Projeto Bridge AI recomenda inquérito nacional sobre literacia em IA

  • Lusa
  • 21 Outubro 2024

O projeto, que tem o apoio do PRR, também recomenda a criação de incentivos para reter especialistas em inteligência artificial (IA) em Portugal e repensar as Zonas Livres Tecnológicas.

O projeto Bridge AI é coordenado pela professora Helena MonizCortesia do Bridge AI

O projeto Bridge AI recomenda a realização de um inquérito nacional sobre literacia em inteligência artificial (IA), incentivos para reter especialistas neste âmbito em Portugal e repensar as Zonas Livres Tecnológicas. Estas são algumas das recomendações preliminares para apoiar decisores políticos na aplicação do regulamento europeu de IA (AI Act) que foram apresentadas na Conferência Bridge AI, que decorreu no sábado, em Lisboa.

Coordenado pelo INESC-ID em colaboração com a Fundação Champalimaud e a Unbabel, as conclusões do Bridge AI visam “colocar Portugal na vanguarda” da regulação da IA. Entre outras medidas, o projeto sugere o desenvolvimento de programas que “promovam o intercâmbio entres profissionais de várias áreas na sociedade e especialistas em IA” e o repensar as Zonas Livres Tecnológicas “para estarem mais alinhadas com outros modelos europeus, obedecendo a lógicas verticais e não geográficas”.

A criação de “red teams de AI”, especialistas que testem os produtos, avaliem os seus riscos e identifiquem as principais necessidades dentro da sua organização para manter a IA segura, com o intuito de proteger o utilizador final”, é outra das recomendações.

“Para chegar a estas conclusões preliminares, o projeto Bridge AI — comprometido a criar pontes entre o mundo académico, empresarial e o setor público para refletir sobre as implicações do AI Act –, promoveu uma metodologia de trabalho em grupo com especialistas nacionais e internacionais de referência que, ao longo de 2024, refletiram sobre os principais temas éticos, jurídicos, de literacia, e outros aspetos práticos da implementação da regulação” da IA, lê-se no comunicado.

O Bridge AI nasceu da vontade de três jovens gestores de ciência: António Novais e Nuno André, da Unbabel, e Joana Lamego, da Fundação Champalimaud, num projeto liderado por Helena Moniz.

Constituído em 2023 e coordenado pelo Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores – Investigação e Desenvolvimento (INESC-ID), o projeto Bridge AI envolve dezenas de parceiros, entre os quais a Fundação Champalimaud e a Unbabel, o Alan Turing Institute e membros do AI Advisory Board das Nações Unidas e das Nações Unidas.

O projeto tem cinco grupos de trabalho: instrumentos de avaliação de risco; ética da IA nos processos de regulamentação; implementação do IA Act; formação avançada e literacia em IA; e iniciativas fora da UE.

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Mudança ao IBAN volta a estar disponível na Segurança Social Direta

  • Lusa
  • 21 Outubro 2024

A mudança do IBAN esteve suspensa duas semanas na sequência de burlas na Segurança Social Direta e qualquer alteração tinha de ser presencial. A opção volta agora a ser reativada.

O Instituto da Segurança Social (ISS) informou que “reativou a funcionalidade de registo e alteração de IBAN na Segurança Social Direta”, após o serviço ter estado suspenso durante cerca de duas semanas. O instituto liderado por Octávio de Oliveira adianta que “reativou a funcionalidade de registo e alteração de IBAN na Segurança Social Direta, após a suspensão temporária do serviço”, lê-se no comunicado, publicado no site do ISS, na sexta-feira.

Em 2 de outubro, a Segurança Social tinha informado, que, na sequência de burlas na Segurança Social Direta, tinha precedido “de imediato à inibição e bloqueio da inserção/alteração de IBAN nesta plataforma”. Como tal, durante as últimas duas semanas qualquer mudança de IBAN só podia ser feita presencialmente. O serviço é agora reativado e a “Segurança Social implementou novas soluções que reforçam a segurança no processo de inserção ou alteração de IBAN”, de modo a “garantir maior proteção e segurança aos beneficiários”, lê-se ainda no comunicado.

Deste modo, o instituto recomenda aos beneficiários que confirmem “se o IBAN registado corresponde ao pretendido”, sendo que “neste caso, não será necessário realizar qualquer intervenção”. Já se quiser voltar a registar ou alterar o IBAN na Segurança Social Direta no menu tem de aceder ao seu perfil, depois ir a conta bancária e aí registar o IBAN. Tem ainda que inserir o comprovativo de titularidade da conta bancária e aguardar pela validação do IBAN pelos serviços competentes, dado que o “IBAN não ficará imediatamente válido”.

“O titular será notificado na área ‘Mensagens’ da Segurança Social Direta após validação do processo por parte dos serviços da Segurança Social”, explica ainda o instituto. Segundo a Segurança Social, esta é ainda uma “solução provisória, enquanto não está disponível solução de conferência da titularidade da conta”.

À Lusa, o Instituto da Segurança Social tinha confirmado, no início de outubro, a existência de cerca de 90 situações de burla relacionadas com a alteração de IBAN na Segurança Social Direta sem intervenção dos beneficiários, estimando um impacto de 60 mil euros.

Nos últimos tempos, as burlas em nome de institutos públicos como a Segurança Social ou a Autoridade Tributária têm sido recorrentes. O último alerta publicado no site do ISS foi feito na passada quarta-feira e alertava “para a existência de sites não autorizados que alegam prestar serviços de consultoria e outros serviços relacionados com o Número de Identificação de Segurança Social (NISS) em Portugal”.

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Bruna Dias dos Santos reforça equipa de Fiscal da Sérvulo

Bruna Dias dos Santos integra a equipa de Direito Fiscal da Sérvulo, liderada por Teresa Pala Schwalbach e Ana Moutinho Nascimento. A advogada transita da J+Legal.

Bruna Dias dos Santos integra a equipa de Direito Fiscal da SÉRVULO, liderada por Teresa Pala Schwalbach e Ana Moutinho Nascimento.

A equipa de Direito Fiscal da Sérvulo & Associados acaba de integrar uma nova associada, Bruna Dias dos Santos, que transita da J+Legal, onde trabalhava as áreas de Tax & Private Clients, Tax litigation, International Taxation, Corporate and M&A, Dispute Resolution and Arbitration.

Licenciada em Direito pela Universidade de Lisboa, Bruna Dias dos Santos tem um mestrado e em Direito Fiscal pela Faculdade de Direito da Universidade Católica de Lisboa, sendo ainda pós-graduada em Direito da Arbitragem pelo CIDP – Centro de Investigação de Direito Privado.

A área de Direito Fiscal da Sérvulo conta já com uma equipa de dez advogados, vocacionada para a assessoria jurídica a grupos económicos nacionais e internacionais, instituições financeiras, fundos de investimento, fundações, private wealth e investidores privados, em questões de elevada complexidade técnica.

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Porto recebe evento dedicado à inovação a partir desta terça-feira

  • ECO
  • 21 Outubro 2024

Business & Innovation Network volta à FEUP e ao UPTEC nesta terça-feira. A entrada é gratuita e os participantes terão oportunidade de discutir novas tecnologias e sustentabilidade com investidores.

O Porto vai receber o Business & Innovation Network (BIN@PORTO), de 22 a 24 de outubro, numa reunião de mais de 350 delegados de vários países e especialistas de áreas como academia, parques tecnológicos, empresas de base tecnológica e investidores. O evento é gratuito e decorrerá na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e no Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC).

O BIN@PORTO incluiu várias atividades, entre as quais sessões abertas, painéis temáticos, workshops e demonstrações tecnológicas. Os principais temas a serem discutidos são a transição energética, inteligência artificial, cibersegurança e soluções sustentáveis para a gestão da água. Entre os objetivos estão a interação entre investidores e participantes, exposição de novas tecnologias e discutissão de soluções inovadoras para desafios globais.

A iniciativa faz parte de uma rede internacional de inovação, a BIN@, e promove a colaboração entre parceiros académicos e industriais, com o objetivo de fomentar a inovação.

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Fullsix vence hackathon de criação de vídeos através de IA, na categoria Advertising Movie Awards

  • + M
  • 21 Outubro 2024

"O prémio que recebemos no Hackathon do Grupo Vivendi é um sinal importante para a nossa equipa e reflete o impacto transformador da IA no marketing e comunicação", diz Erik Lassche, CEO da agência.

A Fullsix foi a vencedora, na categoria Advertising Movie Awards, do hackathon organizado pelo Grupo Vivendi, que desafiou à criação de vídeos inovadores com recurso à inteligência artificial (IA) generativa. O concurso contou com 270 equipas participantes, oriundas de 19 países, de onde resultaram 63 projetos desenvolvidos ao longo de 48 horas.

Ricardo Melo, Filipe Morna, Pedro Correia, Tiago Ramos e Nuno Aguiar foram os elementos da equipa da Fullsix que se destacou “pela criatividade e inovação na criação de conteúdos digitais com IA, com acesso ilimitado à plataforma RunwayML“, uma plataforma que “permite a criação de vídeos e imagens utilizando IA generativa, oferecendo ferramentas que aceleram a produção criativa de conteúdos visuais”, refere-se em nota de imprensa.

O vídeo criado pela Fullsix pode ser visto aqui.

O prémio que recebemos no Hackathon do Grupo Vivendi é um sinal importante para a nossa equipa e reflete o impacto transformador da IA no marketing e comunicação. A Fullsix está comprometida em explorar novas fronteiras tecnológicas para oferecer soluções inovadoras e de vanguarda aos nossos clientes”, diz Erik Lassche, CEO da Fullsix, citado em comunicado.

Em junho a agência lançou o Fullsix AI Lab com o objetivo de “democratizar” o acesso das marcas e agências às potencialidades oferecidas pela inteligência artificial, desafiando-as a arriscar e criar “coisas novas, diferentes e interessantes”.

Este “laboratório” funciona como uma unidade que se foca em inteligência artificial (IA) generativa, “numa lógica de repensar todo o processo de marketing e comunicação, para perceber, desde o briefing até à produção ou análise de dados, como se pode acrescentar valor”, explicou na altura Erik Lassche, CEO da agência digital do grupo Havas, ao +M.

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Repsol desvia de Espanha para Sines investimento de 15 milhões em hidrogénio

  • Capital Verde
  • 21 Outubro 2024

Agravamento do imposto extraordinário sobre as energéticas levou à petrolífera a recuar na intenção de investir em Espanha. Sines prepara-se para receber eletrolisador de 4 MW para hidrogénio verde.

A Repsol decidiu relocalizar de Espanha para Sines um investimento de cerca de 15 milhões de euros em hidrogénio verde, como forma de protesto contra o Governo espanhol pelo agravamento da cobrança dos impostos sobre o setor energético. De acordo com a notícia avançada esta segunda-feira pelos jornais El Mundo e El Economista, o investimento contempla a instalação de um eletrolisador de quatro megawatts (MW), com potência para produzir até 600 toneladas de hidrogénio verde por ano.

A petrolífera espanhola já tinha avisado no passado que a crescente incerteza regulamentar em Espanha se estava a tornar desfavorável para o negócio, incluindo a possibilidade de o imposto extraordinário sobre as empresas de energia ser reformulado e convertido em permanente, o que poderia afetar o seu investimento nesta indústria incipiente. Entretanto, na semana passada, o ministro da Economia espanhol, Carlos Cuerpo, confirmou que o Governo irá mesmo avançar nesse sentido.

Com a retirada deste investimento, a agenda verde de Espanha pode estar sob ameaça, uma vez que o país pretende alcançar 12 gigawatts (GW) de capacidade de produção de hidrogénio verde até ao final da década. Em sentido contrário, Portugal poderá sair beneficiado, uma vez que a empresa já tem previsto 650 milhões de euros de investimento para a ampliação da sua unidade industrial em Sines, criando duas novas fábricas de polímeros.

Além da Repsol, também a Cepsa e a Endesa têm manifestado desagrado quanto à cobrança do imposto extraordinário de Espanha que, entretanto, se tornará permanente. O ECO enviou questões à Repsol mas até à publicação da notícia não recebeu resposta.

O Governo espanhol criou um imposto extraordinário e temporário para taxar o que considera serem lucros extraordinários das empresas energéticas e da banca associados à inflação elevada. No caso das empresas energéticas (petrolíferas, elétricas e de gás), o imposto é de 1,2% sobre o volume de negócios em 2022 e 2023.

O imposto é aplicado às empresas que têm como atividade principal a energia e que em 2019 faturaram mais de mil milhões de euros, ficando excluídas as vendas que fizerem fora de Espanha.

Correção: A versão original desta notícia indicava que o investimento relocalizado era de 150 milhões de euros quando, na verdade, é de 15 milhões. Aos leitores e visados, as nossas desculpas.

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PRA anuncia nova estrutura de governance

O Conselho de Administração da PRA, presidido por Pedro Raposo, mantém as funções de representação e fiscalização e será alargado para integrar nove sócios.

A PRA – Raposo, Sá Miranda & Associados acaba de anunciar uma nova estrutura de governance “que vem reforçar o compromisso da sociedade de advogados em ESG (Environmental, Social and Governance)”, segundo comunicado do escritório. A reestruturação inclui a ampliação da participação do número de sócios e a criação de duas novas comissões – a de Ética e Riscos e a de Governo Corporativo e Sustentabilidade.

O Conselho de Administração da PRA, presidido por Pedro Raposo, mantém as funções de representação e fiscalização e será alargado para integrar nove sócios. Já a Comissão Executiva, na qual se encontram delegadas todas as funções de gestão da sociedade, continuará a ser presidida pelo managing partner Miguel Miranda e continua a contar com os advogados e sócios Susana Santos Valente, Pedro Sá e David Coelho.

“Acreditamos que a PRA é a soma de várias experiências, de várias perspetivas, de várias vivências. Para crescermos é importante fazer diferente, é importante ter outras abordagens, é importante, como tão bem diz o nosso manifesto, inovar a cada passo.” afirma Miguel Miranda, managing partner da PRA, acrescentando que “o nosso objetivo com este modelo de governance é continuar a garantir que os nossos clientes e as nossas pessoas permanecem acompanhados, realizados e sempre próximos.”

Esta nova estrutura “visa não só refletir o compromisso da sociedade com a inovação, a sustentabilidade e o envolvimento de todas as partes envolvidas no futuro da PRA, como também criar valor para a sociedade”, segundo o mesmo comunicado.

Criada em 2001, a PRA – RAPOSO, SÁ MIRANDA & ASSOCIADOS conta com uma equipa de 200 profissionais e com escritórios próprios em Lisboa, Porto, Faro, Açores, Leiria, Évora e Madeira.

A PRA abrange 13 áreas de prática jurídica – Administrativo e Contratação Pública; Comercial, Contratos; Competition & UE; Contencioso e Arbitragem; Contencioso Penal; Corporate; Contencioso societário; Família e Sucessões; Fiscal; Imobiliário; Laboral; Propriedade Intelectual e Privacidade; e Recuperação de Crédito e Insolvência – e conta com cinco Unidades Económicas – Dano Corporal; Entertainment; Gestão de Ativos; e Transportes, para além de uma China Desk.

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Portugal manifesta “grande preocupação” com situação em Moçambique e pede contenção

  • Lusa
  • 21 Outubro 2024

Dispersadas pela polícia manifestações convocadas pelo candidato da oposição nas eleições de 9 de outubro, Venâncio Mondlane, para quem "verdadeiros terroristas" são as forças de defesa e segurança.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, disse esta segunda-feira que o Governo português continua a acompanhar “com grande preocupação” a situação em Moçambique e apelou à contenção de todas as forças políticas e autoridades do país.

“Estamos a seguir a passo e passo, com grande preocupação”, disse Paulo Rangel, referindo-se aos últimos desenvolvimentos em Moçambique, onde nas últimas horas manifestações convocadas pelo candidato da oposição nas eleições de 9 de outubro Venâncio Mondlane foram dispersadas pela polícia.

A polícia moçambicana lançou também gás lacrimogéneo contra o local onde Venâncio Mondlane fazia declarações aos jornalistas, obrigando o político a fugir.

Paulo Rangel lembrou que Portugal já condenou na semana passada “de forma muito categórica” a violência que levou aos assassínios do assessor jurídico e do mandatário de Venâncio Mondlane e pediu agora contenção a “todas as forças políticas e a todas as autoridades”, de forma a haver garantia de “regularidade e estabilidade no processo eleitoral”.

“É fundamental para Moçambique que o processo eleitoral corra bem e que dele resultem autoridades legítimas e respeitadas por todos”, acrescentou o ministro português, que falava aos jornalistas em Madrid, onde hoje se reuniu com o homólogo espanhol, Jose Manuel Albares, e com os ministros da Defesa de Portugal e Espanha, Nuno Melo e Margarita Robles.

Rangel acrescentou que os últimos desenvolvimentos em Moçambique são também preocupantes “porque a imprensa foi afetada no seu trabalho”, reiterando que o Governo está a seguir a situação com preocupação.

“É fundamental que todo o processo eleitoral (…) decorra com caráter ordeiro, com caráter legal, com caráter regular. Moçambique tem uma democracia que precisa de ser afirmada”, sublinhou, acrescentando que, neste contexto, haver violência, “necessidade de intervenção policial”, desacatos ou “intervenções que podem pôr em causa a estabilidade” é algo que “preocupa muito” o governo português.

Também a União Europeia (UE) já classificou como “bastante preocupantes” as “notícias de dispersão violenta” de uma manifestação em Maputo, capital moçambicana, convocada pelo candidato Venâncio Mondlane, e disse que “continua a monitorizar” o desenrolar da situação.

“As notícias de dispersão violenta são bastante preocupantes”, disse um porta-voz do executivo comunitário numa resposta enviada à Lusa. A mesma fonte pediu “contenção máxima” de todas as partes envolvidas no processo eleitoral e o “respeito pelas liberdades fundamentais e direitos políticos”.

“A UE continua a monitorizar os desenvolvimentos em Moçambique, depois dos homicídios chocantes de Elvino Dias e Paulo Guambe”, acrescentou o porta-voz.

Venâncio Mondlane reivindica vitória nas eleições e apelou à realização de marchas pacíficas após o duplo assassínio dos seus apoiantes. A polícia moçambicana está a dispersar com gás lacrimogéneo desde hoje de manhã os manifestantes que pretendem repudiar o assassínio de sexta-feira.

A polícia moçambicana confirmou no sábado, à Lusa, que a viatura em que seguiam Elvino Dias, advogado de Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do Podemos, partido que apoia o candidato, mortos a tiro, foi “emboscada”.

As eleições gerais de 9 de outubro incluíram as sétimas presidenciais em simultâneo com legislativas e para assembleias e governadores provinciais.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) tem 15 dias para anunciar os resultados oficiais, data que se cumpre em 24 de outubro, cabendo depois ao Conselho Constitucional a proclamação dos resultados, após concluir a análise, também, de eventuais recursos, mas sem prazo definido para esse efeito.

Mondlane diz que verdadeiros terroristas são as forças de segurança

O candidato presidencial Venâncio Mondlane considerou, entretanto, que os verdadeiros terroristas em Moçambique são as lideranças das forças de segurança, em reação à carga policial que dispersou as marchas que tinha convocado para hoje.

“Se o cidadão não consegue exercer os seus direitos, então isto é pior do que um estado de guerra. Estes aqui é que são os verdadeiros terroristas. Em Cabo Delgado temos insurgentes, mas aqui em Maputo, nas forças de defesa e segurança, é onde nós temos os verdadeiros terroristas”, disse Mondlane, em declarações aos jornalistas pouco antes de ele próprio ser alvo do gás lacrimogéneo lançado pela polícia.

A capital moçambicana está a ser palco de confrontos entre manifestantes, que atiram pedras e incendeiam pneus nas ruas perto da Avenida Joaquim Chissano, e a polícia, que está a dispersar os populares com recurso a gás lacrimogéneo e tiros para o ar.

Na sequência da resposta da polícia, pelo menos três jornalistas ficaram feridos. Mondlane considerou que os manifestantes estão a cumprir o seu papel, mas a polícia não.

“O problema deste país não está com o povo, o verdadeiro vandalismo está com as forças de segurança, com as lideranças das forças de segurança que não têm nenhuma perceção cívica, política, não sabem o que são direitos fundamentais, não sabem o que são os direitos constitucionais”, acusou, defendendo que “a manifestação é um direito cívico, não é vandalismo”.

“Estamos todos de parabéns, o povo moçambicano está de parabéns, é um sinal que mostra a capacidade de a gente se mobilizar para lutar pelos nossos direitos e eu creio que quando anunciarmos a segunda etapa vai ser muito mais interessante do ponto de vista cívico e politico do que foi agora”, acrescentou o candidato.

Mondlane referiu que a manifestação de hoje foi a etapa “mais branda”, prometendo mais três fases de protestos até à proclamação dos resultados das eleições gerais de 09 de outubro pelo Conselho Constitucional.

S&P desce rating de Moçambique para emissões em moeda local

A agência de notação financeira Standard & Poor’s (S&P) desceu o rating das emissões de dívida em moeda nacional de Moçambique num nível, para CCC, temendo que falhe pagamentos, e manteve a classificação das emissões externas em CCC+.

“Acreditamos que existe uma elevada probabilidade de Moçambique falhar os pagamentos da dívida interna em moeda local, inclusivamente por razões administrativas, ou implementar uma troca de dívida ‘problemática’ no que diz respeito à dívida soberana interna, e por isso baixámos o ‘rating’ das emissões em moeda local, de CCC+ para CCC”, lê-se na nota divulgada pelos analistas.

Na explicação da manutenção da avaliação de risco (rating) da dívida soberana externa em CCC+, a S&P escreve que não tem havido atrasos e que “os pagamentos de dívida em moeda externa continuam comparativamente modestos até os Eurobonds atingirem a maturidade, em 2028”.

Para a S&P, “os desafios de gestão de liquidez continuam consideráveis, com alguns atrasos aparentes no pagamento aos credores internos, acumulação de dívidas a fornecedores e empreiteiros, para além de uma derrapagem orçamental”, num contexto macroeconómico em que os ajustamentos nos salários dos funcionários públicos, os choques relacionados com o clima, o pagamento de juros e a época pré-eleitoral causaram “pressões sobre a despesa pública”.

Mantendo a perspetiva de evolução do rating em estável, a S&P nota que apesar do crescimento de 4,3% previsto para este ano ser “relativamente robusto”, esta expansão está assente nas obras de construção necessárias para a exploração do gás natural no norte do país, e não num enriquecimento da população.

Estima por isso que o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) seja de apenas 2%. “A manufatura, a construção e a atividade do setor da importação estão também limitadas pelas dificuldades de acesso a moeda externa através dos bancos”, lê-se na nota divulgada pela S&P, que lembra que “no ano passado o governo cortou a distribuição de moeda externa para importação de produtos petrolíferos, deixando o mercado local com menos acesso a divisas externas”.

Moçambique, conclui a S&P na nota divulgada na sexta-feira à noite, “vai continuar a enfrentar desafios persistentes de políticas a médio prazo”, entre os quais os “elevados níveis de pobreza e o subdesenvolvimento no território fora de Maputo, o que levou a fracas condições socioeconómicas e aumenta a pressões sobre as finanças públicas”.

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68.ª Reunião Internacional de juízes será em Portugal

A União Internacional de Magistrados – Associação Internacional de Juízes deliberou por unanimidade que a 68.ª Reunião Internacional decorrerá em Portugal em 2026.

A União Internacional de Magistrados – Associação Internacional de Juízes (UIM-IAJ), durante a 66.º Reunião Mundial de Juízes, que decorreu na Cidade do Cabo, na África do Sul, deliberou por unanimidade que a Associação Sindical dos Juízes Portugueses será a responsável pela 68.ª Reunião Internacional, que decorrerá em Portugal em 2026. A reunião trará ao país juízes de todos os países membros da organização, num evento de grande impacto para o judiciário dos diversos países representados.

“É com alegria e grande sentido de responsabilidade que a ASJP acolhe esta missão de receber juízes de todo o mundo num país com uma tradição na defesa dos direitos humanos e da independência judicial. Simultaneamente sentimos um orgulho por ter havido unanimidade na decisão”, refere Maximiano do Vale, vice-presidente da ASJP.

A UIM-IAJ, que tem assento consultivo nas Nações Unidas e no Conselho da Europa, é composta por associações de 96 países de todo o mundo, com quatro grupos regionais: Associação Europeia de Juízes (AEJ), com associações de 44 países, Grupo Ibero-Americano (IBA), com associações de 18 países, Grupo Africano, com associações de 20 países e grupo da Ásia, América do Norte e Oceania (ANAO), com associações de 14 países.

A ASJP é membro da UIM-IAJ, fundada na Áustria, em 1953, como organização internacional de associações nacionais de juízes dos cinco continentes. O principal objetivo da UIM-IAJ é a defesa da independência do poder judicial, como requisito essencial da função jurisdicional e a garantia dos Direitos Humanos e da Liberdade. A ASJP integra a Associação Europeia de Juízes e o Grupo Ibero-Americano.

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Comissão Europeia lança rede de elite com 71 investidores para apostar em tecnológicas

A iniciativa da Comissão Europeia visa fortalecer o ecossistema de inovação europeu e garantir capital para empresas promissoras em áreas tecnológicas críticas.

A Comissão Europeia anunciou esta segunda-feira o lançamento da Trusted Investors Network, uma iniciativa que reúne 71 investidores europeus para coinvestir com a União Europeia em empresas de tecnologia com o Fundo do Conselho Europeu de Inovação (EIC).

Esta rede de investidores (que inclui o português Armilar Venture Partners) agrega fundos de capital de risco, bancos de investimento públicos, fundações e fundos de capital de risco corporativo que, no seu conjunto, é responsável pela gestão de mais de 90 mil milhões de euros em ativos.

“Com o lançamento do Trusted Investors Network estamos a dar um passo importante para fortalecer o ecossistema de inovação da Europa e garantir que as nossas empresas mais promissoras tenham o capital e o apoio necessários para crescer“, afirma Iliana Ivanova, Comissária para a Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude, em comunicado.

O Fundo EIC já investiu quase mil milhões de euros em 251 startups europeias, atraindo coinvestimentos de mais de 4 mil milhões de euros de cerca de mil investidores. Deste universo de investimento contam-se 15 startups nacionais que, até à data, conseguiram mais de 82 milhões de euros.

A nova rede visa fortalecer estes coinvestimentos e permitir que empresas em áreas tecnológicas críticas acedam a investimentos maiores.

O lançamento desta rede fez parte do primeiro EIC Scaling Summit, que reuniu 120 empresas selecionadas do portefólio do EIC e de programas nacionais. Destas, 72 foram adicionadas ao EIC Scaling Club, que agora conta com 120 membros no total, sendo que quatro têm raízes nacionais: C2C NewCap, Eneida, Probely e Arboreabiofoods.

Ao unirmos forças com o capital de risco, estamos a responder aos desafios urgentes delineados no relatório Draghi, que apela a ações ousadas para garantir a competitividade da Europa em tecnologias críticas”, sublinhou Ivanova.

(Notícia atualizada a 22 de outubro com dados sobre as empresas portuguesas)

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Fuga de Vale de Judeus resulta em nove processos disciplinares, incluindo ao ex-diretor da prisão

Instauração de nove procedimentos disciplinares, abertura de dois inquéritos autónomos e remessa de certidão às entidades competentes são algumas das conclusões do relatório entregue ao Governo.

O caso relativo à fuga de vários reclusos do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus resultou na instauração de nove procedimentos disciplinares, na abertura de dois inquéritos autónomos e na extração de certidão para remessa às entidades competentes, como recomendado”, segundo comunicou esta segunda-feira o gabinete de Rita Alarcão Júdice.

A Ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, e a secretária de Estado Adjunta e da Justiça, Maria Clara Figueiredo, receberam na quinta-feira o relatório elaborado pelo Serviço de Auditoria e Inspeção (SAI) da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), relativa à evasão de reclusos do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus.

Cinco reclusos fugiram no dia 7 de setembro do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre. Os evadidos são dois cidadãos portugueses, Fernando Ribeiro Ferreira e Fábio Fernandes Santos Loureiro, um cidadão da Geórgia, Shergili Farjiani, um da Argentina, Rodolf José Lohrmann, e um do Reino Unido, Mark Cameron Roscaleer, com idades entre os 33 e os 61 anos. Foram condenados a penas entre os sete e os 25 anos de prisão, por vários crimes, entre os quais tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento de capitais. Um mês depois – a 7 de outubro – um dos evadidos, Fábio Loureiro, foi detido no em Tânger, Marrocos.

Este relatório resulta do inquérito preliminar instaurado para averiguar indícios de incumprimento de deveres laborais e, consequentemente, de responsabilidade disciplinar. “O silêncio de muitos dos envolvidos, embora não os tenha desfavorecido, não permitiu deslindar alguns dos factos que ajudariam a delimitar a intervenção individual. Os processos disciplinares abrirão oportunidade para que tal apuramento seja feito”, diz a auditoria.

Para apurar o envolvimento e o grau de responsabilidade dos elementos envolvidos, o relatório recomenda:

  • Diretor do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus: instauração de procedimento disciplinar por violação dos deveres gerais de prossecução do interesse público, zelo e lealdade. O Diretor (em substituição) não zelou pelo cumprimento das orientações em matéria de vigilância e segurança, nomeadamente, na homologação das escalas.
  • Chefe da Guarda Prisional: instauração de procedimento disciplinar por violação dos deveres gerais de prossecução do interesse público, zelo e lealdade e por violação de certos deveres especiais. Como responsável máximo pela vigilância e segurança, em funções no EP de Vale de Judeus, a 7 de setembro, cabia-lhe a determinação da escala da vigilância (física e por vídeo) aos pátios interiores.
  • Sete Guardas Prisionais: instauração de procedimentos disciplinares a sete guardas prisionais, entre eles um Chefe de ala, por violação dos deveres gerais de prossecução do interesse público, zelo e lealdade, e por violação de certos deveres especiais. Estes guardas prisionais não cumpriram várias instruções, incluindo instruções escritas. Esses incumprimentos resultaram na falta de escrupulosa vigilância presencial e videovigilância, o que facilitou a fuga dos reclusos e impediu a sua deteção atempada.
  • Comissário do Estabelecimento Prisional: abertura de inquérito autónomo relativo à falta de concretização de uma medida de segurança e sobre uma situação de absentismo prolongado.
  • Militares da GNR: remessa, às entidades competentes, de certidão das partes relevantes do relatório para apuramento de responsabilidades disciplinares sobre as condições em que foram cedidas, sem autorização, as imagens de acontecimentos no EP de Vale de Judeus à Comunicação Social.
  • Direção dos Serviços de Segurança: realização de um inquérito autónomo para avaliar o seu funcionamento e a capacidade de resposta a situações desta natureza.

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Operação Vórtex: Ex-autarca Miguel Reis já está em liberdade e com apresentações na PSP

  • Lusa
  • 21 Outubro 2024

Apesar do alívio das medidas de coação ao antigo presidente da autarquia de Espinho, tribunal entende que "não se desvaneceram totalmente os perigos de continuação da atividade criminosa”.

O Tribunal da Feira alterou a medida de coação aplicada ao ex-presidente da Câmara de Espinho Miguel Reis, arguido no processo Vórtex, que deixou de estar em prisão domiciliária na sequência de um requerimento apresentado pela defesa.

Embora tenha entendido que “não se desvaneceram totalmente os perigos de continuação da atividade criminosa e o perigo para a conservação e veracidade da prova“, o tribunal decidiu aliviar a situação coativa do antigo autarca, indo também ao encontro do pugnado pelo Ministério Público (MP).

O despacho datado de sexta-feira, a que a Lusa teve acesso esta segunda-feira, refere que a obrigação de permanência na habitação com pulseira eletrónica foi substituída pela obrigação de apresentação periódica semanal, ao sábado, no posto policial da PSP de Espinho, entre as 8 e as 19 horas.

Enquanto o julgamento estiver a decorrer, o arguido terá apenas de comparecer no tribunal, ficando dispensado de se apresentar no posto policial no sábado subsequente. Mantém-se ainda a proibição de Miguel Reis poder contactar todos os arguidos e testemunhas do processo, funcionários da autarquia ou outros órgãos autárquicos do município.

No requerimento, a defesa pedia a revogação da medida de coação de obrigação de permanência na habitação, alegando haver uma “diferença de tratamento e disparidade” entre as medidas de coação promovidas para o arguido Miguel Reis e para os arguidos Francisco Pessegueiro e Pinto Moreira, o primeiro encontra-se com apresentações periódicas e o segundo com Termo de Identidade e Residência.

Para além de considerar que já não se verificam as circunstâncias que justificaram as medidas de coação aplicadas ao arguido, a defesa entendia existirem factos dos quais resultam a atenuação das exigências cautelares que o caso requer, nomeadamente o facto de Miguel Reis ter deixado de ter qualquer influência na autarquia, não havendo por isso perigo de continuação da atividade criminosa.

Na sexta-feira à noite, Miguel Reis escreveu na sua página pessoal na rede social Facebook que tinha recuperado a liberdade, adiantando que se tratava de um pequeno passo que “marca um novo começo”. “Foram 647 dias de superação, mas nunca estivemos sozinhos. A cada um que nos apoiou, à minha mulher, filhos, família, amigos, advogados e a todos que, mesmo sem nos conhecerem, enviaram gestos e palavras de conforto, o nosso mais profundo obrigado”, lê-se na publicação.

Após ser detido a 10 de janeiro de 2023, Miguel Reis foi colocado em prisão preventiva, passando em junho do mesmo ano para prisão domiciliária, por decisão do Tribunal da Relação do Porto, que entendeu que não se encontrava verificado o perigo de perturbação da tranquilidade e paz pública.

O ex-autarca, que viria a renunciar ao mandato para o qual foi eleito em 2021, está acusado de quatro crimes de corrupção passiva, um dos quais agravado, e cinco crimes de prevaricação.

O caso começou a ser julgado no Tribunal de Espinho a 5 de setembro, tendo sido ouvido até agora apenas o arguido Francisco Pessegueiro.

O processo Vórtex está relacionado com “projetos imobiliários e respetivo licenciamento, respeitantes a edifícios multifamiliares e unidades hoteleiras, envolvendo interesses urbanísticos de dezenas de milhões de euros, tramitados em benefício de determinados operadores económicos”.

A operação culminou em 10 de janeiro de 2023 com a detenção do então presidente da Câmara de Espinho, Miguel Reis (PS), o chefe da Divisão de Urbanismo e Ambiente daquela autarquia, um arquiteto e dois empresários por suspeitas de corrupção ativa e passiva, prevaricação, abuso de poderes e tráfico de influências.

Em 10 de julho do mesmo ano, o MP deduziu acusação contra oito arguidos e cinco empresas, incluindo dois ex-presidentes da Câmara de Espinho, Miguel Reis e Pinto Moreira, que também viria a ser constituído arguido.

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