

Com mais de 700 trabalhadores e 200 agências, o Banco CTT registou lucros de 20 milhões de euros em 2024, mais 26% em relação ao ano anterior, e explora uma carteira de crédito de 1,7 mil milhões de euros e depósitos acima dos quatro mil milhões. Este ano quer atingir um volume de negócios de sete mil milhões.

O banco é detido pelos CTT, que detêm uma participação de 91%. O final do ano passado marcou a entrada da seguradora Generali Tranquilidade no capital do banco, com a seguradora a pagar 25 milhões de euros por uma participação de 8,71%.

O grupo pretende continuar a reduzir a exposição ao banco, segundo revelou o CEO João Bento, ao ECO, no início deste ano. “Não somos o acionista ideal para um banco”, referiu o gestor. Os planos podem passar por cotar o Banco CTT na bolsa.

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Banco de Portugal revê em forte baixa crescimento do PIB para 1,6% este ano

O Banco de Portugal reviu em baixa em 0,7 pontos percentuais o crescimento do PIB para este ano e antecipa um agravamento de 0,3 pontos percentuais do défice orçamental para 2026 para 1,3% do PIB.

O Banco de Portugal cortou em 0,7 pontos percentuais as suas previsões para o crescimento do PIB este ano, antecipando agora uma expansão de apenas 1,6% da economia nacional para 2025, que contrasta com um crescimento de 2,3% projetados em março.

A instituição liderada por Mário Centeno justifica esta deterioração das perspetivas com a contração económica não antecipada no primeiro trimestre e o aumento da incerteza no panorama internacional. “A contração da atividade no primeiro trimestre do ano não foi antecipada, explicando em larga medida a revisão em baixa do crescimento do PIB em 2025 face ao Boletim anterior”, sublinha o Boletim Económico de junho, divulgado esta sexta-feira.

A economia portuguesa registou uma contração em cadeia de 0,5% nos três primeiros meses do ano, após ter registado um crescimento de 1,4% no último trimestre de 2024.

Este cenário mais pessimista coloca Portugal numa trajetória de crescimento mais moderada do que inicialmente esperado, embora o banco central mantenha a perspetiva de uma recuperação gradual nos próximos anos, com o PIB a acelerar para 2,2% em 2026 (face aos 2,1% previstos em março) antes de abrandar novamente para 1,7% em 2027 (o mesmo nível de crescimento projetado em março).

Fonte: Banco de Portugal

O Banco de Portugal mantém as anteriores projeções que apontavam para uma deterioração das contas públicas, prevendo que Portugal regresse a uma situação deficitária já este ano. Após o excedente orçamental de 0,7% do PIB registado em 2024, as projeções apontam para um défice de 0,1% do PIB em 2025, que se agravará para 1,3% em 2026 antes de melhorar ligeiramente para 0,9% em 2027.

“O saldo orçamental deverá piorar nos próximos anos, regressando a uma situação deficitária”, alerta o documento, que atribui esta evolução à “orientação expansionista da política orçamental verificada em 2024” que “prolonga-se em 2025 e 2026, revertendo apenas parcialmente em 2027”.

Recorde-se que, no Boletim Económico de dezembro, o Banco de Portugal já antecipava um défice orçamental de 0,1% do PIB este ano, mas para 2027 o défice era de “apenas” 1% do PIB (menos 0,3 pontos percentuais do que agora é projetado), e de 0,9% do PIB em 2027.

A redução da inflação deverá consolidar-se no horizonte de projeção [até 2027] (e) deverá apresentar alguma volatilidade ao longo do ano, em resultado de efeitos de base associados aos preços dos bens energéticos e ligados ao turismo.

Banco de Portugal

Boletim Económico de Junho 2025

Os economistas do Banco de Portugal referem que “a orientação expansionista da política orçamental verificada em 2024 prolonga-se em 2025 e 2026, revertendo apenas parcialmente em 2027”, com o documento a destacar o impacto de várias medidas de política fiscal, incluindo “a nova formulação do IRS Jovem, a redução da taxa de IRC, o aumento extraordinário das pensões, as revisões de algumas carreiras e as novas regras de progressão dos funcionários públicos”.

Apesar da deterioração das contas públicas, o Banco de Portugal mantém a perspetiva de uma redução contínua do peso da dívida pública na economia. O rácio deverá diminuir de 94,9% do PIB em 2024 para 91,1% este ano, 88,4% em 2026 e 85,8% em 2027.

“O rácio da dívida pública continua a diminuir ao longo do horizonte da projeção”, confirma o documento, embora a um ritmo mais lento do que no triénio anterior. Esta evolução “beneficia de um efeito denominador significativo e de saldos primários excedentários, em contraste com o maior impacto da despesa com juros”.

Fonte: Banco de Portugal

Taxa de desemprego mantém-se estável

Numa nota mais positiva, o Banco de Portugal mantém as suas previsões para o mercado de trabalho, antecipando que a taxa de desemprego se mantenha estável nos 6,4% ao longo de todo o horizonte de projeção até 2027. Esta estabilidade reflete “a robustez do mercado de trabalho” português, mesmo num contexto de abrandamento económico.

O emprego deverá continuar a crescer, mas a um ritmo mais moderado: 1,4% em 2025, 0,7% em 2026 e 0,5% em 2027. “O crescimento do emprego nos anos recentes beneficiou do afluxo de mão-de-obra estrangeira”, nota o documento, sublinhando que “entre 2019 e 2024, o número de trabalhadores por conta de outrem registados na Segurança Social aumentou 14,8%, com um contributo de 12,1 pontos percentuais dos trabalhadores estrangeiros”.

No capítulo da inflação, as perspetivas são mais favoráveis, com o Banco de Portugal a antecipar uma consolidação da redução dos preços. A inflação deverá situar-se em 1,9% este ano, descendo para 1,8% em 2026 e voltando a subir ligeiramente para 1,9% em 2027.

“A redução da inflação deverá consolidar-se no horizonte de projeção [até 2027]”, refere o boletim, acrescentando que a inflação “deverá apresentar alguma volatilidade ao longo do ano, em resultado de efeitos de base associados aos preços dos bens energéticos e ligados ao turismo”.

Os técnicos do Banco de Portugal sublinham ainda que “este resultado reflete a evolução moderada dos preços de importação e a diminuição gradual das pressões internas com origem nos custos laborais.”

A manutenção dos equilíbrios macroeconómicos da economia portuguesa é uma condição necessária para enfrentar um enquadramento internacional desfavorável [sendo] fundamental conter a deterioração orçamental, assegurando a sustentabilidade das finanças públicas.

Banco de Portugal

Boletim Económico de Junho de 2025

O banco central alerta ainda que “os riscos em torno das projeções são significativos, sendo predominantemente negativos para o crescimento da atividade”. Entre os principais fatores de risco destacam-se as tensões comerciais internacionais, a incerteza política e “as dificuldades em executar integralmente os fundos europeus”.

“As tensões comerciais e a maior incerteza limitam a atividade económica, mas os efeitos do alívio das condições financeiras, das maiores entradas de fundos da União Europeia e da robustez do mercado de trabalho dominam em 2026”, sublinha o Boletim Económico.

A instituição conclui com um apelo à prudência, referindo que “a manutenção dos equilíbrios macroeconómicos da economia portuguesa é uma condição necessária para enfrentar um enquadramento internacional desfavorável”, alertando que “é fundamental conter a deterioração orçamental, assegurando a sustentabilidade das finanças públicas”.

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PIB português teve o terceiro pior desempenho da Zona Euro no primeiro trimestre

  • Lusa
  • 6 Junho 2025

Contração económica de 0,5% em cadeia observada em Portugal no início do ano foi a terceira pior entre os países da Zona Euro, que cresceu 0,6% no mesmo período.

A economia da Zona Euro teve um crescimento homólogo de 1,5% no primeiro trimestre, e a da União Europeia (UE) de 1,6%, divulgou esta sexta-feira o Eurostat, tendo Portugal registado o terceiro maior recuo trimestral (-0,5%).

Na comparação com o mesmo trimestre de 2024, entre janeiro e março, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da Zona Euro acelerou para os 1,5%, depois de ter aumentado 1,2% do trimestre anterior. Na UE, de acordo com o serviço estatístico europeu, o PIB avançou 1,6% na variação anual, face aos 1,4% do período anterior.

Na comparação em cadeia, o PIB da Zona Euro e da UE cresceram ambos 0,6%, depois de, respetivamente, ter aumentado, 0,3% e 0,4% no quarto trimestre de 2024.

Fonte: Eurostat

Na variação homóloga, entre janeiro e março, a Irlanda (21,1%), Polónia (3,7%) e Dinamarca (3,6%) foram os países cujas economias mais avançaram, por contraste com a Eslovénia (-0,8%), Áustria, Hungria e Luxemburgo (-0,4%) e Letónia (-0,3%), que registaram recuos. O crescimento homólogo do PIB de Portugal foi de 1,6%, um abrandamento face ao de 2,8% registado no quarto trimestre de 2024.

A Irlanda (9,7%) registou o maior aumento em cadeia do PIB, seguida de Malta (2,1%) e Chipre (1,3%). Já os maiores decréscimos face ao trimestre anterior foram observados no Luxemburgo (-1%), na Eslovénia (-0,8%), na Dinamarca e em Portugal (ambos -0,5%).

O Eurostat indica ainda, no mesmo boletim, que o emprego aumentou 0,7% na área do euro e 0,4% na UE na variação homóloga, abaixo dos 0,8% e 0,6%, respetivamente, do período anterior.

Na comparação trimestral, nos primeiros três meses do ano, o emprego subiu 0,2% na área do euro e manteve-se estável no conjunto dos 27 Estados-membros, depois de ter aumentado 0,1% e 0,2% entre outubro e dezembro de 2024.

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“A Inteligência Artificial é uma forte aliada da gestão de frotas”

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  • 6 Junho 2025

IA Generativa, IA e Automação e IA Responsável marcaram VWFS Corporate Conference em Lisboa.

A terceira edição da VWFS Corporate Conference, realizada no final do passado mês de maio no Grande Auditório do ISCTE, em Lisboa, reuniu especialistas, líderes empresariais e académicos para discutir o papel crescente da Inteligência Artificial (IA) na transformação do setor da mobilidade empresarial, com foco particular na gestão de frotas.

No encontro, João Coutinho, Head of Fleet do Volkswagen Financial Services (VWFS) destacou a IA como uma alavanca estratégica para o setor. “A Inteligência Artificial é uma forte aliada da gestão de frotas”, afirmou, posicionando-a como um motor de eficiência, inovação e previsão comportamental, assinalando que a IA deve ser encarada como uma plataforma de criação de valor.

Na mesma conferência, Manuel Dias, National Technology Officer da Microsoft Portugal, trouxe à discussão a aplicação da IA Generativa como catalisadora de novos modelos de negócio. “Se quiserem lançar uma nova empresa ou produto na área da mobilidade, a IA Generativa pode criar um plano de negócio estruturado com a qualidade de um consultor especializado — e em tempo recorde”, exemplificou, vincado o potencial das novas linguagens. Esta abordagem coloca a IA não apenas como ferramenta de automação, mas como parceira de criação estratégica.

Já Pedro Ribeiro, Digital Innovation Team Lead do VWFS, evidenciou o papel da IA na interpretação avançada de dados e antecipação de tendências de consumo, uma realidade fundamental na rapidez e fiabilidade com que as organizações interpretam o mercado. “Vamos conseguir entender melhor quem são os clientes do futuro e as suas necessidades emergentes”, referiu. Este especialista identificou ainda cinco eixos que considera críticos para a integração da IA na gestão de frotas, nomeadamente, a capacitação de equipas, a governance de dados, a privacidade, a robustez da informação e os investimentos sustentáveis.

IA Responsável: do laboratório à operação

Face à rapidez com que os novos modelos de IA se desenvolvem, Helena Moniz, Presidente do Comité de Ética do Center for Responsible AI, colocou a ênfase na urgência do desenvolvimento de um enquadramento ético e regulatório robusto. A docente alertou ainda para os riscos da opacidade algorítmica e da centralização do poder computacional. “Precisamos de desenvolver com propósito: saber para quem, porquê e com que impacto estamos a construir estas tecnologias”, defendeu, chamando a atenção para lacunas regulatórias e assimetrias internacionais.

Também Manuel Machado, CEO da Arpa, empresa especializada em automação inteligente e parceira do VWFS, reconheceu na sua intervenção a importância de regras claras, mas alertou para os riscos de uma hiper-regulação que comprometa a agilidade e a adoção tecnológica. “Segurança sim, mas com bom senso”, sintetizou.

Tendências emergentes: IA especializada e democratizada

O futuro da IA foi outro dos eixos que esteve no centro da reflexão. Para Manuel Dias, vivemos uma “mudança de paradigma”, com o surgimento de modelos cada vez mais humanos — impulsionados por arquiteturas multimodais e agentes digitais com capacidade de atuação autónoma.

Helena Moniz destacou, por sua vez, a ascensão de modelos de linguagem mais pequenos e especializados, otimizados para domínios específicos como a gestão de frotas. A tendência foi reforçada por Manuel Machado, que apontou a relação entre escalabilidade, custo e penetração de soluções de IA nos setores operacionais.

Para o CEO da Arpa, o desafio passa também pela criação de uma cultura organizacional que normalize o uso da IA no dia a dia. “Formar talento, integrar soluções de forma contínua e colocar a tecnologia ao serviço das pessoas deve ser a nossa prioridade”.

A VWFS Corporate Conference reafirmou, assim, que a Inteligência Artificial não é apenas uma tendência — é um ativo estratégico para empresas que querem liderar a mobilidade do futuro com inovação, responsabilidade e foco em valor sustentável.

O VWFS um parceiro de referência

O Volkswagen Financial Services desenvolve a sua atividade no mercado nacional desde 2012, trazendo a Portugal todo o know-how do maior fornecedor de serviços financeiros da Europa. O seu portefólio de produtos e serviços é desenvolvido com o apoio das marcas e da rede de concessionários do Grupo VW, mas também com equipas especializadas que respondem todos os dias às necessidades dos seus clientes, sendo um parceiro essencial na mobilidade.

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João Valle e Azevedo fica com a pasta da comunicação social no novo Governo

O quadro do Banco de Portugal, que é desde 2024 deputado do PSD, é um dos novos secretários de Estado. Entra para o Ministério da Presidência e fica com a pasta da comunicação social.

A pasta da comunicação social, agora no Ministério da Presidência, vai ser tutelada por João Valle e Azevedo, sabe o ECO. Deputado desde as legislativas de 2024, João Valle e Azevedo era até agora vice-presidente do grupo parlamentar do PSD e membro da comissão parlamentar de Economia, Infraestruturas e Habitação e também da de Orçamento, Finanças e Administração Pública.

Licenciado em Matemática Aplicada à Economia e à Gestão e doutorado em Economia pela Universidade de Stanford, o novo secretário de Estado é quadro do Banco de Portugal desde 2007 e, de 2015 a 2024, foi coordenador da área de política monetária no Departamento de Estudos Económicos.

Saiu da função em rutura com Vítor Centeno, que terá sido surpreendido, em 2023, ao saber que João Valle e Azevedo fazia parte do grupo de especialistas que estava a trabalhar no programa económico do PSD. O grupo era coordenado por António Leitão Amaro, que mantém a pasta de ministro da Presidência, agora também com a tutela da Comunicação Social.

Participei no aconselhamento económico ao PSD e na elaboração de várias propostas económicas desde 2022 (Habitação, Reforma Fiscal) e na elaboração do programa eleitoral de 2024, com contributos nos cenários macroeconómico e orçamental, nos princípios gerais do programa económico e nas áreas da Reforma do Estado e do Processo Orçamental, Reforma Fiscal, Segurança Social e Reforma dos Apoios Sociais, Mercado de Trabalho, Justiça Económica, Habitação, Concorrência, Internacionalização, Inovação, etc.”, descreve o novo secretário de Estado na sua webpage.

João Valle e Azevedo descreve ainda ter colaborado com o Gabinete de Estudos do PSD entre 2016 e 2018, coordenando o grupo macroeconómico e participando no grupo microeconómico e no grupo de reforma do estado. Participou também na elaboração do programa eleitoral do PSD em 2015.

Com a nova geografia ministerial, a pasta da Comunicação Social saiu dos Assuntos Parlamentares e passou para a Presidência.

O anterior Governo AD, com a pasta da comunicação social tutelada pelo agora candidato a presidente da Câmara Municipal do Porto, Pedro Duarte, apresentou em outubro um pacote de 30 medidas para a comunicação social, com o fim da publicidade na RTP1 à cabeça. Esta acabou por cair em sede de Orçamento de Estado, mas a revisão do contrato de concessão da RTP era outra das medidas e avançou, bem como a oferta de assinaturas digitais a estudantes, implementada recentemente.

Agora, no programa eleitoral da nova AD — Coligação PSD /CDS, “concluir a implementação do Plano de Ação para os média” é uma das 10 medidas apresentadas, surgindo também reforçadas algumas das intenções que fazem parte do pacote das 30 medidas.

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Mais de metade dos médicos do SNS também trabalha no setor privado

  • ECO
  • 6 Junho 2025

A percentagem de médicos com mais um ou mais empregos é de 52,6%, enquanto nos enfermeiros é inferior (24,3%), mostra estudo desenvolvido por instituto da Universidade Nova de Lisboa.

Mais de metade dos médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) também trabalha numa ou mais instituições do setor privado, concluiu um estudo promovido pelo Planapp – Centro de Planeamento e de Avaliação de Políticas Públicas, divulgado esta sexta-feira pelo jornal Público.

A percentagem destes profissionais de saúde com mais um emprego (ou múltiplos) é de 52,6%, enquanto nos enfermeiros é inferior (24,3%). No caso dos médicos, só 47,4% estão em exclusividade num prestador do SNS, segundo o estudo “A satisfação dos profissionais de saúde em Portugal e a retenção no SNS”.

O inquérito a médicos e enfermeiros, coordenado por Tiago Correia e desenvolvido pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa, revelou que as razões para este acumular de funções não são iguais para todos, sendo que a necessidade financeira é apenas uma das explicações para este fenómeno.

“Quanto mais satisfeitos estão os profissionais, maior a sua vontade de permanecer no local em que trabalham. E o trabalho em exclusivo para um único prestador do SNS é um dos fatores apontados como potenciador dessa felicidade”, lê-se na síntese do matutino.

Além disso, pesam os cargos de chefia, tanto entre os médicos dos hospitais do Estado como os das unidades privadas. Ou seja, ser chefe em determinado estabelecimento de saúde é um fator que tem influência na vontade de permanecerem lá.

Quanto aos vencimentos, o relatório do Planapp mostra que, no caso dos médicos especialistas do SNS, os montantes dividem-se quase da mesma forma: 43,6% ganham entre 2.000 a 2.999 euros e 42,8% têm um rendimento líquido mensal de 3.000 euros ou mais.

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Empresas alentejanas negoceiam residências para trabalhadores imigrantes

  • ECO
  • 6 Junho 2025

Anualmente, passam pelo sudoeste do Alentejo entre 10 a 15 mil imigrantes da Índia, Nepal, Bangladesh e Tailândia, que trabalham na produção de frutas, legumes, flores e plantas ornamentais.

A Associação de Horticultores, Fruticultores e Floricultores do Sudoeste Alentejano (AHSA), que representa empresas agrícolas nesta região, pretende melhorar as condições de vida dos imigrantes temporários que lá trabalham e está a negociar com o Governo a criação de residências, segundo o Jornal Económico.

Inspirada no modelo espanhol que tem duas décadas e é considerado bem-sucedido, a AHSA iniciou contactos com os ministérios da Agricultura, Infraestruturas e da Habitação e Presidência e vai montar um grupo de trabalho com outras empresas locais, com a Câmara Municipal de Odemira e com as Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo e Algarve.

“Há uma intenção de tentar ajudar a replicar na região o exemplo espanhol da Residência Tariquejo, em Cartaya, na província de Huelva, região da Andaluzia”, disse o presidente da AHSA, Luís Mesquita Dias, ao semanário. O plano é criar uma residência coletiva para trabalhadores e, à volta do edifício principal, aproveitar as estruturas modulares existentes para estadias mais curtas.

Anualmente, passam pelo sudoeste do Alentejo entre 10 a 15 mil imigrantes da Índia, Nepal, Bangladesh e Tailândia, que trabalham na produção de frutas, legumes, flores e plantas ornamentais. É um setor que ocupa seis mil hectares e vale 500 milhões de euros em exportações.

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Socialista José Luís Carneiro oferece cinco pactos de regime a Montenegro

  • ECO
  • 6 Junho 2025

O ex-ministro, que apresenta no sábado a candidatura à liderança do PS, pretende propor cinco pactos de regime sobre política externa e europeia, defesa, segurança, justiça e organização do Estado.

O ex-ministro socialista José Luís Carneiro, que apresenta este sábado a candidatura à liderança do PS, pretende propor cinco pactos de regime ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, noticia esta sexta-feira o semanário Expresso.

Defensor da necessidade de “consensos democráticos”, José Luís Carneiro planeia iniciar o mandato como secretário-geral com propostas para pactos com o PSD em áreas de soberania: política externa e europeia, defesa, segurança, justiça e organização do Estado. Áreas de trabalho com as quais lidou enquanto secretário de Estado das Comunidades e depois e depois ministro da Administração Interna.

Por exemplo, quer uma “reforma eleitoral” nas câmaras municipais para reforçar o “parlamentarismo” municipal, o que implica uma revisão da lei eleitoral autárquica. No segmento da defesa, sugere uma “iniciativa estratégica do Estado” para que as necessidades de investimento em Defesa tenham impacto no “desenvolvimento económico, tecnológico e social do país”.

Na moção que se avizinha, de acordo com a versão preliminar a que o semanário da Impresa teve acesso, José Luís Carneiro procura um entendimento para uma maior descentralização da Administração central, reforçando a legitimidade direta, ainda que não mencione diretamente a regionalização.

Foi na noite em que Pedro Nuno Santos apresentou a demissão do partido, devido ao mau resultado obtido nas eleições legislativas, que José Luís Carneiro informou que iria voltar a ser candidato à liderança socialista, cerca de um ano depois de perder as diretas para o até agora secretário-geral.

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Metrobus do Porto fez primeiro ensaio durante a noite após nove meses de espera. Veja as imagens

  • Lusa
  • 6 Junho 2025

Arrancaram "com sucesso" esta madrugada os ensaios do metrobus, com o primeiro veículo a percorrer a ligação Casa da Música - Império, ao longo das avenidas da Boavista e Marechal Gomes da Costa.

O metrobus do Porto fez durante a noite os primeiros ensaios, constatou a Lusa no local e informou a Metro do Porto, mais de nove meses após a empresa anunciar o fim das obras principais do projeto.

Entre quinta-feira à noite e hoje de madrugada “arrancaram os ensaios do metrobus, com o primeiro veículo a percorrer todo o percurso da ligação Boavista — Império, ao longo das avenidas da Boavista e Marechal Gomes da Costa, incluindo a inversão de sentido em ambos os extremos da linha”, segundo a Metro do Porto.

“Todas as operações, incluindo as de aproximação e paragem em todas as sete estações do metrobus nesta ligação, bem como a de inversão de marcha na rotunda da Boavista, em frente à Casa da Música, foram várias vezes testadas com sucesso, sem qualquer anomalia a registar”, referiu a mesma fonte.

A transportadora referiu que “os ensaios foram conduzidos por técnicos do fornecedor, a empresa portuguesa CaetanoBus, e acompanhados por responsáveis da Metro do Porto, sendo em permanência monitorizados por elementos da Polícia Municipal”.

O teste põe fim a um período superior a nove meses desde que, a 23 de agosto, a Metro do Porto anunciou que “a empreitada do metrobus ficou terminada”, com exceção dos acabamentos nas estações, paisagismo e jardinagem.

Nos últimos meses, o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, chegou a anunciar (em 16 de abril) que os ensaios do metrobus iriam começar “na primeira/segunda semana de maio”, e depois (em 15 de maio) “na última semana de maio”, mas só arrancaram na quinta-feira à noite.

Em agosto do ano passado ainda se discutia a possibilidade de atuais autocarros da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), que irá operar o serviço, utilizarem provisoriamente o canal até à chegada dos veículos do metrobus, mas a opção foi abandonada face a testes insatisfatórios.

A não utilização do canal pelos autocarros levou ao seu aproveitamento como ciclovia, tendo já movimentos e associações do setor instado as entidades competentes a repensar o projeto “como um todo”, já que se mantiveram duas vias para automóveis e nenhuma para meios de mobilidade suave, apesar da sua utilização.

Em agosto de 2023, fonte oficial da Câmara Municipal do Porto esclareceu que foi uma “opção política” eliminar as vias de mobilidade suave: “Foi privilegiado o transporte público numa decisão política por causa de problemas de falta de espaço”, referiu.

O atraso na chegada dos veículos remonta à anulação do primeiro concurso público para aquisição dos autocarros e do sistema de produção de hidrogénio ‘verde’, que foi lançado em dezembro de 2022 e anulado, sendo repetido em julho de 2023, oito meses depois.

A Metro do Porto foi sucessivamente anunciando que estava a tentar receber os veículos até ao final de 2024, em janeiro ou fevereiro de 2025, mês em que validou a informação adiantada pela CaetanoBus de que os veículos começariam a circular “no início de maio”.

Em agosto, a Câmara do Porto considerou “lamentável e inaceitável” a ausência de esclarecimentos e acusou a Metro de falta de transparência, coordenação e articulação, pedindo “respeito institucional”, um tom crítico que marcou o processo nos últimos meses.

Aguarda-se ainda a assinatura do memorando de entendimento entre a autarquia, o Estado e a Metro do Porto sobre o projeto.

O projeto envolve também obras na estação de recolha da STCP na Areosa, que receberá a estação de produção de hidrogénio, prevendo o contrato que “até a fábrica de hidrogénio entrar em produção o consórcio fornecedor assegurará um posto de abastecimento móvel” de hidrogénio.

O metrobus do Porto será um serviço de autocarros a hidrogénio que ligará a Casa da Música à Praça do Império e à Anémona (na segunda fase) em 12 e 17 minutos, respetivamente.

O conjunto dos veículos e do sistema de produção de energia custaram 29,5 milhões de euros. Já a empreitada do metrobus custa cerca de 76 milhões de euros.

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Em Portugal, 92% das sociedades comerciais foram constituídas online

A talk "Elevator Pitch: Porque é que Portugal é um Best Place to Invest?", da Advocatus Summit, contou com Nuno Oliveira Santos, sócio coordenador de Fiscal na PRA, e João Nóbrega, partner da EY Law.

“A ideia é que, de facto, Portugal tem bases concretas para ser considerado não só um país com segurança mas que também é atrativo para o investimento. Se pensarmos na nossa conjuntura económica, Portugal teve um crescimento acima da média dos países da UE. Isto num contexto político e contexto macro económico difíceis. Temos a inflação controlada, mínimos históricos de taxa de desemprego, um crescimento do PIB acima da média”. O cenário otimista foi partilhado por João Nóbrega, managing partner da EY Law e responsável da área de Real Estate e de OIC.

A talk “Elevator Pitch: Porque é que Portugal é um Best Place to Invest? “, integrada na 8ª edição da Advocatus Summit, contou com Nuno Oliveira Santos, sócio coordenador de Fiscal na PRA, e João Nóbrega.

O advogado sublinha ainda que “continuamos a ter programas interessantes: Portugal percebeu o que é ser um hub tecnológico e aquilo que são as sinergias e o que podemos potenciar da nossa localização geográfica. Ao nível da Administração Pública, o que foi a transformação digital, coloca-nos num patamar de doing business mais fácil”.

Nuno Oliveira Santos, sócio coordenador de Fiscal na PRA – Raposo, Sá Miranda & Associados defende que “os investidores estrangeiros valorizam bastante aspetos como a possibilidade de constituir uma sociedade comercial em 48 horas, com valor do capital social escolhido pelo investidor, o que permite a ligação a várias funcionalidades como a Segurança Social, a AT ou o RNPC. Em 2024, 92% das sociedades comerciais foram constituídas online. A nossa taxa de IRC é uma taxa inferior à média dos países da OCDE e temos investimentos em investigação e desenvolvimento da produtividade das empresas que também são valorizados pelos estrangeiros. E há algo – que não é fácil de concretizar – que é o nosso receber bem, não só no turismo, mas também no âmbito comercial, há uma abertura muito grande aos estrangeiros e isso nota-se no investimento”.

Veja a talk na íntegra:

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A Advocatus Summit decorreu nos dias 29 e 30 de maio. Naquela que já é a sua 8ª edição, este ano o evento realizou-se no Auditório da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

Durante duas manhãs, reunimos alguns dos principais nomes da advocacia de negócios em Portugal para debater os grandes temas que moldam a prática jurídica: Fiscalidade, governance e compliance, investimento em Portugal, Cibersegurança e IA, Concorrência e direitos do consumidor, Agribusiness, smart cities e o papel do advogado em projetos cross-border.

O principal evento que liga a advocacia aos agentes empresariais e da economia é uma iniciativa ECO e ADVOCATUS que contou com o apoio de: Abreu Advogados, CMS Portugal, CS’Associados, Deloitte Legal, EY Law, Morais Leitão, Pérez-Llorca, PLMJ, PRA – Raposo, Sá Miranda & Associados, Proença de Carvalho, PwC Portugal, Sérvulo & Associados, SRS Legal, TELLES e Vieira de Almeida.

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