Setor vê como “difícil” que Portugal consiga quase triplicar instalação de renováveis até 2030

Da crise política aos processos de licenciamento morosos, os agentes do setor energético apontam vários obstáculos que se entrepõem entre os objetivos e a sua concretização. 

Portugal compromete-se a multiplicar por cerca de 2,5 a capacidade renovável de que dispõe ao dia de hoje, até 2030. Esta ambição, vertida na última versão do Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC) 2030, é bem vista do ponto de vista da intenção mas, na prática, os agentes do setor contactos pelo ECO/Capital Verde apontam várias dificuldades em cumprir o objetivo. Da crise política aos processos de licenciamento morosos, muitos são os obstáculos que se entrepõem entre os objetivos e a sua concretização.

No âmbito da 28.ª Conferência das Partes (COP28), 123 países comprometeram-se a, até 2030, contribuir para a meta global de triplicar a capacidade renovável dos 3.382 gigawatts (GW) existentes em 2022 para 11.200 GW, em 2030.

Portugal foi um dos países a assinar este acordo, mas isto não significa que o país triplique a respetiva capacidade. “Este objetivo global traduz-se em diferentes contributos nacionais, definidos por cada país, dependendo dos seus pontos de partida, trajetórias e abordagens”, explica fonte oficial do Governo ao ECO/Capital Verde. Considerando o país como “líder na transição energética” – portanto, com um ponto de partida já avançado – Portugal deverá manter a ambição patente no Plano Nacional de Energia e Clima 2030, que dita uma multiplicação não por 3, mas de cerca de 2,5 vezes da capacidade instalada.

Portugal, que, de acordo com os dados da Direção Geral de Energia e Geologia, tinha instalados 18,3 GW de capacidade renovável em outubro deste ano, compromete-se a atingir os 42,8 GW em 2030, suportados sobretudo pelo crescimento acentuado do parque solar.

A responsabilidade sobre a instalação dos cerca de 11.000 GW de capacidade renovável não se cinge, então, aos seus signatários, embora estes se afirmem empenhados em contribuir para este objetivo. O grande benefício deste acordo ao nível da COP28 passa portanto, esclarece Francisco Ferreira, presidente da organização ambientalista Zero, por criar mais um indicador a ser monitorizado no que toca à neutralidade carbónica, além da já acompanhada redução de emissões.

Crise política, licenciamento demorado, redes e inflação atrapalham

Temos todas as condições para atingir as metas, mas temos muito trabalho a fazer”, diz Pedro Amaral Jorge, presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN). Mostra-se, contudo, preocupado com o efeito da mudança antecipada de Governo. Amaral Jorge acredita que os projetos que estão em curso terão continuidade, mas ficam em suspenso decisões relativas a leilões, ligação à rede de projetos. “Entendemos que as eleições provocam sempre um conjunto de atrasos. Esperamos que os impactos sejam o menos intensos possível, mas vão sempre acontecer”, indica.

João Amaral, responsável da Voltalia em Portugal, concorda que “triplicar a capacidade instalada é perfeitamente exequível”. Tendo em conta os projetos vencedores dos leilões de solar de 2019 e 2020, assim como aqueles que estão em lista de espera para se ligarem à rede através de acordo com os operadores de rede, o gestor considera que existe suficiente massa crítica de projetos para que, mesmo com alguns a ficarem pelo caminho, outros os substituam. No caso da energia eólica, também se mostra otimista, tendo em conta “a experiência enorme” que existe no país. Das tecnologias mencionadas no PNEC, só vê o hidrogénio como “um desafio maior”, tendo em conta a falta de maturidade da tecnologia.

"Mais vale atrasar um pouco do que depois ter tudo bloqueado. Mais vale prevenir conflitos do que depois procurar ultrapassá-los.”

Francisco Ferreira

Presidente da Zero

A dúvida, no caso do líder da Voltalia em Portugal, está na capacidade de adequar a disponibilidade de redes e as necessidades dos consumidores à eletricidade disponível. “É o mesmo que andar numa estrada congestionada. Não me interessa ter capacidade para andar na velocidade máxima se as condições da estrada não mo permitirem”, ilustra.

Assim, vê como essencial o reforço das redes elétricas mas também, e antes disso, a necessidade de serem criadas condições para os operadores investirem em soluções que deem flexibilidade à rede. As metas, indica, têm por base projeções de necessidades de consumo crescentes, apoiadas por exemplo no desenvolvimento da mobilidade elétrica, e que podem, ou não, verificar-se. Neste sentido, considera importante remunerar a flexibilidade, por exemplo a disponibilização de baterias. “As centrais têm disponibilidade, mas não podem ser penalizadas por não existir consumo suficiente, quando está a ser pedido que instalem para cumprir metas”, defende.

Francisco Ferreira concede que “não vai ser fácil” cumprir com o estipulado no PNEC, especialmente na componente mais ambiciosa: a do solar centralizado. “Temos de encontrar os sítios certos, com os menores impactos, garantir que temos rede elétrica a chegar lá… em 6 anos, é muito complicado”, avalia. E alerta que é importante que não existam “atropelos” nos processos, de forma a acelerá-los, correndo-se o risco de estes levarem a uma maior contestação por parte das populações, e que possam mesmo a vir bloquear o progresso mais tarde. “Mais vale atrasar um pouco do que depois ter tudo bloqueado. Mais vale prevenir conflitos do que depois procurar ultrapassá-los”, defende. Quanto às metas traçadas para o hidrogénio verde, também oferece reservas, sobretudo no que toca à exportação.

O contexto atual sugere prudência na implementação desta visão, nomeadamente pela inflação verificada nos últimos anos e pelo consequente aumento dos custos de investimento e financiamento, que, além de serem um obstáculo ao investimento direto em renováveis, têm principalmente provocado um atraso nas expectativas de eletrificação, e uma estagnação do consumo.

Endesa

Fonte oficial

A Endesa realça que o objetivo de triplicar a capacidade renovável até 2030 dará um forte impulso ao fornecimento de energia limpa, acessível e segura. Contudo, “o contexto atual sugere prudência na implementação desta visão, nomeadamente pela inflação verificada nos últimos anos e pelo consequente aumento dos custos de investimento e financiamento, que, além de serem um obstáculo ao investimento direto em renováveis, têm principalmente provocado um atraso nas expectativas de eletrificação, e uma estagnação do consumo”, indica fonte oficial da empresa.

Nesta ótica, “o esforço deve ser repartido de maneira equilibrada pelo investimento em nova capacidade, pelo desenvolvimento da rede e do armazenamento, e pelo incentivo à eletrificação”, num movimento acompanhado de meios humanos suficientes da administração pública, acredita a empresa.

Um “desafio grande”, apesar de “não ser impossível”, é como Duarte Sousa, diretor-geral da Engie Hemera, olha para as metas de capacidade renovável a que Portugal se propõe, sobretudo tendo em conta a “velocidade” a que se pretende concretizá-las. Tendo como foco o autoconsumo, o gestor identifica como maiores entraves a vertente administrativa e o licenciamento, assim como a limitação atual de injeção de até 1 megawatt na rede por parte de entidades com sistemas de autoconsumo. Isto porque, explica, cada vez mais empresas têm necessidades entre os 4 a 5 megawatts mas, se param a atividade durante o fim de semana, uma parte relevante da energia produzida é desperdiçada.

“Bastante ambiciosas” é como o fundador e administrador da Ertec, Celso Leão, classifica também as metas vertidas no PNEC, dado “o curto espaço de tempo”. Para o gestor, “a questão burocrática é um entrave enormíssimo”, alertando para o longo tempo de licenciamento. Neste caso, defende a responsabilização do promotor, de forma a que este não tenha de passar por todas as camadas burocráticas. A DGEG “não tem recursos humanos nem próximos do que devia ter. Tem hoje uma capacidade idêntica à que tinha nos anos 90”, realça. Em paralelo, sublinha que é necessária a aposta em redes inteligentes para otimizar a capacidade, “o que demora tempo a implementar”, sendo os seis anos até 2030 “manifestamente pouco”

Já João Nuno Serra, CEO da Enforce e presidente da ACEMEL — Associação dos Comercializadores de Energia no Mercado Liberalizado, afirma-se “muito cético”. “Penso que o país tem excelentes condições para triplicar a capacidade, e devíamos dar esse passo. Mas estão-se a construir castelos com pés de barro”, acusa. Na sua visão, a estrutura da administração pública “não tem capacidade para dar resposta a toda esta exigência”, uma vez que ainda não está resolvida a questão da morosidade dos processos. “O rei vai nu”, afirma, ilustrando com a estimativa de que os projetos selecionados em 2023 para serem ligados à rede por acordo com o operador da rede, só devem estar ligados em 2028.

De forma a solucionar o problema da falta de resposta administrativa, João Nuno Serra vê como solução que a DGEG assuma um novo estatuto, de instituto, que lhe permita contratar quadros em pé de igualdade com setor privado, “senão ninguém quer ir trabalhar para lá”, acredita, face às condições remuneratórias que considera “pouco competitivas”. Outra alternativa seria concessionar a privados o licenciamento, sugere. Em paralelo, o líder da ACEMEL queixa-se do peso que os operadores de rede têm nas decisões sobre ligações à rede. Nesta vertente da desburocratização, Pedro Amaral Jorge defende uma digitalização dos processos das várias entidades envolvidas, desde a DGEG até às câmaras municipais.

A EDP afirma que continua a desenvolver soluções inovadoras em diferentes regiões do mundo, incluindo em Portugal (desde os modelos híbridos a tecnologias de solar descentralizado), que contribuem ativamente para acelerar a transição energética, e ressalva que as iniciativas e medidas de ação climática devem ser promovidas não apenas pelos Estados, mas também por empresas, organizações internacionais, instituições financeiras e até sociedade civil.

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Saiba qual é o salário dos advogados em Portugal

Segundo um estudo da Michael Page, os indicadores do mercado para o próximo ano indicam que não haverá grandes oscilações em termos salariais relativamente a 2023 na maioria dos setores.

Se um advogado associado, 10 anos após fazer o exame final de agregação da Ordem dos Advogados (OA), pode receber até 78.000 euros brutos, sem bónus, em Lisboa numa pequena sociedade, já numa grande sociedade o valor podes ascender aos 150.000 euros. Por outro lado, no Porto, os valores tocam o máximo de 72.000 euros numa firma de pequena dimensão e 102.000 euros numa de maior dimensão. Estas conclusões foram apresentadas pela empresa de recrutamento Michael Page.

“Nos vários setores, é percetível a importância da digitalização, da flexibilidade e novos modelos de trabalho, a par do aumento da profissionalização e surgimento de novas funções, mantendo-se a disputa pelo talento em áreas distintas como IT e Tax & Legal. Em termos salariais, os indicadores de mercado no contexto da atual conjuntura económica, não preveem para o próximo ano grandes oscilações relativamente a 2023 na maioria dos setores“, refere o estudo.

No que concerne às sociedades de pequena dimensão, um estagiário pode receber anualmente até 18.000 euros em Lisboa e 14.400 euros no Porto. Já um associado até três anos pós agregação recebe até 30.000 euros, em Lisboa, e 19.200 euros, no Porto. Os valores vão aumentando consoante o número de anos pós agregação, chegando ao máximo de 78.000 euros anuais em Lisboa e 72.000 euros no Porto para um advogado com mais de 10 anos de atividade.

Por outro lado, num escritório de média ou grande dimensão, ou boutiques especializadas, os valores oscilam entre os 16.800 euros anuais e 150.000 euros em Lisboa e 15.600 euros e 102.000 euros no Porto. Um estagiário na capital chega a receber 30.000 euros brutos em Lisboa, enquanto no Porto auferem 21.600 euros. Nos primeiros anos pós agregação os valores sobrem para os 44.440 euros e 30.000 euros, em Lisboa e Porto respetivamente. Após 10 anos de agregação, os advogados recebem até 150.000 em Lisboa e 102.000 euros no Porto.

Já um diretor jurídico numa pequena empresa ou consultora recebe anualmente entre 32.200 e 45.000 euros em Lisboa e 26.600 e 49.000 euros no Porto. Por outro lado, numa grande empresa os valores aumentam, auferindo até 160.000 euros em Lisboa e 84.000 euros no Porto.

No que toca aos in house e juristas, numa pequena empresa ou consultora estes podem ganhar entre 18.000 e 45.000 euros em Lisboa e 16.800 e 35.000 euros no Porto. Enquanto numa média e grande empresa, podem somar entre 22.400 e 70.000 euros na capital e entre 21.000 e 63.000 euros na cidade invicta.

Já os Tax Manager podem chegar a receber entre 90.000 e 77 euros numa empresa, em Lisboa e no Porto respetivamente, e entre 75.000 e 70.000 euros numa consultora, também nas respetivas localizações. Por fim, um Senior Tax Manager pode auferir entre 21.000 e 40.000 euros em Lisboa e 23.800 e 35.000 euros no Porto, e um Tax Consultant pode ganhar até 21.000 ou 28.000 euros.

“O estudo de remuneração apresentado foi realizado graças ao conhecimento do mercado e à constante relação com clientes e candidatos. A informação contida neste estudo é o resultado de uma análise empírica de três fontes de informação diferentes: base de dados, perfis de candidatos e clientes e publicação de anúncios na imprensa e na internet”, explicou a consultora de recrutamento.

Firmas procuram advogados jovens

O estudo anual da Michael Page sobre as principais tendências do mercado de trabalho para 2024 para quadros executivos em empresas de grande dimensão concluiu ainda que o ano de 2023 ficou marcado pela “continuação do extremo dinamismo”, tendo a procura de perfis por parte dos escritórios de advogados se mantido elevada. “Este dinamismo refletiu-se por um aumento salarial significativo na grande maioria das sociedades, tanto de grande como de média dimensão”, lê-se.

Em 2023, os perfis de advogados mais procurados continuam a ser os com senioridade entre os dois e cinco anos de experiência pós agregação na Ordem dos Advogados, mas também os recém-agregados, “sendo notório o aumento da procura destes perfis mais juniores relativamente aos anos anteriores”.

Também nas empresas, o número de pedidos de advogados e juristas foi elevado, continuando a ser uma tendência. Segundo a Michael Page, a razão prende-se com o “objetivo de continuar a reduzir custos com a externalização de serviços”.

“Tal como em 2022, a tendência na procura de perfis mais seniores (com mais de cinco anos pós agregação) manteve-se por parte de sociedades de advogados em determinadas áreas, tais como, Contencioso, Público, Corporate e M&A, Regulatório e Concorrência, Fiscal, Imobiliário e Penal”, lê-se no estudo

Já no que toca às áreas de prática, a maior afluência de recrutamento registou-se nas áreas de Público, Corporate e M&A, Fiscal, Imobiliário, Laboral, Propriedade Intelectual e TMT. Por parte das empresas, o interesse manteve-se nos perfis mais generalistas e versáteis, com “background nas áreas de Corporate, Civil, Comercial e Laboral, bem como uma acentuada necessidade na área de Proteção de Dados e Compliance”.

“Relativamente ao mercado das Consultoras na área de Tax, a tendência verificada em anos anteriores voltou a registar-se, existindo uma elevada rotatividade nos diferentes departamentos, com a maior procura a verificar-se na posição de Senior, nas diferentes áreas, com ênfase na área de Impostos Indiretos, Imigração e Corporate Tax. Do lado dos consultores, a procura passa por transitar para o denominado “cliente final”, nomeadamente por questões relacionadas com o work/life balance”, referem.

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As respostas e as (muitas) dúvidas sobre o futuro da Farfetch

A compra da Farfetch pelos sul-coreanos da Coupang, anunciada esta segunda-feira, salvou a empresa criada pelo português José Neves de entrar em insolvência.

Cerca de duas semanas e meia depois de as ações da Farfetch terem iniciado uma descida a pique na bolsa de Nova Iorque, após a empresa anunciar que não iria divulgar as contas do terceiro trimestre do ano e ter cancelado a habitual conference call com analistas, o primeiro unicórnio de ADN português conseguiu fechar um acordo com os sul-coreanos da Coupang para avançarem para a compra da empresa.

Um acordo sem o qual a empresa de comércio online de bens de luxo estava condenada à falência. Mas como será a nova Farfetch? Há algumas respostas, mas ainda há muita coisa que fica por saber sobre o futuro da empresa luso-britânica.

Rombo nas contas faz soar alarme

Os primeiros números de 2023 já antecipavam que alguma coisa não estava a correr bem nas contas da Farfetch. Depois de lucros de 67,67 milhões de dólares nos primeiros seis meses de 2022, a empresa reportou prejuízos de 281,34 milhões de dólares no primeiro semestre deste ano. As contas do terceiro trimestre já não foram conhecidas, com a companhia a adiar o reporte e a espoletar uma correção sem precedentes no preço das ações.

A juntar aos prejuízos, a dívida total da Farfetch aumentava os receios em torno da sustentabilidade da empresa: a dívida total ascendia a 1,6 mil milhões de dólares. Após a queda das ações nas últimas semanas, a empresa contava uma capitalização bolsista de 226,66 milhões de dólares, com cada ação a valer 64,28 cêntimos de dólar, um valor irrisório comparado com os 20 dólares a que foram vendidas no IPO, realizado em 2018. Esta segunda-feira as ações estavam suspensas.

Como aqui chegou?

Tal como muitas startups, a Farfetch demorou a dar lucro. A Farfetch é uma plataforma de comércio online, que agrega marcas de roupa e acessórios de luxo, retalhistas e consumidores. Trata-se de um marketplace que funciona como uma montra para marcas como a Gucci ou Chanel, chegando de forma mais fácil aos consumidores.

Contudo, a crise associada à pandemia da covid-19 trouxe mudanças importantes nos hábitos de consumo a nível mundial. Se a pandemia acelerou as compras online, o fim da covid-19 levou as pessoas a voltarem às lojas físicas. Por outro lado, a crise conduziu a uma quebra da compra de bens de luxo. A penalizar os resultados da empresa terão estado ainda algumas decisões estratégicas, que se revelaram mal sucedidas, como a aposta na cosmética e perfumaria.

A quebra dos resultados e a descida das ações deixou a empresa numa situação de quase insolvência, em busca de um “fundo” de emergência, que a salvasse do colapso antes do Natal. Uma boia de salvação que chegou pelas mãos da sul-coreana Coupang por um conjunto de fundos associados ao venture capital Greenoaks que, através da Athena Topco, anunciaram a intenção de comprar a empresa.

Quanto vai custar a Farfetch à Coupang?

A Coupang comunicou que quer comprar os ativos e negócio da Farfetch, avançando já com uma linha de liquidez no valor de 500 milhões de dólares, um empréstimo que tem uma taxa de juro de 12,5% associada. É o montante necessário para impedir a Farfetch de ter que fechar portas. “Este empréstimo fortalece o nosso balanço e assegura que os clientes da Farfetch, as lojas e as marcas não vão ser afetadas pela transação”, escreve o empresário e fundador da empresa José Neves, numa declaração aos trabalhadores.

“O negócio da Farfetch pode continuar a operar com nova propriedade privada, um balanço mais forte e uma posição de liquidez reforçada”, acrescenta José Neves, adiantando que a empresa tem estado a tentar fechar um acordo que permitisse preservar o maior valor possível para os trabalhadores, clientes e parceiros.

Saída de bolsa deixa acionistas sem nada

O acordo prevê que quando a aquisição estiver concluída, a Coupang – que detém 80,1% do consórcio e a Greenoaks os restantes 19,9% – fica com a Farfetch e todos os seus ativos na posse da Farfetch Holdings PLC. Já os acionistas deverão ficar sem nada, com a empresa a ser excluída de bolsa.

“O Conselho de Administração lamenta que o processo não tenha conduzido a uma solução que garanta que a Farfetch Limited, a entidade cotada na bolsa, continue a ser uma empresa em atividade”, adianta a Farfetch em comunicado. “Quando a venda estiver consumada, a Farfetch Limited estima que os detentores das ações ordinárias de classe A e B e as notas convertíveis não recuperarão qualquer valor do investimento na Farfetch”, pode ler-se no mesmo documento.

A empresa luso-britânica revela ainda que o banco norte-americano JPMorgan Chase & Co. irá gerir um processo de comercialização de todos os ativos da Farfetch. E na ausência de uma oferta concorrente, “a parceria entre a Coupang e a Greenoaks assumirá o controlo da Farfetch”, através de um processo rápido utilizado para facilitar a venda dos ativos de uma empresa insolvente.

Como fica o negócio?

“A Farfetch irá dedicar-se novamente a fornecer a experiência mais elevada para as marcas mais exclusivas do mundo, ao mesmo tempo que procura um crescimento constante e ponderado como empresa privada. Também vemos enormes oportunidades para redefinir a experiência do cliente para clientes de luxo em todo o mundo”, adiantou Bom Kim, fundador e CEO da Coupang, em comunicado.

Também José Neves realça que “o histórico comprovado e a profunda experiência da Coupang em revolucionar o comércio vão permitir-nos oferecer um serviço excecional para as nossas marcas e boutiques parceiras, bem como para os nossos milhões de clientes em todo o mundo”, mostrando-se entusiasmado para começar a trabalhar com o grupo da Coreia do Sul.

Apesar de para já a Farfetch manter a sua atividade, pouco se sabe sobre quais serão as implicações desta aquisição no negócio da Farfetch. Em declarações ao ECO, Luca Solca, analista do Bernstein que segue a empresa criada por José Neves, adianta que é cedo para dizer o que vai mudar, ainda que admita “mudanças significativas no negócio”, que podem incluir mudanças geográficas.

Para já muda a administração. A oferta levou à demissão de toda a administração da empresa de e-commerce de bens de luxo, com exceção de José Neves. Com estas demissões, a administração da empresa será composta unicamente por José Neves.

Outra mudança na estratégia da empresa é o fim da parceria com a Richemont. A fabricante das joias Cartier e dos relógios IWC decidiu cancelar a parceria fechada com a Farfetch, no verão do ano passado, na sequência do anúncio da oferta de aquisição pela sul-coreana Coupang esta segunda-feira.

Em resultado da operação prevista anunciada pela Farfetch a 18 de dezembro de 2023, os acordos com a Farfetch subjacentes às operações anunciadas em agosto de 2022 não podem ser concluídos”, refere Richemont num comunicado ao mercado esta segunda-feira.

Vai haver despedimentos?

Este é outro grande ponto de interrogação. Nos últimos dias surgiram várias notícias que avançavam a possibilidade da empresa ser forçada a reduzir em 25% a sua força de trabalho, o que implicaria o despedimento de cerca de 2.000 pessoas. Com este acordo, este cenário parece estar fora da mesa.

No comunicado aos trabalhadores, José Neves congratula-se com a compra preservar os trabalhadores, mas não estão excluídos possíveis despedimentos.

No início de 2023, a Farfetch tinha cerca de 6.800 trabalhadores. A empresa tem quatro localizações em Portugal (Porto, Guimarães, Braga e Lisboa) e múltiplos escritórios em todos os continentes.

Quando estará fechado o negócio?

José Neves estima que a venda à Coupang esteja concluída no primeiro trimestre de 2024. Segundo o comunicado enviado à norte-americana SEC refere que os termos do contrato celebrado entre a Farfetch e a Coupang e a Greenoaks Capital estão sujeitos a um período de exclusividade até 30 de abril de 2024.

No caso da Farfetch ou da Athena Topco “anunciarem, celebrarem ou consumarem uma transação concorrente com um terceiro antes do termo do período de exclusividade, a Farfetch pagará uma taxa única de rescisão de 20 milhões de dólares à Athena Topco no prazo de dois dias úteis após ter anunciado, celebrado ou consumado essa transação concorrente”.

Questionada pelo ECO sobre o futuro da empresa e eventuais despedimentos, a Farfetch remeteu a resposta a qualquer pergunta para os comunicados divulgados pelas empresas, escusando-se a dar novas informações.

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Quem são e que negócios têm os novos donos da Farfetch?

Os novos donos da Farfetch da falência são a maioria retalhista de e-commerce da Coreia do Sul com receitas acima dos 20 mil milhões de euros. Porém, na bolsa, as suas ações não param de definhar.

Bom Kim, fundador e CEO da Coupang, a empresa que resgatou a Farfetch e que passará a ser a nova dona do primeiro unicórnio português.

Num rasgo de último recurso para evitar a falência, a Farfetch fechou na segunda-feira um acordo com os sul-coreanos da Coupang que permite à empresa de José Neves receber de imediato a injeção de 500 milhões de dólares sob a forma de um empréstimo, pelo qual pagará uma taxa de juro de 12,5% para garantir a sobrevivência da empresa.

Em troca, não só o primeiro unicórnio português terminará a sua história de cinco anos na bolsa de Nova Iorque, como o controlo das operações da Farfetch passarão para o total controlo da Coupang nos próximos meses.

O negócio foi concretizado através de uma parceria da Athena Topco, uma empresa ligada à Coupang, e da Greenoaks Capital, um dos primeiros e mais próximos parceiros da Coupang. Para a concretização da operação, terá também ajudado o facto de a sociedade financeira Baillie Gifford, principal acionista da Farfetch, ser também um dos principais acionistas da Coupang.

Bom Kim tornou-se milionário aos 40 anos, quando o SoftBank Vision Fund investiu 2 mil milhões de dólares na Coupang, avaliando a empresa em 9 mil milhões de dólares.

Sem qualquer ligação ao mercado de luxo, a Coupang, fundada em 2010 e liderada até hoje por Bom Kim, é uma das maiores retalhistas de comércio eletrónico do mundo, conhecida pelo seu rápido crescimento e inovação no setor do retalho, contando atualmente com operações na Coreia do Sul, Taiwan e Japão — apesar de recentemente ter transferido a sua sede para Seattle, nos EUA, e a sede fiscal para o Estado norte-americano de Delaware.

A capitalização bolsista da Coupang está atualmente nos 29 mil milhões de dólares, cerca de 128 vezes mais que a capitalização bolsista da Farfetch.

A retalhista sul coreana é frequentemente comparada com a Amazon devido ao seu amplo portefólio de serviços e rápida entrega de diferentes produtos, onde pontificam serviços como a Coupang Eats, que opera na entrega de alimentos preparados, a fintech Coupang Pay e a Coupang Play, que oferece serviços de streaming de vídeo.

“É a Amazon com uma UPS ligada a ela; com a DoorDash, com Instacart, com uma pequena pitada de Netflix, e tudo isso está integrado numa plataforma de tecnologia com um grau extremo de centralização no cliente”, referiu Lydia Jett do SoftBank, então um dos membros do conselho da Coupang, antes da realização do IPO da empresa em março de 2021.

Na liderança da empresa desde o primeiro dia está Bom Kim, um empreendedor sul-coreano de 45 anos, que desde a sua adolescência vive nos EUA, tendo frequentado a Deerfield Academy, em Massachusetts, e formou-se na Harvard University. A sua biografia revela que Kim ainda frequentou a Harvard Business School, mas acabou por abandonar a universidade no segundo semestre.

Bom Kim tornou-se milionário aos 40 anos, quando o SoftBank Vision Fund investiu 2 mil milhões de dólares na Coupang, avaliando a empresa em 9 mil milhões de dólares. Atualmente, Kim conta com uma participação de cerca de 10% na Coupang, que lhe confere grande parte de uma riqueza líquida avaliada pela Forbes em 2,8 mil milhões de dólares.

A Coupang é conhecida na Coreia do Sul por oferecer entregas no próprio dia em todo o território.

O percurso em bolsa deixa muito a desejar

Cotada na bolsa de Nova Iorque, a Coupang fechou os primeiros nove meses do ano com receitas líquidas de 15,7 mil milhões de dólares, que se traduziu num crescimento homólogo de 15,3%, e alcançou lucros de 327 milhões de dólares, que comparam com prejuízos de 194 milhões de euros no mesmo período do ano passado.

Os números apresentados no início de novembro revelam também uma empresa com uma margem EBITDA de 4,4% nos primeiros nove meses do ano, cerca de quatro vezes mais do que o registado há um ano. No decorrer da apresentação dos resultados, Bom Kim destacou a expansão da seleção de produtos e o crescimento do programa de membros Eats WOW como fatores responsáveis para o desempenho positivo da empresa​​ neste período.

Apesar dos números sonantes dos primeiros nove meses do ano, a empresa de Bom Kim não está livre de desafios e, em grande medida, tem uma história em bolsa que se assemelha em alguns episódios à própria história da Farfetch.

Após angariar 4,6 mil milhões de dólares no IPO em março de 2021, que tornou a operação da Coupang no maior IPO de uma empresa asiática na bolsa de Nova Iorque após a operação da Alibaba em 2014, as ações da Coupang não têm parado de cair.

Desde 11 março de 2021, quando as ações chegaram a negociar nos 63,5 dólares, que os títulos da retalhista sul coreana acumulam até esta segunda-feira uma desvalorização de 75%, sendo atualmente transacionados por 16,15 dólares. Só na sessão de ontem, como resultado do anúncio da compra da Farfetch, as ações afundaram mais de 5%.

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A Farfetch também teve um início de vida em bolsa bastante auspicioso, angariando quase 900 milhões de euros com o IPO em setembro de 2018, e com as ações a dispararem 43% logo no primeiro dia de negociação. No entanto, menos de um ano depois, as ações da Farfetch negociavam a metade do preço do IPO, como resultado dos elevados prejuízos da operação e de dúvidas sobre a aquisição da New Guards.

Depois disso, as ações recuperaram e até chegaram a negociar acima dos 70 dólares em fevereiro de 2021, mas depois foi sempre a cair, terminando na sexta-feira a cotar nos 0,64 dólares, que se traduzirá num valor nulo na carteira dos seus acionistas com a operação de compra pela Coupang.

Sinergias existentes entre a Farfetch e a Coupang

Pouco se conhece sobre os planos da Coupang para a Farfetch, mas será difícil não considerar uma continuação do processo de reestruturação do grupo, que só este ano até agosto contava já com a redução de 800 pontos de trabalho (cerca de 11% dos seus funcionários) e com o encerramento da sua divisão de beleza, que até então somava apenas dois anos e avultados investimentos realizados.

Se no plano da remodelação do negócio as notícias não prometem ser positivas, há uma série de sinergias entre as duas empresas que se vislumbram no horizonte, que se destacam em áreas como expansão de mercado, tecnologia, logística e experiência do cliente.

  • Expansão de mercado: A forte presença da Coupanga no continente asiático, especialmente na Coreia do Sul, pode oferecer à Farfetch acesso a um novo mercado de consumidores de luxo. A Coreia do Sul é conhecida pelos elevados níveis de gasto per capita em bens de luxo. Isso pode ajudar a Farfetch a expandir a sua base de clientes e aumentar as vendas. A colaboração entre as duas empresas pode também abrir oportunidades para campanhas de marketing cruzado, aproveitando as vantagens de ambas as operações para promover produtos e serviços de luxo em diferentes regiões e segmentos de consumidores.
  • Melhoria dos processos de logística: A empresa sul-coreana é reconhecida pela eficiência das suas operações de logística e pela capacidade de entrega rápida. A integração com a Farfetch pode melhorar significativamente todos os processos de entrega e de logística dos produtos de luxo da Farfetch, proporcionando uma vantagem competitiva em termos de satisfação do cliente.
  • Tecnologia e inovação: A Coupang tem investido muito em tecnologia para otimizar as suas operações de comércio eletrónico. Essa expertise tecnológica deverá ser transferida para a Farfetch, ajudando a plataforma a melhorar a sua infraestrutura de e-commerce, tanto ao nível da experiência dos utilizadores como ao nível da análise de dados. Além disso, a combinação das duas empresas pode criar uma plataforma de e-commerce ainda mais poderosa e abrangente.

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Indústrias intensivas em gás só usaram metade dos apoios. Receberam 115,7 milhões de euros

O Apoiar Gás teve duas medidas: a primeira permitia apoios até 500 mil euros e uma outra, em que o apoio podia ascender a 2 ou 5 milhões de euros. No primeiro caso foram apresentadas 878 candidaturas.

As indústrias intensivas em gás receberam até agora 115,7 milhões de euros em apoios. Quase um ano depois do fim da elegibilidade para o apoio falta ainda pagar 4,5 milhões de euros, avançou ao ECO fonte oficial do Ministério da Economia. Isto significa que as empresas não utilizaram cerca de metade da dotação global que estava ao seu dispor (235 milhões de euros).

O programa Apoiar Gás teve duas medidas: a primeira permitia apoios até 500 mil euros e uma outra, em que o apoio podia ascender a dois ou cinco milhões de euros. No primeiro caso o objetivo era ajudar as empresas a compensar os aumentos elevados na compra de gás natural, mas no segundo só eram elegíveis as empresas com consumos mais elevados ou perdas de exploração (5M). Recorde-se que o Apoiar Gás fazia parte do pacote de ajuda às empresas “Energia para Avançar”, apresentado a 15 de setembro de 2022, mas que levou meses até receber “luz verde” da Comissão Europeia.

De acordo com o balanço que o Ministério da Economia fez ao ECO, aos apoios até 500 mil euros foram apresentadas 878 candidaturas e o incentivo atribuído ascende a 69,9 milhões de euros. Este apoio foi concedido ao longo de quatro fases, com uma dotação inicial de 160 milhões de euros que depois foi aumentada tendo em conta o reforço do apoio.

“Este mecanismo de apoio direto à liquidez das empresas mais afetadas pelos aumentos excecionais do preço do gás natural atribui um incentivo a fundo perdido de modo a permitir a continuidade da atividade económica e preservar as capacidades produtivas e postos de trabalho”, segundo o Executivo. As empresas tinham direito a uma taxa de incentivo de 40% e um montante máximo de 500 mil euros por empresa.

A maior parte das empresas apoiadas (40%) são médias e trabalham na fabricação de artigos cerâmicos para uso doméstico e ornamental, tratamento e revestimento de metais, mas também acabamento e tecelagem de têxteis. Por outro lado, 33% das empresas apoiadas são de grande dimensão, 24% são pequenas e 3% micro.

na modalidade de apoios de dois e cinco milhões foram apresentadas 88 candidaturas e atribuídos 45,8 milhões de euros de incentivo. Neste caso houve apenas um aviso, cujo prazo de candidaturas terminou em junho.

As regras definiam que era aplicada uma taxa de apoio de 30% na modalidade dois milhões e de 50% na modalidade cinco milhões sob o custo elegível, sendo que nesta última modalidade o apoio previsto não podia ultrapassar o valor correspondente a 80% das perdas de exploração. Além disso, estes apoios não eram cumuláveis entre si, mas as empresas podiam acumular até aos valores máximos já recebidos no âmbito da modalidade inicial deste programa.

Tendo em conta o volume de apoio, naturalmente a larga maioria das empresas apoiadas eram grandes (65%) a laborar nas áreas da fabricação de artigos cerâmicos para uso doméstico e ornamental, tecelagem de têxteis, fabricação de pasta, papel e cartão. Mas também foram selecionadas outras tipologias: 30% são médias empresas, 5% são pequenas e 1% são micro empresas.

Para todas as modalidades do “Apoiar gás” o período elegível para esta compensação terminava a 31 de dezembro de 2022. E o Executivo não tem previsto lançar novos concursos para apoiar a fatura energética das indústrias consumidoras de gás natural, não só devido à forte descida do preço do gás nos últimos meses, porque a Comissão Europeia tem repetido insistentemente que é necessário retirar este tipo de estímulos à economia para ajudar a travar a inflação, mas, sobretudo, porque as empresas não utilizaram a totalidade dos apoios à sua disposição.

O programa no seu conjunto tinha uma dotação de 235 milhões de euros, mas as candidaturas elegíveis correspondem a um apoio de 120,2 milhões de euros, um valor muito inferior às expectativas face ao momento em que o programa foi lançado. “É certo que a dotação indicativa não foi atingida, mas o que importa destacar é que as empresas especialmente afetadas pelo aumento acentuado do preço do gás natural foram apoiadas, o que permitiu apoiar a continuidade da atividade económica e a preservação das capacidades produtivas e do emprego”, conclui fonte oficial do Ministério da Economia.

Nota: Notícia corrigida às 10h07 com a indicação de que as empresas não recorreram à totalidade dos apoios à sua disposição.

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Fundo do BCP “desaloja” Vodafone do edifício Vodafone no Porto

Vodafone abandona famoso edifício na Boavista em conflito com o proprietário (fundo AF Portfólio Imobiliário do BCP), que se recusou a fazer obras na fachada, e muda escritórios para o Nó de Francos.

A Vodafone vai abandonar no início do próximo ano o famoso Edifício Vodafone na Avenida da Boavista, inaugurado há quase 15 anos para concentrar os serviços que até então estavam dispersos por quatro locais da cidade do Porto — e que, além de uma mega loja no piso térreo, conta com quatro pisos de escritórios com capacidade para cerca de 240 postos de trabalho. A saída acontece, sabe o ECO, no seguimento de um conflito entre a empresa e o proprietário do edifício — o fundo AF Portfólio Imobiliário, gerido pela Interfundos do Millennium BCP –, provocado pela falta de obras de fundo na fachada.

Contactada pelo ECO, fonte da Vodafone Portugal confirmou que, a partir de janeiro de 2024, deixará de ocupar o espaço de escritórios, assim como a loja que ocupa também desde 2009 neste imóvel com 19 metros de altura e uma área total de cerca de 7.600 metros quadrados, justificando que “esta decisão deve-se a não ter sido possível chegar a acordo com o proprietário em relação às condições de permanência no imóvel”.

Esta decisão deve-se a não ter sido possível chegar a acordo com o proprietário em relação às condições de permanência no imóvel.

Fonte da Vodafone Portugal

Construído em dois lotes de terreno na confluência da Avenida da Boavista com a Rua Correia de Sá, o investimento no edifício foi calculado, à época, em 13,4 milhões de euros e arrecadou vários prémios de Arquitetura. Atualmente, o imóvel está avaliado em cerca de 11,5 milhões.

O Millennium BCP recusou comentar o assunto. Mas o ECO sabe que há vários meses que a Vodafone está em conflito com o fundo do banco liderado por Miguel Maya, que se recusa a fazer obras de fundo na fachada do imóvel, que se encontra em estado degradado e com infiltrações. Esta mudança acontece ainda numa altura em que o valor das rendas, a partir de janeiro de 2024, é atualizado em 6,94%.

O Edifício Vodafone na Avenida da Boavista (Porto) foi inaugurado em outubro de 2009

O chamado Edifício Vodafone demorou dois anos a ser construído. Há duas décadas, o projeto foi escolhido por um júri composto pela administração da empresa, por representantes da Câmara do Porto e por um conselho consultivo formado por três arquitetos nacionais de referência, por transmitir “uma ideia de movimento e dinamismo que reflete a imagem de referência da Vodafone”.

Entretanto, a Vodafone já começou a desocupar o imóvel e a consultora Cushman & Wakefield a procurar novos inquilinos. Segundo os dados consultados pelo ECO, tanto o piso 3 (568,78 metros quadrados) como o piso 4 (530,87 metros quadrados) estão disponíveis por um valor mensal (sem IVA) de 15 euros por metro quadrado, acrescidos de 5 euros de condomínio.

Há também 21 lugares de estacionamento disponíveis nos pisos subterrâneos pelo valor de 110 euros por mês. O dossiê da consultora, que não quis comentar este processo, indica que os valores apresentados incluem despesas com aquecimento, ventilação e ar condicionado (AVAC), eletricidade, água, segurança ou limpeza, e excluem telecomunicações.

Vodafone ocupa escritório da Civilria no Nó de Francos

No início do segundo trimestre de 2024, a sede da Vodafone no Porto vai passar para o edifício ICON Office II, a dois quilómetros de distância do imóvel da Avenida da Boavista, com uma área total de 14 mil metros quadrados.

A empresa de telecomunicações ocupará parte do segundo edifício de escritórios que a aveirense Civilria está a acabar de construir no Nó de Francos, no âmbito de um projeto imobiliário superior a 100 milhões de euros e que inclui outro imóvel comercial ocupado desde o verão de 2022 pela Ageas e um complexo residencial com 168 habitações.

“De forma excecional, e até que as obras de preparação do novo espaço estejam concluídas, os colaboradores daquela localização da Vodafone trabalharão remotamente e/ou presencialmente numa outra instalação da Vodafone localizada relativamente próximo da Avenida da Boavista”, detalhou a multinacional.

Já sobre o fecho da loja nesta zona nobre de cidade Invicta, a mesma fonte da empresa indica que “[continuará] a atender os clientes em qualquer uma das lojas” da marca, nomeadamente na rotunda da Boavista, no NorteShopping (Matosinhos) e no ArrábidaShopping (Vila Nova de Gaia), esta última a partir de 28 de dezembro.

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CIP quer acordo entre PS e PSD em torno de “objetivos político-estratégicos” para o país

Empresários não compreendem porque razão os dois maiores partidos "não fazem um entendimento forte" que ponha os interesses do país à frente dos partidários. CIP apela a acordo escrito pré-eleições.

O presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) defende que o PS e o PSD devem assinar, ainda antes das eleições de 10 de março, um “acordo com visibilidade” em torno de objetivos “político-estratégicos” para o país. Em entrevista — que será publicada na íntegra na segunda edição do ECO magazine –, Armindo Monteiro realça que “não se compreende” porque é que os dois maiores partidos não fazem um “entendimento forte” que coloque os interesses do país à frente dos partidários e políticos.

“O que gostaríamos de propor ao PS e PSD, antes das eleições de 10 de março, é um acordo com visibilidade — e quando digo visibilidade, digo com a expressão escrita –, com o compromisso [em torno de] determinados desígnios e objetivos”, adianta o “patrão dos patrões”.

Quanto a esses objetivos, o presidente da CIP detalha que gostaria que “tivéssemos um desígnio que nos tirasse a ideia de que temos qualquer handicap que nos obrigue a ser os mais pobres da Europa”. “Não é uma fatalidade regredirmos”, declara.

Ou seja, ainda que reconheça que o país já esteve mais próximo da média europeia do que neste momento, em termos de produtividade e de Produto Interno Bruto (PIB) per capita, Armindo Monteiro não atira a toalha ao chão. “Gostamos de nos mobilizar para o futebol, e é bom, mas a qualificação para o futebol é espúria, se compararmos com a qualificação da prosperidade“, explica.

Na visão de Armindo Monteiro, Portugal tem um “aspeto algo sui generis“, que é o facto de “fugir como o diabo da cruz de entendimentos ao centro“, apesar de aí se concentrar uma “maioria muito significativa”.

“O centro quer dizer que nós, portugueses, somos pela moderação. Não somos extremados, não somos extremistas, nem extremistas à esquerda, nem à direita. Ao centro temos a maioria“, afirma o responsável, que sinaliza, assim, que o que gostaria era que “realmente houvesse ao centro soluções“.

“Acho que deveria haver aqui uma generosidade da parte dos políticos no sentido de servir o país e não de servir esta lógica política partidária“, atira, dando o exemplo da Alemanha, onde tem havido coligações ao centro entre os maiores partidos.

CIP avisa que subida dos salários depende de aumento da produtividade

Armindo Monteiro, presidente da CIP, em entrevista ao ECO - 15DEZ23
Armindo Monteiro, presidente da CIP, em entrevista ao ECOHugo Amaral/ECO

 

De olhos postos em 2024, o presidente da CIP diz esperar que o país não passe “metade sem Governo e metade do ano desgovernado“. Armindo Monteiro vê risco de tal acontecer, mas diz-se otimista, adiantando que os portugueses normalmente “gostam de votar em quem lhes traz esperança”.

“Ser portador de esperança é aquilo que mais precisamos dos partidos. Neste momento, o problema são os partidos. Só os partidos podem efetivamente apresentar soluções que nos façam ter essa esperança de um 2024 melhor. E o que é isso? É apresentar soluções que permitam apostar no investimento, apostar na alteração do modelo económico, apostar na questão do talento“, observa o “patrão dos patrões.

Armindo Monteiro acrescenta que é preciso que as empresas nacionais não tenham como base “a esperteza“, mas, antes, “o conhecimento“, o que significa, diz, “crescer na cadeia de valor“.

Já sobre um dos temas que são mais caros aos trabalhadores e empresas portuguesas (os vencimentos), alerta: “para não pagarmos salários baixos, também não podemos ter produtividade baixa, não podemos ter crescimento baixo“.

“O compromisso que iremos fazer com os candidatos ao Governo é, até 2030, ter salários que estejam na média europeia. Queremos estabelecer um conjunto de objetivos que permita fazer crescer os salários para a média europeia e fazer crescer a economia para a média europeia. Mas são as duas coisas, porque, normalmente, só se ouve a primeira parte. Não, são as duas coisas“.

A propósito, a CIP ficou de fora do reforço do acordo de rendimentos celebrado em Concertação Social, porque entendeu precisamente, segundo chegou a explicar ao ECO Armindo Monteiro, que não estavam reunidas as medidas necessárias para fomentar o crescimento das empresas e do país, de modo a suportar os aumentos salariais previstos nesse entendimento.

Agora em entrevista, o responsável destaca que os salários têm crescido, mas a produtividade tem seguido o caminho inverso. “O que estamos a propor, e as empresas comprometem-se com isso, é fazer efetivamente crescer os salários — e estamos a falar para chegar à média europeia –, mas para isso precisamos de fazer crescer a produtividade“, sublinha.

Armindo Monteiro deixa claro que isso vai exigir “um esforço tremendo das empresas”, porque estas não passarão de repente a ser mais competitivas ou mais produtivas.

Qual é a diferença entre um homem com uma enxada ou um homem com um trator? É, naturalmente, o trator. É o investimento. Qual é a diferença da produtividade? É óbvia. Com esta metáfora, explica-se muito bem que não é preciso compêndios para explicar a falta de produtividade. A produtividade tem a ver com escala, com investimento, com o valor acrescentado.

Armindo Monteiro

E avança que, neste cenário, há alguns fatores cruciais. Primeiro, promover o investimento para promover a produtividade. “Qual é a diferença entre um homem com uma enxada ou um homem com um trator? É, naturalmente, o trator. É o investimento. Qual é a diferença da produtividade? É óbvia. Com esta metáfora, explica-se muito bem que não é preciso compêndios para explicar a falta de produtividade. A produtividade tem a ver com escala, com investimento, com o valor acrescentado“, salienta.

Por outro lado, na visão do presidente da CIP, Portugal ainda não tem “um verdadeiro ecossistema que permita efetivamente que as empresas ganhem esta batalha“.

“Não precisamos não só de um espírito empreendedor, precisamos de matéria empreendedora, um ecossistema verdadeiramente empreendedor. E isso passa por exigir aos empresários que sejam eficientes na gestão dos seus investimentos. Passa por pedir ao Estado que seja eficiente na simplificação administrativa e licenciamentos e de todas as suas obrigações. E passa por pedir aos trabalhadores que, naturalmente, sejam empenhados também naquilo que fazem. É um compromisso dos três”, defende.

No acordo de rendimentos celebrado na Concertação Social, estavam também previstas várias medidas com vista à simplificação de procedimentos, mas a antecipação das eleições legislativas fez com que caíssem por terra. Está agora nas mãos do Governo que sair da ida às urnas de 10 de março retomar ou não a resposta a esse pedido dos empresários.

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Putin veta vendas petrolíferas a quem seguir limite de preço criado pelo Ocidente

  • Lusa
  • 18 Dezembro 2023

O Ocidente introduziu em dezembro de 2022 um limite de 60 dólares por barril de petróleo russo.

O presidente russo prolongou esta segunda-feira, até 30 de junho de 2024, o veto à venda de crude e derivados de petróleo aos clientes que respeitem o limite de preço imposto pelos Estados do G7, União Europeia e Austrália.

O respetivo decreto foi publicado no portal de informações legais do governo russo, que modificou a versa anterior, assinada em 27 de dezembro de 2022 e entrada em vigor no momento da sua publicação.

A disposição assinada por Vladimir Putin, que expirava em 31 de dezembro, obrigava os exportadores russos de crude a recusar contratos com pessoas jurídicas ou físicas estrangeiras que contenham um mecanismo que fixe, direta ou indiretamente, um preço máximo em qualquer dos momentos do fornecimento para o consumidor final.

O Ocidente introduziu em dezembro de 2022 um limite de 60 dólares por barril de petróleo russo devido à invasão russa da Ucrânia. Em fevereiro fez o mesmo com os derivados russos, ao impor um teto de 100 dólares por barril de diesel e 40 dólares por barril de outros produtos petrolíferos.

Em abril, Putin assinou outro decreto para permitir a exportação de petróleo e derivados russos a países amistosos com contratos em vigor sem relação com o limite aos preços russos imposto pelo Ocidente. A exceção só se aplica aos países que não figurem na lista de nações “inamistosas”.

O governo russo adotou em 8 de março de 2022 uma lista de países e territórios “inamistosos”, que inclui EUA, Canadá, todos os Estados membros da União Europeia, Reino Unido, Ucrânia, Montenegro, Suíça, Albânia, Andorra, Islândia, Liechtenstein, Mónaco, Noruega, San Marino, Macedónia do Norte, Japão, Coreia do Sul, Austrália, Micronésia, Nova Zelândia, Singapura e Taiwan.

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EDP acorda venda de 868 milhões de euros do défice tarifário de 2024

  • ECO
  • 18 Dezembro 2023

A Tagus irá comprar o défice tarifário através da emissão de 930 milhões euros de instrumentos de dívida sénior.

A EDP fechou a venda de 898 milhões de euros do défice tarifário de 2024 à Tagus – Sociedade de Titularização de Créditos, de acordo com a empresa em comunicado. A operação foi realizada através da SU Eletricidade, comercializadora de último recurso do sistema elétrico português, detida a 100% pela EDP.

“O défice tarifário resultou do diferimento por 5 anos da recuperação dos custos adicionais a suportar pela SU em 2024, incluindo os ajustamentos dos 2 anos anteriores (2022 e 2023), relacionados com a compra de eletricidade a produtores que beneficiam de regimes de remuneração garantida ou outros regimes subsidiados”, indica na nota publicada no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A Tagus vai comprar esta parcela do défice tarifário “através da emissão de 930 milhões euros de instrumentos de dívida sénior, dos quais 5% serão retidos pela SU (para cumprir com as regras de risco de retenção Europeias, Reino Unido e dos Estados Unidos da América), com um cupão de 3,45%”.

A emissão dos instrumentos da dívida está sujeito à atribuição de “um código de ativos da CMVM e à aprovação do prospeto” pelo regulador do mercado de capitais, uma vez que tenciona negociar na bolsa de Lisboa. A operação foi organizada e gerida pela Alantra e pelo Banco Santander.

A EDP espera ainda vender a maior parte do restante valor do défice tarifário até ao final da semana, indica na nota. E, além disso, anuncia que voltou a comprar o valor total do ajustamento tarifário de 2022 vendido a 29 de setembro, relativo à venda e compra de eletricidade a produtores que beneficiam de regimes de remuneração garantida, por 300 milhões de euros”.

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UE condena ataques no Mar Vermelho

  • Lusa
  • 18 Dezembro 2023

"Estamos em coordenação com os nossos parceiros para combater eficazmente essas ameaças à paz e à segurança", afirmou Josep Borrell.

O alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros condenou esta segunda-feira os ataques no Mar Vermelho reivindicados pelos rebeldes Huthis do Iémen e garantiu coordenação entre o bloco europeu e vários parceiros para combater as ameaças à segurança.

A União Europeia (UE) condena veementemente os ataques Huthis no Mar Vermelho. Estamos em coordenação com os nossos parceiros para combater eficazmente essas ameaças à paz e à segurança”, afirmou Josep Borrell numa mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter).

O chefe da diplomacia europeia sublinhou ainda que “a perturbação da navegação internacional e da segurança marítima é inaceitável e deve parar”. Os rebeldes islamitas Huthis do Iémen reivindicaram ataques no Mar Vermelho contra dois navios ligados a Israel, incluindo o “Swan Atlantic”, que pertence a uma empresa norueguesa.

“As forças iemenitas realizaram uma operação militar contra dois navios ligados à entidade sionista utilizando hidroaviões”, garantiu o grupo rebelde apoiado pelo Irão, num comunicado em que identifica o primeiro navio como “Swan Atlantic” e o segundo como “MSC Clara”.

No início do dia, a empresa britânica de combustíveis BP anunciou a suspensão de todo o tráfego no Mar Vermelho, devido aos repetidos ataques. No final da semana passada, a empresa dinamarquesa Maersk, a alemã Hapag-Lloyd, a francesa CMA CGM e a ítalo-suíça MSC anunciaram que os seus navios deixariam de utilizar o Mar Vermelho até novo aviso, pelo menos até hoje ou até a passagem ficar segura.

Na sequência do conflito desencadeado pelos ataques de 07 de outubro do grupo islamita palestiniano Hamas em Israel, os Huthis têm vindo a ameaçar atacar qualquer embarcação que acreditem estar a navegar para ou de Israel. Os rebeldes iemenitas aumentaram os ataques nas últimas semanas perto do estratégico estreito de Bab al-Mandeb, que separa a Península Arábica de África e por onde passa 40% do comércio mundial.

Cerca de 10% de todo o petróleo comercializado no mar passa pelo estreito e estima-se que 1.000 biliões de dólares (910 biliões de euros) em mercadorias passam anualmente pelo estreito.

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Ao fim de três anos, Filipa Cotta deixa a VdA no final deste mês

A informação foi avançada pelo próprio escritório, liderado por Paula Gomes Freire. "A VdA anuncia que Filipa Cotta deixa a firma no final deste mês para abraçar um novo desafio", diz o comunicado.

Filipa Cotta vai sair da Vieira de Almeida, ao fim de três anos de ter transitado da PLMJ para o escritório fundado por Vasco Vieira de Almeida.

A informação foi avançada pelo próprio escritório, liderado por Paula Gomes Freire. “A VdA anuncia que Filipa Cotta deixa a firma no final deste mês para abraçar um novo desafio”, diz o comunicado do escritório. “É com amizade e estima que a VdA reconhece e agradece o contributo da Filipa ao longo destes anos e deseja-lhe os mais sinceros votos de sucesso para a nova etapa da sua vida profissional”.

Com um track record reconhecido em processos transnacionais, nomeadamente na Suíça, Luxemburgo e Brasil, Filipa Cotta tem estado envolvida em alguns dos casos mais mediáticos nos últimos anos. Licenciada pela Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa, e com um General Masters in Law pela Faculdade de Direito da Virgínia, EUA, foi sócia da área de Contencioso da PLMJ.

Em 2020, quando a advogada foi contratada, a VdA sublinhou que esta “é a primeira, e única, área de prática das sociedades de advogados do mercado português liderada por um sócio exclusivamente dedicado a assessoria em reestruturações e insolvência. Trata-se, assim, de uma aposta estratégica, que consolida o conhecimento e expertise da VdA à afirmação de uma equipa dedicada e de vasta experiência, liderada por Filipa Cotta”.

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Caso gémeas: Pedidos de acesso a medicamento são céleres, diz presidente do Infarmed

  • Lusa
  • 18 Dezembro 2023

"Autorizámos dois em julho de 2019, autorizámos três em setembro de 2019 e demos três em março de 2020. Estes prazos estão dentro dos nossos prazos habituais", disse presidente do Infarmed.

O presidente da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) garantiu esta segunda-feira que os pedidos de acesso ao medicamento administrado às gémeas luso-brasileiras foram céleres e que chegaram através do Hospital de Santa Maria.

Entrou pelo Hospital de Santa Maria e foi por aí que começámos a trabalhar sobre ele. Exclusivamente chegou através de um pedido da direção clínica do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e foi a partir dai que começámos a trabalhar“, disse aos jornalistas Rui Santos Ivo.

O responsável acrescentou que “o pedido foi sinalizado no 29 de fevereiro [de 2020] e esses (…) pedidos foram feitos entre os dias 02 e 03 de março [do mesmo ano]. Em regra são [pedidos] rápidos”. O presidente do Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde – falava à entrada na conferência “Escassez de Medicamentos: Farmácias como parte da solução”, promovida pela Associação Nacional das Farmácias (ANF), em Lisboa.

“Autorizámos dois [pedidos] em julho de 2019, autorizámos três em setembro de 2019 e demos três [autorizações] em março de 2020. Estes prazos estão dentro dos nossos prazos habituais”, referiu. “Este medicamento [Zolgensma] tinha já a autorização da introdução no mercado nos Estados Unidos da América. Estava em avaliação na Agência Europeia de Medicamentos e teve autorização em maio de 2020 pela União Europeia”, acrescentou.

O pedido de acesso ao Zolgensma para as gémeas, que também conseguiram nacionalidade portuguesa num curto espaço de tempo, foi aprovado em dois dias úteis, tendo sido feito em 29 de fevereiro de 2020, sábado, e aprovado pelo Infarmed na terça-feira seguinte. Aos jornalistas, Rui Santos Ivo esclareceu ainda que os processos de administração de medicamentos “são sempre geridos da mesma maneira”.

O que o Infarmed faz (…) é verificar se aquele medicamento que ainda não dispõe de uma autorização plena de comercialização se pode ou não pode ser autorizado para essa autorização. Foi isso que fizemos”, salientou, referindo que “os processos entram através de uma plataforma” de forma anónima. Sustentando que a intervenção do Infarmed “é exclusivamente técnica”, o responsável afirmou que o pedido para as gémeas luso-brasileiras “entrou pelas vias normais”.

O caso duas crianças gémeas residentes no Brasil que entretanto adquiriram nacionalidade portuguesa e vieram a Portugal receber em 2019 o medicamento Zolgensma para a atrofia muscular espinhal, com um custo total de quatro milhões de euros, foi divulgado pela TVI, em novembro.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que já entregou documentação à PGR sobre o assunto e confirmou que o seu filho Nuno Rebelo de Sousa o contactou sobre a necessidade de tratamento das crianças, negou ter tido qualquer intervenção no processo.

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