Participada espanhola da Mota-Engil vende fábrica ao grupo Indra e avança com despedimento coletivo
Venda faz parte do plano de reestruturação da Duro Felguera, que vai despedir 249 pessoas e voltar a prorrogar o processo de proteção contra credores até final de setembro, para continuar a negociar.
A Duro Felguera, a participada espanhola da Mota-Engil que tem estado a trabalhar na sua reestruturação financeira, vendeu uma fábrica em Gijón (Astúrias) ao Grupo Indra por 3,65 milhões de euros. O acordo fechado com a multinacional prevê a integração dos 156 colaboradores, num momento em que a empresa se prepara para avançar com um despedimento coletivo que vai afetar 249 trabalhadores.
O negócio fechado com a Indra a 30 de julho vai permitir à multinacional reforçar a sua aposta no setor militar, através da reconversão da unidade para a produção de veículos militares e de combate, segundo informou a empresa em comunicado.
Para a Duro Felguera, esta venda trata-se do “primeiro passo” do plano de reestruturação da empresa, que continua a negociar com os seus credores. Apesar de o comunicado original não adiantar o valor do negócio, o El Economista avança que a fábrica foi vendida por 3,65 milhões de euros.
Para esta semana estão agendadas duas reuniões, na terça e quinta-feira, para negociar o plano de despedimento coletivo que vai afetar 249 trabalhadores, o que equivale a 17,8% dos 1.400 funcionários da empresa. O objetivo destas reuniões, escreve o jornal digital espanhol, é tentar reduzir o número de pessoas afetadas pela redução de pessoal.
A empresa asturiana tem estado em negociações para chegar a um acordo com as instituições financeiras e resolver a incerteza em torno de sua situação de falência. Em março acordou a prorrogação do processo de proteção contra credores que apresentara no final de dezembro. Isto para continuar a negociar com as entidades financeiras uma reestruturação do grupo, por não ter chegado a acordo com a Sociedade Estatal de Participações Industriais (SEPI).
A empresa, que já tinha prorrogado o processo de proteção contra credores até ao final de julho, vai voltar a pedir o prolongamento do processo até ao final de setembro. “O pedido de prorrogação extraordinária dos efeitos da comunicação de abertura de negociações até 30 de setembro, conta com o apoio da maioria das instituições financeiras afetadas pelo plano de reestruturação”, refere a empresa.
“O objetivo deste pedido de extensão é permitir a conclusão bem-sucedida do plano de reestruturação como forma de garantir a viabilidade da empresa e do seu grupo, cuja definição avançou significativamente”, afirmou Duro Felguera, citada pelo El Economista
Em cima da mesa de negociações têm estado a ser avançadas várias possibilidades. O plano de reestruturação da empresa poderia incluir um acordo com o Governo, através da SEPI, para converter em ações os 120 milhões de euros que lhe emprestou em plena pandemia, o que lhe daria a maioria do capital. Contudo, nada foi acordado ainda.
Segundo a mesma publicação, o grupo apresentou na terça-feira, 29 de julho, o seu plano de viabilidade nas negociações para a redução do quadro de funcionários, que oferecerá um horizonte de 10 anos.
A SEPI e as empresas mexicanas Prodi e a Mota-Engil México são os principais acionistas da empresa. A portuguesa Mota-Engil, através da sua participada mexicana, e o grupo mexicano Prodi completaram no final de 2023 a injeção de 90 milhões de euros na Duro Felguera, o primeiro passo para a entrada como novos acionistas da cotada espanhola que, em 2021, recebeu um apoio público temporário no valor de 120 milhões de euros.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.