Governo nomeia Álvaro Santos Pereira para governador do Banco de Portugal

Economista-chefe da OCDE e ex-ministro da Economia de Passos Coelho foi escolhido pelo Governo para suceder a Mário Centeno na liderança do supervisor da banca.

Está desfeito o mistério: Álvaro Santos Pereira será o próximo governador do Banco de Portugal, substituindo Mário Centeno no cargo, anunciou esta quinta-feira o Governo.

“É hoje o economista principal de uma das organizações principais da economia mundial. É um profundo conhecedor da economia portuguesa, um profundo conhecedor da economia internacional, conhecedor do sistema financeiro“, adiantou o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, em conferência de imprensa após o Conselho de Ministros ter aprovado a indigitação do futuro líder do supervisor. O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, foi ausência notada na conferência.

“[Álvaro Santos Pereira] triunfou por mérito próprio no plano internacional como especialista independente na sua área (…) e Portugal tem muita honra no seu sucesso”, acrescentou o ministro, adiantando que o Governo irá enviar a proposta — assim como a de Gabriel Bernardino para a ASF — para audição parlamentar.

[António Santos Pereira] é hoje o economista principal de uma das organizações principais da economia mundial. É um profundo conhecedor da economia portuguesa, um profundo conhecedor da economia internacional, conhecedor do sistema financeiro.

António Leitão Amaro

Ministro da Presidência

Leitão Amaro defendeu a “independência” de Santos Pereira — apesar de ter sido ex-ministro da Economia do Governo de Passos Coelho — para o exercício do cargo de governador do banco central nacional. “Não é governante há mais de uma década, não é membro de nenhum partido político. É independente”, disse. E, sem se referir diretamente ao caso de Mário Centeno, afirmou: “a boa preservação de independência diz que não se deve sair de um governo para um banco central por um período mínimo de dois ou três anos“.

Por outro lado, destacou que pode ser uma mais-valia a experiência de cargos políticos, mas “desde que não haja uma passagem de quase passar de barco sem molhar os pés”. Essa será a situação de Álvaro Santos Pereira, 53 anos, vem da OCDE, onde ocupa o lugar de economista-chefe desde o verão passado. Durante dois anos tutelou a pasta da Economia do Governo de Pedro Passos Coelho durante o período da assistência financeira. Agora, tem pela frente um mandato de cinco anos aos comandos do supervisor da banca, e será o membro português do conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE) responsável pela condução da política monetária da Zona Euro.

“Escolhemos alguém que é melhor para o cargo. Serve melhor os objetivos para um banco central que é a autoridade de supervisão e tem responsabilidade por estudos e estatísticas”, afirmou Leitão Amaro. Antes de ser aprovado em Conselho de Ministros, o novo governador ainda terá de ser ouvido na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública (COFAP). O parecer do Parlamento não é vinculativo, mas é obrigatório, o que poderá atrasar o processo, dado que os trabalhos parlamentares cessam no período de férias.

De saída está Mário Centeno, uma situação mais do que esperada, dada a relação tensa entre o atual governador com o Governo de Luís Montenegro, em especial, com o ministro das Finanças. Leitão Amaro recusou fazer qualquer apreciação sobre o mandato de Centeno porque o atual governador está e continuará em “plenas funções” até Santos Pereira tomar posse — que se prevê que aconteça apenas em setembro. Há 25 anos que um governador não via o seu mandato renovado.

A futura sede do Banco de Portugal representou a mais recente polémica a estalar entre os dois. Miranda Sarmento pediu uma auditoria à IGF sobre o projeto imobiliário que irá custar mais de 192 milhões de euros. O banco central diz que enviou ao ministério todos os contratos e documentos relacionados com o negócio.

(Notícia atualizada às 15h21)

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Álvaro Santos Pereira “é a melhor escolha por ser independente”

No final do Conselho de Ministros, o Governo anunciou Álvaro Santos Pereira como governador do Banco de Portugal e Gabriel Bernardino como presidente da ASF.

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Emídio Gomes é a escolha do Governo para presidente da Metro do Porto

Emídio Gomes foi o nome escolhido pelo Governo para ser o novo presidente da Metro do Porto, substituindo Tiago Braga.

O Governo quer nomear Emídio Gomes, reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e ex-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, para presidente da Metro do Porto.

“O acionista Estado tenciona designar o professor doutor Emídio Gomes para exercer, em simultâneo, os cargos de presidente do conselho de administração e de presidente da comissão executiva da empresa, para o mandato 2025-2027“, pode ler-se numa carta remetida pelo Ministério das Infraestruturas e Habitação à Área Metropolitana do Porto (AMP), citada pela Lusa.

O gabinete de Miguel Pinto Luz recorda que, segundo os estatutos da Metro do Porto, “esta nomeação carece de consulta à Área Metropolitana do Porto, enquanto acionista”, motivo pelo qual o Governo pediu “pronúncia formal” à AMP sobre a personalidade indigitada.

A aprovação do candidato a membro da comissão executiva vai ser deliberado em reunião do conselho metropolitano agendada para esta sexta-feira. Ao ser indigitado, Emídio Gomes vai suceder a Tiago Braga, cujo mandato terminou em final do ano passado, mas que ainda continua em funções.

Emídio Gomes, atual reitor da UTAD e antigo presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) entre 2013 e 2016, é licenciado em Engenharia Zootécnica (UTAD) e mestre e doutor em Ciências Biomédicas (Universidade do Porto), sendo Professor Catedrático do Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar (ICBAS), no Porto, desde 2000.

Foi também Pró-Reitor da Universidade do Porto para a Inovação e Relações Empresariais (2009-2011) e Administrador Executivo da Junta Metropolitana do Porto (2005-2009), a antecessora da atual Área Metropolitana.

No seu currículo conta ainda com a presidência do Conselho de Administração da Agência de Inovação (2002-2005), tendo sido membro do Conselho Consultivo da COTEC (2003-2006) e do Conselho Estratégico da Universidade do Minho (2003-2009).

No ano passado, a Metro do Porto registou um prejuízo de 13,4 milhões de euros, apesar de ter atingido o melhor ano em termos de validações (89,8 milhões).

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Banco Central Europeu faz pausa previsível e mantém taxa de juro nos 2%

Numa decisão amplamente esperada pelos mercados, o Conselho do Banco Central Europeu manteve inalteradas as taxas de juro do euro ao fim de sete cortes consecutivos.

A sirene soou esta quinta-feira às 13h15 em Frankfurt, confirmando o que a esmagadora maioria dos analistas e economistas já dava como certo. Após sete cortes consecutivos das taxas de juro desde setembro do ano passado, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu fazer uma pausa na política monetária e manteve intactas as taxas diretoras da moeda única.

Desta forma, a taxa de juro da facilidade permanente de depósito mantém-se nos 2%, enquanto a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento permanece nos 2,15% e a taxa de juro de facilidade permanente de cedência marginal de liquidez nos 2,4%.

Esta paragem chega num momento em que a inflação na Zona Euro regressou em junho ao alvo dos 2% e as nuvens sobre a guerra comercial com Washington voltaram a adensar-se.

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Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

O comunicado oficial do Conselho do BCE revela que a decisão de manter as taxas inalteradas assenta fundamentalmente no facto de “a inflação situar‑se atualmente no objetivo de médio prazo de 2%”. Esta estabilização dos preços representa o culminar de um processo que começou há mais de um ano, quando a autoridade monetária europeia iniciou um ciclo agressivo de cortes para combater as pressões inflacionistas que haviam assolado a Zona Euro.

A instituição liderada por Christine Lagarde sublinha ainda que “a informação que tem vindo a ser disponibilizada está, em geral, em conformidade com a anterior avaliação do Conselho do BCE das perspetivas de inflação”, sinalizando que os dados económicos recentes não trouxeram surpresas significativas que justificassem uma alteração de rumo.

Refletindo, em parte, as anteriores reduções das taxas de juro decididas pelo Conselho do BCE, a economia provou ser, até à data, globalmente resiliente num enquadramento mundial difícil.

Conselho do BCE

Um dos fatores-chave que sustentaram a decisão do Conselho do BCE prende-se com a evolução das dinâmicas internas de preços. O BCE considera que “as pressões internas sobre os preços continuaram a abrandar, com o crescimento mais lento dos salários”. Esta desaceleração salarial representa um elemento crucial para a estabilidade futura dos preços, uma vez que os custos laborais constituem uma componente significativa da inflação subjacente.

Esta evolução permite ao BCE manter uma postura expectante, sem a urgência de novos cortes que caracterizou os últimos meses. A moderação salarial sugere que os riscos de uma espiral preços-salários – um dos grandes receios dos banqueiros centrais – se encontram controlados.

Não obstante o ambiente internacional desafiante, o comunicado do BCE destaca que “refletindo, em parte, as anteriores reduções das taxas de juro decididas pelo Conselho do BCE, a economia provou ser, até à data, globalmente resiliente num enquadramento mundial difícil”. Esta resiliência económica constitui outro argumento a favor da pausa, uma vez que não existem sinais imediatos de necessidade de estímulo adicional.

A principal fonte de cautela do BCE reside na “conjuntura que se mantém excecionalmente incerta, sobretudo devido a litígios comerciais”.

Os oito cortes de juros implementados desde junho de 2024, que reduziram a taxa de depósito de um máximo histórico de 4% para os atuais 2%, parecem estar a surtir o efeito desejado no apoio à atividade económica. O nível de 2% da taxa de depósitos é considerado pelos analistas como neutro para a evolução da economia, não sendo nem restritivo nem excessivamente estimulante.

Contudo, a principal fonte de cautela do BCE reside na “conjuntura que se mantém excecionalmente incerta, sobretudo devido a litígios comerciais”. Esta referência aos conflitos comerciais constitui uma alusão clara às tensões entre os EUA e a União Europeia, particularmente às ameaças tarifárias da Administração Trump.

Além disso, o BCE reforça o seu compromisso com “uma abordagem dependente dos dados e reunião a reunião para decidir a orientação apropriada da política monetária”. Esta formulação, já familiar nos comunicados recentes, sublinha que não existe um caminho pré-determinado para as taxas de juro, mantendo-se a porta aberta tanto para novos cortes como para uma pausa prolongada.

“As decisões do Conselho do BCE sobre as taxas de juro basear‑se‑ão na avaliação das perspetivas de inflação e dos riscos em torno das mesmas — à luz dos dados económicos e financeiros que forem sendo disponibilizados –, bem como da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária”, especifica o comunicado, delineando os critérios que nortearão as futuras decisões.

O comunicado conclui notando que “o Conselho do BCE não se compromete previamente com uma trajetória de taxas específica”, reforçando a flexibilidade de que a instituição pretende manter num contexto de elevada incerteza, e que as carteiras do programa de compra de ativos (asset purchase programme – APP) e do programa de compra de ativos devido a emergência pandémica (pandemic emergency purchase programme – PEPP) “estão a diminuir a um ritmo comedido e previsível, dado que o Eurosistema deixou de reinvestir os pagamentos de capital de títulos vincendos.”

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Estado já abriu concursos públicos para a exploração dos casinos do Algarve, Espinho e Póvoa de Varzim

Com as concessões da Solverde e da Varzim Sol a terminarem em dezembro, o Instituto do Turismo de Portugal procura as empresas que ficarão em exclusivo com a exploração destes espaços a 15 anos.

O Estado português abriu esta quinta-feira os três concursos públicos para exploração dos casinos do Algarve, Espinho e Póvoa de Varzim durante os próximos 15 anos.

O procedimento concursal, sob a chancela do Instituto do Turismo de Portugal, para concessão do exclusivo de exploração de jogos de fortuna ou azar nestas três zonas de Portugal abrange os casinos de Espinho, da Póvoa de Varzim, de Vilamoura, de Monte Gordo e de Portimão (Algarve Casino).

As propostas podem ser enviadas até ao próximo dia 5 de setembro, de acordo com a informação publicada no Jornal Oficial da União Europeia. A decisão de contratar foi tomada pelo ministro da Economia e da Coesão Territorial, através de um despacho com a data de 23 de junho.

O concurso é conduzido por um júri, constituído por três membros efetivos e dois membros suplentes, designados pela comissão de jogos. A adjudicação será realizada “segundo o critério da proposta economicamente mais vantajosa, na modalidade multifator”, tendo em conta os valores da contrapartida anual fixa e da contrapartida anual mínima e também a percentagem das receitas brutas dos jogos explorados nos casinos.

É o grupo Estoril Sol, através da Varzim Sol, que neste momento detém a concessão do casino da Póvoa de Varzim, assim como dos casinos do Estoril e de Lisboa. No caso de Espinho e do Algarve, a concessão está entregue ao grupo Solverde, que também é concessionária do casino de Chaves.

A concessão da Solverde para o casino de Espinho, que este ano ganhou mediatismo e esteve no centro da polémica por causa da ligação à empresa familiar de Luís Montenegro (Spinumviva), termina em dezembro. Isto porque teve uma extensão no pós-pandemia, definido pelo Executivo para compensar as empresas que tiveram as portas fechadas durante os confinamentos. É como se o Estado tivesse oferecido os dois anos da Covid-19 (2020 e 2021) às gestoras do jogo.

Tanto a zona de jogo de Espinho com as do Algarve e da Póvoa de Varzim foram esticadas até 31 de dezembro de 2025. No caso do Estoril e da Figueira da Foz (Sociedade Figueira Praia, da Amorim Turismo) até já tinham tido direito a mais um ano antes das restantes, dado que as respetivas concessões acabavam em dezembro de 2020 e o concurso não foi lançado.

“A negociação dos contratos de concessão envolve diversas entidades, além do Governo e do operador de jogo. O Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ) tem um papel fundamental na supervisão do cumprimento das normas legais e regulamentares. O Ministério das Finanças avalia as contrapartidas financeiras e os impactos fiscais, enquanto o Tribunal de Contas pode intervir para garantir que não há prejuízo para os cofres públicos. Em caso de dúvida sobre a concorrência no setor, a Autoridade da Concorrêcia pode ser chamada a intervir para evitar práticas monopolistas ou favorecimentos indevidos”, esclarece ao ECO o advogado Gonçalo Oliveira Martins.

Atualmente, Portugal tem em funcionamento um total de 12 casinos e uma sala de máquinas de jogo. São eles: Casino de São Miguel, Casino de Vilamoura, Casino de Monte Gordo, Casino de Portimão, Casino de Espinho, Casino da Figueira da Foz, Casino do Estoril, Casino de Lisboa, Casino da Póvoa de Varzim, Casino de Tróia, Casino de Chaves e Casino da Madeira. São estes que, a título de contraprestação pela concessão da exploração de jogos de fortuna ou azar, devem o pagamento de contrapartidas financeiras.

Fontes ligadas a esta indústria têm-se questionado sobre se a tutela do jogo no Instituto do Turismo de Portugal ainda faz sentido nesta era das apostas online. E recordam que a responsabilidade recaiu para a instituição de promoção turística em 2012 devido ao histórico mais negativo que o jogo tinha, associado apenas ao vício, e precisou de passar a estar mais interligado com o bem-estar e luxo.

Questionado sobre eventuais mudanças na tutela do jogo, o especialista Gonçalo Oliveira Martins esclarece que “existem propostas para que esta tutela passe para o Ministério das Finanças, dado o impacto fiscal do setor, ou para o Ministério da Justiça ou Administração Interna, devido às preocupações com branqueamento de capitais e criminalidade associada ao jogo”.

“Outra alternativa seria a criação de uma entidade reguladora independente, com maior autonomia em relação ao poder político, garantindo transparência e equidade na supervisão do setor”, sugere o advogado.

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Portugal está mais dependente do exterior nos cereais, leite e frutos

O azeite e a amêndoa registaram um bom ano de produção no último ano, reforçando Portugal como o segundo maior produtor da UE em ambos os produtos.

Portugal aumentou a sua dependência do exterior no aprovisionamento de cereais, leite e derivados e frutos, com o país a fechar o ano de 2024 com um défice da balança comercial dos produtos agrícolas e agroalimentares de 5,17 mil milhões de euros. Apesar de continuar a apresentar uma situação global deficitária, Portugal consolidou-se como o segundo maior produtor da União Europeia de azeite e amêndoa. No vinho, o país também é vendedor.

“Relativamente ao grau de auto aprovisionamento, o país aumentou a dependência do exterior em cereais, leite e derivados e frutos, com os respetivos graus de autoaprovisionamento a fixarem-se em 17,9%, 90,1% e 68,8%, manteve a autossuficiência em arroz e reforçou o aprovisionamento excedentário em vinho e azeite“, refere o Instituto Nacional de Estatística (INE) nas estatísticas agrícolas de 2024.

O INE acrescenta que, nas culturas permanentes, o azeite destacou-se com a segunda maior produção de sempre, com 180 mil toneladas, “refletindo a maturidade do olival intensivo alentejano”, e a amêndoa atingiu um recorde, de 91 mil toneladas, “consolidando Portugal como o segundo maior produtor da UE”.

Já a vindima foi prejudicada por doenças e fenómenos climáticos adversos, que resultaram numa quebra de 8,1% na produção.

Em relação a outras produções frutícolas, a maçã e laranja recuperaram do mau ano agrícola anterior, enquanto as produções de pera, kiwi e cereja registaram decréscimos por doenças e fenómenos climáticos adversos.

Em termos gerais, Portugal manteve um défice da balança comercial dos produtos agrícolas e agroalimentares (exceto bebidas), mas menor. O défice baixou 421,4 milhões de euros para 5.170 milhões de euros em 2024, uma evolução justificada pelo aumento das exportações (676,7 milhões de euros), que superou o das importações (255,3 milhões de euros).

Segundo o INE, o grupo de carnes e miudezas comestíveis continuou a ser o de maior peso no défice da balança comercial de produtos agrícolas e agroalimentares, atingindo 1.509,8 milhões de euros, mais 102,8 milhões de euros do que no ano anterior. O grupo dos cereais, que também manteve o 2º maior défice em 2024, registou um desagravamento de 233,3 milhões de euros.

O saldo da balança comercial das bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres inverteu o decréscimo do ano anterior com um aumento de 91,2 milhões de euros face a 2023. O excedente da balança comercial deste grupo de produtos atingiu 728,9 milhões de euros em 2024.

O saldo da balança comercial dos produtos do setor florestal alcançou 3.063,7 milhões de euros em 2024, aumentando 180,5 milhões de euros comparativamente ao ano anterior. O papel e cartão e a cortiça registaram os saldos mais elevados (1.024,4 e 919,7 milhões de euros, respetivamente). O grupo da madeira continuou a ser o único deficitário, com um saldo negativo de 256,7 milhões de euros.

A indústria alimentar continua a ser a principal atividade da produção industrial nacional com 16,2% do total das vendas em 2024 (16,6% em 2023), registando um valor de faturação de 16,7 mil milhões de euros.

“O rendimento da atividade agrícola, em termos reais, por unidade de trabalho ano (UTA), aumentou 14,5%, com o VAB (valor acrescentado bruto) a crescer 7,3%, refletindo uma variação positiva, em volume, da Produção (+4,2%) superior à do Consumo Intermédio (+2,5%). Os índices de preços de produção dos bens agrícolas e dos bens e serviços de consumo corrente na agricultura diminuíram respetivamente 2,7% e 0,4%”, acrescenta o INE.

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Economia acelera (ligeiramente) a duas velocidades na Zona Euro

A recuperação da Zona Euro revela sinais positivos, com o índice PMI a bater recordes de 11 meses, mas não sem reservas, com a indústria a ensaiar passos tímidos travando o ritmo económico.

Os mais recentes dados do Purchasing Managers’ Index (PMI) da Zona Euro revelam sinais encorajadores de recuperação económica na área do euro, com o indicador compósito a subir para 51 pontos em julho, superando as expectativas dos analistas que apontavam para 50,7 pontos e dos 50,6 pontos contabilizados em junho, alcançando assim o valor mais elevados dos últimos 11 meses.

Este resultado marca uma aceleração face ao mês anterior e confirma que a atividade económica da Zona Euro continua em território de expansão, ainda que de forma moderada, revelam os dados do Hamburg Commercial Bank (HCOB), divulgados esta quinta-feira. “A economia da Zona Euro continuou a expandir-se em julho, embora a um ritmo ainda modesto”, destaca Cyrus de la Rubia, economista-chefe do HCOB, em comunicado.

O setor dos serviços liderou esta melhoria, com o respetivo PMI a alcançar 51,2 pontos, batendo em 1,2% as previsões de 50,6 pontos, enquanto a indústria transformadora manteve-se em terreno de contração, apesar do PMI do setor ter-se mantido estável nos 49,8 pontos, em linha com as expectativas dos analistas.

O comportamento do setor industrial ganha particular relevância quando analisada no contexto das principais economias da Zona Euro, nomeadamente Alemanha e França, que representam cerca de metade do PIB da região.

Os dados o PMI de ambos os países mostram realidades económicas diferenciadas que ajudam a explicar o desempenho global da Zona Euro em julho. Enquanto a economia francesa continua a apresentar PMI em níveis de retração, mas em crescendo, os dados do PMI da Alemanha mantém-se à tona, mas em decréscimo.

A situação económica no setor industrial da Alemanha continua frágil, como evidenciado pelo índice PMI geral, que permanece abaixo da marca de 50. No entanto, o facto de a produção neste setor ter crescido por cinco meses consecutivos é encorajador.

Cyrus de la Rubia

Economista-chefe do Hamburg Commercial Bank

Os dados também divulgados esta quinta-feira sobre França revelam que o índice geral do PMI do país subiu ligeiramente 0,8% no último mês, alcançando os 49,6 pontos em julho, o valor mais elevado dos últimos 11 meses, ao mesmo tempo que o PMI dos serviços bateu também um máximo dos últimos 11 meses e o PMI da indústria transformadora a subir para os 48,4 pontos, o valor mais elevado dos últimos dois meses.

Porém, Jonas Feldhusen, economista junior do HCOB, refere que “França continua sob pressão considerável, tanto económica como politicamente”, destacando ser “improvável que o crescimento do PIB ultrapasse a marca de 1% este ano”, ao mesmo tempo que “aumentam as dúvidas sobre se o primeiro-ministro Bayrou conseguirá manter a sua política de austeridade.”

Já a Alemanha, voltou a registar uma queda do PMI geral para 50,3 pontos, o valor mais baixo dos últimos dois meses, mas com o setor dos serviços a subir para um máximo de quatro meses para 50,1 pontos, e o setor industrial transformador também a subir para o valor mais elevado dos últimos 36 meses, apesar de manter-se num nível de recessão (49,2 pontos).

Os resultados de julho dos PMI sugerem que a Zona Euro está a consolidar uma trajetória de crescimento moderado, sustentada principalmente pelo dinamismo do setor dos serviços.

A situação económica no setor industrial da Alemanha continua frágil, como evidenciado pelo índice PMI geral, que permanece abaixo da marca de 50. No entanto, o facto de a produção neste setor ter crescido por cinco meses consecutivos é encorajador”, refere Cyrus de la Rubia.

Esta divergência entre as duas principais economias europeias ilustra a heterogeneidade que caracteriza atualmente a recuperação económica na Zona Euro. Enquanto alguns países beneficiam de uma retoma mais robusta no setor dos serviços, outros enfrentam ainda constrangimentos significativos na atividade industrial, criando um cenário de recuperação a duas velocidades que requer atenção cuidada dos decisores políticos europeus.

Os resultados de julho sugerem que a Zona Euro está a consolidar uma trajetória de crescimento moderado, sustentada principalmente pelo dinamismo do setor dos serviços. Contudo, a persistente fraqueza da atividade transformadora mantém-se como um fator de preocupação que poderá condicionar o ritmo da recuperação económica nos próximos trimestres.

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Taxa Euribor sobe a três e a seis meses e desce a 12 meses

  • Lusa
  • 24 Julho 2025

Esta quinta-feira, a taxa Euribor avançou para 1,948% a três meses e para 2,037% a seis meses, enquanto no prazo mais longo (12 meses) baixou para 2,036%.

A taxa Euribor subiu esta quinta-feira a três e a seis meses e desceu a 12 meses em relação a quarta-feira e no prazo mais curto manteve-se abaixo de 2%. Com estas alterações, a taxa a três meses, que avançou para 1,948%, manteve-se abaixo das taxas a seis (2,037%) e a 12 meses (2,036%).

  • A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro de 2024 a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, avançou para 2,037%, mais 0,003 pontos que na quarta-feira.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor caiu, ao ser fixada em 2,036%, menos 0,002 pontos.
  • Em sentido contrário, a Euribor a três meses avançou para 1,948%, mais 0,009 pontos do que na sessão anterior.

Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a maio indicam que a Euribor a seis meses representava 37,75% do stock de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável. Os mesmos dados indicam que as Euribor a 12 e a três meses representavam 32,32% e 25,57%, respetivamente.

Esta quinta-feira termina a reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), em Frankfurt. Os investidores aguardam com expectativa o encontro, que deverá manter as taxas, pelo que as atenções estarão centradas na possibilidade de a presidente da entidade, Christine Lagarde, dar alguma pista sobre os próximos passos.

Na última reunião de política monetária em 4 e 5 de junho, em Frankfurt, o BCE desceu as taxas de juro em 0,25 pontos, tendo a principal taxa diretora caído para 2%. Esta descida foi a oitava desde que o BCE iniciou este ciclo de cortes em junho de 2024 e, segundo os analistas, deverá ser a última deste ano.

As médias mensais da Euribor voltaram a cair em junho nos dois prazos mais curtos, menos intensamente do que nos meses anteriores e de forma mais acentuada a três meses. Já a 12 meses, a média mensal da Euribor manteve-se em 2,081%. A média da Euribor em junho desceu 0,103 pontos para 1,984% a três meses e 0,066 pontos para 2,050% a seis meses.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Governo afasta aumento do preço da água no Alqueva

Tanto o Governo como os agricultores se mostram avessos à posição do gestor da empresa responsável por distribuir a água de Alqueva, que considera importante atualizar os preços.

O presidente e CEO da EDIA, José Salema, defende que os preços da água que é vendida por esta empresa aos agricultores deveriam aumentar, refletindo o aumento de custos com energia. Um desequilíbrio que tem ditado prejuízos no balanço e injeções de capital por parte do Estado, já que a EDIA é pública. Contudo, o Governo garante que esse aumento não está em cima da mesa. Uma subida que os agricultores também rejeitam.

O Governo não está a ponderar um aumento do preço da água no Alqueva“, assegura o Ministério da Agricultura, em resposta ao ECO/Capital Verde.

A mesma oposição é partilhada pelos agricultores queseguramente que não devem pagar a fatura do défice de exploração da EDIA, especialmente com aumentos do preço da água“, nas palavras do secretário-geral da Confederação de Agricultores de Portugal (CAP), Luís Mira.

[Os agricultores] “seguramente que não devem pagar a fatura do défice de exploração da EDIA, especialmente com aumentos do preço da água.

Luís Mira

Secretário geral da CAP

O representante da CAP sublinha que “pode haver um défice de exploração para a EDIA, mas não há um défice financeiro para o Estado“, na medida em que “as receitas fiscais geradas pela atividade do Alqueva, com particular destaque para a atividade agrícola, são largamente superiores”, como indicou o estudo apresentado pela própria EDIA, encomendado à EY e apresentado no início do ano.

Luís Mira considera que a EDIA “está a ser bem gerida” e que, havendo receitas da concessão que entram diretamente nos cofres do Ministério das Finanças, “o que deve acontecer é uma transferência do Orçamento de Estado para a EDIA” para compensar o défice de exploração.

Por seu lado, a Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP) considera que “a água em Alqueva não é barata” e que “um eventual aumento do preço da água não se justifica“. Contudo, a existir, “deve ser tecnicamente fundamentado, economicamente viável e, acima de tudo, socialmente equilibrado”, acrescenta.

A água em Alqueva não é barata. (…) um eventual aumento do preço da água não se justifica.

AJAP

O impacto de um aumeto do preço da água, segundo a AJAP, depende do negócio em causa. Para aqueles que detêm áreas consideráveis, “o preço da água pode não ser tão expressivo em determinadas contas de cultura”. Enquanto para outros, “o preço da água tem um papel fundamental na escolha da cultura a instalar e dos gastos da mesma”.

A mesma associação frisa ainda que a rentabilidade das explorações produtoras de culturas anuais (milho, tomate, hortícolas e forragens) “seria posta em causa”. E calcula que nestes casos, seguindo a posição do gestor da EDIA, a água passaria a representar um encargo de 20% a 35% do custo direto da produção por hectare.

Um aumento que “será mais facilmente suportável” para os grandes grupos de empresas investidoras no olival em sebe e amendoal. Em declarações posteriores à publicação desta notícia, o diretor-geral da AJAP, Firmino Cordeiro, reforçou a posição de que um aumento do preço da água não só “não se justifica”, tal como a associação defendeu em reação à entrevista a Salema, como “a AJAP é totalmente contra qualquer tipo de aumento do preço, seja qual for a cultura“.

Por seu lado, reconhecendo diferenças entre o tipo de plantações, José Salema sugere um aumento de preços diferenciado, consoante o tipo de cultura.

A AJAP acrescenta ainda que, nos últimos anos, os agricultores têm vivenciado uma “elevada incerteza” dado o aumento do preço dos fertilizantes e fitofármacos, a instabilidade nos preços de venda das suas produções, e ainda fenómenos climáticos irregulares que “complicam” a atividade, pelo que um aumento no fator de produção água seria “caótico”.

(Notícia alterada às 13:57 retirando a menção de que a posição da AJAP “vai de encontro” à de José Salema no que diz respeito à diferenciação de preços. E atualizada às 16:55 com declarações complementares do diretor-geral da AJAP)

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Meta avisa utilizadores sobre uso de dados pessoais para personalizar publicidade

  • Lusa
  • 24 Julho 2025

Entre os dados utilizados para personalizar a publicidade, estão as atividades das redes sociais, os contactos, bem como a informação dos equipamentos onde navega nas plataformas.

A Meta tem notificado os utilizadores do Instagram e do Facebook, dando a escolher entre o pagamento de cerca de sete euros por mês de assinatura ou conceder o acesso a dados pessoais para personalizar a publicidade.

Em 2023, a empresa apresentou o modelo “Pagar ou Consentir” para o Instagram e Facebook, permitindo usar os dados pessoais dos utilizadores para publicidade personalizada.

A primeira opção deste modelo é pagar 7,99 euros por mês para que se possa navegar nas redes sem anúncios. “Não vamos efetuar o tratamento dos teus dados para te mostrar anúncios”, refere a empresa.

A segunda opção diz respeito ao uso gratuito das redes sociais, mas com anúncios personalizados, de produtos e marcas, através do tratamento dos dados pessoais dos utilizadores. Entre os dados utilizados para personalizar a publicidade, estão as atividades das redes sociais, os contactos, bem como a informação dos equipamentos onde navega nas plataformas.

A aplicação deste modelo tem sido escrutinada pela Comissão Europeia, levando a avisos de Bruxelas em julho de 2024, alertando para o incumprimento da lei europeia dos serviços digitais (DAS) ameaçando uma nova multa.

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Novo chairman da TAP ambiciona privatização “sem impacto na operação”

Carlos Oliveira considera que a privatização é "muito importante para o futuro da companhia" aérea, mas quer os trabalhadores focados no dia-a-dia.

O novo presidente do conselho de administração da TAP defende que a venda de 49,9% da companhia aérea não desfoque os trabalhadores da operação do dia-a-dia. A mensagem foi transmita num evento interno sobre sustentabilidade que aconteceu na segunda-feira, dia de estreia de Carlos Oliveira na companhia aérea.

“Aquilo que queremos, enquanto conselho de administração, é trabalhar de forma muito articulada, até porque somos uma só equipa, e queremos que este processo de privatização que agora começa seja feito sem impacto na operação e que a TAP continue a voar cada vez mais alto”, afirmou o novo chairman, citado numa nota interna a que o ECO teve acesso.

A nota vem acompanhada de um vídeo em que Carlos Oliveira, que foi nomeado pelo Governo a 16 de julho, afirma que o “processo de privatização em curso (…) é muito importante para o futuro da companhia, importante também para o futuro do país”, mas sublinha que todos os trabalhadores devem focar-se “no dia-a-dia” da operação, “para que a TAP possa ser cada vez melhor”.

Depois de mais de dois anos em que o CEO, Luís Rodrigues, acumulou o cargo com a presidência do conselho de administração, o Governo decidiu alterar a governance da empresa.

O anúncio da escolha de Carlos Oliveira, que foi CEO da Fundação José Neves e secretário de Estado de Pedro Passos Coelho, foi feito a 10 de julho, o mesmo dia em que o Executivo aprovou em Conselho de Ministros a reprivatização de 49,9% da TAP, com 5% reservados para os trabalhadores.

“Separar [os cargos] de chairman e CEO é um modelo de governance mais saudável”, justificou na altura o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz.

O CEO da TAP, Luís Rodrigues, considerou que com a privatização em marcha a acumulação com o cargo de presidente do conselho de administração “não seria o melhor”, acrescentando que Carlos Oliveira iria trazer valor para a companhia.

O novo chairman já realizou na terça-feira a sua primeira reunião do conselho de administração.

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Oficial: Governo indica Gabriel Bernardino para o supervisor dos seguros e pensões

O Conselho de Ministros desta quinta-feira indicou o nome do matemático, que já foi presidente da autoridade europeia de seguros.

Gabriel Bernardino vai ser o próximo presidente da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), foi esta tarde anunciado no final do Conselho de Ministros, sucedendo a Margarida Corrêa de Aguiar. Liderou a Autoridade Europeia dos Seguros e Pensões Complementares de Reforma (EIOPA, na sigla em inglês) e foi, depois, presidente da CMVM, mas saiu de forma prematura por razões de saúde. O seu nome vai ser aprovado no conselho de ministros desta quinta feira, em simultâneo com o do sucessor de Mário Centeno no Banco de Portugal.

O mandato de Margarida Corrêa de Aguiar já tinha terminado, e aguardava-se, como no Banco de Portugal, pela decisão do ministro Joaquim Miranda Sarmento. Já no passado mês de abril, a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) passou a contar oficialmente com dois novos membros na administração: Rui Nuno Baleiras, como vice-presidente, e Maria Paula dos Reis Vaz Freire, como vogal. As nomeações foram aprovadas na Resolução do Conselho de Ministros n.º 79/2025, publicada a 17 de abril, e produzem efeitos a 21 de abril. Os mandatos do vice-presidente e da vogal designados têm a duração, respetivamente, de seis anos e de cinco anos e seis meses, não renováveis.

Neste momento era consultor do Banco Mundial e assume a presidência da ASF numa altura que se discute as consequências do direito ao esquecimento, da criação do Fundo sísmico ou de Catástrofes e o futuro do Open Insurance que trará uma revolução na cadeia de valor dos seguros.

Adepto dos produtos de poupança e reforma de longo prazo, é conhecedor das dificuldades de financiamento futuro da segurança social portuguesa para assegurar o atual nível de pagamento de pensões. Ao mesmo tempo estudou profundamente o desenvolvimento dos pilares II e III – pensões de empresa e pensões particulares – no âmbito do regulamento Solvência II, que construiu enquanto presidente da EIOPA.

Os planos do Governo para esta área de complementos de reforma paralelo à segurança social pública podem agora ter um interlocutor privilegiado. Recentemente Gabriel Bernardino referiu publicamente que “a estratégia de investimento do FEFSS (Fundo de Equilibrio Financeiro da Segurança Social não é compatível com uma perspetiva de longo prazo”, concluindo com “temos de alterar a política de investimento do FEFSS”.

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