Três em cada quatro consumidores comparam preços e escolhe marcas mais baratas

  • ECO
  • 19 Dezembro 2023

Entre janeiro e setembro de 2023, mais de metade das ocasiões de compra dos consumidores nacionais incluíram produtos em promoção, de acordo com um estudo divulgado pela Centromarca.

Cerca de três em cada quatro consumidores admitiram comparar preços e escolher marcas mais baratas quando faz compras e mais de metade incluiu produtos em promoção nos seus cestos, segundo um estudo divulgado esta terça-feira pela Centromarca.

As conclusões são de uma análise realizada pela Kantar e analisado em conjunto com a Centromarca – Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca, com uma amostra de 4.000 famílias participantes, representativos de Portugal Continental, dispersos em mais de 1.000 pontos de sondagem, que declararam as suas compras entre 02 de janeiro e 08 de outubro de 2023.

“Os portugueses continuam a procurar as promoções e a comparar preços”, apontou a Centromarca, destacando que, “entre janeiro e setembro de 2023, 51,3% das ocasiões de compra dos consumidores nacionais incluíram produtos em promoção” e que “77% dos consumidores inquiridos afirmaram ainda comparar preços e escolher as marcas mais económicas”.

Adicionalmente, os dados permitiram concluir que, em 2023, os consumidores em Portugal continuaram a aumentar a frequência com que vão às compras e a diminuir o volume comprado de cada vez, mas ambas as tendências abrandaram em relação ao ano passado.

No terceiro trimestre, os consumidores chegaram mesmo a reduzir o número de vezes em que foram às compras, face a 2022. Enquanto a frequência de compra registou um aumento de 3,3% no caso da alimentação, 2% nos produtos frescos e 3,3% nas bebidas, registou-se uma diminuição de 0,9% na alimentação animal.

Paralelamente, o volume por cada ato de compra diminuiu em todas as categorias, sendo mais evidente na alimentação animal (-8,2%), mas registada também na alimentação (-7,3%), nos frescos (-7,7%), e nas bebidas (-6%).

A reversão do IVA Zero, a partir de 1 de janeiro, pode contrariar o aumento do tamanho da cesta nos produtos fora do cabaz abrangido pela medida, que se vinha observando nos últimos meses.

Marta Santos

Diretora da área de clientes da Kantar

Os dados mostraram ainda um aumento homólogo expressivo no volume de produtos fora do cabaz IVA Zero, durante o segundo e o terceiro trimestres do ano. “A reversão do IVA Zero, a partir de 1 de janeiro, pode também contrariar o aumento do tamanho da cesta nos produtos fora do cabaz abrangido pela medida, que se vinha observando nos últimos meses”, apontou a diretora da área de clientes da Kantar, Marta Santos.

As marcas de distribuição continuaram a ganhar relevância nos lares portugueses, com a frequência de compra naquelas superfícies a registar um aumento de 4,4% entre 2022 e 2023, destacando-se ainda mais pelo aumento expressivo de 19,4% no valor gasto pelos consumidores naquelas marcas.

A progressiva contração da inflação e a expectável atualização salarial podem permitir uma ligeira recuperação do poder de compra por parte de muitas famílias.

Pedro Pimentel

Diretor-geral da Centromarca

“A progressiva contração da inflação e a expectável atualização salarial podem permitir uma ligeira recuperação do poder de compra por parte de muitas famílias, que foram fortemente massacradas nestes dois últimos anos. No entanto, é necessário contar com o impacto desfavorável da reversão do IVA Zero no início de janeiro”, referiu o diretor geral da Centromarca, Pedro Pimentel. Para aquele responsável, “este seria, havendo condições políticas, o momento adequado para discutir as propostas de harmonização do IVA no setor alimentar”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

CO2 Revolution estima que é necessário um bosque de 200 árvores para compensar a pegada de carbono da produção da lotaria de Natal

  • Servimedia
  • 19 Dezembro 2023

CO2 Revolution, especializada no cálculo e compensação de pegadas de carbono, estima que são precisas 200 árvores para compensar a pegada de carbono da produção da lotaria de Natal.

Neste Natal, entram em jogo 185 milhões de bilhetes de lotaria, 5 milhões a mais do que em 2022. Essa quantidade de bilhetes é impressa pela Fábrica Nacional de Moeda e Selos, que cada vez conta com um maior número de inovações tecnológicas para agilizar e aumentar sua produção, bem como para prevenir falsificações.

A CO2 Revolution avaliou este processo e concluiu que a produção atual dessa quantidade de bilhetes gera aproximadamente 113 toneladas de CO2, um aumento de 2,7% em relação ao ano anterior. Para esse cálculo, a empresa levou em consideração os seguintes fatores: tipo de papel OCR utilizado nos bilhetes, dimensão (11 x 6,5 cm) e gramatura (90 gr/m2).

Uma vez calculada a pegada gerada, indica-se que “uma maneira ótima de compensá-la é através do reflorestamento”. Para isso, a CO2 Revolution, respaldada pela sua experiência e conhecimento do setor, se baseou em exemplos reais de áreas onde opera para fazer uma estimativa de compensação da pegada de CO2 gerada por essa produção.

A CO2 Revolution apresenta não apenas a estimativa de árvores necessárias, mas também a floresta ideal para esse plantio. Para essa compensação, foram levadas em consideração várias variáveis: desde a localização, Galícia, até o tipo de repovoamento, densidades, espécies e anos de permanência ideais. De acordo com sua estimativa e em conformidade com a metodologia aprovada pela certificação MITECO, para compensar 113 toneladas de CO2, seria necessário criar um bosque com 200 árvores, garantindo sua permanência por 35 anos, com a seguinte composição: 140 árvores de Pinus pinaster atlântica, 30 árvores de Betula spp, 30 árvores de Castanea sativa. Essa empresa apoiou-se no seu departamento especializado em cálculos conforme a norma ISO 14064.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

SEUR sobe cinco pontos e Correos cai quatro na quota de pacotes, de acordo com o último relatório da CNMC

  • Servimedia
  • 19 Dezembro 2023

21% dos espanhóis enviaram algum pacote durante o primeiro semestre do ano, de acordo com dados do Painel de Famílias da CNMC sobre pacotes e correios, o número mais alto na série deste indicador.

O indicador mostra que o serviço de pacotes dos Correos continua sendo o mais utilizado pelos cidadãos. No entanto, caiu mais de quatro pontos na quota de mercado no último ano. De acordo com os dados do supervisor, o serviço postal público, presidido por Juan Manuel Serrano, perde a confiança de milhões de clientes quando os usuários enviam o maior número de pacotes da história. Desde 2019, os Correos perderam 15 milhões de usuários, o equivalente a 16,3%.

A queda dos Correos beneficia a SEUR, uma empresa liderada por Alberto Navarro, que ganha a confiança dos consumidores e cresce cinco pontos na quota nos primeiros seis meses do ano. Assim, a empresa líder privada em transporte urgente na Espanha fica com uma quota de 14% em serviços de pacotes, ficando apenas atrás da empresa pública.

A SEUR, que entregou mais de 120 milhões de pacotes em 2022 e teve uma faturação de 890 milhões de euros, impulsionou, no último ano, serviços inovadores para oferecer maior flexibilidade e comodidade aos seus clientes e fortaleceu suas soluções de entrega fora de casa, como armários inteligentes e rede de pontos pick-up, contando agora com mais de 5.000 pontos de conveniência onde os clientes podem recolher os seus pedidos. A empresa conta com 10.000 profissionais em comparação com os mais de 53.000 funcionários dos Correos, a maior empresa estatal em número de trabalhadores.

Apesar do setor postal ter crescido 10% no ano passado, os Correos estão perdendo clientes e faturação, que operadores privados como a SEUR sabem aproveitar. Segundo o registo postal, só em 2022 foram incorporados 717 novos operadores, totalizando agora 2.894. A concorrência está aumentando para a empresa pública ao mesmo tempo em que a sua faturação caiu 6,7% em 2022.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“Só nos resta um envelope de ajuda”. Casa Branca alerta que fundos para ajudar Ucrânia terminam em breve

  • Lusa
  • 19 Dezembro 2023

Congressistas republicanos estão a bloquear um importante pacote de ajuda, exigindo grandes mudanças na política de migração dos EUA, incluindo medidas mais rígidas na fronteira com o México.

A Casa Branca alerta que os Estados Unidos têm fundos para apenas mais um pacote de ajuda à Ucrânia este ano, enquanto o Congresso norte-americano continua a bloquear um novo apoio militar a Kiev.

“Só nos resta um envelope de ajuda” antes que os fundos dedicados à Ucrânia esgotem, sublinhou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional norte-americano, John Kirby. Este responsável recusou-se a especificar o montante deste novo pacote de ajuda, que é esperado durante o mês de dezembro.

O Congresso dos Estados Unidos comprometeu-se com mais de 110 mil milhões de dólares (100 mil milhões de euros, à taxa de câmbio atual) desde que a invasão russa começou em fevereiro de 2022, mas os congressistas republicanos estão a bloquear um importante pacote de ajuda, exigindo grandes mudanças na política de migração dos EUA, incluindo medidas mais rígidas na fronteira com o México.

Poucos dias antes da pausa nos trabalhos no Congresso, os legisladores aprovaram um orçamento de defesa para 2024, libertando assim 300 milhões de dólares (247 milhões de euros) para Kiev, um montante mínimo em comparação com os 61 mil milhões de dólares (56 mil milhões de euros) solicitados pela Casa Branca.

Kirby instou o Congresso a “agir sem demora” para evitar o fim do envio de ajuda: “É claramente do nosso interesse nacional e a nossa ajuda é essencial para que a Ucrânia possa continuar a sua luta pela liberdade”.

O Presidente Joe Biden “está preparado para negociar de boa-fé e com compromisso”, garantiu ainda Kirby, apontando que o executivo norte-americano está a negociar com membros do Congresso sobre a segurança das fronteiras e sobre o financiamento à Ucrânia e Israel.

A chamada “Lei de Autorização de Defesa Nacional”, num valor equivalente a 805,8 mil milhões de euros — que se aplica ao atual ano fiscal, que começou em 01 de outubro -, foi aprovada na quinta-feira na Câmara dos Representantes (câmara baixa), depois de ter recebido luz verde do Senado na quarta-feira.

A iniciativa foi aprovada após meses de intensas negociações entre democratas e republicanos. O orçamento inclui um aumento salarial de 5,2% para os militares, assim como fornece o financiamento necessário para os diferentes programas do Pentágono.

Entre eles, inclui 11,5 mil milhões de dólares (10,4 mil milhões de euros) para combater a influência de Pequim no Mar da China Meridional. No entanto, a maior parte da ajuda militar a Kiev continua travada no Congresso, onde os republicanos bloquearam um pacote orçamental de emergência enviado por Biden.

Esse pacote é de 106 mil milhões de dólares (96,4 mil milhões de euros) e inclui 61 mil milhões de dólares (55,4 mil milhões de euros) para a Ucrânia e 15 mil milhões de dólares (13,6 mil milhões de euros) para Israel, mas os republicanos exigem a aplicação de uma política de imigração mais restritiva em troca da sua aprovação.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Portal Open Data pretende impulsionar a transição energética em Portugal

  • Conteúdo Patrocinado
  • 19 Dezembro 2023

Luís Tiago Ferreira, da E-REDES, explica como surgiu o Portal, parte integrante do serviço público que a empresa quer prestar ao país.

No âmbito do 2º Encontro Energia e Território, Luís Tiago Ferreira, da E-REDES, explicou como surgiu o Portal, parte integrante do serviço público que a empresa quer prestar ao país e quais os tipos de dados que podem ser consultados. O responsável destaca ainda o papel das universidades, não apenas para o OPEN DATA, mas também para a aceleração da transição energética.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

A indústria da alta joalharia em Espanha enfrenta um Natal dinâmico em termos de vendas e fidelização

  • Servimedia
  • 19 Dezembro 2023

A indústria do luxo goza de boa saúde e, após a interrupção causada pela pandemia a nível global, voltou a recuperar dinamismo e cresceu com força, superando a incerteza económica.

O setor de alta gama na Espanha movimentou 17,7 bilhões de euros em 2022, representando 4,5% da receita na Europa e 1% mundial, de acordo com dados recentes do Círculo Fortuny em conjunto com a análise da McKinsey & Company.

Por segmentos, os bens e objetos pessoais representam quase metade das vendas, e nele desempenha um papel fundamental o mercado espanhol da alta joalharia, que se consolidou como um segmento em constante evolução junto a marcas líderes e referências tanto no âmbito nacional como internacional.

Às portas do Natal, as principais empresas do setor de joalharia e relojoaria enfrentam uma campanha crucial em vendas com base na demanda local, que é impulsionadora de crescimento, embora a recuperação do turismo internacional já seja uma realidade que impacta nas receitas.

Entre os principais expoentes dessa proposta premium, encontram-se marcas com longa tradição e prestígio, como Cartier, Rabat, Bulgari ou Rolex, entre outras, que com suas boutiques nas emblemáticas artérias comerciais de Madrid e Barcelona oferecem um universo experiencial com suas marcas próprias e de terceiros.

Na avenida de luxo da capital catalã, empresas de tradição joalheira prepararam esta campanha, como é o caso da Rabat. A partir de sua flagship, um edifício modernista de seis andares próximo à La Pedrera, a empresa destaca-se por uma estratégia de excelência e fidelização do cliente nacional, que busca personalização em joias ou relógios de grandes marcas.

Bulgari foi outra casa que viveu um momento áureo neste outono e trabalha para atrair um público que busca valores e experiências. A casa romana organizou uma exposição na sua boutique em Barcelona para comemorar o 75º aniversário de sua coleção Serpenti, um de seus ícones mais emblemáticos. Da mesma forma, outra marca internacional, como Cartier, uniu arte e artesanato na sua boutique renovada na Catalunha.

Nesse universo de marcas de alta joalharia que consolidam esse setor em Espanha, também estão presentes marcas veteranas como Bagués Masriera, Pere Quera, Carrera y Carrera, além da marca de joias e acessórios Tous ou Suárez, que recentemente comemorou seu 80º aniversário.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

O dia em direto nos mercados e na economia – 19 de dezembro

  • ECO
  • 19 Dezembro 2023

Ao longo desta terça-feira, 19 de dezembro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 19 Dezembro 2023

Esta terça-feira, destaca-se a divulgação de dados relativos à atualização da taxa de juro implícita no crédito à habitação, assim como os dados do Eurostat sobre a taxa de inflação anual na UE.

A 12 dias de terminar o ano serão divulgados os dados relativos à taxa de inflação anual pelo Eurostat, bem como a atualização da taxa de juro implícita no crédito à habitação pelo INE. Ainda nesta terça-feira há dados relativos às estatísticas do emprego público divulgado pela DGAEP, o Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais vai ao Parlamento explicar se haverá um agravamento do IMI e o BCE apresenta resultados de supervisão bancária.

Nuno Félix é ouvido no Parlamento sobre IMI

O Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais vai ser ouvido sobre um eventual agravamento do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) no âmbito de um requerimento potestativo do PSD. Em entrevista ao Jornal de Negócios, Nuno Félix admitiu estar prevista uma “revisão dos coeficientes que determinam a avaliação dos prédios urbanos”, uma vez que existe um “desalinhamento do VPT [Valor Patrimonial Tributário] dos imóveis face àquilo que é a realidade do mercado”.

Eurostat divulga dados sobre a taxa de inflação anual

O Eurostat, o organismo de estatística da União Europeia, divulga esta terça-feira os dados relativos à inflação anual registada na Zona Euro e na União Europeia em novembro deste ano. Segundo os últimos dados, na Zona Euro a taxa inflação anual de outubro foi de 2,9%. Também na União Europeia a tendência foi de abrandamento da taxa de inflação anual, que registou 3,6% em outubro deste ano quando no mesmo mês do ano passado registava 11,5%.

Como está a evoluir o emprego na Administração Pública?

A Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) vai divulgar esta terça-feira o Boletim Estatístico de Emprego Público, onde consta informação sobre o emprego público, no âmbito de estatísticas do mercado de trabalho, desde 2011 até ao primeiro semestre de 2023. O último boletim deu conta que os trabalhadores da Administração Pública estão cada vez mais envelhecidos e a idade média destes trabalhadores ultrapassa os 48 anos.

INE atualiza taxa de juro implícita no crédito à habitação

Esta terça-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE) publica a atualização das taxas de juro implícitas no crédito à habitação referente a novembro. De acordo com a última atualização, relativo a outubro, a taxa subiu pelo 19.º mês consecutivo, atingindo 4,433%, alcançando o valor mais elevado desde março de 2009. Em outubro, a taxa de juro implícita no conjunto de contratos de crédito à habitação subiu 16,3 pontos base (p.b) face a setembro (4,27%).

BCE divulga resultados da supervisão bancária

O Banco Central Europeu (BCE) apresenta, em conferência de imprensa, os resultados agregados do Processo de Análise e Avaliação para fins de Supervisão (SREP) da banca europeia em 2023. Andrea Enria, presidente do Conselho de Supervisão do BCE, e Frank Elderson, vice-presidente, devem ainda divulgar as prioridades de supervisão das instituições de crédito para 2024 e anos seguintes.

 

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Setor vê como “difícil” que Portugal consiga quase triplicar instalação de renováveis até 2030

Da crise política aos processos de licenciamento morosos, os agentes do setor energético apontam vários obstáculos que se entrepõem entre os objetivos e a sua concretização. 

Portugal compromete-se a multiplicar por cerca de 2,5 a capacidade renovável de que dispõe ao dia de hoje, até 2030. Esta ambição, vertida na última versão do Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC) 2030, é bem vista do ponto de vista da intenção mas, na prática, os agentes do setor contactos pelo ECO/Capital Verde apontam várias dificuldades em cumprir o objetivo. Da crise política aos processos de licenciamento morosos, muitos são os obstáculos que se entrepõem entre os objetivos e a sua concretização.

No âmbito da 28.ª Conferência das Partes (COP28), 123 países comprometeram-se a, até 2030, contribuir para a meta global de triplicar a capacidade renovável dos 3.382 gigawatts (GW) existentes em 2022 para 11.200 GW, em 2030.

Portugal foi um dos países a assinar este acordo, mas isto não significa que o país triplique a respetiva capacidade. “Este objetivo global traduz-se em diferentes contributos nacionais, definidos por cada país, dependendo dos seus pontos de partida, trajetórias e abordagens”, explica fonte oficial do Governo ao ECO/Capital Verde. Considerando o país como “líder na transição energética” – portanto, com um ponto de partida já avançado – Portugal deverá manter a ambição patente no Plano Nacional de Energia e Clima 2030, que dita uma multiplicação não por 3, mas de cerca de 2,5 vezes da capacidade instalada.

Portugal, que, de acordo com os dados da Direção Geral de Energia e Geologia, tinha instalados 18,3 GW de capacidade renovável em outubro deste ano, compromete-se a atingir os 42,8 GW em 2030, suportados sobretudo pelo crescimento acentuado do parque solar.

A responsabilidade sobre a instalação dos cerca de 11.000 GW de capacidade renovável não se cinge, então, aos seus signatários, embora estes se afirmem empenhados em contribuir para este objetivo. O grande benefício deste acordo ao nível da COP28 passa portanto, esclarece Francisco Ferreira, presidente da organização ambientalista Zero, por criar mais um indicador a ser monitorizado no que toca à neutralidade carbónica, além da já acompanhada redução de emissões.

Crise política, licenciamento demorado, redes e inflação atrapalham

Temos todas as condições para atingir as metas, mas temos muito trabalho a fazer”, diz Pedro Amaral Jorge, presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN). Mostra-se, contudo, preocupado com o efeito da mudança antecipada de Governo. Amaral Jorge acredita que os projetos que estão em curso terão continuidade, mas ficam em suspenso decisões relativas a leilões, ligação à rede de projetos. “Entendemos que as eleições provocam sempre um conjunto de atrasos. Esperamos que os impactos sejam o menos intensos possível, mas vão sempre acontecer”, indica.

João Amaral, responsável da Voltalia em Portugal, concorda que “triplicar a capacidade instalada é perfeitamente exequível”. Tendo em conta os projetos vencedores dos leilões de solar de 2019 e 2020, assim como aqueles que estão em lista de espera para se ligarem à rede através de acordo com os operadores de rede, o gestor considera que existe suficiente massa crítica de projetos para que, mesmo com alguns a ficarem pelo caminho, outros os substituam. No caso da energia eólica, também se mostra otimista, tendo em conta “a experiência enorme” que existe no país. Das tecnologias mencionadas no PNEC, só vê o hidrogénio como “um desafio maior”, tendo em conta a falta de maturidade da tecnologia.

"Mais vale atrasar um pouco do que depois ter tudo bloqueado. Mais vale prevenir conflitos do que depois procurar ultrapassá-los.”

Francisco Ferreira

Presidente da Zero

A dúvida, no caso do líder da Voltalia em Portugal, está na capacidade de adequar a disponibilidade de redes e as necessidades dos consumidores à eletricidade disponível. “É o mesmo que andar numa estrada congestionada. Não me interessa ter capacidade para andar na velocidade máxima se as condições da estrada não mo permitirem”, ilustra.

Assim, vê como essencial o reforço das redes elétricas mas também, e antes disso, a necessidade de serem criadas condições para os operadores investirem em soluções que deem flexibilidade à rede. As metas, indica, têm por base projeções de necessidades de consumo crescentes, apoiadas por exemplo no desenvolvimento da mobilidade elétrica, e que podem, ou não, verificar-se. Neste sentido, considera importante remunerar a flexibilidade, por exemplo a disponibilização de baterias. “As centrais têm disponibilidade, mas não podem ser penalizadas por não existir consumo suficiente, quando está a ser pedido que instalem para cumprir metas”, defende.

Francisco Ferreira concede que “não vai ser fácil” cumprir com o estipulado no PNEC, especialmente na componente mais ambiciosa: a do solar centralizado. “Temos de encontrar os sítios certos, com os menores impactos, garantir que temos rede elétrica a chegar lá… em 6 anos, é muito complicado”, avalia. E alerta que é importante que não existam “atropelos” nos processos, de forma a acelerá-los, correndo-se o risco de estes levarem a uma maior contestação por parte das populações, e que possam mesmo a vir bloquear o progresso mais tarde. “Mais vale atrasar um pouco do que depois ter tudo bloqueado. Mais vale prevenir conflitos do que depois procurar ultrapassá-los”, defende. Quanto às metas traçadas para o hidrogénio verde, também oferece reservas, sobretudo no que toca à exportação.

O contexto atual sugere prudência na implementação desta visão, nomeadamente pela inflação verificada nos últimos anos e pelo consequente aumento dos custos de investimento e financiamento, que, além de serem um obstáculo ao investimento direto em renováveis, têm principalmente provocado um atraso nas expectativas de eletrificação, e uma estagnação do consumo.

Endesa

Fonte oficial

A Endesa realça que o objetivo de triplicar a capacidade renovável até 2030 dará um forte impulso ao fornecimento de energia limpa, acessível e segura. Contudo, “o contexto atual sugere prudência na implementação desta visão, nomeadamente pela inflação verificada nos últimos anos e pelo consequente aumento dos custos de investimento e financiamento, que, além de serem um obstáculo ao investimento direto em renováveis, têm principalmente provocado um atraso nas expectativas de eletrificação, e uma estagnação do consumo”, indica fonte oficial da empresa.

Nesta ótica, “o esforço deve ser repartido de maneira equilibrada pelo investimento em nova capacidade, pelo desenvolvimento da rede e do armazenamento, e pelo incentivo à eletrificação”, num movimento acompanhado de meios humanos suficientes da administração pública, acredita a empresa.

Um “desafio grande”, apesar de “não ser impossível”, é como Duarte Sousa, diretor-geral da Engie Hemera, olha para as metas de capacidade renovável a que Portugal se propõe, sobretudo tendo em conta a “velocidade” a que se pretende concretizá-las. Tendo como foco o autoconsumo, o gestor identifica como maiores entraves a vertente administrativa e o licenciamento, assim como a limitação atual de injeção de até 1 megawatt na rede por parte de entidades com sistemas de autoconsumo. Isto porque, explica, cada vez mais empresas têm necessidades entre os 4 a 5 megawatts mas, se param a atividade durante o fim de semana, uma parte relevante da energia produzida é desperdiçada.

“Bastante ambiciosas” é como o fundador e administrador da Ertec, Celso Leão, classifica também as metas vertidas no PNEC, dado “o curto espaço de tempo”. Para o gestor, “a questão burocrática é um entrave enormíssimo”, alertando para o longo tempo de licenciamento. Neste caso, defende a responsabilização do promotor, de forma a que este não tenha de passar por todas as camadas burocráticas. A DGEG “não tem recursos humanos nem próximos do que devia ter. Tem hoje uma capacidade idêntica à que tinha nos anos 90”, realça. Em paralelo, sublinha que é necessária a aposta em redes inteligentes para otimizar a capacidade, “o que demora tempo a implementar”, sendo os seis anos até 2030 “manifestamente pouco”

Já João Nuno Serra, CEO da Enforce e presidente da ACEMEL — Associação dos Comercializadores de Energia no Mercado Liberalizado, afirma-se “muito cético”. “Penso que o país tem excelentes condições para triplicar a capacidade, e devíamos dar esse passo. Mas estão-se a construir castelos com pés de barro”, acusa. Na sua visão, a estrutura da administração pública “não tem capacidade para dar resposta a toda esta exigência”, uma vez que ainda não está resolvida a questão da morosidade dos processos. “O rei vai nu”, afirma, ilustrando com a estimativa de que os projetos selecionados em 2023 para serem ligados à rede por acordo com o operador da rede, só devem estar ligados em 2028.

De forma a solucionar o problema da falta de resposta administrativa, João Nuno Serra vê como solução que a DGEG assuma um novo estatuto, de instituto, que lhe permita contratar quadros em pé de igualdade com setor privado, “senão ninguém quer ir trabalhar para lá”, acredita, face às condições remuneratórias que considera “pouco competitivas”. Outra alternativa seria concessionar a privados o licenciamento, sugere. Em paralelo, o líder da ACEMEL queixa-se do peso que os operadores de rede têm nas decisões sobre ligações à rede. Nesta vertente da desburocratização, Pedro Amaral Jorge defende uma digitalização dos processos das várias entidades envolvidas, desde a DGEG até às câmaras municipais.

A EDP afirma que continua a desenvolver soluções inovadoras em diferentes regiões do mundo, incluindo em Portugal (desde os modelos híbridos a tecnologias de solar descentralizado), que contribuem ativamente para acelerar a transição energética, e ressalva que as iniciativas e medidas de ação climática devem ser promovidas não apenas pelos Estados, mas também por empresas, organizações internacionais, instituições financeiras e até sociedade civil.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Saiba qual é o salário dos advogados em Portugal

Segundo um estudo da Michael Page, os indicadores do mercado para o próximo ano indicam que não haverá grandes oscilações em termos salariais relativamente a 2023 na maioria dos setores.

Se um advogado associado, 10 anos após fazer o exame final de agregação da Ordem dos Advogados (OA), pode receber até 78.000 euros brutos, sem bónus, em Lisboa numa pequena sociedade, já numa grande sociedade o valor podes ascender aos 150.000 euros. Por outro lado, no Porto, os valores tocam o máximo de 72.000 euros numa firma de pequena dimensão e 102.000 euros numa de maior dimensão. Estas conclusões foram apresentadas pela empresa de recrutamento Michael Page.

“Nos vários setores, é percetível a importância da digitalização, da flexibilidade e novos modelos de trabalho, a par do aumento da profissionalização e surgimento de novas funções, mantendo-se a disputa pelo talento em áreas distintas como IT e Tax & Legal. Em termos salariais, os indicadores de mercado no contexto da atual conjuntura económica, não preveem para o próximo ano grandes oscilações relativamente a 2023 na maioria dos setores“, refere o estudo.

No que concerne às sociedades de pequena dimensão, um estagiário pode receber anualmente até 18.000 euros em Lisboa e 14.400 euros no Porto. Já um associado até três anos pós agregação recebe até 30.000 euros, em Lisboa, e 19.200 euros, no Porto. Os valores vão aumentando consoante o número de anos pós agregação, chegando ao máximo de 78.000 euros anuais em Lisboa e 72.000 euros no Porto para um advogado com mais de 10 anos de atividade.

Por outro lado, num escritório de média ou grande dimensão, ou boutiques especializadas, os valores oscilam entre os 16.800 euros anuais e 150.000 euros em Lisboa e 15.600 euros e 102.000 euros no Porto. Um estagiário na capital chega a receber 30.000 euros brutos em Lisboa, enquanto no Porto auferem 21.600 euros. Nos primeiros anos pós agregação os valores sobrem para os 44.440 euros e 30.000 euros, em Lisboa e Porto respetivamente. Após 10 anos de agregação, os advogados recebem até 150.000 em Lisboa e 102.000 euros no Porto.

Já um diretor jurídico numa pequena empresa ou consultora recebe anualmente entre 32.200 e 45.000 euros em Lisboa e 26.600 e 49.000 euros no Porto. Por outro lado, numa grande empresa os valores aumentam, auferindo até 160.000 euros em Lisboa e 84.000 euros no Porto.

No que toca aos in house e juristas, numa pequena empresa ou consultora estes podem ganhar entre 18.000 e 45.000 euros em Lisboa e 16.800 e 35.000 euros no Porto. Enquanto numa média e grande empresa, podem somar entre 22.400 e 70.000 euros na capital e entre 21.000 e 63.000 euros na cidade invicta.

Já os Tax Manager podem chegar a receber entre 90.000 e 77 euros numa empresa, em Lisboa e no Porto respetivamente, e entre 75.000 e 70.000 euros numa consultora, também nas respetivas localizações. Por fim, um Senior Tax Manager pode auferir entre 21.000 e 40.000 euros em Lisboa e 23.800 e 35.000 euros no Porto, e um Tax Consultant pode ganhar até 21.000 ou 28.000 euros.

“O estudo de remuneração apresentado foi realizado graças ao conhecimento do mercado e à constante relação com clientes e candidatos. A informação contida neste estudo é o resultado de uma análise empírica de três fontes de informação diferentes: base de dados, perfis de candidatos e clientes e publicação de anúncios na imprensa e na internet”, explicou a consultora de recrutamento.

Firmas procuram advogados jovens

O estudo anual da Michael Page sobre as principais tendências do mercado de trabalho para 2024 para quadros executivos em empresas de grande dimensão concluiu ainda que o ano de 2023 ficou marcado pela “continuação do extremo dinamismo”, tendo a procura de perfis por parte dos escritórios de advogados se mantido elevada. “Este dinamismo refletiu-se por um aumento salarial significativo na grande maioria das sociedades, tanto de grande como de média dimensão”, lê-se.

Em 2023, os perfis de advogados mais procurados continuam a ser os com senioridade entre os dois e cinco anos de experiência pós agregação na Ordem dos Advogados, mas também os recém-agregados, “sendo notório o aumento da procura destes perfis mais juniores relativamente aos anos anteriores”.

Também nas empresas, o número de pedidos de advogados e juristas foi elevado, continuando a ser uma tendência. Segundo a Michael Page, a razão prende-se com o “objetivo de continuar a reduzir custos com a externalização de serviços”.

“Tal como em 2022, a tendência na procura de perfis mais seniores (com mais de cinco anos pós agregação) manteve-se por parte de sociedades de advogados em determinadas áreas, tais como, Contencioso, Público, Corporate e M&A, Regulatório e Concorrência, Fiscal, Imobiliário e Penal”, lê-se no estudo

Já no que toca às áreas de prática, a maior afluência de recrutamento registou-se nas áreas de Público, Corporate e M&A, Fiscal, Imobiliário, Laboral, Propriedade Intelectual e TMT. Por parte das empresas, o interesse manteve-se nos perfis mais generalistas e versáteis, com “background nas áreas de Corporate, Civil, Comercial e Laboral, bem como uma acentuada necessidade na área de Proteção de Dados e Compliance”.

“Relativamente ao mercado das Consultoras na área de Tax, a tendência verificada em anos anteriores voltou a registar-se, existindo uma elevada rotatividade nos diferentes departamentos, com a maior procura a verificar-se na posição de Senior, nas diferentes áreas, com ênfase na área de Impostos Indiretos, Imigração e Corporate Tax. Do lado dos consultores, a procura passa por transitar para o denominado “cliente final”, nomeadamente por questões relacionadas com o work/life balance”, referem.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

As respostas e as (muitas) dúvidas sobre o futuro da Farfetch

A compra da Farfetch pelos sul-coreanos da Coupang, anunciada esta segunda-feira, salvou a empresa criada pelo português José Neves de entrar em insolvência.

Cerca de duas semanas e meia depois de as ações da Farfetch terem iniciado uma descida a pique na bolsa de Nova Iorque, após a empresa anunciar que não iria divulgar as contas do terceiro trimestre do ano e ter cancelado a habitual conference call com analistas, o primeiro unicórnio de ADN português conseguiu fechar um acordo com os sul-coreanos da Coupang para avançarem para a compra da empresa.

Um acordo sem o qual a empresa de comércio online de bens de luxo estava condenada à falência. Mas como será a nova Farfetch? Há algumas respostas, mas ainda há muita coisa que fica por saber sobre o futuro da empresa luso-britânica.

Rombo nas contas faz soar alarme

Os primeiros números de 2023 já antecipavam que alguma coisa não estava a correr bem nas contas da Farfetch. Depois de lucros de 67,67 milhões de dólares nos primeiros seis meses de 2022, a empresa reportou prejuízos de 281,34 milhões de dólares no primeiro semestre deste ano. As contas do terceiro trimestre já não foram conhecidas, com a companhia a adiar o reporte e a espoletar uma correção sem precedentes no preço das ações.

A juntar aos prejuízos, a dívida total da Farfetch aumentava os receios em torno da sustentabilidade da empresa: a dívida total ascendia a 1,6 mil milhões de dólares. Após a queda das ações nas últimas semanas, a empresa contava uma capitalização bolsista de 226,66 milhões de dólares, com cada ação a valer 64,28 cêntimos de dólar, um valor irrisório comparado com os 20 dólares a que foram vendidas no IPO, realizado em 2018. Esta segunda-feira as ações estavam suspensas.

Como aqui chegou?

Tal como muitas startups, a Farfetch demorou a dar lucro. A Farfetch é uma plataforma de comércio online, que agrega marcas de roupa e acessórios de luxo, retalhistas e consumidores. Trata-se de um marketplace que funciona como uma montra para marcas como a Gucci ou Chanel, chegando de forma mais fácil aos consumidores.

Contudo, a crise associada à pandemia da covid-19 trouxe mudanças importantes nos hábitos de consumo a nível mundial. Se a pandemia acelerou as compras online, o fim da covid-19 levou as pessoas a voltarem às lojas físicas. Por outro lado, a crise conduziu a uma quebra da compra de bens de luxo. A penalizar os resultados da empresa terão estado ainda algumas decisões estratégicas, que se revelaram mal sucedidas, como a aposta na cosmética e perfumaria.

A quebra dos resultados e a descida das ações deixou a empresa numa situação de quase insolvência, em busca de um “fundo” de emergência, que a salvasse do colapso antes do Natal. Uma boia de salvação que chegou pelas mãos da sul-coreana Coupang por um conjunto de fundos associados ao venture capital Greenoaks que, através da Athena Topco, anunciaram a intenção de comprar a empresa.

Quanto vai custar a Farfetch à Coupang?

A Coupang comunicou que quer comprar os ativos e negócio da Farfetch, avançando já com uma linha de liquidez no valor de 500 milhões de dólares, um empréstimo que tem uma taxa de juro de 12,5% associada. É o montante necessário para impedir a Farfetch de ter que fechar portas. “Este empréstimo fortalece o nosso balanço e assegura que os clientes da Farfetch, as lojas e as marcas não vão ser afetadas pela transação”, escreve o empresário e fundador da empresa José Neves, numa declaração aos trabalhadores.

“O negócio da Farfetch pode continuar a operar com nova propriedade privada, um balanço mais forte e uma posição de liquidez reforçada”, acrescenta José Neves, adiantando que a empresa tem estado a tentar fechar um acordo que permitisse preservar o maior valor possível para os trabalhadores, clientes e parceiros.

Saída de bolsa deixa acionistas sem nada

O acordo prevê que quando a aquisição estiver concluída, a Coupang – que detém 80,1% do consórcio e a Greenoaks os restantes 19,9% – fica com a Farfetch e todos os seus ativos na posse da Farfetch Holdings PLC. Já os acionistas deverão ficar sem nada, com a empresa a ser excluída de bolsa.

“O Conselho de Administração lamenta que o processo não tenha conduzido a uma solução que garanta que a Farfetch Limited, a entidade cotada na bolsa, continue a ser uma empresa em atividade”, adianta a Farfetch em comunicado. “Quando a venda estiver consumada, a Farfetch Limited estima que os detentores das ações ordinárias de classe A e B e as notas convertíveis não recuperarão qualquer valor do investimento na Farfetch”, pode ler-se no mesmo documento.

A empresa luso-britânica revela ainda que o banco norte-americano JPMorgan Chase & Co. irá gerir um processo de comercialização de todos os ativos da Farfetch. E na ausência de uma oferta concorrente, “a parceria entre a Coupang e a Greenoaks assumirá o controlo da Farfetch”, através de um processo rápido utilizado para facilitar a venda dos ativos de uma empresa insolvente.

Como fica o negócio?

“A Farfetch irá dedicar-se novamente a fornecer a experiência mais elevada para as marcas mais exclusivas do mundo, ao mesmo tempo que procura um crescimento constante e ponderado como empresa privada. Também vemos enormes oportunidades para redefinir a experiência do cliente para clientes de luxo em todo o mundo”, adiantou Bom Kim, fundador e CEO da Coupang, em comunicado.

Também José Neves realça que “o histórico comprovado e a profunda experiência da Coupang em revolucionar o comércio vão permitir-nos oferecer um serviço excecional para as nossas marcas e boutiques parceiras, bem como para os nossos milhões de clientes em todo o mundo”, mostrando-se entusiasmado para começar a trabalhar com o grupo da Coreia do Sul.

Apesar de para já a Farfetch manter a sua atividade, pouco se sabe sobre quais serão as implicações desta aquisição no negócio da Farfetch. Em declarações ao ECO, Luca Solca, analista do Bernstein que segue a empresa criada por José Neves, adianta que é cedo para dizer o que vai mudar, ainda que admita “mudanças significativas no negócio”, que podem incluir mudanças geográficas.

Para já muda a administração. A oferta levou à demissão de toda a administração da empresa de e-commerce de bens de luxo, com exceção de José Neves. Com estas demissões, a administração da empresa será composta unicamente por José Neves.

Outra mudança na estratégia da empresa é o fim da parceria com a Richemont. A fabricante das joias Cartier e dos relógios IWC decidiu cancelar a parceria fechada com a Farfetch, no verão do ano passado, na sequência do anúncio da oferta de aquisição pela sul-coreana Coupang esta segunda-feira.

Em resultado da operação prevista anunciada pela Farfetch a 18 de dezembro de 2023, os acordos com a Farfetch subjacentes às operações anunciadas em agosto de 2022 não podem ser concluídos”, refere Richemont num comunicado ao mercado esta segunda-feira.

Vai haver despedimentos?

Este é outro grande ponto de interrogação. Nos últimos dias surgiram várias notícias que avançavam a possibilidade da empresa ser forçada a reduzir em 25% a sua força de trabalho, o que implicaria o despedimento de cerca de 2.000 pessoas. Com este acordo, este cenário parece estar fora da mesa.

No comunicado aos trabalhadores, José Neves congratula-se com a compra preservar os trabalhadores, mas não estão excluídos possíveis despedimentos.

No início de 2023, a Farfetch tinha cerca de 6.800 trabalhadores. A empresa tem quatro localizações em Portugal (Porto, Guimarães, Braga e Lisboa) e múltiplos escritórios em todos os continentes.

Quando estará fechado o negócio?

José Neves estima que a venda à Coupang esteja concluída no primeiro trimestre de 2024. Segundo o comunicado enviado à norte-americana SEC refere que os termos do contrato celebrado entre a Farfetch e a Coupang e a Greenoaks Capital estão sujeitos a um período de exclusividade até 30 de abril de 2024.

No caso da Farfetch ou da Athena Topco “anunciarem, celebrarem ou consumarem uma transação concorrente com um terceiro antes do termo do período de exclusividade, a Farfetch pagará uma taxa única de rescisão de 20 milhões de dólares à Athena Topco no prazo de dois dias úteis após ter anunciado, celebrado ou consumado essa transação concorrente”.

Questionada pelo ECO sobre o futuro da empresa e eventuais despedimentos, a Farfetch remeteu a resposta a qualquer pergunta para os comunicados divulgados pelas empresas, escusando-se a dar novas informações.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Quem são e que negócios têm os novos donos da Farfetch?

Os novos donos da Farfetch da falência são a maioria retalhista de e-commerce da Coreia do Sul com receitas acima dos 20 mil milhões de euros. Porém, na bolsa, as suas ações não param de definhar.

Bom Kim, fundador e CEO da Coupang, a empresa que resgatou a Farfetch e que passará a ser a nova dona do primeiro unicórnio português.

Num rasgo de último recurso para evitar a falência, a Farfetch fechou na segunda-feira um acordo com os sul-coreanos da Coupang que permite à empresa de José Neves receber de imediato a injeção de 500 milhões de dólares sob a forma de um empréstimo, pelo qual pagará uma taxa de juro de 12,5% para garantir a sobrevivência da empresa.

Em troca, não só o primeiro unicórnio português terminará a sua história de cinco anos na bolsa de Nova Iorque, como o controlo das operações da Farfetch passarão para o total controlo da Coupang nos próximos meses.

O negócio foi concretizado através de uma parceria da Athena Topco, uma empresa ligada à Coupang, e da Greenoaks Capital, um dos primeiros e mais próximos parceiros da Coupang. Para a concretização da operação, terá também ajudado o facto de a sociedade financeira Baillie Gifford, principal acionista da Farfetch, ser também um dos principais acionistas da Coupang.

Bom Kim tornou-se milionário aos 40 anos, quando o SoftBank Vision Fund investiu 2 mil milhões de dólares na Coupang, avaliando a empresa em 9 mil milhões de dólares.

Sem qualquer ligação ao mercado de luxo, a Coupang, fundada em 2010 e liderada até hoje por Bom Kim, é uma das maiores retalhistas de comércio eletrónico do mundo, conhecida pelo seu rápido crescimento e inovação no setor do retalho, contando atualmente com operações na Coreia do Sul, Taiwan e Japão — apesar de recentemente ter transferido a sua sede para Seattle, nos EUA, e a sede fiscal para o Estado norte-americano de Delaware.

A capitalização bolsista da Coupang está atualmente nos 29 mil milhões de dólares, cerca de 128 vezes mais que a capitalização bolsista da Farfetch.

A retalhista sul coreana é frequentemente comparada com a Amazon devido ao seu amplo portefólio de serviços e rápida entrega de diferentes produtos, onde pontificam serviços como a Coupang Eats, que opera na entrega de alimentos preparados, a fintech Coupang Pay e a Coupang Play, que oferece serviços de streaming de vídeo.

“É a Amazon com uma UPS ligada a ela; com a DoorDash, com Instacart, com uma pequena pitada de Netflix, e tudo isso está integrado numa plataforma de tecnologia com um grau extremo de centralização no cliente”, referiu Lydia Jett do SoftBank, então um dos membros do conselho da Coupang, antes da realização do IPO da empresa em março de 2021.

Na liderança da empresa desde o primeiro dia está Bom Kim, um empreendedor sul-coreano de 45 anos, que desde a sua adolescência vive nos EUA, tendo frequentado a Deerfield Academy, em Massachusetts, e formou-se na Harvard University. A sua biografia revela que Kim ainda frequentou a Harvard Business School, mas acabou por abandonar a universidade no segundo semestre.

Bom Kim tornou-se milionário aos 40 anos, quando o SoftBank Vision Fund investiu 2 mil milhões de dólares na Coupang, avaliando a empresa em 9 mil milhões de dólares. Atualmente, Kim conta com uma participação de cerca de 10% na Coupang, que lhe confere grande parte de uma riqueza líquida avaliada pela Forbes em 2,8 mil milhões de dólares.

A Coupang é conhecida na Coreia do Sul por oferecer entregas no próprio dia em todo o território.

O percurso em bolsa deixa muito a desejar

Cotada na bolsa de Nova Iorque, a Coupang fechou os primeiros nove meses do ano com receitas líquidas de 15,7 mil milhões de dólares, que se traduziu num crescimento homólogo de 15,3%, e alcançou lucros de 327 milhões de dólares, que comparam com prejuízos de 194 milhões de euros no mesmo período do ano passado.

Os números apresentados no início de novembro revelam também uma empresa com uma margem EBITDA de 4,4% nos primeiros nove meses do ano, cerca de quatro vezes mais do que o registado há um ano. No decorrer da apresentação dos resultados, Bom Kim destacou a expansão da seleção de produtos e o crescimento do programa de membros Eats WOW como fatores responsáveis para o desempenho positivo da empresa​​ neste período.

Apesar dos números sonantes dos primeiros nove meses do ano, a empresa de Bom Kim não está livre de desafios e, em grande medida, tem uma história em bolsa que se assemelha em alguns episódios à própria história da Farfetch.

Após angariar 4,6 mil milhões de dólares no IPO em março de 2021, que tornou a operação da Coupang no maior IPO de uma empresa asiática na bolsa de Nova Iorque após a operação da Alibaba em 2014, as ações da Coupang não têm parado de cair.

Desde 11 março de 2021, quando as ações chegaram a negociar nos 63,5 dólares, que os títulos da retalhista sul coreana acumulam até esta segunda-feira uma desvalorização de 75%, sendo atualmente transacionados por 16,15 dólares. Só na sessão de ontem, como resultado do anúncio da compra da Farfetch, as ações afundaram mais de 5%.

powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.

A Farfetch também teve um início de vida em bolsa bastante auspicioso, angariando quase 900 milhões de euros com o IPO em setembro de 2018, e com as ações a dispararem 43% logo no primeiro dia de negociação. No entanto, menos de um ano depois, as ações da Farfetch negociavam a metade do preço do IPO, como resultado dos elevados prejuízos da operação e de dúvidas sobre a aquisição da New Guards.

Depois disso, as ações recuperaram e até chegaram a negociar acima dos 70 dólares em fevereiro de 2021, mas depois foi sempre a cair, terminando na sexta-feira a cotar nos 0,64 dólares, que se traduzirá num valor nulo na carteira dos seus acionistas com a operação de compra pela Coupang.

Sinergias existentes entre a Farfetch e a Coupang

Pouco se conhece sobre os planos da Coupang para a Farfetch, mas será difícil não considerar uma continuação do processo de reestruturação do grupo, que só este ano até agosto contava já com a redução de 800 pontos de trabalho (cerca de 11% dos seus funcionários) e com o encerramento da sua divisão de beleza, que até então somava apenas dois anos e avultados investimentos realizados.

Se no plano da remodelação do negócio as notícias não prometem ser positivas, há uma série de sinergias entre as duas empresas que se vislumbram no horizonte, que se destacam em áreas como expansão de mercado, tecnologia, logística e experiência do cliente.

  • Expansão de mercado: A forte presença da Coupanga no continente asiático, especialmente na Coreia do Sul, pode oferecer à Farfetch acesso a um novo mercado de consumidores de luxo. A Coreia do Sul é conhecida pelos elevados níveis de gasto per capita em bens de luxo. Isso pode ajudar a Farfetch a expandir a sua base de clientes e aumentar as vendas. A colaboração entre as duas empresas pode também abrir oportunidades para campanhas de marketing cruzado, aproveitando as vantagens de ambas as operações para promover produtos e serviços de luxo em diferentes regiões e segmentos de consumidores.
  • Melhoria dos processos de logística: A empresa sul-coreana é reconhecida pela eficiência das suas operações de logística e pela capacidade de entrega rápida. A integração com a Farfetch pode melhorar significativamente todos os processos de entrega e de logística dos produtos de luxo da Farfetch, proporcionando uma vantagem competitiva em termos de satisfação do cliente.
  • Tecnologia e inovação: A Coupang tem investido muito em tecnologia para otimizar as suas operações de comércio eletrónico. Essa expertise tecnológica deverá ser transferida para a Farfetch, ajudando a plataforma a melhorar a sua infraestrutura de e-commerce, tanto ao nível da experiência dos utilizadores como ao nível da análise de dados. Além disso, a combinação das duas empresas pode criar uma plataforma de e-commerce ainda mais poderosa e abrangente.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.