MB WAY fez a primeira transferência imediata para o estrangeiro em projeto histórico
EuroPA é o nome da iniciativa que vai permitir, a partir de 2025, enviar dinheiro através do número de telemóvel para Espanha ou Itália. Objetivo é alargar os pagamentos digitais a todo o continente.
Esta quarta-feira, fez-se história no mercado de pagamentos a partir da Web Summit Lisboa, onde foi realizada a primeira transferência internacional do MB WAY entre a aplicação portuguesa, a espanhola Bizum e a italiana Bancomat. “A colaboração é uma parte fundamental da tecnologia”, destacou Madalena Cascais Tomé, CEO da SIBS, durante a apresentação.
Assegurar a interoperabilidade entre os três serviços era o objetivo inicial da iniciativa EuroPA – European Payments Alliance, cujo horizonte prevê expandir esta solução a todo o continente num futuro próximo. Assim, quando os utilizadores tiverem acesso a esta funcionalidade, em 2025, será possível que possam efetuar pagamentos instantâneos entre pessoas utilizando apenas o seu telemóvel. “É muito entusiasmante fazer parte deste mercado de pagamentos nesta era. Quanto mais fáceis e simples forem os pagamentos, melhor”, afirmou a responsável pela fintech portuguesa.
Com esta primeira fase do projeto, a ideia é que seja tão fácil e imediato enviar dinheiro para Espanha ou Itália como enviar um SMS. “Acho que estamos a dar um passo à frente. Não é preciso pedir o IBAN nem outros dados para fazer um pagamento. Isto é o que realmente estamos a construir. Já provámos ser bem-sucedidos nos nossos respetivos países”, acrescentou Fernando Ferrer, responsável internacional de negócios da Bizum.
Para Fabrizio Burlando, CEO do Bancomat, aponta que existiam duas hipóteses para garantir a interoperabilidade na Europa: construir uma nova rede europeia do zero ou usar as redes atuais e encontrar forma de as conectar. “Achamos que isto é mais fácil e muito mais custo-efetivo”, reiterou.
Além de juntar um potencial de 45 milhões de utilizadores em Portugal, Espanha e Itália, este projeto envolveu cerca de 180 bancos para tornar o EuroPA possível. “Esta é uma iniciativa aberta a outras empresas europeias que se queiram juntar. A inovação está a espalhar-se e a melhor forma de o fazer é juntar várias iniciativas inovadoras na Europa”, reforçou Madalena Cascais Tomé.
Integração é o futuro dos pagamentos
Uma das vantagens do projeto da União Europeia (UE) é disponibilizar um mercado interno que junta os 27 Estados-membros e promover a livre circulação de pessoas, bens e serviços. Porém, quando o tema são os pagamentos digitais e as transferências imediatas, o mercado único não existe. “A interoperabilidade tem de ser o futuro. Vivemos na zona Euro e não faz sentido nenhum termos soluções compartimentadas”, apontou Vinay Pranjivan.
O especialista da DECO em proteção do consumidor nos serviços financeiros, que foi um dos convidados desta quarta-feira no espaço SIBS da Web Summit, acredita que ter uma solução “completamente integrada” na Europa é o que faz mais sentido para empresas e consumidores. A personalização dos serviços ao consumidor é, aliás, uma das oportunidades que Vinay Pranjivan identifica com a chegada em força da inteligência artificial ao sistema financeiro.
Trabalhar em rede para inovar
Colaboração é uma palavra-chave na indústria das tecnologias de informação, um conceito que a SIBS tem procurado integrar cada vez mais na sua estratégia, nomeadamente com a criação da SIBS Labs para apoiar parceiros a desenvolverem novas soluções e a integrar os serviços financeiros da fintech.
A Zone Soft, especialista em software para retalho e restauração, é uma das empresas que integra o ecossistema de inovação e procura “melhorar as operações em loja e em ambientes digitais”, como explicou Michael Salvado. O CEO criou casos de uso como, por exemplo, a inclusão de um código QR nas faturas dos restaurantes, que permitem acelerar e simplificar o processo de pagamento no final de uma refeição. “Neste caso, o check-out é feito automaticamente, envia a fatura por e-mail, coloca o número de contribuinte e até permite dar gorjeta”, detalhou o empreendedor.
Já a Cedis, representada no evento pelo CEO Gustavo Grilate, dedica-se ao mundo do desporto e, em particular, à desburocratização dos ginásios e outros espaços de exercício físico. “Temos um site que permite ao utilizador agendar aulas que podem ser pagas diretamente no site ou na aplicação, e isto é importante porque diminuímos o desperdício de tempo do utilizador”, enquadrou. Trabalhar no ecossistema SIBS Labs “tem sido muito importante” não apenas para integrar soluções de pagamento, mas também porque representa uma oportunidade de internacionalização que a Cedis quer aproveitar.
Houve ainda tempo para conhecer a Hubicare, liderada por Sónia Silva. A empresa lançou um serviço, o Hubisenior, que “é uma solução para providenciar serviços para idosos” através de uma plataforma que liga famílias, seniores e cuidadores. Além dos pagamentos, a participação na SIBS Labs “tem sido fantástica” por todo o apoio que o ecossistema oferece em áreas tão importantes quanto a cibersegurança e questões legais ou regulatórias.
Por outro lado, destacou a empreendedora, integrar esta rede representa “enormes oportunidades a nível nacional e internacional”. O futuro, assegurou, vai necessariamente passar pela aposta em novos serviços e produtos desenhados para a população idosa, que tem tendência a aumentar à medida que a esperança média de vida cresce.
Continue a acompanhar no ECO a presença e participação da SIBS na Web Summit Lisboa 2024.
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