IL defende desburocratização e análise aos organismos que combatem a corrupção

  • Lusa
  • 22 Abril 2024

 A líder parlamentar da Iniciativa Liberal, Mariana Leitão, defendeu como prioridades uma revisão legislativa para desburocratizar e simplificar procedimentos.

A líder parlamentar da Iniciativa Liberal, Mariana Leitão, defendeu esta segunda-feira como prioridades uma revisão legislativa para desburocratizar e simplificar procedimentos e uma análise para verificar se há organismos com sobreposição de competências em matéria de combate à corrupção.

Estas posições foram transmitidas por Mariana Leitão em declarações aos jornalistas, após ter sido recebido no parlamento pela ministra da Justiça, Rita Júdice, no âmbito das audições com os partidos para a adoção de medidas de combate à corrupção no prazo de 60 dias.

“A Iniciativa Liberal voltou a apresentar as medidas que considera prioritárias e houve abertura por parte da ministra da Justiça. Obviamente, hoje, ainda não houve qualquer tipo de compromisso, mas o diálogo [com o Governo] vai continuar”, declarou a presidente da bancada dos liberais.

Entre as medidas apresentadas pela Iniciativa Liberal à titular da pasta da justiça, Mariana Leitão destacou a necessidade de “uma desburocratização e simplificação como forma de combate à corrupção”.

“Regulamentos e procedimentos desnecessários, morosos e complexos acabam por ser terreno fértil para a corrupção. Por outro lado, defendemos que deve haver um concurso internacional para os reguladores. Queremos garantir que há uma completa independência desses reguladores face ao poder político”, justificou.

Ainda segundo Mariana Leitão, é essencial “proceder-se a uma análise aos vários organismos existentes no âmbito da luta contra a corrupção”. “É preciso verificar se há sobreposição de competências ou de incidência de objeto. Temos de apurar se faz sentido esta panóplia de organismos e de entidades, ou se, de alguma forma, pode haver uma redução”, referiu.

A presidente da bancada da Iniciativa Liberal afirmou ainda que o seu partido tem uma proposta em matéria de regulamentação da atividade de “lobbying” desde a anterior legislatura e admitiu que poderá voltar a submetê-la à apreciação do parlamento.

Já no que respeita à criminalização do enriquecimento ilícito, uma prioridade do PSD e do Chega, Mariana Leitão disse não ter entrado “nesse nível de detalhe” na conversa com a ministra da Justiça e apenas adiantou que se trata de um assunto “para ver mais à frente”.

Na primeira parte desta ronda de audiências, que começou na sexta-feira e que decorre na Assembleia da República, a ministra da Justiça recebeu o PAN, o PSD, o PS e o Chega.

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Autarcas e militantes do PSD dizem que será “traição” se Rui Moreira liderar lista às europeias

  • Joana Abrantes Gomes
  • 22 Abril 2024

Num manifesto, 20 sociais-democratas demarcam-se de eventual escolha do autarca do Porto para liderar a lista da AD às europeias. Luís Filipe Menezes diz que Moreira é “salvo de merecido anonimato”.

A escolha de Rui Moreira para encabeçar a lista de candidatos da Aliança Democrática (AD) às eleições europeias será uma “traição” que “deixará marcas profundas na confiança que os portuenses têm no PSD”, advertem duas dezenas de autarcas e outros militantes do partido — entre os quais Vladimiro Feliz, que foi o candidato social-democrata à Câmara do Porto nas autárquicas de 2021 –, que subscreveram um manifesto datado desta segunda-feira.

Ainda que os nomes incluídos nas listas só sejam oficializados na reunião do Conselho Nacional do PSD, que decorre na noite desta segunda-feira, a escolha de Rui Moreira é tida como garantida. Aliás, no seu espaço de comentário na SIC, no domingo, Luís Marques Mendes adiantou-se e comunicou que será o atual presidente da Câmara do Porto independente o cabeça de lista dos sociais-democratas.

“Confrontados com os atuais rumores, cada vez mais certos, de que o atual edil do Porto venha a ser cabeça de lista, indicado pelo PSD, às próximas eleições europeias, queremos deixar claro publicamente que nos demarcamos desta opção“, lê-se no manifesto, a que o ECO teve acesso.

Os 20 subscritores, que incluem também o líder do grupo do PSD na Assembleia Municipal do Porto, Miguel Corte-Real; os candidatos a vereadores Filipe Sampaio Rodrigues e Rita Monteiro de Sousa; o candidato à União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, João Pedro Antunes; e o diretor de campanha, Tiago Mota e Costa, criticam a proximidade que Rui Moreira “sempre manteve e mantém” com António Costa.

Essa proximidade com o agora ex-primeiro-ministro e antigo secretário-geral do Partido Socialista “torna difícil, ou não, de compreender a recente aproximação à AD”. Recorde-se que Rui Moreira esteve na cerimónia de assinatura do acordo da Aliança Democrática, que teve lugar no edifício da Alfândega do Porto a 7 de janeiro, além de, oito dias antes das legislativas, ter participado num comício de campanha da coligação eleitoral, na Trofa, onde garantiu a Luís Montenegro que contaria com o seu voto. “Ser independente não é ser neutral”, justificou na altura.

No manifesto, os autarcas e outros militantes do PSD apontam o dedo à estratégia do presidente da segunda maior cidade do país “de, em todos os momentos, se ter tentado dar com deus e com o diabo, sem esconder fortes ataques ao sistema partidário nacional, de acordo com os interesses do seu projeto político”. Sistema esse que, acrescentam, Rui Moreira tem agora “uma vontade enorme de integrar”.

“O Porto nunca perdoou a quem o abandona. Na história da Cidade, a liderança do atual edil ficará apenas uma linha e um ponto final, sem conteúdo”, concluem.

“Salvo de merecido anonimato”, diz Luís Filipe Menezes

A confirmar-se Rui Moreira como líder da lista da AD às eleições de 9 de junho para o Parlamento Europeu, o autarca do Porto será “salvo de um mergulho definitivo num cinzento e merecido anonimato”, aponta Luís Filipe Menezes, que liderou o PSD por um período inferior a um ano, entre 2007 e 2008.

Numa publicação na sua conta no LinkedIn, horas antes de se tornar público o manifesto subscrito por autarcas e outros militantes sociais-democratas, o ex-presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia aponta que “não há três sem quatro [traições]“, considerando que Rui Moreira “já traiu três líderes do PSD”, em referência a Cavaco Silva, Rui Rio e a si próprio.

No entender de Luís Filipe Menezes, Rui Moreira é presidente “de um Porto em estado de sítio, com obras sem o mínimo de programação”, acusando-o de ter colocado a cidade “ao nível de Sarajevo bombardeada”. “Foram dez anos de glamour de jet set bacoco, sem um único rasgo de genialidade, sem uma obra emblemática, sem uma política inteligível para o que quer que seja“, acrescenta.

Lembrando declarações do autarca portuense em 2019, nas quais admitia candidatar-se a um terceiro mandato à frente da Câmara e garantia não ter ambições nacionais nem “nunca mais” fazer política depois de liderar o município portuense, o antigo presidente do PSD afirmou, com ironia, que Rui Moreira “pelo menos é um político com convicções firmes e palavra confiável”.

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Investimento nos Certificados de Aforro cai pelo quinto mês

Desde que o Governo cortou a remuneração em junho do ano passado que os Certificados de Aforro deixaram de interessar às famílias. Aplicações caem há cinco meses seguidos.

O investimento das famílias nos Certificados de Aforro recuou pelo quinto mês em março, baixando da fasquia dos 34 mil milhões de euros, de acordo com os dados divulgados esta segunda-feira pelo Banco de Portugal.

No mês passado, entre subscrições e resgates, saíram 20,5 milhões de euros destes certificados, confirmando-se a tendência de perda de popularidade depois de o Governo ter cortado a remuneração em junho do ano passado. As aplicações nos Certificados de Aforro atingiram os 33,996 mil milhões de euros em março, depois de ter batido o recorde de 34,07 mil milhões em outubro.

Também o stock de Certificados do Tesouro “encolheu” pelo 29.º mês consecutivo, registando saídas líquidas de subscrições de 103,51 milhões de euros em março. Durante este longo período de saídas, estes certificados já perderam quase 7,3 mil milhões de euros, com os portugueses a terem aplicados agora cerca de 10,6 mil milhões.

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para ver o gráfico.

Os certificados (tanto de Aforro como do Tesouro) representam uma forma de o Estado se financiar e de promover a poupança junto das famílias.

Os portugueses detinham 44,58 mil milhões de euros em certificados no final de março, menos 124,04 milhões em relação a fevereiro. Trata-se do valor mais baixo em quase um ano, depois das saídas de mais de 500 milhões que se regista nos três primeiros meses do ano.

Para este ano, o Governo já não está a contar com as poupanças das famílias para se financiar. O Orçamento do Estado prevê uma contribuição nula dos Certificados de Aforro e dos Certificados do Tesouro no financiamento do Estado para 2024.

(Notícia atualizada às 11h18)

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Portugal tem a maior queda da dívida pública entre os países da União Europeia

Apesar de ter registado uma queda recorde de 13,4 pontos percentuais do seu rácio da dívida face ao PIB, Portugal permanece com um nível de dívida acima da média da União Europeia.

A queda recorde da dívida pública no ano passado colocou Portugal no topo dos países da Zona Euro que mais cortaram o seu nível de endividamento em 2023.

De acordo com dados do Eurostat, Portugal registou uma queda homóloga de 13,3% do stock da dívida em função do PIB no último trimestre do ano passado, que compara com um corte de 2,3% da média dos países da Zona Euro. O único país que se aproximou de Portugal nesta matéria foi a Grécia, ao registar um corte homólogo de 3,4%.

Os dados mostram que grande parte do corte da dívida nacional aconteceu no último trimestre do ano, com o rácio da dívida face ao PIB a registar uma contração em cadeia de 8,4 pontos percentuais, que compara com um corte de 1,1% da média dos países da Zona Euro de 0,7% dos Estados-membros da União Europeia.

O gabinete estatístico da União Europeia revela ainda que, “em comparação com o quarto trimestre de 2022, nove Estados-membros da [União Europeia] registaram um aumento do rácio da dívida relativamente ao PIB no final do quarto trimestre de 2023 e 18 Estados-membros uma diminuição”, lê-se num comunicado publicado nesta segunda-feira.

Entre os países que mais se endividaram em 2023 do espaço europeu está a Finlândia, que contabilizou um incremento de 2,3 pontos percentuais do rácio da dívida face ao PIB para 75,8%, a Letónia e a Roménia, que aumentaram, respetivamente, em 1,8 pontos percentuais e 1,3 pontos percentuais os seus rácios de dívida face à riqueza criada no país.

Apesar de ter fechado 2023 com uma dívida pública equivalente a 99,1% do PIB, o rácio mais baixo dos últimos 14 anos, Portugal mantém um rácio acima da média da Zona Euro (88,6%) e da União Europeia (81,7%).

No canto oposto, entre os países que mais cortaram o rácio da dívida face ao PIB está destacadamente Portugal, ao registar uma queda de 13,4 pontos percentuais do rácio para o marco histórico de 99,1%, a Grécia e ainda o Chipre, que reduziram em 10,8 pontos percentuais e 8,3 pontos percentuais, respetivamente, o seu rácio da dívida pública face ao PIB.

No entanto, Portugal continua a ser um dos países da Zona Euro e da União europeia com maior nível de endividamento. Apesar de ter fechado 2023 com uma dívida pública equivalente a 99,1% do PIB, o rácio mais baixo dos últimos 14 anos, Portugal mantém um rácio acima da média da Zona Euro (88,6%) e da União Europeia (81,7%), ficando apenas atrás da Grécia (161,9%), Itália (137,3%), França (110,6%), Espanha (107,7%) e Bélgica (105,2%).

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Só quatro países da UE tiveram excedente em 2023. Portugal foi um deles

Só Chipre e Dinamarca (ambos com um saldo de 3,1% do PIB), Irlanda (+1,7%) e Portugal (+1,2%) reportaram um excedente orçamental em 2023. Todos os outros países da UE tiveram défices.

Apenas quatro Estados-membros da União Europeia registaram um excedente orçamental no ano passado, sendo que Portugal — com um saldo positivo de 1,2% do PIB — foi um deles. A média da Zona Euro foi de um défice de 3,6% do PIB, uma redução face aos 3,7% registados em 2022.

Já na União Europeia, o défice aumentou de 3,4% para 3,5% do PIB. Só Chipre e Dinamarca (ambos com um saldo de 3,1%), Irlanda (+1,7%) e Portugal (+1,2%) reportaram um excedente.

Entre os Estados-membros da UE, “os défices mais elevados foram registados em Itália (-7,4%), Hungria (-6,7%) e Roménia (-6,6%)”, indica o Eurostat.

Segundo o gabinete de estatística europeu, 11 Estados-membros registaram défices superiores a 3% do PIB — o limite definido nas regras orçamentais da União Europeia. Estas regras foram revistas, sendo que o voto final sobre as mudanças tem lugar esta semana no Parlamento Europeu, mantendo as metas para a dívida e défice, mas permitindo maior flexibilidade e objetivos específicos para cada país.

Em 2023, a despesa pública na Zona Euro foi equivalente a 50,0% do PIB e a receita pública a 46,4%. Os números para a UE foram de 49,4% e 45,9%, respetivamente.

Já o rácio da dívida pública diminuiu de 90,8% no final de 2022 para 88,6% no final de 2023 na Zona Euro, enquanto na UE recuou de 83,4% para 81,7%.

Portugal com défice no 4º trimestre apesar de brilharete de Medina

Portugal fechou o ano com um excedente histórico alcançado por Fernando Medina, mas os dados trimestrais mostram que no último trimestre se registou um saldo orçamental negativo de 1,6% do PIB.

Olhando para os dados do Instituto Nacional de Estatística, em contabilidade nacional, é possível perceber que o saldo das Administrações Públicas no quarto trimestre de 2023 atingiu -3 211,7 milhões de euros. A despesa representou 50,1% do PIB (41,4% no terceiro trimestre), acima das receitas de 45,4% (49,1% no terceiro trimestre).

Face ao mesmo período do ano anterior, o INE destacou o “aumento das despesas com pessoal (7,9%), dos encargos com juros (26,8%), do consumo intermédio (4,4%) e da outra despesa corrente (7,9%)”. Salientou ainda que a despesa de capital aumentou 2,8%, “em resultado do crescimento de 26,3% do investimento e da diminuição de 16,4% da outra despesa de capital”.

Este desempenho nos últimos três meses do ano não comprometeu, no entanto, o resultado anual que foi de um excedente de 1,2% do PIB.

(Notícia atualizada às 11h)

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Antigo ministro Arlindo Cunha quer cooperativas agrícolas a venderem produtos

  • Lusa
  • 22 Abril 2024

O antigo ministro da Agricultura Arlindo Cunha apontou a reestruturação e o redimensionamento das cooperativas agrícolas como uma das medidas que o novo Governo deve tomar.

O antigo ministro da Agricultura Arlindo Cunha apontou a reestruturação e o redimensionamento das cooperativas agrícolas como uma das medidas que o novo Governo deve tomar, para que possam ter “um trabalho mais proativo” na comercialização dos produtos. “Temos de fazer alguma coisa de fundamental no que respeita a melhorar as condições de comercialização da produção agrícola”, disse Arlindo Cunha à Lusa.

O também antigo secretário de Estado da Agricultura lembrou que “as cooperativas estão em todo o território” português, mas “a maior parte delas não vendem produtos dos agricultores”. “Acho que era muito importante fazer um trabalho com elas, mediante apoios e condições, para terem um trabalho mais proativo na comercialização dos produtos“, defendeu Arlindo Cunha, acrescentando que isso “implicaria qualificação de recursos, contratação de profissionais especializados e fazer alguns investimentos”.

No seu entender, nalguns casos, implicaria programas de concentração ou fusão de cooperativas, porque “os ganhos de escala são uma das dimensões importantes” deste trabalho. “Em Portugal, temos boas cooperativas, algumas funcionam muito bem. Até temos um caso exemplar, que é o setor do leite, em que as cooperativas criaram uma sociedade anónima com capitais exclusivamente delas, que faz toda a integração vertical do produto leite, que é a Lactogal”, frisou. Este caso de sucesso “assegura desde a produção até à venda final e transformação” e “tem cerca de 60% do mercado português do leite”, acrescentou.

Acho que era muito importante fazer um trabalho com [as cooperativas agrícolas], mediante apoios e condições, para terem um trabalho mais proativo na comercialização dos produtos.

Arlindo Cunha

Segundo Arlindo Cunha, nos grandes países da União Europeia onde a agricultura é muito forte, como Holanda, Dinamarca, França, Alemanha e Espanha, “as cooperativas são o setor que mais pesa na comercialização final dos produtos agrícolas”, funcionando “quase como empresas privadas”.

“Cá temos situações muito desiguais. Temos a do leite e temos alguma organização razoável no setor dos vinhos também. Mas depois, em muitos outros setores, na maior parte deles, não temos”, lamentou o também presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Dão.

Neste âmbito, defendeu “uma análise sobre o papel que as cooperativas podem desempenhar a nível da comercialização no território” e que seja feito “um esforço no sentido de as ajudar a ganharem escala, recrutarem recursos humanos e criarem condições para poderem dar um passo mais à frente em matéria de comercialização”.

Outra aposta que Arlindo Cunha defende é nos mercados locais e nas cadeias curtas de abastecimento, para que produtos como legumes e frutas não tenham de chegar a Portugal oriundos do outro lado do mundo.

“Nós temos uma estrutura de distribuição muito baseada em grandes entidades internacionais e isso propicia a globalização da comercialização, mas as coisas estão a mudar”, considerou, lembrando o que se passou durante a pandemia de Covid-19, “em que as cadeias de abastecimento foram cortadas”, e também os conflitos na Europa.

Por outro lado, “hoje em dia uma das questões de topo da agenda política é a descarbonização e cumprir as metas do Acordo de Paris” e, para isso, é muito importante que os produtos possam ser produzidos e consumidos a nível local e regional, acrescentou.

Para Arlindo Cunha, “há um trabalho muito grande a fazer em termos de organização dessa cadeia local de produção versus comercialização local e regional”, porque, ainda que os municípios estejam a trabalhar nisso, “merecia uma abordagem nacional mais abrangente”.

Outro assunto que o preocupa é o facto de, em Portugal, menos de 4% dos agricultores terem menos de 40 anos, o que considera “muito preocupante”. “Todos os governos dizem que é prioritário apoiar os jovens, mas o que é o facto é que há 24 anos, em 2000, tínhamos 9,5% de jovens agricultores, com menos de 40 anos, e hoje estamos em 3,7/3,8%”, lamentou.

Arlindo Cunha defendeu ainda a necessidade de se fazer “um exercício de simplificação da burocracia” na aplicação do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC). “Há muita burocracia na forma como são analisados e decididos os projetos de investimento que são candidatos ou nas medidas ambientais que hoje são uma parte importante da política agrícola. Os chamados eco regimes, por exemplo, são complicadíssimos, portanto, tem de haver uma simplificação nessa matéria”, considerou.

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Porque pequenos gestos fazem a diferença. Tânia Henriques, da Cruz Vermelha, na primeira pessoa

Pequenos gestos podem fazer a diferença na vida de outras pessoas. A consignação, na altura da entrega do IRS, é um deles. Ponto de partida para a conversa com Tânia Henriques, da Cruz Vermelha.

Entregar a declaração de IRS pode ser sinónimo de doar 0,5% do imposto, ou o benefício fiscal do IVA, a instituições de solidariedade, ONG, centros sociais ou associações várias. É um gesto solidário, sem custos, no qual o imposto reverte para a entidade escolhida em vez de para o Estado. Este ano ano são 5.036 o número de instituições aptas a receber a doação. O número tem vindo a aumentar – no ano passado eram 4.700 –, os donativos nem por isso. “Uma grande percentagem de pessoas não consigna o IRS. No ano passado ficamos muito abaixo do que necessitamos e abaixo do ano anterior”, lamenta Tânia Henriques, diretora de comunicação, marketing e fundraising da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP).

Quando existem situações de catástrofe ou emergência, os donativos sobem a pique”, reconhece a responsável. Agora, têm vindo a descer. No entanto, como destaca “tivemos a pandemia, uma sucessão de guerras… Vivemos uma verdadeira situação de emergência social, em Portugal e no mundo. Há muitas pessoas que tinham a vida organizada e de repente ficam sem conseguir fazer face às despesas”, aponta. E é aí que os pequenos gestos fazem a diferença.

A importância dos pequenos gestos é repetida por Tânia Henriques, que assumiu o desafio da CVP em janeiro de 2023, após cerca de sete anos como diretora de marca e fundraising da Associação Filhos do Coração. “A minha área de formação é Psicologia, mas quando saí do curso ingressei no ambiente de agência. Trabalhei em agência, no cliente, em media, no setor da hotelaria…”. Calhou ter sido convidada para trabalhar com a primeira ONG, há cerca de 10 anos, e não se vê em outra área. “O que gosto de fazer é trabalhar no terceiro setor, é um trabalho com propósito, vemos o impacto na sociedade”, garante.

Tânia Henriques garante que não se trata “de uma visão cor-de-rosa ou idealista”. “Às vezes basta mesmo um pequeno gesto para fazer a diferença, podem ser coisas simples“, aponta.

A gerir uma marca com 159 anos, a responsável compara a construção de marca à criação de um filho. “Requer cuidado, atenção e um investimento contínuo de tempo e recursos para nutrir o seu crescimento, desenvolvimento e identidade única. Ambos requerem um compromisso consistente, paciência e dedicação para cultivar relacionamentos sólidos e significativos. Para que as nossas crianças cresçam saudáveis e preparadas para a vida não basta dizer-lhes o que fazer e como fazer. É essencial que elas entendam porque o devem fazer. Assim é uma marca”, reflete.

O “porquê”, prossegue, “representa a essência da marca, a sua razão de existir, os seus valores fundamentais e a sua missão. E é isso que inspira e motiva a uma conexão emocional com o público”. É no porquê, no propósito da CVP, que tem estado o foco da responsável.

A maior parte das pessoas pensa que a CVP é emergência e saúde, mas tocamos várias áreas, suprimos grande parte das necessidades básicas”, refere. “Apoiamos centenas de milhares de pessoas, tanto na área de emergência, de saúde, formação como na área social com uma multiplicidade de respostas – bens alimentares, pagamento de rendas de casa e contas básicas, acolhimento de pessoas em situação sem-abrigo e vítimas de violência doméstica, apoio à população sénior, apoio em saúde mental… -. Acima de tudo, buscamos criar planos de intervenção individual que visam capacitar para a autonomia e para a construção de percursos de vida com dignidade”, Concretiza Tânia Henriques.

Alterar a perceção que a população tem das áreas de intervenção da Cruz Vermelha Portuguesa tem sido a missão de Tânia Henriques que, como diz, “come, dorme e respira” CVP. “Acordar com o sentimento de poder fazer a diferença é um desafio enorme, que quero agarrar. Estou completamente focada, porque gosto muito do que faço“, reforça.

O rebranding e reposicionamento serão apresentados no final de maio. O processo está a ser desenvolvido pela Kobu, agência criativa do Algarve, que ganhou a conta há cerca de um ano. “Agarraram o projeto como ninguém”, comenta a responsável. O trabalho começou com um “estudo exaustivo de perceção de marca, que nos disse onde estamos e para onde queremos ir”.

A nova assinatura, antecipa ao +M, terá uma componente fixa e outra mutável. A fixa é “Todos os dias”. Há depois “uma nuvem de verbos e substantivos”, que completam a frase. “De mãos dadas”, “A cuidar de si”, a “Construir futuros”, são alguns exemplos.

Queremos uma comunicação mais alinhada com a nossa atuação, mais dinâmica, mais próxima”, refere a responsável. Em breve, será também lançado o novo site da instituição.

O tom da campanha de consignação de IRS deste ano, assinado pela agência e com produção da Krypton e música dos Bicho Carpinteiro, já marca o momento de viragem para o reposicionamento, que mostra assim uma nova abordagem à comunicação com um tom de voz de maior proximidade e uma presença mais enérgica e criativa, descreve. “500 745 749. O número que nos move.” É mais do que uma campanha, é o eco dos desafios que enfrentamos e das soluções que oferecemos. Com um tom mais próximo, mais presente das dificuldades reais, a Cruz Vermelha reitera o seu compromisso para com a comunidade: ‘A promover a dignidade. Todos os dias’”, explicava Tânia Henriques no lançamento do filme.

“As agências são muito sensíveis ao terceiro setor”, reconhece a responsável. Só da Krypton, nas filmagens estiveram 57 pessoas, conta. “Basicamente foi um pro bono“, resume.

O departamento que lidera tem quatro pessoas – “uma equipa pequena mas cheia de garra” – e para além do marketing e comunicação trabalha o fundraising. “Já é uma área altamente profissionalizada, temos que crescer nesta área”, aponta. As marcas são essenciais e vistas como parceiras, mas grande parte dos donativos são de doadores individuais.

A consignação de IRS é um momento chave para as ONG. “Temos um grupo de Whatsapp e ajudamo-nos mutuamente conta a responsável, reforçando a ideia de que a doação no momento da entrega da declaração do imposto é uma forma muito simples de ajudar as ONG.

Nos tempos livres, Tânia Henriques gosta de ler, viajar e partilhar tempo com a filha de 19 anos, “uma companheira de viagem incrível”.

Das viagens tenta trazer lições. No Gana recorda, por exemplo, o momento em que assistiu a todos os aldeões dentro de água, num esforço comum para puxar a rede de peixe que alimentaria a comunidade.

Em Marraquexe, guardou na memória a frase dita por um australiano, já com uma idade muito avançada, quando o autocarro turístico em que seguiam pessoas de várias nacionalidades ficou sem ar condicionado. Ao contrário dos restantes passageiros, que saíram do autocarro e foram ficando cada vez mais assoberbados e enervados, o casal australiano também permaneceu no transporte. “Nos momentos em que o caos é grande, fico quieto para assim conservar a energia necessária à solução”, disse-lhe. “Sozinhos não vamos a lado nenhum“, conclui a responsável.

Tânia Henriques em discurso direto

1 – Que campanhas gostava de ter feito/aprovado? Porquê?
a) Campanha Nacional – MEO – Dá espaço à partilha – Mais do que uma simples iniciativa de marketing, esta campanha representa um compromisso tangível com duas questões prementes em Portugal: a crise habitacional e a solidão entre os seniores. Esta campanha não só identificou esses problemas, mas também agiu de forma proativa, lançando o programa “Partilha Casa”, que dá uma resposta sustentável para dois grupos distintos (jovens universitários deslocados em busca de habitação acessível e idosos que enfrentam a solidão). Ao abordar essas questões de forma integrada, a campanha demonstra uma visão abrangente e um compromisso genuíno com o bem-estar da comunidade. Vai para além da promoção de marca, promovendo a solidariedade e a inclusão social, mostrando como uma empresa pode ser um agente de mudança positiva na sociedade.

b) Campanha Internacional – “Hope Soap” – Na África do Sul, a falta de higiene é responsável por milhares de mortes anualmente, especialmente entre crianças, devido a doenças como tifo, diarreia, pneumonia e cólera. Para enfrentar esse desafio, a Y&R e a ONG Blikkiesdorp4hope lançaram a campanha “Hope Soap”, sobre a importância da higiene das mãos e de criar o hábito de as crianças as lavarem. O “Sabonete da Esperança” é uma barra de sabão transparente com um brinquedo no interior. A única forma de as crianças terem acesso ao brinquedo, era lavando as suas mãos. Esse método criativo e educativo resultou numa mudança positiva de comportamento, com um aumento significativo no hábito de higiene e com resultados impressionantes: uma redução de 75% nas infeções respiratórias e de 70% nas doenças relacionadas com a falta de higiene. Mais do que uma simples estratégia de marketing, a “Hope Soap” teve um impacto duradouro, atuando diretamente na raiz do problema e promovendo uma comunidade mais saudável por meio da mudança de hábitos.

2 – Qual é a decisão mais difícil para um marketeer?
Decidir entre a visão ideal para impulsionar a marca e os recursos limitados disponíveis. É um equilíbrio delicado. Distribuir esses recursos de forma eficaz e equilibrada para maximizar o impacto requer uma tomada de decisão cuidadosa e estratégica. Mesmo diante de restrições de recursos, é crucial para um marketeer manter a inovação e persistir na defesa da proposta de valor da marca. Optar por não seguir pelo caminho mais fácil ou óbvio pode exigir coragem, mas é muitas vezes o que diferencia uma marca verdadeiramente memorável das demais.

3 – No (seu) top of mind está sempre?
A marca Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), com 159 anos de história e uma presença quotidiana em todo o país, e todos os que diariamente nela estão envolvidos: colaboradores, voluntários, parceiros e, sobretudo, todos que beneficiam da sua existência. O foco da resposta social da CVP é a Pessoa. Apoiamos centenas de milhares de pessoas, nas áreas da emergência, saúde, formação, social com uma multiplicidade de respostas (bens alimentares, pagamento de rendas de casa e contas básicas, ao acolhimento de pessoas em situação sem-abrigo e vítimas de violência doméstica, apoio à população sénior, apoio em saúde mental…), suprindo necessidades básicas em falta, mas, acima de tudo, buscando criar planos de intervenção individual que visam capacitar para a autonomia e para a construção de percursos de vida com dignidade. Impactamos vidas e ajudamos a prosperar.

4 – O briefing ideal deve…
O briefing ideal deve ser claro, conciso e “straight to the point”, proporcionando espaço à expressão criativa. É essencial desafiar e inspirar a equipa, pois, uma equipa comprometida e confiante na mensagem que está a trabalhar ousa explorar áreas de desconforto, onde frequentemente encontramos os resultados mais impactantes.

5 – E a agência ideal é aquela que…
A agência ideal é aquela que aprofunda as necessidades e objetivos do cliente, não apenas compreendendo-os, mas também oferecendo soluções criativas e eficazes que impulsionam e ampliam a marca. Ela absorve os insights do cliente, ouvindo-o e entendendo cada detalhe do briefing. Mas vai mais além, não teme arriscar, demonstrando criatividade e inovação nas suas abordagens. Mais do que um prestador de serviços, é um parceiro com quem construímos uma relação de confiança e que caminha ao nosso lado.

6 – Em publicidade é mais importante jogar pelo seguro ou arriscar?
Em publicidade a abordagem de arriscar traz mais vantagens, desde que mantenha a integridade da identidade e o propósito da marca. Jogar pelo seguro muitas vezes implica seguir estratégias convencionais, utilizando mensagens e imagens familiares. Contudo, ao evitar riscos, corremos o risco de produzir campanhas que sejam facilmente esquecidas e não se destaquem das dos nossos pares. A chave está em criar campanhas ousadas, criativas e inovadoras que gerem um impacto emocional duradouro. É a conexão emocional que motiva a ação e constrói uma comunidade em torno da marca.

7 – O que faria se tivesse um orçamento ilimitado?
Acredito que a verdadeira medida do sucesso não reside apenas nos recursos financeiros disponíveis, mas sim no impacto positivo que podemos gerar nas vidas das pessoas. Elas são o verdadeiro motor de qualquer iniciativa, projeto ou campanha. Com isto em mente, a minha abordagem seria criar e amplificar campanhas que não só criem consciência sobre questões sociais, mas também ofereçam soluções práticas e tangíveis para melhorar as vidas de quem mais necessita. Concentraria os meus esforços em campanhas que promovessem a dignidade e empatia humana, abordando questões que muitas vezes são vistas como problemas “dos outros”. Procuraria intervir em problemas sistémicos que perpetuam a pobreza e as desigualdades sociais, buscando uma mudança real na mentalidade das pessoas e na sociedade como um todo. Desenvolveria campanhas cujo objetivo seria não apenas gerar consciencialização, mas também promover uma verdadeira transformação, elevando as condições de vida das comunidades e promovendo uma sociedade mais justa e igualitária.

8 – A publicidade em Portugal, numa frase?
A publicidade em Portugal é uma combinação de talento, habilidade e coragem para sair da zona de conforto. O setor é impulsionado por profissionais dinâmicos e uma abordagem criativa e desconstruída. No entanto, apesar do desenvolvimento de campanhas impactantes, a capacidade de amplificação ainda é um desafio, afetando os resultados alcançados, especialmente no contexto social.

9 – Construção de marca é?
A construção de marca é um processo semelhante à criação de um filho: requer cuidado, atenção e um investimento contínuo de tempo e recursos para nutrir o seu crescimento, desenvolvimento e identidade única. Ambos requerem um compromisso consistente, paciência e dedicação para cultivar relacionamentos sólidos e significativos. Para que as nossas crianças cresçam saudáveis e preparadas para a vida não basta dizer-lhes o que fazer e como fazer. É essencial que elas entendam porque o devem fazer. Assim é uma marca. O “porquê” representa a essência da marca, a sua razão de existir, os seus valores fundamentais e a sua missão. E é isso que inspira e motiva a uma conexão emocional com o público. É uma jornada contínua de comunicação, autenticidade e conexão emocional, impulsionada pelo seu propósito fundamental.

10 – Que profissão teria, se não trabalhasse em marketing?
Ao longo da minha vida tomei como máxima que “apenas um gesto pode mudar o curso de uma história e para sempre o destino de uma vida!”. Por este motivo, continuaria no terceiro setor, atuando diretamente no terreno, procurando impactar positiva e diretamente a vida de quem mais necessita.

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Ministro da Agricultura defende “travão” nos apoios à plantação de vinhas

  • ECO
  • 22 Abril 2024

José Manuel Fernandes identifica no vinho por escoar como um “problema brutal”. Por isso, defende um “travão” aos apoios para a vinha nova, para não “deitar dinheiro fora”.

O ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, considera que “terá de haver um travão” nos apoios para a vinha nova — através do FEADER, o segundo pilar da Política Agrícola Comum (PAC), e o Vitis, que tem uma dotação de 80 milhões de euros até 2025 –, identificando o stock de vinho como um “problema brutal”. “Algum português percebe que se esteja a dar recursos financeiros para plantar vinha e depois para arrancar vinha ou para o vinho ser destilado?“, questiona, numa entrevista ao Público esta segunda-feira, em que assinala que, até agora, já foram gastos 60 milhões de euros em destilação.

Além do travão aos apoios à plantação de vinhas, o ex-eurodeputado defende que o Portugal 2030 tem de “contribuir para a estratégia da internacionalização e para a indústria agroalimentar“. “Os fundos da PAC, o PEPAC de Portugal [Plano Estratégico da Política Agrícola Comum 2023-2027] não pode ser um local onde se vai buscar os recursos para tudo”, afirmou, prometendo “novidades em breve” acerca de outros recursos para apoiar a indústria agroalimentar.

Sobre os 8.300 milhões de euros em fundos europeus (em empréstimos a 30 anos) que o país desperdiçou, segundo o governante, argumenta que “deveriam ter sido utilizados em setores reprodutivos”, como por exemplo a água. “Estou convencido de que o Governo não os utilizou por incapacidade”, critica José Manuel Fernandes, apontando ainda que Portugal tem muitos recursos “ainda por usar”, inclusive na agricultura, no Programa de Desenvolvimento Rural 2020 (PDR 2020), enquanto a execução do Portugal 2030 “é próxima do zero”.

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UNEF apela a um empenhamento contínuo na I&D&I para cumprir os objectivos de descarbonização

  • Servimedia
  • 22 Abril 2024

A União Fotovoltaica Espanhola, no âmbito do seu compromisso de promover uma transição energética justa e sustentável através da inovação e da investigação volta a comemorar o Dia Internacional Terra.

Voltou a sublinhar a necessidade de tanto as empresas como as instituições públicas continuarem a apoiar a I&D&I como ferramenta básica para alcançar os objetivos nacionais de descarbonização.

“A inovação é como uma bicicleta, se deixarmos de pedalar ela pára. Por isso, é essencial que, através da colaboração público-privada, o nosso setor continue a fazer os maiores esforços possíveis para gerar soluções tecnológicas mais eficientes e para aumentar ainda mais os rácios de integração social e ambiental dos nossos projetos, ampliando ao mesmo tempo a criação de valor para os cidadãos”, disse José Donoso, diretor-geral da associação setorial.

Além disso, no contexto deste dia, a UNEF quis também destacar a atual capacidade do setor fotovoltaico nacional para gerar novas inovações em toda a sua cadeia de valor, destacando os quatro desenvolvimentos fotovoltaicos que são atualmente mais promissores para a implantação da energia solar.

Em primeiro lugar, aponta o armazenamento de energia a temperaturas muito elevadas com a tecnologia termo-fotovoltaica. Assim, o projeto Termobat do Instituto de Energia Solar promete armazenar eletricidade através da fusão de ligas de ferro-silício a temperaturas superiores a 1000°C. Este calor pode ser armazenado durante longos períodos de tempo e convertido de novo em eletricidade através da tecnologia termo-fotovoltaica. Este calor pode ser armazenado durante longos períodos de tempo e convertido de novo em eletricidade utilizando energia termo-fotovoltaica. Esta abordagem inovadora fornece calor e eletricidade a pedido, resolvendo as atuais ameaças de fornecimento incerto e permitindo um futuro limpo e sustentável. Este projeto será apresentado no evento espanhol de inovação tecnológica, a Assembleia Fotoplat, em 7 de maio.

O Comissário também aponta para os seguidores solares com backtracking. Estes algoritmos avançados permitem uma maior eficiência dos painéis. Em Espanha, as empresas Soltec e PVH, entre outras, estão a trabalhar neles.

Também aponta para a reutilização de painéis. Este projeto, desenvolvido pelo centro de investigação Ciemat, permite prolongar a vida útil dos painéis que já foram utilizados. Para saber mais sobre este projeto, pode assistir a este Webinar.

Por último, refere-se à manutenção fotovoltaica com drones. Celsos é a tecnologia de inspeção e diagnóstico das instalações fotovoltaicas baseada na profundidade de análise proporcionada pelas imagens de eletroluminescência, na eficácia da captura de dados por drones e nas possibilidades da inteligência artificial para a identificação e classificação em massa dos defeitos e patologias presentes nos módulos fotovoltaicos. Este projeto é conhecido como o projeto spin-off Celsos do centro de investigação Cener.

“A inovação é uma alavanca fundamental para enfrentar os novos desafios apresentados pela emergência climática e para a qual temos muito a contribuir como um sector-chave para a descarbonização. Atualmente, o nosso país dispõe de bons centros de investigação para implementar novas soluções que nos permitam aumentar ainda mais os rácios de integração social e ambiental dos projetos de energia solar, aumentando simultaneamente a sua produtividade”, sublinhou Donoso.

FOTOPLAT

Há mais de cinco anos que a UNEF, como parte do compromisso da associação do setor com a inovação, é membro da Plataforma Tecnológica Fotovoltaica Espanhola (Fotoplat), uma iniciativa que depende do Ministério da Ciência, Inovação e Universidades espanhol através do programa de Plataformas Tecnológicas.

“A partir da UNEF, estamos empenhados em fomentar e manter uma plataforma tecnológica fotovoltaica espanhola com continuidade no tempo, que promova a I+D+i no setor fotovoltaico, reunindo no mesmo fórum tanto empresas como centros de investigação de diferentes tecnologias”, explicou Donoso.

Neste contexto, a UNEF organiza a Assembleia Anual do Fotoplat, a 7 de maio, na Agência Estatal de Investigação, em Madrid. Durante o evento, oradores de renome, representantes das principais empresas e dos principais centros de investigação apresentarão os últimos avanços tecnológicos do setor, bem como as necessidades do setor para impulsionar a inovação.

A Assembleia Fotoplat contará com a presença de Elisa Rivera, Diretora Geral de Planificação, Coordenação e Transferência de Conhecimento do Ministério da Ciência, “cuja presença evidencia a importância estratégica que o Governo atribui ao desenvolvimento da energia fotovoltaica em Espanha”.

“Na UNEF, estamos empenhados em que o setor fotovoltaico nacional continue a progredir, tendo a tecnologia como bandeira. A nossa prioridade é que Espanha se converta num hub fotovoltaico, já que as distopias que vivemos nos últimos anos nos mostraram a importância de contar com uma tecnologia própria que nos dê estabilidade e segurança na hora de completar a transição energética tanto no nosso país como no resto da Europa”, explicou o CEO da UNEF.

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Securitas Direct lança o primeiro alarme com fechadura inteligente em Espanha

  • Servimedia
  • 22 Abril 2024

O novo alarme inclui, pela primeira vez, uma fechadura concebida para reforçar a proteção da porta de entrada, com um cilindro antirroubo de máxima segurança e alerta imediato em caso de violação.

A Securitas Direct, empresa especializada na proteção de pessoas, casas e pequenas empresas, lançou um novo alarme que afirma ser “pioneiro no mercado por ser o único que inclui, como elemento adicional, uma fechadura inteligente”.

A empresa explicou que este alarme proporciona uma camada extra de segurança à casa ao integrar um cilindro antirroubo de máxima segurança (verificado com a certificação SKG***) que é à prova das técnicas de arrombamento mais avançadas: colisão, perfuração, abertura e extração. Além disso, incorpora o Autolock, uma funcionalidade que bloqueia automaticamente a porta para a manter sempre segura, quando o utilizador sai de casa ou numa altura à sua escolha.

“O nosso alarme de fechadura inteligente vem proporcionar uma proteção sem precedentes contra a intrusão, reforçando a porta e gerando um alerta imediato em caso de violação. Mas também torna o dia a dia mais seguro para os clientes, que, por exemplo, poderão dar acesso a terceiros sem terem de lhes entregar uma cópia das chaves: agora podem abrir e fechar a partir do seu telemóvel, de forma cómoda e segura”, explica Nina Llordachs, Diretora de Recrutamento de Marketing da Securitas Direct.

ABERTURA REMOTA

Sob a premissa de garantir a máxima segurança contra intrusões, mas também para ajudar os clientes em caso de qualquer emergência ou acidente doméstico, o alarme smart lock permite, pela primeira vez, a abertura remota da porta da casa a partir da Central de Receção de Alarmes Securitas Direct para que a polícia, a assistência médica ou os bombeiros possam aceder sem demora.

Esta funcionalidade é uma tentativa de continuar a reforçar a segurança integral das pessoas com que a empresa está comprometida, uma vez que mais de 10% das ativações de alarme reais registadas pela Securitas Direct em 2023 foram emergências.

No seu último estudo do Observatório Securitas Direct, a empresa revela que 8 em cada 10 intrusões domésticas ocorrem através da porta da frente. Este acesso é também o que mais preocupa os espanhóis (41%), duas vezes mais do que qualquer outro acesso como o terraço (18%), o pátio (17%), a varanda (16%) ou a porta da garagem (15%).

Estas preocupações reflectem-se também nas medidas de segurança instaladas, com 84% dos casos a referirem pelo menos uma medida de segurança na porta.

O relatório revela ainda que 60% das pessoas têm entre 3 e 5 cópias das suas chaves, que partilham com terceiros para maior tranquilidade. Um facto com o qual 40% da população espanhola não se sente confortável. Consciente disso, a Securitas Direct incorporou no seu novo alarme a possibilidade de abrir a porta de forma segura a partir do telemóvel, eliminando este fator de preocupação.

TRÊS ANOS DE DESENVOLVIMENTO

A integração da fechadura inteligente pioneira no sistema de alarme da Securitas Direct levou três anos de trabalho e envolveu uma equipa multidisciplinar de mais de 200 engenheiros especializados do centro de I&D da Securitas Direct, o maior da Europa especializado em segurança e com escritórios em Madrid, Genebra e Mälmo.

Além disso, para garantir a máxima qualidade e fiabilidade da fechadura inteligente, foram aplicados os mais elevados padrões de testes e projectos-piloto na Holanda, Alemanha, Itália, França e Espanha, a fim de garantir o sucesso do dispositivo e a excelência do serviço de proteção.

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Galp dispara mais de 20% após revelar boas notícias na Namíbia

Forte subida dos títulos da petrolífera chegou a ditar suspensão das ações da empresa no arranque da sessão, após revelar "potencial importante descoberta comercial" na Namíbia.

As ações da Galp arrancaram esta segunda-feira a disparar mais de 20%, depois de, no fim de semana, a empresa ter anunciado uma potencial “importante descoberta comercial” na exploração petrolífera no campo Mopane, na Namíbia. Cerca das 8h20, os títulos da petrolífera somavam 20,17%, para 19,275 euros, contribuindo para uma subida de mais de 3% do PSI.

No domingo, a Galp enviou uma nota à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a dar conta da conclusão da primeira fase da campanha de exploração do campo Mopane, do qual é o operador e detém 80%, em conjunto com os parceiros Namcor e Custos. Os trabalhos “potencialmente posicionam” este projeto como “uma importante descoberta comercial”, afirmou a empresa.

Com este forte desempenho em bolsa, a Galp caminha para fechar a melhor sessão em 17 anos — só superada pelo ganho de 24,7% registado em 9 de novembro de 2007, de acordo com dados da Refinitiv. Os títulos estão a cotar perto do máximo histórico de 19,5 euros alcançado durante a sessão do dia 27 de dezembro de 2007.

A força da Galp é tal que, nos primeiros instantes do dia de negociações, os títulos chegaram a estar suspensos pelo mecanismo da bolsa que é acionado quando se verificam grandes oscilações, constatou o ECO na página oficial da Euronext.

Galp dispara na bolsa de Lisboa

Galp e BCP carregam PSI

A subida histórica da Galp, coligada ao bom momento das ações do BCP e da Nos, está a conduzir o principal índice da bolsa de Lisboa a um ganho superior a 3%.

Cerca das 8h37, o banco liderado por Miguel Maya somava 2,13%, enquanto a operadora de telecomunicações comandada por Miguel Almeida valorizava 2,77%.

Com uma única cotada no vermelho — a Greenvolt, a recuar 0,12% — a tabela do PSI contemplava ainda uma valorização de 1,91% da Jerónimo Martins, a recuperação de 1,53% dos títulos da Mota-Engil e a subida de 0,78% da EDP Renováveis.

(Notícia atualizada pela última vez às 8h40)

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Asepeyo assina acordo com a T-Systems para migrar os seus sistemas de informação para a nuvem híbrida

  • Servimedia
  • 22 Abril 2024

A T-Systems vai implementar uma solução de cloud híbrida, integrando as plataformas de grandes fornecedores de cloud pública, como a Google e a AWS, com uma solução de cloud privada integrada.

A Asepeyo adjudicou à T-Systems Iberia, a divisão de serviços de digitalização para empresas e administração pública do Grupo Deutsche Telekom, o contrato para a tecnologia necessária à migração dos seus sistemas de informação para uma plataforma de cloud híbrida. Com este contrato, a Mútua pretende promover um novo modelo de maior soberania tecnológica, minimizando a dependência de soluções proprietárias. O acordo terá uma duração máxima de 5 anos, com um valor de 19 milhões de euros.

O salto para a cloud pública dotará a Asepeyo de novas capacidades que lhe permitirão evoluir para um modelo mais flexível, o que reduz significativamente o risco de descontinuidade de serviços para as suas mais de 270 mil empresas associadas, 3 milhões de doentes e utentes e 3.500 colaboradores.

Neste sentido, a T-Systems Iberia irá implementar uma solução de cloud híbrida de forma simplificada, garantindo uma gestão uniforme do serviço, de modo a facilitar a governação integrada dos sistemas de informação. O modelo incorpora grandes fornecedores de cloud pública, como a Google e a Amazon Web Services (AWS), pelas vantagens que proporcionam em termos de flexibilidade, escalabilidade, automatização e, sobretudo, capacidade de inovação em novos serviços diferenciadores.

“O acesso à informação, a gestão de procedimentos e o portefólio de serviços devem garantir a agilidade dos processos. Por isso, a transformação digital das empresas tornou-se um fator essencial”, afirma Ramon Puigoriol, responsável pela área da saúde da T-Systems Iberia.

Desde 2017, o projeto Asepeyo Live promove a digitalização integral dos processos e serviços, a fim de melhorar a experiência do cliente e do utilizador. O seu objetivo final é tornar a empresa mútua uma referência na digitalização de processos e na inovação em medicina do trabalho.

Joan Lluís Pagès, CIO da Asepeyo, explica que o seu compromisso com a transformação digital “é impulsionado por requisitos empresariais cada vez mais exigentes. Os sistemas de informação e os diferentes elementos que os compõem são cada vez mais críticos, tanto no seu funcionamento como na flexibilidade, agilidade e fiabilidade dos processos de transformação que devem suportar”.

Com este acordo de colaboração, a migração dos sistemas de informação da Asepeyo permitirá uma renovação tecnológica dos elementos que compõem a plataforma atual da empresa, para uma arquitetura atualizada e mais inovadora.

 

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